Viúva negra- Parte 1 escrita por Laura Araujo


Capítulo 10
Viúva


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura.



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Ao chegar ao navio, aquele homem horrível me levou até um quarto. Eu sabia que não tinha feito uma boa escolha. Mas para onde eu iria?... No quarto tinha uma cômoda e uma cama. Deixei meu irmão ali, disse que estava seguro. Ele voltou a dormir. Saí, e o mesmo homem estava na porta me esperando.

 

Ele me pegou pelo cabelo e me jogou com tudo na parede, deixando bem clara as condições que eu tinha que cumprir.

 

—Presta bem atenção, eu salvei sua vida e a de seu irmão. Agora você vai ter que retribuir. Vai fazer absolutamente tudo o que eu disser, caso contrário, seu lindo irmãozinho perderá a vida diante de seus olhos. Você quer isso para o seu irmão? Balancei a cabeça em negação.

 

Ele me olhou de forma rude.

 

—Agora limpe esse chão!

 

E me jogou com tudo no chão.

 

Flashback modo off

 

Karen olha e vê Joseph chorando.

 

—O que foi?

 

—A culpa é minha. Não pude estar perto de você  quando mais precisou.

 

—A culpa não é sua.

 

Quando diz isso, Karen acaricia e segura a mão dele. Os dois se olham por um momento, é como se todos os problemas acabassem, e a paz e o amor fosse a única coisa que lhes restava.

 

Você sofreu muito.

 

Sim. Carrego feridas e marcas disso até hoje. Posso continuar?

 

Sim...

 

Flashback modo on

 

Eu limpava o navio quase todo sozinha. Meu irmão mal saía do quarto. Eu sempre dizia a ele que estava tudo bem, que não era para se preucupar. Eu podia levar alguns livros que tinha no navio para ele, então aproveitava muito essa oportunidade. Ele sempre me perguntava quando iríamos sair daquele navio. Eu não tinha como responder. Ele notava os meus machucados e o mal cheiro, mas preferia não falar nada.

 

Eu acabei me acostumando com o balanço causado pelas ondas. Meu vestido já estava velho e sujo. Eu era à única mulher naquele navio. E isso para mim era um grande problema, a qualquer momento algum deles poderia me agarrar. Mas o capitão deixava bem claro que não era para colocarem as mãos em mim. Isso me preucupava bastante.

 

—ouçam todos! Estão vendo aquela moça ali?

 

—Aquela moça maravilhosa?

 

—Repita isso é eu corto sua garganta. Eu não quero ninguém perto dela! Aquele que ousar se dirigir a ela, terá sua cabeça cortada e seu corpo servirá como comida de tubarão.

 

Uns é outros me apelidaram de viúva. Não falavam isso para mim, mas eu ouvia. Me chamava assim porque eu não tinha ninguém, apenas meu irmão.

 

Teve uma noite... Todos já tinham ido dormir, eu estava sentada no chão com os pés entre as grades da parte de cima do navio. Olhando para a lua. Imaginando que você estaria vivo, que poderiamos ser felizes. Eu pensava que estava conseguindo guardar para você o que eu tinha de mais precioso.—Eu apenas pensava— .Quando eu menos esperava,o capitão estava atrás de mim.

 

—Não vai dormir?

 

O silêncio foi minha resposta. Não gostava de falar,  não via motivos para isso.

 

—Levanta, serva.

 

Levantei doida para joga lo naquele mar. Mas não podia.

 

—Já que você não quer dormir. Que tal ser útil para o seu capitão?

 

Ele falava isso enquanto acareciava meu rosto —que nojo daquele homem— eu não falava nada. Ele me pegou pelo braço e me levou até o gabinete. Foi a pior noite da minha vida. Pior porque eu sabia que não seria à última.

 

Eu não chorei, não chorei pela morte de meus pais, não chorei por ser escrava, não chorei por ter sido violentada.

 

Os meses se passaram e os abusos não pararam. Eu vivia um pesadelo que nunca acabava. Cada dia que passava eu ficava mais fria. Não sabia mais o que era sorrir. Quando o navio parava no porto, me trancavam junto com meu irmão. Para eu não fugir. Era a única vez que eu dormia bem e conversava com ele.

 

Algumas vezes eles recebiam "visitas" no navio.Essas visitas eram comerciantes do local. E quando isso acontecia, me deixavam tomar banho e lavar o cabelo. Para depois ficarem me exibindo como se eu fosse um trofeu para eles. Mais alguns meses tinham se passado e pararam em mais um porto. Apenas um comerciante entrou no navio. Quando o capitão veio me pegar para servir de exposição o jovem comerciante  me chamou atenção, e eu também chamei a atenção dele.

 

Ele era o comerciante mais novo que já tinha visto na via.

 

Um pouco maior que eu, de smoking e gravata borboleta. O jovem comerciante sorria o tempo todo. — o que me incomodava bastante— .

 

Ele ficou algumas semanas no navio.

 

Teve uma noite, eu tinha acabado de sair do gabinete. Tinha passado por mais um pesadelo e meu semblante era os dos piores. Eu estava andando no corredor e vi este jovem comerciante roubando ouro de um dos tripulantes nojentos daquele lugar, que estava dormindo. Me escondi e fiquei observando o. O que ele não esperava era que o tripulante acordasse e ficasse furioso. O que eu não esperava era que fosse defende lo.

 

—Você estava tentando me roubar?

 

—Na. Não senhor,eu... Eu...

 

—Estava tentando te acordar... Fui eu que roubei.

 

—Você? —falou os dois ao mesmo tempo.

 

—Sim. Queria fugir com meu irmão. Mas este comerciante me pegou no flagra e tomou o ouro que roubei. Tentou colocar de volta no seu bolso sem querer lhe acordar.—falava eu com o pouco sotaque espanhol que me restava.


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Notas finais do capítulo

Beijos é até a próxima.



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