Black escrita por Day


Capítulo 1
Capítulo 1 — Bellatrix Black


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente, eu sei que deveria estar atualizando as outras fanfics, mas eu não resisti a essa ideia. As irmãs Black sempre me encantaram, então precisei escrever sobre elas.

Deixando claro que eu não concordo com as ideias dela, sobre elitismo e etc. Mas, não deixo de admitir que a adoro bastante szsz

Não está revisado, porque a vontade de postar foi maior do que a coragem de revisar. Então, se tiver algum erro, basta falar.

Boa leitura!



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Ela era a primeira. Em tudo. Não aceitava que outros alunos estivessem à sua frente na classe, em especial se fossem grifinórios — ou, ainda pior, sangue-ruins. Ela prezava muito seu status de sangue, como tinha sido ensinada. Não aceitava, também, que qualquer um que não fosse do sangue mais puro a afrontasse de alguma maneira. Ela tinha respostas para tudo, argumentos que poderiam derrubar qualquer um.

Era um poço de sarcasmo e ironia sem fim, talvez tivesse roubado o estoque das irmãs. Ela era direta; não tinha meias palavras ou meios discursos. Ou era, ou não era. Também era orgulhosa em um nível que, até então, ninguém conhecia. Não levava desaforo para casa, não tinha papas na língua, e defendia o que acreditava até as últimas consequências, mesmo que isso significasse uma detenção. Ou mais uma. Detenções eram um charme na sua personalidade.

Não gostava de regras. Achava-as desnecessárias e limitadoras, e, sempre que podia, as quebrava sem pensar duas vezes. Mas, o quanto tinha de sarcasmo, orgulho e elitismo, tinha de lealdade. Ela poderia ser a mais fiel de todas as pessoas, bastava que encontrasse um ideal ou uma pessoa para seguir. Era ambiciosa, e sabia usar de qualquer tática para chegar ou para ter o que queria.

Além disso, ela era extremamente engenhosa. Manipuladora como ninguém mais sabia ser, não era incomum vê-la sendo o centro das atenções ou tendo suas vontades atendidas e os desejos realizados. Era a mais pura personificação da Sonserina, a aluna que mais se encaixou na casa nos últimos anos. E se orgulhava de tal fato mais do que deveria.

Tinha se acostumado a ouvir que era a melhor, e passou a não aceitar nada menos do que isso. Não tinha medo de quase nada, como também havia sido ensinada; não temia as tais detenções, nem as supostas criaturas mágicas — aliás, achava-as ridículas. Se, por acaso, existisse algo no qual ela fosse ruim, com certeza seria trato das criaturas mágicas. Era a matéria desnecessária que podia existir.

Ela tinha sido ensinada a ser muitas coisas, a fazer muitas coisas e a ter muitas coisas.

Seja educada, seja quieta, seja respeitosa, seja discreta. Calada, sutil, invisível, inteligente, exemplar, disciplinada, gentil, seja mais do que possa ser.

Faça isso, faça aquilo, faça direito, faça com dedicação, faça de uma vez. Rápido, ágil, corretamente, com esmero, faça mais do que possa fazer.

Tenha modos, tenha calma, tenha paciência, tenha elegância, tenha juízo. Educação, esmero, respeito, esforço, ânimo, tenha mais do que possa ter.

Era a primeira de três filhas. Consequentemente, tinha sido o campo de teste dos pais. Eles até então não sabiam o que era certo ou errado, e viam nela a chance de aprender na prática. Talvez isso a tenha tornado distante de sentir alguma coisa positiva — afinal, não tivera muitas experiências positivas com tais sentimentos. Não recebia tanto carinho quanto deveria, tampouco tanta atenção; sua infância fora recheada de momento sozinha, até que, de uma hora para outra, viu-se na companhia de uma irmã.

Foi aí, nesse momento, quando viu um pequeno e diferente embrulho dentro da sua casa, do seu quarto, que ela conheceu o ciúme. A inveja. A disputa em ser a que receberia mais mimos e mais cuidados. Tivera dois anos de solidão, e mais dois na companhia de uma irmã. Até que, quando tudo parecia finalmente estar certo, viu-se na presença de mais uma. De repente, eram em três; três filhas, três meninas, três futuras mulheres. Que deveriam honrar o nome que tinham.

Afinal, não era qualquer um que tinha a honra, o privilégio, e o fardo de carregar aquelas cinco letras que, quando juntas, passavam a ter um peso quase imensurável. Não era todo dia que aquela família, uma das mais reconhecidas e respeitadas do mundo bruxo, passava a ter mais três integrantes com um futuro promissor à frente. Ela, e as outras duas, precisariam carregar o sobrenome até que se casassem.

E deixassem de ser Black para serem algum-outro-sobrenome-importante. Porque, sim, elas seriam importantes, tanto quanto ou mais importantes do que sua família de origem.

Por ter sido a primeira em tudo, era claro que ela também seria a primeira a se casar. Ela não gostava da ideia, e já não tinha gostado desde a primeira vez em que o assunto fora trazido à tona — como sempre — em um jantar com toda sua família. Ela ouvia que precisava casar, mas não encarava isso como uma necessidade.

Tinha tantas outras coisas mais necessárias em sua vida, que tornar-se a mulher de alguém ocupava uma posição bem baixa num ranking de prioridades. Mas, aparentemente, sua mãe não compartilhava da mesma opinião. Já havia se tornado, talvez, o tópico mais comentado quando os Black se encontravam na presença de outras pessoas importantes.

A lista de pretendentes já tinha sido maior. Desde os Malfoy até os Dolohov, qualquer um que tivesse influência poderia ser cogitado a casar-se com ela. Em nenhum momento, no entanto, a questionaram sobre sua opinião; se queria realmente se casar, ou se considerava uma boa opção.

Mais uma de tantas lições que lhe foram ensinadas, era a de respeitar a decisão dos mais velhos, em especial os pais. Ela não gostava de regras, por isso preferia desafiá-los, com tiradas rápidas e precisas, do que manter-se calada a respeito do que a incomodava. Quando confrontados, os Black pareciam perder um pouco de toda a compostura que tinham normalmente. Momentos assim a faziam sorrir com gosto.

Seu senso de humor era bastante peculiar, e único. Costumava rir quando coisas não muito gloriosas aconteciam às outras pessoas, em especial nos corredores da escola. Várias vezes já tinha sido tachada de insensível, fria e até mesmo louca. E ela gostava, porque não eram adjetivos falsos, de qualquer modo.

Se fosse preciso uma só palavra para descrevê-la — o que, por si só, era uma tarefa que beirava o impossível —, tal palavra seria única. Por aspectos bons e ruins, mas única.

Bellatrix Black era única.

×××

— Mantenha-se calada, Bellatrix. Calada! — a ordem da mãe era sempre a mesma. Ela seguia aquilo por alguns minutos, até jogar toda a etiqueta para o ar e agir em sua versão normal. — Não estrague tudo, de novo.

A saga em lhe arranjar um casamento parecia continuar sem uma previsão de fim. Druella Black era exigente demais com tudo, e era claro que também seria com a escolha do marido de sua primogênita. Ser de uma família conhecida, respeitada e muito tradicional como era vinha com um preço. Escolhas erradas ou mal pensadas poderiam arruinar a reputação que, por muitos e longos anos, fora construída.

— E vocês duas — Druella voltou a dizer, dirigindo-se às irmãs — prestem atenção nas coisas que vão acontecer aqui hoje. E não pensem que não passarão pelo mesmo.

Todas as três mantiveram-se quietas pela maior parte do tempo. A família da vez, os Lestrange, era tão tradicional quanto os Black, se não fossem mais; tinham aquisições financeiras, um cofre grande e cheio no Gringotts e, até mesmo no Ministério, tinham sua cota de reconhecimento. Parecia um bom negócio que ela se casasse com o filho mais velho, Rodolphus.

Era ridículo que o seu futuro, ou boa parte dele, fosse tratado como negócio. Ela até poderia ser inconsequente, e todas as outras coisas, mas prezava muito pela vida que ainda teria pela frente, e odiava que tudo estivesse acontecendo daquele jeito.

Ao menos, se tudo desse certo, poderia se ver livre dos pais e de todas as amarras que tinha em casa em pouco mais de um ano. Para quem já tinha aguentado aquilo tudo por longos e quase intermináveis dezessete anos, um a mais ou a menos de espera não faria diferença. Mas, ainda assim, isso não significava que estivesse entusiasmada em se casar com um desconhecido.

Isso que ele era para ela, um estranho. E as chances de tornarem-se marido e mulher pareciam enormes. Porém, se havia uma coisa que prezava o suficiente era seu status de sangue; se fosse preciso fazer aquilo para que se mantivesse com a linhagem sanguínea mais pura do mundo bruxo, que assim fosse.

A simples ideia de que bruxos puros sujavam o sangue com nascidos trouxas, mestiços, ou, ainda pior, com trouxas desprovidos de qualquer aptidão mágica, a deixava enjoada.

O jantar todo parecia uma encenação; eram todos atores interpretando papeis. Uma felicidade falsa, e um humor inexistente, era trazido à tona enquanto sua mãe tentava fazer-se ser impressionante — talvez quisesse passar a melhor imagem possível de si mesma, e esperava que a filha refletisse isso.

No entanto, aquele tinha sido o primeiro de alguns outros jantares que se seguiram. Bastou alguns meses, e pronto. Ela tinha um casamento marcado. Parecia tão fácil, tão simples, tão necessário, que não pôde contrariar — e jamais seria atrevida a esse ponto. Poderia até gostar da ideia de sair da casa dos pais, mas, de modo algum, conseguia gostar do noivo.

Ele não conseguia agradá-la em nada, desde a aparência até a personalidade. Não se davam bem, e, sempre que colocados na presença um do outro, acabavam em discussão. Era impossível que ninguém percebesse o quão errado era juntá-los como um casal. Mas, mais uma vez, a pureza do sangue era colocada em primeiro lugar.

Rodolphus era a personificação de tudo o que Bellatrix não queria por perto. Também da Sonserina, era esperado que se dessem bem, com tantas características em comum. Mas, tais características em comum era justamente o que os separava ao invés de unir. A ambição e o elitismo dele eram tantos, que parecia uma necessidade vital que tivessem um filho. O quanto antes, de preferência.

— Vai ser a criança de sangue mais puro que já existiu — era a justificativa que ele tinha. Como resposta, tudo o que ela fazia era revirar os olhos, ou, quando sentia-se na obrigação de responder, dizia alguma coisa com alto nível de sarcasmo.

Bellatrix Black jamais seria mãe.

Estavam a uma semana do tão esperado casamento. Anúncios tinham sido feitos por toda a cidade, e aos arredores, bruxos influentes e poderosos vinham de todos os lugares para ver os Black entregar a primogênita em matrimônio. Seus pais pareciam confiantes de que tudo daria certo, falavam sobre isso tanto quanto fosse possível; suas irmãs aspiravam uma felicidade alheia pelos corredores, em especial a mais nova, e pareciam querer que o mesmo lhes acontecesse logo. Ela, no entanto, queria aparatar para algum lugar distante e não precisar voltar nunca mais.

×××

Demorou algum tempo até que ela se acostumasse à ideia de que, agora, não era mais uma Black, como tinha sido por toda a vida até ali, e sim uma Lestrange. Seu nome não soava assim tão bom acompanhado do sobrenome do — seu agora — marido. A ideia de estar casada também lhe soava estranho, e talvez continuaria assim até o fim de seus dias.

Seu elitismo absurdo, e a busca por uma pureza de sangue no mundo bruxo, a levaram a fazer coisas absurdas — aos olhos dos outros, era claro. Para ela, ser Comensal da Morte parecia a única saída plausível e possível para que seus ideais fossem atingidos. Ela não gostava de meios trabalhos, meios pensamentos, meias atitudes; não gostava de metades.

Portanto, se havia se tornado seguidora do Lorde das Trevas, seria, então, a melhor de todos, a mais dedicada, a mais fiel. Seria aquela em quem Voldemort pensasse primeiro quando precisasse de um de seus Comensais. E ela não aceitaria ser nada menos do que isso.

E foi exatamente isso que aconteceu. Bellatrix tornou-se a Comensal da Morte mais leal ao Lorde, sendo capaz de qualquer coisa para satisfazê-lo e trazer à tona todos os mestiços e nascidos-trouxa. Ela matava sem dó, torturava a ponto de levar um bruxo à loucura e não sentia o menor arrependimento ou remorso. Àquela altura, já estava farta de ver um bando de sangue-ruim acabando com a pureza do universo mágico.

Quando a Primeira Guerra Bruxa estourou, ela soube exatamente o que precisava fazer antes mesmo que recebesse alguma ordem. O que sentia era um orgulho que, até então, jamais tinha tido a chance de sentir; seu peito se inundava de um sentimento indescritível ao ver a destruição que causava. Ria com gosto, como se, de fato, estivesse em meio a algo engraçado.

E, mais uma vez, por sua mania de ser a primeira, fora a primeira Comensal a ser mandada para Azkaban. Malditos fossem os Longbottom, ela pensava todos os dias. Não temia os dementadores, porque sabia que era mais forte e mais poderosa do que eles; e porque sabia também que, se dependesse dela, eles morreriam primeiro.

Bellatrix não tinha pensamentos positivos, e nem felicidade alguma, que pudesse alimentá-los. Qualquer parte boa e feliz de sua vida tinha ficado para fora daquela muralha de pedra e, enquanto estivesse ali, desejava apenas encontrar Rodolphus o quanto antes para escaparem. Depois de algumas missões para Voldemort, ela aprendera a apreciar seu marido, do modo como deveria ter feito desde o início.

Seus dias podiam ser todos resumidos à mesma rotina: passar horas na esperança de sair dali, com tentativas sempre frustradas e planos falhos; imaginar como estaria o Lorde do lado de fora e se tinha conseguido derrotar o menino Potter. Mais malditos ainda fossem os Potter, em especial James e sua mania ridícula de perseguir aquela sangue-ruim. Tinha conseguido manchar o nome de uma família inteira, anos e anos, gerações e linhagens todas destruídas de uma vez só.

Era isso, era exatamente isso que ela repudiava.

Uma parte dela não pôde evitar de ficar demasiadamente feliz ao saber que seu tão amado primo, Sirius Black, estava ali, preso a algumas celas de distância. Aquele traidor do sangue, fraco, sem propósito, com o sangue mais puro que podia existir e alma de um trouxa imundo. Preso por ter matado outros trouxas imundos, por ter aniquilado aquele que talvez fosse o único grifinório que valia a pena — Peter Pettigrew.

Não podia negar que se sentia solitária em Azkaban, mas não admitira isso a ninguém. Era autossuficiente demais para isso. Talvez, por esse motivo, não tivesse sabido ao certo como reagir a visitas; principalmente se fossem da família. Ela não sabia como seu amado cunhado não estava ali, consigo, preso na sela ao lado; mas o fato era que não estava.

— Não perca seu tempo. Suma antes que eu faça um escândalo — dizia sempre que o via do outro lado das grades de sua cela. Não queria visitas, não queria contato com ninguém; queria apenas sair dali, como provavelmente todos os outros prisioneiros também queriam, e encontrar seu Lorde para mostrar quão fiel ainda era.

E então, tão rápido quanto passava a ter uma companhia, ela se via sozinha de novo. Seus pensamentos voltavam a ser focados apenas no dia, no glorioso dia em que seria livre de novo. Precisou de mais de dez anos para que finalmente chegasse; para que saísse dali e fosse ao encontro do Lorde de novo. Ela chegou a achar que esse seria o melhor momento de toda sua vida.

Mas, ao contrário disso, sentiu um ápice de contemplação e realização pessoal quando matou Sirius Black. Desejava isso há tanto tempo, talvez desde os onze anos do primo, que não se conteve em rir com gosto, e deliciar-se com a imagem dele atravessando o véu para nunca mais voltar. A partir de então, o nome de Sirius não seria a única coisa riscada na árvore genealógica dos Black; agora a sua existência também.

Sua lealdade a Voldemort fora provada no instante em que matou alguém da sua família.

×××

De todos os ensinamentos que recebera, de sua mãe, ou da própria vida, nenhum era sobre morrer. Ela não sabia morrer, na verdade, não acreditava que a morte lhe visitaria algum dia. Ela era muito maior do que isso, do que todos que a rodeavam — inclusive sua família —, era muito melhor do que os outros para ter o mesmo fim mundano e comum. Sempre tivera uma necessidade de ser diferente, de se destacar, de se sobressair a qualquer um e a qualquer coisa; e isso não mudaria quando sua hora chegasse.

Se, algum dia, chegasse.

Bellatrix acreditava na premissa do Lorde; de que apenas os que lhe haviam sido fieis por todos aqueles anos — como ela mesma —, e que fossem do mais puro sangue que podia existir — de novo, como ela mesma — poderiam ter a chance de desfrutar da vida eterna.

Ela estava cega pelo poder que, a cada dia, conquistava cada vez mais. A segunda ascensão de Voldemort trazia a todos o medo, pavor, pânico, horror, preocupação, ou qualquer outra coisa negativa. Mas, para ela e os demais Comensais, tal ascensão vinha acompanhada apenas de glória, importância, renome, e ainda traria triunfos e a imortalidade tão almejada.

Triunfariam lindamente, derrotando tudo e todos que, naquele tempo todo — e também há muito mais tempo —, estiveram pelo caminho. E ela, entre os demais, seria condecorada com o título máximo, o maior, o de maior peso, de maior sucesso. Mal podia esperar o dia em que sua lealdade, que se mantivera em pé até as últimas consequências, seria reconhecida como devia.

A única coisa com a qual ela não contou, em nenhuma das inúmeras vezes em que sonhou com o dia que derrotaria todos aqueles que iam contra os ideais de seu Lorde, era com aquela Weasley suja, pobre e com a alma de trouxa — embora tivesse um sangue puro. Fazia tanto tempo que não pisava em Hogwarts, que tomou alguns segundos da batalha para dar uma boa olhada no Salão Principal.

Não demorou muito até que Avadas fossem lançados por todo o castelo. O caos parecia ter se instalado de uma vez por todas, quando a presença de Voldemort em pessoa tinha se feito notada. Ali estava ele, o bruxo mais poderoso e temido que vivia entre os outros, mais pronto do que nunca para aniquilar qualquer um que estivesse fora de seus padrões.

Bellatrix, como não poderia deixar de ser, estava mais do que dentro de tais padrões. Ela era os padrões.

Estava mais do que pronta para acabar com a vidinha medíocre da caçula dos Weasley; aquela família indigna e que agia como se fossem trouxas imundos. Ora, a garota era toda sua, tinha a própria varinha empunhada, mas tremia mais do que o salgueiro lutador; ela sorria deliberadamente ao ver o medo correndo nas veias da menina e o medo estampado em seu rosto. A risada que lhe escapou dos lábios era capaz de causar arrepios de tão macabra.

O feitiço da morte estava preso depois daquela risada, pronto para ser proferido e aumentar o número de mortes em mais um. Após matá-la — o que aconteceria em alguns segundos —, a cota de trouxas, e seus simpatizantes, mortos por sua varinha estaria um pouco maior. E, só de pensar nisso, a fazia sorrir mais um pouco.

Avada Kedav... — poderia ser mais uma das vezes em que lançaria uma das maldições imperdoáveis sem se importar com tal título. Não haveria punição alguma para quem lançasse Avada, Crucio ou Imperius; não quando quase metade do mundo bruxo tinha perdido o medo de dizê-las.

Nunca antes alguém lhe tinha impedido de fazer alguma coisa, e talvez isso tivesse lhe rendido o título de mimada em alguns momentos da vida. Desde fazer alguma coisa quando criança, até mesmo a lançar algum feitiço, não existiam impedimentos para ela. Provavelmente, por jamais ter tido alguma ação impedida, que ela não soube reagir ao que acontecia diante dos olhos.

— Minha filha não, sua vadia! — a mãe da Weasley gritou antes que ela terminasse de dizer Avada Kedavra, cortando o efeito da maldição mortal. Ao invés de sua varinha lançar o raio de luz verde em direção à garota, tal luz veio em direção a ela.

Foi tudo muito rápido, muita coisa para assimilar em um espaço de tempo curto demais. De repente, não estava mais em pé e era como se seu corpo perdesse todas as habilidades que tinha pouco a pouco. Ela perdia a força e a capacidade de se manter lúcida com o que ainda acontecia ao redor; seus olhos pareciam forçados a se fechar, até que acabaram fechando-se por completo. Como se não pesasse mais do que uma pena, seu corpo caiu ao chão, e ficaria ali pelo tempo de alguém tirá-la de lá.

Tinha sido a primeira em muitas coisas, e sua vida não poderia acabar de outra forma, com outro significado que não fosse aquele. Ser a primeira em alguma coisa. Ao menos, ela tinha morrido em defesa do que acreditava, do que tinha acreditado e defendido por tantos anos, e com tanta veemência, a ponto de passar pouco mais de uma década em Azkaban por isso.

Bellatrix Black — como tinha vindo ao mundo, e como sairia dele — seria, mais uma vez, a primeira das irmãs em alguma coisa.

Bellatrix tinha sido a primeira das Black a morrer.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, podem dizer nos comentários o que acharam!

Beijos, até o próximo!



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