O conto das duas cidades escrita por Leh Linhares


Capítulo 2
Capítulo 1 — Me deixe ir


Notas iniciais do capítulo

Primeiro eu gostaria de agradecer a primeira leitora dessa fanfic: Vee. Muito obrigada pelo review! Aguardo pelos próximos...
Esse capítulo foi inspirado pela música: Let it go — James Bay, o link está disponível no texto do capítulo se alguém quiser ler ouvindo.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/731534/chapter/2

 

Pov. Annabeth Chase

Let It Go - James Bay

Não somos mais os mesmos.

A rotina nos mudou talvez mais que o Tártaro, olho para Percy, do outro lado do quarto, e não tenho coragem de dizer nada. O silêncio antes confortável agora me sufoca. Suas feições dizem tudo, ele está irritado, me odeia por estar desistindo do nosso relacionamento.

Mais do que tudo quero reagir, quero retomar nosso namoro, mas quanto mais tempo passa mais impossível parece. Somos verdadeiros estranhos um para o outro. Todas as histórias das nossas missões parecem ter sido vividas por outras pessoas. Não nos encaixamos mais e por mais que eu não queira que isso seja verdade, eu sei que é.

Ainda amo Percy, o problema é que não consigo mais encontrá-lo no moreno bem ao meu lado. Não sei se foi eu ou ele quem mudou, talvez os dois. Foi algo tão gradual e sutil que só percebemos quando já era tarde demais.

Me lembro da nossa felicidade inicial, de quando nos conhecemos, nosso primeiro beijo, nosso primeiro encontro, todo o tempo que negamos nossos verdadeiros sentimentos, nossas missões, todas às vezes que ele salvou minha vida, todas às vezes que eu salvei a vida dele e não consigo entender como pudemos deixar chegar a esse ponto.

Nunca em nenhum dos meus piores pesadelos cogitei que pudessemos nos autodestruir dessa maneira, não de verdade. Depois de tudo que vivemos sempre imaginei que o feliz para sempre era o que nos esperava, mesmo que eu não admitisse.

Minha parte racional sempre esteve ciente dessa possibilidade, mas não meu coração. Me sinto perdida e o amigo, que sempre foi minha bússola, parece se sentir ainda mais desorientado do que eu. Mais do que tudo, me sinto só sem Percy.

 Mais uma vez, eu revivo os acontecimentos desse ano, procurando o momento exato que tudo começou a ir mal. Na escola não pareciámos namorados, eu fazia as matérias avançadas num andar diferente do Percy, até nosso intervalo quase sempre divergia. Não tinhamos tempo na escola para ficarmos juntos e em casa, aos poucos, nossos assuntos em comum foram se esgotando. E assim gradualmente fomos nos afastando.

Não sei dizer em que momento eu percebi que não tinhamos mais futuro, talvez no momento em que as únicas palavras que trocavámos eram em brigas. Nos últimos dois meses discutiamos por tudo e qualquer coisa: aulas, comida, saídas, tudo... Talvez fosse o carma Atena e Poseidon, nunca realmente acreditei nisso, porém quem sabe talvez nossa origem seja mesmo muito diferente.

Quando não estava brigando com ele estava chorando escondida. Não queria admitir para meu pai que cometi um erro ou mesmo para a mãe do Percy. Não disfarcei direito, a própria Sally sugeriu que déssemos um tempo durante as férias. Nosso relacionamento não era mais saudável para nenhuma das duas partes qualquer um podia enxergar isso.

Concordei com ela de imediado. Precisavamos fazer algo, continuar daquele jeito era inviável, outro motivo para mais uma briga com Percy, ele discordava, dizia que seria nosso fim e talvez seja.

 Talvez devessemos tentar mais um pouco, mas eu não consigo mais. Não aguento mais discutir. Não aguento mais me manter calada nesse silêncio sufocante. Constantemente me pego pensando que me mudar para Nova York foi uma péssima ideia. Talvez se tivessemos mantido nosso relacionamento à distância ainda estaríamos juntos. É certo que nunca vou saber, mas isso não impede que minha mente reflita sobre isso.

Talvez seja a hora de focar na minha carreira, na chance de ser uma arquiteta, como eu sempre sonhei e imaginei. É com muita felicidade e tristeza que eu aceito a proposta de Jason, de passar meus últimos dois meses de férias escolares em Nova Roma, num programa/curso de reforma de um dos Templos da cidade.

O que me traz aqui, até esse momento, Percy não me encara. Estou fazendo minhas malas nas últimas duas horas, parto ainda hoje. O moreno mal se mexe, está bem na minha frente, mas não parece realmente me enxergar. Não diz nada e eu o odeio por isso.

— Diz alguma coisa, Percy. Ao menos olha pra mim, cabeça de alga, por favor... — cansei de esconder meus sentimentos. Preciso que ele diga algo, algo que me faça ficar.

— Anna, por que você está fazendo isso com a gente? — Percy parece destruído, talvez até mais que eu.

— As coisas não são tão simples e você sabe disso.

— Me explique então. Como sempre eu não sei de nada. Me diz como eu posso consertar as coisas!

— Eu não sei, Percy, esperava que você soubesse. Não podemos continuar assim e você sabe disso.

— Se você diz... — Percy se retirou do quarto e eu começo a chorar de novo. Com raiva de mim mesma por não saber como consertar nossa situação. Por no fundo já ter sentimentos por outra pessoa.

Nossa despedida mais tarde é um misto de todo tipo de sentimento, é intensa, porém ao mesmo tempo vazia. Seguro sua mão sutilmente e beijo seu rosto consciente que talvez essa seja a última vez que nos cumprimentaremos como namorados.

— Não importa o que aconteça saiba que eu te amo, cabeça de alga. — Digo, mas Percy não me responde, ele ainda está irritado pela minha decisão.

Entro no carro e de novo me permito chorar. Quem eu estou querendo enganar? Parecemos dois estranhos nos despedindo, não voltaremos a ficar juntos, todos já viram isso menos nós dois.

— Adeus, Percy. — sussurrei já dentro do carro consciente que ele já não podia me ouvir. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que vocês tenham gostado
Aguardo o feedback de vocês
Beijoo