Revenge escrita por ACLFerreira


Capítulo 2
Nukenins


Notas iniciais do capítulo

Vagando pela floresta, carregando seus feridos, alguns com gravidade, os sobreviventes, agora fugitivos, tentam lidar com a terrível realidade. Não tinham mais lar, nenhum porto seguro, estremecem a cada sombra que encontram pelo caminho. Lutam contra a terrível sensação de inevitabilidade e a depressão que ameaça paralisá-los.
Em meio a isso, Jiraya e Tsunade lutam para salvar Naruto, certos de que o menino possa ser a chave para um possível contra-ataque.



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Todos já estavam exaustos. Depois de horas de caminhada incessante, carregando os feridos, depois de pararem por poucos momentos para coletar água, ninguém em sã consciência pediria para continuarem.

A tensão da última semana cobrava seu preço de todos. Todos pareciam alternar entre a raiva e a depressão, mas sabiam que tinham de continuar. Disso dependia suas vidas e era o bem mais precioso que dispunham no momento.

Para trás, haviam deixado tudo o que haviam conhecido, mas retornar não era uma opção. Atrás deles, só havia a morte e saber disso parecia derrubar o ânimo de todos ainda mais.

Quando eles se abrigaram na caverna e organizavam grupos de vigia, um homem moreno e corpulento depositou seu pesado fardo cuidadosamente na parte mais protegida da caverna. Eles haviam se revezado para levar a criança quase em estado comatoso pelo longo caminho.

Logo que ele deixou-o, as outras crianças se reuniram ao redor do amigo, nos rostos cansados de cada um havia um brilho incomum para suas idades. Algo que somente o período das guerras havia visto e ver isso parecia mais duro do que a própria realidade que os adultos enfrentavam.

— Não podemos continuar assim – comentou o homem de cabelos brancos, ao lado da fogueira, suspirando. – Estamos muito expostos com uma caravana tão grande

— Talvez nos dividir seja uma opção – comentou um homem grisalho, com parte do rosto coberto por uma mascara e um pedaço de pano cobrindo o olho esquerdo.

— Eles não vão aceitar – disse o moreno, sentando-se. – Ver todos ao redor agora é a única coisa que parece mantê-los sãos e o que menos precisamos é um bando de pessoas tendo um ataque de pânico.

— Tem outra opção – disse um homem de olhos perolados, sério. – Se nosso destino está tão longe, nossa primeira providência é encontrar lugares seguros para pernoitar e planejar nosso caminho, certo?

— Certo – disse o homem de cabelos brancos, pensativo.

— Então precisamos de alguém que sabe andar cautelosamente ao redor.

O homem de cabelos brancos e a mulher loira que se manteve em silencio todo o tempo o fitaram por longos momentos, antes de dizerem ao mesmo tempo:

— Não!

— Ele se manteve incógnito por anos, só é visto quando ele quer que o vejam.

— Ele abdicou da Aldeia anos atrás… abandonou a todos nós. O que o faz crer que ele quereria nos ajudar agora?

— Não temos muitas opções – comentou o moreno, tentando achar uma melhor posição para o corpo dolorido. – Meu pai dizia que ele tinha esconderijos por toda parte. E é bom começar a cogitar a possibilidade de viajarmos a noite.

Se fez silencio novamente até uma das crianças se aproximar rapidamente, esbaforida.

— Tsunade-sama, o Naruto…

A menina quase não conseguia falar direito, então a mulher loira se levantou e foi até onde o menino jazia. E viu qual era o problema.

A pele naturalmente branca estava arroxeada e o menino nitidamente encontrava grande dificuldade para respirar. Ao pousar uma das mãos sobre ele, logo percebeu o problema.

— Tirem todos daqui, preciso de espaço.

Ninguém questionou, apenas se afastaram. Afinal, ela era a melhor médica do mundo.

Os outros apenas esperaram longos momentos antes da mulher voltar, nitidamente exausta.

— Como ele está? – perguntou Jiraya, visivelmente preocupado.

— Odeio admitir, mas precisamos do Orochimaru.

— O quê? O que ele tem? – perguntou Asuma, olhando para onde o garoto estava novamente rodeado pelas crianças.

— Precisamos refazer o Selo – disse a mulher em voz baixa.

— Mas o selo foi rompido – questionou Kakashi, surpreso.

— Foi, mas o poder não foi totalmente removido – disse, pegando todos de surpresa. – Minato fez um selo tão complexo porque foi obrigado a aprisionar todo o chakra da Kyuubi dentro de um bebê, pois não lhe restava alternativa. O problema que está acontecendo é que apenas metade do chakra foi retirado pelos Uchiha e o corpo de Naruto está se revelando incapaz de conter o poder venenoso dentro dele. Se não selarmos o que resta do poder, ele não vai sobreviver.

— Então, foi por isso que ele sobreviveu – disse Jiraya, balançando a cabeça.

— Precisamos do pergaminho de Selos de Orochimaru para sabermos qual seria o mais adequado diante da atual situação.

Jiraya xingou. Minato fora, de longe, o mais promissor de todos os ninjas que treinara e ficara honrado quando ele o escolhera como padrinho de seu único filho. Ficara longe tantos anos após sua morte esperando que o garoto crescesse e se tornasse apto para o inicio de seu treinamento. E agora via-se diante de uma escolha que poderia significar a sobrevivência dele.

— Qual é o problema? Deixe-o morrer – resmungou alguém, sem se preocupar se o ouviam. – Ele é apenas um peso morto.

Ninguém o viu se mover, somente o viram de súbito surgir diante do homem e agarrar seu colarinho. O homem empalideceu, vendo a fúria em seus olhos.

— Tenho uma ideia melhor. Que tal deixar você para trás? – questionou o Senin, enquanto todos se mantinham em silencio o olhando em pânico. – Se Naruto morrer, todo o poder preso dentro dele vai ser liberado e não vai sobrar ninguém aqui. Se te interessa saber…

Tsunade se manteve em silêncio apenas olhando, mas no fundo concordava com o amigo. Jiraya sempre fora impulsivo e ela era obrigada a trazê-lo de volta a realidade, mas aquele homem definitivamente carecia de uma lição. Deixar qualquer um deles para trás não era uma opção, afinal todos sabiam que significaria a morte, e era bom deixar isso bem claro.

— O Selo que fiz nos deu tempo, mas não dá para saber o quanto aguentará. Terão de sair o mais depressa possível.

O Senin assentiu, mas de súbito ficou tenso, olhando o horizonte. Logo vários ninjas estavam ao seu lado em posição de defesa.

Um homem se aproximava deles cautelosamente, fazendo o possível para se manter incógnito, mas não para eles. Ele vinha em linha reta e logo perceberam que ele não estava sozinho. Quando viu a figura sombria que se aproximava, Jiraya e Tsunade ficaram sem palavras por longos momentos, mas disseram quase ao mesmo tempo:

— O que diabos está fazendo aqui?

 

O grupo se movia cautelosamente pelos corredores escuros. Mesmo a desconfiança inerente a aliança improvável, tinham de fazer algumas concessões para sobreviver.

Ao chegarem a um enorme salão, o shinobi com olhos de cobra voltou-se para o grupo e estalou os dedos. Instantaneamente um homem desconhecido surgiu e fez reverencia.

— Apresente as acomodações aos nossos hospedes.

O homem assentiu sério.

— Acompanhem-me…

O grupo olhou para os lideres, ainda desconfiado, mas eles assentiram e eles se foram. Ficaram no salão Jiraya, Tsunade, Kakashi e Asuma que trazia Naruto pendurado nas suas costas.

— Tragam-me o garoto…

Ele foi se afastando, acompanhado pelos outros.

Eles cruzaram outro longo corredor até uma sala que ficava nos fundos do esconderijo. Havia uma mesa de metal polido no centro e junto a parede uma outra de madeira atolada de pergaminhos. Mais ao fundo havia um balcão cheio de utensílios cirúrgicos.

— Coloque-o em cima da mesa – pediu, mas sua voz saiu quase como um comando enquanto remexia os pergaminhos.

Ajudado por Kakashi, Asuma colocou a criança sobre a mesa de metal enquanto ele se aproximava com um pergaminho e abriu-o.

— Esse jutsu de selamento não é tão resistente quanto o que Namikaze originalmente usou, mas deve servir. Mas devo avisá-los que, na atual situação em que se encontram, é bom que alguém o ensine a usar esse poder o quanto antes para poder se defender. Afinal, não vai ter sempre alguém para defendê-lo.

Todos assentiram, então ele voltou-se para Jiraya:

— Vou precisar de ajuda aqui.

Os dois se juntaram. Foi preciso um longo tempo para que conseguissem aprisionar toda a energia maligna dentro do Selo e o esforço quase consumiu a energia de ambos.

— Agora é com você, Tsunade. Ele precisa ter pelo menos sessenta por cento de seu chakra ativo antes de pensar em movê-lo novamente.

— Quanto a isso não se preocupe – disse Jiraya, olhando para o afilhado. – Não planejamos continuar nossa viagem antes do próximo anoitecer.

— Finalmente, adquiram um pouco de juízo. Um grupo tão grande de nukenins não viaja a luz do dia. É muito arriscado.

Asuma e Kakashi o encararam em fúria ao ouvir a palavra ofensiva.

— O quê? É o que vocês são, segundo o Godaime Hokage e o Senhor Feudal do País do Fogo. Deram uma semana para todos retornarem a Konoha, mas a ordem saiu uma semana após o inicio do prazo. Ou seja, qualquer idiota entendeu que já os consideravam desertores desde do inicio.

— Pagamos nossos impostos, somos leais e obedientes e acabamos assim. Traídos por nossos próprios senhores – disse Kakashi, suspirando. – Vou informar aos outros.

Ninguém disse nada enquanto ele se afastava, pois, na verdade, não havia nada a dizer.


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Notas finais do capítulo

Estamos nos preparando para a longa jornada que ninguém sabe como vai ser. Agora "ninjas patifes", teremos de aprender da pior forma a sobreviver em um mundo onde ninguém mais é confiável.
Esperemos que os deus olhem por nós, pois nada mais nos resta do que a fé e o desejo de que nossos melhores dias possam voltar.



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