Com o susto devido à presença inesperada, Marinette deu um passo para trás esbarrando nas coisas que estavam em sua mesa. Ver o garoto piscar de forma sedutora para ela realmente não ajudou em nada.

Ele riu um pouco e por algum momento o som lembrou a garota do dia que Adrien lhe ofereceu seu guarda-chuva.

— Chat? O que você está fazendo aqui? — Sussurando, Marinette logo correu para fechar a porta. Não queria ter que explicar para os pais o que um menino fazia no seu quarto.

Ele se destransformou e o estômago dela deu um nó. Logo percebeu que ainda não tinha se acostumado totalmente com a idéia.

— A-Adrien! Você vai se atrasar para a escola. — Ela gaguejou. Suas bochechas começavam a ganhar um leve tom de rosado.

— Ainda tenho um tempinho. Eu preciso muito falar com você!  Pensei em te esperar na escola, mas sei que você costuma chegar tarde e o assunto é meio que urgente.

— Oi de novo, Tikki! — Plagg cumprimentou enquanto Adrien acenava educadamente para a Kwami.

Tikki deu um sorriso tímido, desviando o olhar.

— Esse é Plagg, meu Kwami! — Adrien apontou pra ele.

— Muito prazer! — Mari estava feliz em vê-lo novamente, dessa vez sem estar desmaiada de susto.

Adrien observou as fotos dele espalhadas pelo quarto e deu um sorriso. Sua mão na parte de trás da cabeça, os dedos entre os cabelos dourados como sempre fazia quando se sentia nervoso ou envergonhado.

Marinette logo percebeu e mirou o chão, sem ter coragem de encarar o rapaz.

— Primeiramente, desculpe... Eu sei que era só um jogo, mas não queria que você se sentisse obrigada a fazer aquilo. Foi mancada minha.

— Tudo bem! Acredito que já estava na hora. Isso ia acontecer mais cedo ou mais tarde. Eu acho que sei o que você veio falar. Ficou chateado por eu ser a Ladybug, certo?

— N-não! Não é nada disso Mari, é exatamente o contrário. Você é uma ótima pessoa... E ser a Ladybug só te faz mais especial. M-mas por outro lado você não deve ter ficado muito feliz em descobrir sobre mim, né? — Adrien disse, notando como era mais fácil falar com garotas quando estava como Chat Noir.

— Eu não vou mentir... Confesso que eu fiquei bem surpresa, mas não significa que eu tenha ficado triste, muito menos decepcionada.

— Ufa! Isso me deixa aliviado. — Respondeu enquanto olhava as horas em seu celular. — Agora estou realmente atrasado... Melhor me transformar para conseguir chegar á tempo. Plagg, mostrar as garras!

Plagg acenou para Marinette e Tikki, se despedindo antes de ser sugado para dentro do anel novamente contra sua vontade.

Chat Noir surgiu de novo na frente de Mari.

— Tome cuidado para ninguém te ver se destransformando quando chegar lá, ok?. — Mari o lembrou.

— Tudo bem! Vou ser discreto.

— Alya, Nino e Chloé já sabem. Isso é um desastre! Promete não contar pra mais ninguém? Já tive problemas demais.

— Claro que prometo! Seu pedido é uma ordem, princesa! Ou devo dizer My Lady? — Chat perguntou, se aproximando. Ele estava á centímetros do rosto dela.

Marinette sentiu seu coração acelerar. Será que Plagg tinha alguma influência nesse lado mais... Ousado? O super herói não parecia em nada o garoto tímido de minutos atrás.

— Ainda vai me chamar assim, é?

— Claro! Você sempre será minha Bugaboo. Quer dizer... Se não se incomodar, é claro!

— Gatinho bobo!

Seus rostos agora estavam realmente próximos.

Chat estava pronto para lhe dar um selinho, mas não ia forçá-la a fazer nada que não quisesse... Pelo menos até que ela pedisse, e ele sabia que isso ia acontecer.

Ao invés disso, tomou coragem e lhe deu apenas um longo e demorado beijo na bochecha, porém bem perto de seus lábios. O contato das suas peles os fez sentir uma sensação engraçada. Era uma coisa boa que nunca tinham sentido antes. Estavam tão entretidos com o momento que nem perceberam uma certa borboleta negra voando do lado de fora.

Após uns minutos, que pareceram  horas, de silêncio constrangedor logo o garoto saiu cuidadosamente pela janela.

Marinette olhava para fora totalmente vidrada e surpresa com o beijo repentino. Parecia que pelo menos por alguns instantes suas preocupações tinham sumido completamente.

Ainda maravilhada, encarava o vazio antes de Tikki chamar sua atenção avisando que iria chegar atrasada na aula.

Mari balançou a cabeça afastando seus pensamentos e tratou de correr escada abaixo enquanto já sentia o cheiro dos deliciosos croissants. As mãos na bochecha ainda quente e corada de vergonha.