Perdida em Seoul escrita por Kang SoRa


Capítulo 1
Como Começar Bem Uma História Triste


Notas iniciais do capítulo

Essa é a primeira fic que escrevo, apesar de não ser a primeira que posto. Então, por favor, apoiem-me~

Como é o primeiro capítulo, já estou liberando outro junto.
O início é um pouco chato, mas garanto que ficará melhor.



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Foram raras as vezes que, em minha vida, fraquejei. Entretanto, é aqui, agora, olhando para esses enormes prédios -devo dizer, a ÚNICA coisa que consigo ver do meu andar. Fazer o quê? Grandes capitais são assim- que começo a refletir se a minha escolha foi mesmo a melhor.

Cresci sem meus pais numa cidade no interior do estado do Rio de Janeiro, bem ao norte, quase tocando o estado de cima. Tanto meu pai quanto minha mãe foi vítima fatal de uma avalanche no Mont Blanc, na França, durante uma viagem de negócios. Meu pai costumava ser um grande empresário, daqueles de influência mundial, no entanto, os negócios deram um declínio na época, o que o fez deixar a sua filha no Brasil, onde concentrava os negócios e a moradia no momento, indo num caminho rumo à morte.

Fui criada desde nova pelo tio Khalan, um antigo funcionário tailandês, daqueles que são mais amigo que subordinado, em quem meus pais muito confiavam. Nunca vi, na minha vida, alguém que mais se encaixa ao conceito da palavra “erudito” quanto esse cara.

Tio Khalan sabia seis línguas diferentes, dentre elas, o japonês, devido a origem de minha mãe, e o coreano, a língua nativa de meu pai, além de outras duas orientais e duas ocidentais. Disso tudo resulta na minha pessoa, um ser originado de uma mistura entre nações, o que faz com que me defina como uma verdadeira “bagunça cultural”.

Como já era de se esperar, tio Khalan não poderia deixar de passar todo o seu “ar erudito”, usando usuais palavras minhas, para mim. Fui ensinada a dar o meu melhor sempre, esforçando-me ao máximo para tudo.  Logo, ele me ensinou todas as línguas que sabia, menos o português, que aprendi com o tempo, e o tailandês, cujo porque nunca soube devido o seu forte esforço, muitas vezes por mim ignorado, de manter secreto.

A atmosfera de nossa casa era descrita como “estranha e bizarramente intelectual” por todos os que nos visitavam, que eram poucos. Vivíamos em nosso mundo poliglota com os domingos do português, segundas do japonês, terças do chinês, quartas do coreano, quintas do francês e dois dias para falar em qualquer língua, momento que eu usava para jogar em sua cara os meus conhecimentos sobre o espanhol e o inglês, enquanto ele mantinha o ar de bom cavalheiro em seu terno –tio Khalan estava sempre de terno preto, o que fazia com que ele combinasse muito com os emos-góticos-roqueiros que vemos nas ruas, já que ambos rachavam no sol de meio dia do Brasil, enquanto me julgavam por andar com um caderno de algum grupo coreano- com seu dicionário de italiano na mão.

Além das línguas, aprendi valores com artes marciais, mas era algo que praticávamos mais para manter o “corpo e mente em equilíbrio“ que para fazer algo grandioso como se juntar a CIA, uma coisa que, acredite se quiser, já foi meu sonho.

Pode parecer uma vida estranha, mas éramos felizes. Nós combinávamos e nos amávamos. Era uma boa vida. Mas, infelizmente, era.

—Ok, obrigado, novamente, pela ajuda.

Esquerda-direita, direita-esquerda, esquerda-direita…

—Certificaremo-nos de acompanhá-la em sua vida daqui para a frente, então, não se esqueça de que estaremos aqui para prontos para servir de apoio a qualquer momento. Até mais, senhorita A...

Esquerda-direita, direita-esquerda, esquerda-direita...

—Akemi.

—Perdão?

Esquerda-direita, direita-esquerda, esquerda-direita...

—Meu nome. Akemi. Minha mãe era japonesa, sabe?

—Ah... tá. Sinto muito por ela. Será difícil seguir em frente, mas não desista. Tchau, querida.

Ele sai da sala, totalmente indiferente,e deixando-me estupefata olhando para o relógio de pêndulo na parede, de onde não tirei os olhos desde que cheguei aqui. De boas, o cara acabou de cuidar do meu caso e não sabe nem que quem acabou morreu não foi minha mãe. Pelo menos, não agora.

—Ai, cara. Que saco.

Saio da sala cantando Cheer Up do Twice, pois a vida já está muito merda para dar a ela mais um motivo para ficar pior. Conselho da migs aqui: se a vida te der dois limões podres, desenhe dois smile faces neles que ficarão melhores.

Paro na entrada do prédio, olhando para o céu. Não, antes que você pense, eu não planejava fazer algo dramático como gritar para o mundo o tamanho da injustiça da vida ou algo assim. É que essa é a hora em que os funcionários saem do edifício para comer suas marmitas e os pombos decidem que é uma ótima hora para colocar suas metralhadoras, vulgo intestinos, para funcionar. Sendo assim, saio correndo e é só quando passo pelo portão que faço alguma observação digna de novela mexicana:

—É, Akemi. Agora sim, você está sozinha.

Dentre as diversas formas de dividir o mundo, uma delas pode ser a entre pessoas que sabem calcular exatamente o que estão fazendo, como já fui um dia, vale ressaltar, e pessoas que não fazem a menor ideia do que estão fazendo, como eu neste exato momento.

Bom, agora que consegui minha maioridade perante a justiça com os meus 15 anos, quase 16, devido a diversos fatores que já me foram listado, tantas vezes, por tantos advogados, ou penguins-engravatados para os intímos, que senti os meus tímpanos sangrarem como jamais havia sentido, posso seguir adiante com minhas burradas sem a intervenção de ninguém, espero eu, pelo menos.

Não que esteja querendo ferrar com minha vida ou algo assim, apenas estou, pela primeira vez na vida, contrariando a minha criação culta que dizia para pensar várias vezes no que fazer, pois “prevenir é melhor que remediar”, e sendo um pouco –só um tantinho assim- vida loka.

Desculpa, tio Khalan.

Apesar de ter passado para uma das melhores faculdades do país para cursar arquitetura, apesar de estar apenas no primeiro ano do ensino médio, estou “vazando” do país, com o objetivo de realizar um sonho muito mais antigo e louco do que projetar prédios e o resto todo. É, agora, com passagem na mão e mochila nas costas que estou prestes a fazer a coisa mais doida que já fiz.

Estou indo para a Coréia do Sul.

Objetivo de vida: tornar-se uma k-idol.


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Notas finais do capítulo

Erros de português? Poupe os olhos de outros leitores e ajude avisando-me sobre eles. Por favor.
Até o próximo capítulo~

Link da minha outra fic:https://fanfiction.com.br/historia/725673/Over_Game/



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