Quem vai ficar com Teddy? escrita por Bianca Lupin Black


Capítulo 2
O jantar, o menino




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Harry

—De jeito nenhum, King. Eu posso fazer isso sozinho.

—Não, não pode – o bruxo mais velho negou com a cabeça. - E sabe por quê? Porque você é um auror. Viaja o tempo todo, sem saber se vai voltar vivo. Teddy precisa de segurança, e não podes dar isso a ele sozinho.

Harry abriu a boca para retrucar, mas antes que pudesse falar, Draco Malfoy surgiu no corredor, acompanhado por uma recepcionista.

—Então deixe comigo. Não preciso dele – apontou para Harry.

—De jeito nenhum Malfoy – disse Harry, irritado. - Ele é meu afilhado.

—E meu primo – Malfoy deu de ombros.

—Andrômeda pediu que eu cuidasse dele.

—Ela pediu a mim.

—Pediu aos dois! - Kingsley interrompeu a tensa discussão que se formava. - Malfoy, em dois anos, você acumulou mais endereços e empregos do que é capaz de contar, e já conversamos sobre sua situação, Harry.

—Mas… os pais dele escolheram a mim como guardião – o moreno de olhos verdes-esmeralda insistiu e Malfoy revirou os olhos.

Kingsley bufou. Por que Harry era tão teimoso?

—Desculpe garoto, mas a vontade que conta agora é a de Andrômeda, e ela escolheu os dois como guardiões.

Draco

Draco foi para cama assim que desligou o telefone, pensando em Teddy. Ele nunca o vira, sabia o básico sobre ele, e não sabia nada sobre cuidar de uma criança.

Apesar de ser o parente mais próximo vivo, ele não era o único disponível para cuidar dele. Havia Harry Potter, o padrinho escolhido por Remus e Ninfadora logo que o menino nasceu. Talvez, se ele pedisse, Kingsley deixaria o menino com Potter, e Draco poderia continuar com sua vida.

***

O telefone tocou logo cedo, acordando Draco. Ele resmungou ao ir atender, pronto para explicar ao chefe desmiolado que era sábado, e portanto, ele não tinha um expediente para cumprir.

—Alô – falou, cansado.

Bom dia, senhor Malfoy. Aqui é Gabriela Allen, do Ministério da Magia. Liguei para informá-lo que Kingsley Shacklebolt deseja uma reunião com o senhor, às nove e meia.

Eu tenho escolha?, pensou, garantindo à Gabriela que apareceria. Se trocou, tomou um banho, café e partiu pela Rede de Floo. Uma mulher de cabelos cacheados e pele morena o recebeu, guiando-o à sala de Shacklebolt, onde apesar da porta fechada, podia-se ouvir a conversa entre ele e Potter.

—Não, não pode – disse Shacklebolt. - E sabe por quê? Porque você é um auror. Viaja o tempo todo, sem saber se vai voltar vivo. Teddy precisa de segurança, e não podes dar isso a ele sozinho.

Nesse momento, a mulher – muito provavelmente Gabriela – abriu a porta. Draco entrou e deu seu parecer a respeito do passe de guarda, sem esperar introdução.

—Então deixe comigo. Não preciso dele – disse, apontando para Potter.

—De jeito nenhum Malfoy – Potter retrucou. - Ele é meu afilhado.

—E meu primo – Draco deu de ombros.

—Andrômeda pediu que eu cuidasse dele.

—Ela pediu a mim.

—Pediu aos dois! - berrou Shacklebolt. - Malfoy, em dois anos, você acumulou mais endereços e empregos do que é capaz de contar, e já conversamos sobre sua situação, Harry.

—Mas… os pais dele escolheram a mim como guardião – Potter falou, fazendo Draco revirar os olhos. Como alguém conseguia ser tão teimoso?

Enfim encontrou uma solução. Shacklebolt estava irredutível, não deixaria que apenas um fosse responsável por Teddy, mas não disse como deveriam viver, o que deixava uma pequena brecha a ser aproveitada.

—Tudo bem, tudo bem – ele interveio. Potter se calou. - Nós vamos cuidar do garoto. Uma semana comigo, uma semana com você. Fechado?

Potter assentiu por um segundo, mas Shacklebolt franziu as sobrancelhas e negou, pegando uma carta na gaveta de cima. Estendeu-a para Draco. Fora escrita por Andrômeda, para ele.

Querido Draco,

Eu sei que não nos falamos muito, porque sua mãe não aceitou muito bem a minha escolha sobre casar com alguém “inferior” a nós, mas gostaria de pedir-lhe um favor.

Minha saúde não anda em seus melhores dias, e temo que Teddy fique novamente sozinho tão jovem. Se eu me for antes que possamos nos ver de novo, cuide dele.

Eu sei que você não gosta de crianças, por isso, não vou deixá-lo sozinho nessa tarefa. Por meio desta carta, nomeio você, Draco Lucius Malfoy, primo de segundo grau de Edward Remus Lupin, e Harry James Potter, guardiões do meu neto.

Troquei cartas com sua mãe recentemente, e ela me contou que não tem conseguido se manter em uma casa ou emprego por muito tempo, assim sendo, deixo aqui determinado que devem viver juntos na casa doze de Grimmauld Place.

—------Andrômeda B. Tonks.

O queixo de Draco caiu ao ler as palavras. Ela de fato designara a guarda de Teddy a ele e Potter. O argumento de Potter de ser padrinho do menino nada valia, nem o dele.

Estavam presos, condenados a morar sob o mesmo teto – o teto de Potter, para a infelicidade de Draco – e cuidar da criança juntos. Encarou os olhos verdes – e deu uma boa e longa observada no dono deles também – que muito veria por tempo indeterminado e bufou discretamente.

Só havia uma opção: aceitar e seguir em frente. Draco entrou em contato com seu chefe e explicou a situação. Ele e Potter foram dispensados por um dia para pegar Teddy e organizar tudo.

Viajaram pela Rede de Floo até a casa de Andrômeda. Potter andava na frente, conhecia bem o lugar. Teddy estava na sala de estar, brincando com seus milhares de ursinhos de pelúcia, mas interrompeu a brincadeira ao ver seu padrinho entrar.

Padin! - disse, comemorando.

Harry

Padin!

Harry abraçou o menino, tomado pela incerteza. Não sabia se já haviam lhe contado sobre Andrômeda, não sabia o que fazer, o que dizer, como dizer. Olhou para Draco, que sabia até menos que ele.

—Teddy, quer dormir no padrinho hoje?

Teddy sorriu e bateu palmas, recolhendo os brinquedos. Alguém havia passado por ali e arrumado a casa, até parecer que Teddy vivia sozinho ali, e deixara as roupas e pertences do menino encaixotados.

Enquanto Harry “distraia-o”, Draco pegava as caixas e as levava via Floo para Grimmauld Place. Teddy guardara seus bonecos em uma mochila azul, e depois passou pela lareira até a sala de estar de seu padrinho. Monstro grunhiu ao saber que a casa ganhara dois moradores, mas foi ignorado pelo patrão.

—Hã… Potter? - chamou Malfoy, levando Harry para a antessala do lado. - Quando contará a ele? Porque pelo que eu entendi, ele não sabe.

—Amanhã, eu invento uma história. Só vai na minha, ok?

Malfoy assentiu, grato por ele assumir o pior trabalho. Então Harry pôs-se a pensar. Uma limpa havia sido feita na casa de Andrômeda, e Teddy estava confortável com isso. Será que ele já sabia?

Preferiu não encher o menino de perguntas. Deixe que ele brinque hoje, pensou. Amanhã será ruim o bastante. Havia detalhes a serem decididos ainda. Precisavam encontrar alguém para tomar conta de Teddy – porque deixá-lo sozinho com Monstro estava fora de questão – enquanto Harry e Malfoy trabalhavam.

—Potter? - Malfoy chamou de novo. - Pedi à Astoria Greengrass para ficar com ele. Tudo bem?

Harry assentiu, satisfeito. Malfoy antecipara seus pensamentos e resolvera o problema. Trocaram olhares curtos. Durante toda a vida, estiveram em lados opostos. Grifinória e Sonserina, Comensais da Morte e Ordem da Fênix, no entanto, haviam aceitado Teddy como elo comum. É, talvez conseguissem fazer isso juntos.

Draco

O jantar causou em Draco uma nostalgia gostosa. Monstro preparara uma refeição como as que tinha na mansão Malfoy – Potter mal comia em casa, então deve ter sido uma ordem especial.

Apesar de confortável com a comida, Draco não estava tão à vontade com a companhia, tanto que sua garganta estava um pouco amarrada.

Teddy comia com interesse, fitando a comida e mudando seu rosto para parecer com ela, enquanto o padrinho “infiltrava” vegetais em seu prato sem que ele reparasse. Potter ria das transformações, e Draco também, por mais que tentasse disfarçar.

Certo, os jantares não serão ruins, pensou, vendo Potter sorrir. Seus olhos se encontraram por um segundo e o sorriso de Potter morreu, mas os olhos verdes continuaram encarando os cinzentos, e pareciam segui-los onde fossem. Era perturbador.

Harry

Talvez seja a culpa fazendo com que se retorça, pensou Harry, observando Malfoy tentar desviar o olhar e falhar miseravelmente. Não precisa temer, teve vontade de dizer, mas não podia. Eles não tinham tanta intimidade assim.

Monstro retirou a mesa e Harry foi para o quarto. Malfoy brincava com Teddy, que convidou o padrinho para acompanhá-los, mas o sono acumulado foi mais forte. Prometeu que brincaria no dia seguinte e subiu as escadas. Deitou na convidativa cama, apagou as luzes e pegou uma carona nos braços de Morpheu.


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