Revenge escrita por ACLFerreira


Capítulo 3
Guardião


Notas iniciais do capítulo

Viajando protegidos pela escuridão da noite, Jiraya, Tsunade, Naruto e os outros buscam na cautela e em seus instintos meios para sobreviver até o destino final. Enfrentando os perigos de um mundo cruel frente aqueles sem proteção, também enfrentaram a incompreensão e os desafios de gerenciar um grupo que já se considera sem honra ou princípios... agora que foram traídos por aqueles a quem sempre honraram e respeitaram.



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Viajar a noite se revelou um verdadeiro desafio principalmente para as crianças e alguns outros que revelavam personalidades duvidosas a medida que o tempo passava. Foi duro para os lideres manterem a ordem enquanto os dias iam se escoando.

Orochimaru disponibilizara alguns de seus serviçais para servirem de guia até a Vila da Chuva e a ajuda inesperada se tornou valiosa a medida que o tempo e o caminho ia se tornando cada vez mais desafiador.

Como não podiam buscar abrigo nas Vilas pelas quais passavam ou mesmo se arriscarem a entrar, as florestas eram suas melhores alternativas e a vigilância constante uma prioridade. Sem Vila ou país, ninjas patifes em definição, eram alvos fáceis para quaisquer aproveitadores ou ladrões.

Naruto despertara ainda no esconderijo de Orochimaru e não dissera uma única palavra desde então. Apenas ficava quieto em seu canto, o olhar perdido no horizonte, parecendo calmo demais para quem devia ter passado pelo inferno antes de ser encontrado por Jiraya uma semana após o ataque.

Ele estava sempre perto de Jiraya, mas sempre havia mais um vigiando-o. Parecia não se importar com o fato, mas era impossível saber o que se passava pela sua cabeça ou em seu coração.

Já estavam na estrada há mais de três dias, faltando apenas mais uma noite de jornada para chegar ao destino, quando ele se sentou ao lado de Jiraya enquanto todos comiam e disse:

— Padrinho… por que nunca me contaram a verdade?

— Verdade?

— Não precisa me poupar. O homem mal já me contou tudo.

Quem estava perto o bastante para ouvir parou de comer e pôs-se a observá-los.

— Sarutobi queria poupá-lo. A vida de um Jinchuuriki é difícil, por vezes eles enlouquecem e se tornam um perigo para todos a sua volta. E também havia aqueles que, se soubessem quem é, poderiam querer pegá-lo.

— Como acabou acontecendo… Agora entendo por que todos me odiavam.

Os outros baixaram o olhar, envergonhados demais para olhá-lo diante das palavras simples de uma criança.

— Você não tem culpa. Sarutobi não lhe contou quem são seus pais, não é?

O menino negou, mas, surpreendentemente, falou:

— Foi o Yondaime…

Agora todos prestavam atenção, parando de fingir que comiam.

— Minato?

— Ele me disse que selou parte de seu chakra em mim para poder interferir caso alguém tentasse romper o Selo que ele fez. Meu pai não conseguiu impedir, mas interrompeu a remoção antes que essa terminasse.

— Fazendo parecer que estava terminado? Foi o que salvou sua vida.

O menino olhou para o céu, enquanto continuava:

— Ele disse que lamentava muito ter largado um fardo tão pesado sobre os meus ombros, mas que o fez por acreditar em mim. Falou que sabia que um dia eu seria um guerreiro tão hábil e forte quanto ele e minha mãe foram e que eu herdaria sua determinação em proteger os seus a todo custo. Na verdade, ele tinha me dado o poder confiado a minha linhagem e, tal como minha mãe tinha feito, acreditava que eu poderia usá-lo com sabedoria.

Jiraya suspirou, olhando o nascer do sol.

— Estamos muito longe de casa, não é? – perguntou o menino, observando o horizonte.

— Sim… e muito tempo se passará antes que possamos avistá-la novamente. Se quiser enfrentar Fugaku e recuperar o legado de seus pais, vai ter de se preparar.

Ele se voltou para os seus amigos que a tudo ouviam, mas não havia a condenação que esperava.

— Mesmo sendo tão jovem, meus pais confiaram em mim para ser o Guardião do nosso povo. Não posso decepcioná-los, não é?

O Senin assentiu.

— Na escola, lhe contaram a história da batalha de Madara Uchiha e Hashirama Senju, não é? O que eles não contam é que a Kyuubi nunca deixou Konoha depois daquele dia. Senju a aprisionou em um jutsu de selamento dentro de uma Uzumaki, Mito, uma kinoichi a quem só fazia frente o próprio Hashirama. Pelo menos, é o que se dizia e ai se Tsunade me ouça dizer o contrário – disse ele, rindo, olhando por sobre o ombro desconfiado. – Mas, muito embora os Uzumaki puros tenham uma expectativa de vida bem mais alta do que nós, eles não são imortais. Então, depois de muito tempo, chegou a hora de Mito e o Conselho da Vila sabia que deveria escolher sua sucessora. Alguém com poder e habilidade equivalente a dela… ou pelo menos muito semelhante.

— A minha mãe…

— Lembro-me do dia que a vi pela primeira vez. Uma menina de gênio terrível e que nenhum guerreiro jamais conseguiu derrubar mesmo antes de ser ninja. Na verdade, não faço ideia do que seu pai viu nela, mas, depois que a conheceu, nenhuma mulher mais existiu para ele. Se tornou um bobalhão apaixonado… Um guerreiro tão forte e habilidoso que metia medo nos ninjas mais cruéis virava um gatinho manso diante daquela mulher. Ele nunca se importou com o fato dela ser um junchuuriki, a via como uma pessoa normal e, acredite, romântica. As pessoas riam quando ele falava assim. Eles só se casaram depois da guerra e não demorou muito para você nascer.

O menino assentiu.

— O grande problema é que é a época mais complicada para uma jinchuuriki uma vez que toda a energia está concentrada no desenvolvimento do feto. Até o parto, assim, há um serio risco da besta ser libertada. Hiruzen-sama e os Conselheiros aconselharam seu pai a designar Anbus para protegê-la durante toda a gravidez e até mesmo durante o parto toda a proteção da Aldeia ficou a cargo deles e o parto foi feito dentro de uma barreira de proteção. Só que o inimigo conseguiu ultrapassar a barreira e sequestrar sua mãe enquanto seu pai fugia com você nos braços. O que se viu então foi uma das maiores tragédias que a Aldeia já viu. Muitas vidas se perderam naquele dia sem que pudéssemos fazer nada para impedir. Kushina, sua mãe, milagrosamente ainda estava viva, mas fraca demais para manter o Selo, morreria se tentasse. Você era o único com chakra forte o suficiente para manter o Selo e o poder dela. Ele mal teve tempo de terminar o jutsu antes de morrer, pois Kurama atentou contra ti e seus pais o protegeram com seus próprios corpos.

— Então, foi minha culpa…

— Não, não foi. Seus pais sabiam dos riscos e os assumiram por você. Confiaram a ti a segurança de todos nós… mesmo sendo tão jovem.

O menino manteve-se em silêncio por longos momentos, olhando para o horizonte com seriedade. De repente, uma pessoa se levantou e caminhou ameaçadoramente em direção a ele com uma adaga na mão, mas, antes que pudesse atentar contra ele, uma outra criança miúda colocou-se entre eles e o empurrou com força incomum para alguém de seu tamanho. Ele foi ao chão e a arma voou longe.

— Para trás, não vai encostar no meu irmão.

— Saia da minha frente – rosnou, mas a menina de incomuns cabelos rosados não saiu do lugar. – Eu vou acabar com isso, não vou permitir que esse monstro continue a fazer mal a mim nem aos meus.

— Se tentar, terá de enfrentar a todos nós – completou uma outra menina de cabelos loiros se juntando a companheira. Logo, todas as crianças estavam a proteger o amigo, encarando-o com raiva.

— Ouviram o que Jiraya-sama acabou de dizer? Ele é a própria besta.

— Não, ele é nosso irmão – falou Tsunade, fazendo-o se voltar em pânico. – Esse garoto enfrentou o inferno e voltou, tem mais coragem e força do que você jamais sonhou em ter toda sua vida. Você deveria se envergonhar por apenas cogitar em mata-lo.

Vendo-se sem apoio, o homem se levantou e correu.

 

Ao amanhecer do dia seguinte, o grupo exausto chegou aos portões da Vila da Chuva. Ninguém parecia acreditar que a dura jornada finalmente chegara ao fim e se detiveram.

Jiraya voltou-se para os protegidos e foi honesto:

— Aqui é o fim da linha. Fiz o que prometi, trouxe todos para um lugar seguro. Agora é decisão de vocês me seguir ou não, mas vou deixar claro que, se me derem as costas agora, estarão sozinhos para enfrentar um mundo que não tolera quem não tem a quem proteja. Se algo acontecer, serão os primeiros a serem apontados e terão de dormir todas as noites com um olho aberto. Aqui pelo menos terão a proteção de seus companheiros. A Vila é pequena e sem recursos, mas não podemos exigir muito.

Ele se voltou para os altos portões de onde os guardas os observavam com cautela, mas apenas porque o conheciam de outras visitas.

— Agora é hora de escolher…

A garoa fina começou a cair enquanto ele se aproximava dos portões. Os demais se entreolharam, mas, um a um, todos decidiram acompanha-lo.


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Notas finais do capítulo

A vida pode ser dura para quem é sozinho, era o que todos pareciam pensar. Ter amigos ainda era uma bênção.



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