O novo chefe dos Hyuuga sorriu, debochado, ao ver os homens que cercavam o velho líder, a maioria antigos membros da Casta inferior.

— O que esperam ganhar se unindo a ele? Se esqueceram de tudo o que lhes foi ensinado desde a infância?

— Defender nosso Clã e nossas famílias, nessa ordem – respondeu Hiashi, sem demonstrar emoção. – É isso que fizeram quando escolheram abandonar Konoha e ir para o exílio comigo.

— Pois fizeram a escolha errada – disse o novo líder, fazendo o Selo, mas nenhum dos guerreiros demonstrou reação. – Mas o quê?

Hiashi sorriu friamente.

— Como amostra de nossa gratidão e respeito por tudo o que sacrificaram para nos manter a salvo, eu removi o Selo se submissão que os mantinha escravizados a velhas tradições. Eu confiei em sua lealdade e hoje me seguem não por medo, mas por respeito.

Os Hyuugas, que até então estavam com o novo Chefe a quem foram obrigados a aceitar quando da ascensão de Fugaku, se entreolharam. Infelizmente, Hiashi apenas tivera tempo de evacuar os Hyuuga que estavam na residência principal e, em consequência, o novo líder massacrara a maioria dos membros da família principal que haviam se recusado a se curvar as suas ordens, deixando vivas apenas as crianças que se viram rebaixadas a família secundária da noite para o dia. No final, apenas os membros de sua família imediata se mantiveram como membros da principal.

— Terão a mesma consideração se depuserem suas armas agora e se unirem a nossa jornada – completou o velho líder, sem desviar o olhar do inimigo.

Uma a um os jovens baixaram as armas. De certa forma, Hiashi fora um líder muito melhor do que Kato jamais fora e todos ainda se lembravam disso.

— Se unam a Tsunade e aos outros na evacuação dos civis – ordenou ele, sem desviar os olhos de Kato que bufava de ódio. – Eu cuidarei desse aqui.

Os guerreiros se foram, deixando para trás os dois líderes.

— Agora é somente entre nós dois – disse Hiashi, preparando-se para atacar.

A principio, ambos trocaram golpes utilizando o taijutsu dos Hyuuga, mas Hiashi sabia que não levaria a lugar algum. Depois de algum tempo, ele se afastou, respirando pesadamente. O adversário tinha a vantagem de ser alguns bons anos mais jovem do que ele.

— Tem que admitir, Hiashi, sou muito melhor do que você – disse, sorrindo perversamente. – Você virou as costas para os seus, apoiando um regime que só arrastou nosso nome para a lama… Eu salvei os nossos.

O velho riu, surpreendendo Kato.

— Salvou? Você matou todos aqueles que tiveram a coragem de contestar o que estava fazendo, só manteve ao seu lado seus familiares. E diz que os salvou? Você os obrigou a se curvar a sua própria versão de ditadura.

Kato tentou novamente ataca-lo, mas Hiashi usou o giro celestial para repelir o ataque. O velho líder sabia que não era bom manter a luta por muito tempo, mas o oponente conhecia todos os seus truques.

De repente, ele sorriu, fazendo Kato ficar tenso. Hiashi fez um único Selo, concentrado seu chakra.

— As velhas tradições e a arrogância da família principal nos levaram a essa situação; por causa de minha falta de percepção, muito dos meus morreram naquela noite sem que pudesse fazer nada. Isso acaba hoje – disse, abrindo os olhos de súbito, fazendo Kato dar dois passos atrás, preparando sua defesa. – Liberação de Vento: Sopro de Vendaval.

Kato só teve tempo de expressar sua surpresa antes de ser esmagado por uma monstruosa rajada de vento. Ele foi arrastado por diversos metros antes de cair de joelhos, sangue jorrando pelo nariz e pelos olhos. Seu cérebro mal registrou quando Hiashi aproximou-se, as mãos sobre as costelas que doíam.

— Isso é uma amostra de que os tempos são outros. Se isso tivesse partido do meu avô ou até mesmo do meu pai, eles teriam usado o Ataque dos Oito Portões e o deixariam agonizar terrivelmente esperando pela morte. Por muito tempo, considerei que você merecia isso e muito mais… mas então lembrei do meu irmão, do que ele sacrificou pelo Clã e pela Aldeia, e finalmente entendi o que ele quis me dizer naquele último dia. Eu agradeço a você por isso…

Hiashi encostou um dedo na testa do oponente e ele caiu lentamente sobre o chão onde a chuva começava a cair.

Enquanto isso, na Arena…

A raposa lentamente retirou a máscara do rosto e ela caiu no chão em um baque surdo. Seus olhos azuis celestes encararam Fugaku com determinação e seriedade incomuns.

— Olha só, quem diria – ironizou o Godaime, sorrindo friamente. – Nunca esperei encontrar você de novo, moleque!

— Achou que me matar seria tão fácil? Não me subestime – disse ele, cerrando os punhos diante dos olhos enquanto estes assumiam um tom alaranjado nas extremidades, fazendo os seus comparsas darem passos atrás.

Poucos tinham pleno domínio no chamado Senjutsu, uma fonte de energia natural extremamente forte e destrutiva, e em uma idade tão precoce.

No entanto, Uchiha não se deixou intimidar e se posicionou para a luta, mas Kurama, espantosamente, mantinha-se paralisado, olhando para o garoto. Parecia lutar contra o controle de Fugaku.

— O quê?

— Olá, Kurama – murmurou o garoto, uma voz estranha e quase sobrenatural.

— Ashura – a besta respondeu, baixando a imensa cabeça. – Você voltou…

— Eu disse que voltaria. E sempre empenho a minha palavra – disse, levando o punho cerrado até perto do coração e aos poucos seu corpo assumiu um padrão amarelo e preto.

Fugaku ficou extremamente surpreso por segundos.

— Irmão – murmurou a besta, rosnando, mas logo assumiu uma atitude de ataque enquanto Fugaku recuperava seu controle sobre ela.

O homem sabia que tinha de terminar com aquilo, então decidiu tomar a ofensiva.

— Liberação de Vento: Onda de Vácuo…

Jiraya, Tsunade e os outros alcançaram a Arena bem a tempo de ver o ataque que jogou todos contra a parede.

Naruto se recuperou rapidamente como se nem tivesse sido atingido, mas os outros não tiveram a mesma sorte. O garoto sabia que todos ainda estavam vivos, mas duvidava muito se sobreviveriam a mais um ataque daqueles.

— Naruto – disse Jiraya, aproximando-se como um raio.

— Para trás, Jiraya-sensei – disse, fazendo com que todos se voltassem em sua direção. – Ele é invencível enquanto tiver Kurama sobre seu controle.

— Então como faremos? – perguntou o Kazekage, olhando para a enorme besta.

O garoto sabia ser arriscado, mas era a única chance que tinham.

— Precisamos prendê-lo em uma barreira de contenção, mas precisamos de quatro ninjas de nível Kage para isso – disse, voltando-se para Jiraya, Tsunade e Yahiko, um dos líderes de Amegakure. – Enquanto isso, tentarei reverter o contrato que o prende ao Sharingan de Fugaku.

Os outros jovens se aproximaram, lutando contra os ferimentos.

— Preciso que distraiam os guardas enquanto lido com o líder. Ainda podem lutar?

— São apenas arranhões – disse Sakura, colocando-se ao lado do amigo, seguida por Sasuke.

Naruto socou a palma da mão direita, de seu lado esquerdo Sasuke com sua katana e Sakura a sua direita e seus punhos cerrados.