Music and Poetry - Two Sides escrita por annaf5


Capítulo 9
Capítulo VIII




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"Lá vem o Sol, e eu digo que está tudo bem."

Here Comes The Sun - The Beatles

[Mídia - ParkBonhwa] 

Logo após o pequeno intervalo, Joohyun, juntamente a Jackson, voltou para a classe, para assistir a nova aula.

—- O professor Park está demorando hoje ... - disse Jackson, enquanto todos ainda esperavam a chegada do mestre.

Quando todos estavam acomodados em seus respectivos lugares, um adulto vestido com uma capa preta, com alguns símbolos estampados na frente entrou na sala. Em sua testa, havia um pequeno raio feito à mão.

A sala foi tomada por uma onda de risadas.

—- Vocês estão rindo do que? Eu vou acertar um Avada Kedavra em todos vocês!

Eles riram ainda mais. Joohyun gostou bastante do humor do professor:

—- Acho que vocês devem estar se perguntando o porquê disso ... é o processo de inicialização da novata - Park anunciou, apontando para Irene que parou de rir na hora - Está pronta?

—- Professor, quer assustar ela logo no primeiro dia?

Park chegou mais perto de Joohyun e sorriu:

—- É apenas uma piada! – disse, se virando para a classe novamente - Hoje iremos trabalhar um assunto bastante interessante ... Trilha sonora!

A lousa no quadro se acendeu, com os dizeres 'Trilhas Sonoras' brilhando, em destaque.

O professor começou a explicar todo o conteúdo, de uma maneira simples e objetiva. Os alunos anotavam todos os detalhes e prestavam atenção.

~M&P~

Todas as aulas haviam terminado. O primeiro dia de Irene foi bem interessante. Seus professores eram ótimos profissionais, os colegas, até então, eram, por maioria, legais.

Porém, não havia nenhum tipo de moleza.

Ela já precisava estudar para as próximas provas e simulados. As matérias eram complexas mas não eram impossíveis.

Irene estava estudando em seu quarto, verificando algumas apostilas que Jackson havia lhe emprestado, quando algumas batidas na porta interrompem seus pensamentos.

—- Quem é?

—- Joohyun? Sou eu, Xiweol.

Xiweol era seu colega de classe na aula do professor Park. Uma pessoa super doce e intrigante, pelo o que ela havia percebido. Ela abriu a porta, vendo o colega com os cabelos tingidos de azul.

—- Sim?

—- Jungkook pediu para que eu te chamasse aqui. Ele quer ver você.

A garota estranhou, mas desceu junto ao colega de classe. No andar de baixo, Jungkook esperava os dois lendo, calmamente, um livro sobre fotografia chinesa.

—- Vocês chegaram! Obrigado Xiweol, estou te devendo uma! - Jungkook disse, batendo na mão do outro garoto, que se despediu e saiu do local.

—- Disse que queria me ver. O que posso fazer para te ajudar?

—- Na verdade, eu quero te ajudar com algo. - ele disse, sentando-se no banco da praça que estava próxima.

Irene o acompanhou e sentou ao seu lado.

—- Me ajudar? Como?

—- Com Taehyung. Quero dizer, com o fato dele não gostar de música e tal.

—- Sabe o porquê dessa implicância?

Jungkook olhou em seus olhos.

—- É realmente uma pergunta boa. Mas ninguém aqui sabe a resposta. Yeri sempre fala que é porque ele já teve uma namorada do colegial que amava música, e ela o traiu com o "melhor amigo", mas eu não acredito que o motivo seja tão banal quanto isso.

Irene ficou em silêncio, pensando em todas aquelas "teorias". Ela realmente queria que o garoto dissesse o porquê do rancor com a música, mas não prentedia levar a sério o fato de tentar mudá-lo. Jungkook, por outro lado, parecia determinado. Até demais.

—- O que você acha?

—- Olha, eu realmente não sei. É o meu primeiro dia aqui, não acha que é muita coisa?

—- Oh! Me desculpe! Eu acho que estou te assustando.

—- Não é isso. Mas eu só preciso descansar, acalmar os pensamentos. Posso te responder amanhã? Assim, podemos conversar melhor sobre.

—- Claro! Amanhã nos conversamos, então.

Ela se despediu e subiu para seu dormitório. Já Jungkook se dirigiu para seu prédio, sendo interrompido por um Taehyung sério.

—- O que você estava fazer?

—- Hyung! - disse Jungkook, com uma falsa inocência.

—- Não venham com esse "tom" de voz. O que você fazia, conversando com a novata?

—- Primeiro, ela chama Joohyun, mas prefere Irene, ou seja, ela tem nome. Segundo, sem querer ser rude, do que isso interessa a você?

—- Porque, talvez, vocês estivessem falando de mim!

—- Hyung, com todo o respeito, o mundo não gira em torno de você! - o mais novo queria muito rir, mas não deveria estragar o falso sermão - Estávamos apenas conversando casualmente. Creio que a poeira da biblioteca e de seus livros está afetando sua capacidade mental, hyung.

—- Aish! - Tae exclamou, empurrando levemente, o garoto - Você é muito idiota.

—- Ah claro! Eu sou o idiota aqui.

—- Está me chamando de tolo? - Tae disse, fingindo está bravo.

—- Hyung, não foi no mal sentido! - Jungkook disse, tentando se desculpar, amedontrado pelo olhar do mais velho.

—- Corre.

Logo, eles pareciam duas crianças correndo pelo campus.

~M&P~

As notas emitidas pelo doce piano soavam por todos os dormitórios. Os acordes se completavam, dando um ar melancólico a música tocada. Joohyun já estava desperta quando as primeiras notas começaram a ser tocadas, ao longe. 

—- É o Yoongi. Ele sempre pratica pela manhã, no piano desse prédio - uma Yeri respondeu de dentro do banheiro, já adivinhando qual seria a pergunta da novata.

—- Ele é muito bom.

—- Sim, um prodígio. Mas isso não me impede de querer bater nele todos os dias por me acordar com essa música. Sempre desanimada.

Irene riu das reclamações da colega, enquanto esperava a mais nova para que elas descessem juntas. Quando Yeri estava pronta, elas deixaram seu dormitório.

Entretanto, a curiosidade de Joohyun falava mais alto. Ela queria ir até o piano e ver Yoongi tocando aquela música. 

—- Você pode ir, eu vou mais tarde - a novata disse para a outra.

Yeri apenas assentiu com a cabeça e desceu as escadas, enquanto a outra se encaminhava para o salão onde o piano ficava.

Os cabelos loiros do meninos se mexiam de acordo com o ritmo da música. A melodia parecia transpassar uma mensagem bela, porém, triste. 

Os últimos acordes da canção foram tocados suavemente pelos dedos ásperos do garoto, que se surpreendeu com as palmas da "intrusa". Logo, as orelhas pálidas de Yoongi tomaram uma coloração avermelhada. Ele se sentia desconfortável tocando para o público. Se sentia exposto demais, íntimo demais com tantas pessoas. E mesmo que a apresentação fosse apenas para um singelo olhar, ainda eram incômodo.

—- Você toca muito bem. Deveria se apresentar com o piano mais vezes.

—- Já viu minhas apresentações? - ele perguntou surpreso - Quero dizer, além dessa música.

—- Sim. Sarau dos Pianistas de Busan. Você foi um dos convidados especiais, não?

—- Sim, claro! Foi a apresentação mais árdua da minha vida! - ele riu nervosamente, aquela apresentação marcou o início de seus projetos fora da própria faculdade.

—- Não parecia. Você realmente tocava com o coração. Mas as músicas são diferentes. Essa é mais ...

—- Real. Ela transparece a verdadeira existência da alma humana.

—- Mas é triste - disse Irene, franzindo a testa, em dúvida.

—- Por isso mesmo.

Eles ficaram em um silêncio, apenas escutando os sons do vento da capital se encontrando com a fria parede de mármore do prédio.

—- Samuel Barber - Yoongi disse, por fim.

—- Como?

—- Samuel Barber. Essa música é dele. "Adagio for Strings". 

—- Eu, geralmente, não conheço muito de música clássica.

—- Eu realmente amo. Sabe, toda a paixão e sombria força humana que são transmitidas por essas canções, isso sim me motiva. Toda essa verdade, é real. É frágil, assim como nós.

Ele se levantou, entregando a partitura para a garota.

—- Deveria tentar algum dia. Vi que você andava com um pequeno livro embaixo do braço, seriam suas anotações? - Yoongi perguntou, levando uma maleta consigo.

—- Sim.

—- Caso você queira mostrar a alguém, saiba que eu estou aqui para lhe apoiar. Deve confiar na música.

—- Mas e se outra pessoa não confia? E isso pudesse, meio que desmoronar tudo aquilo que você trouxe? - Irene perguntou, aflita.

—- Então seu amor pela música sempre foi superficial. Sabe, a música vai muito mais do que instrumentos tocando ao fundo, e uma voz gritando palavras que soam "bonitinhas". Tem que ir além disso, tem que envolver o sentimento. A razão, emoção, tristeza, amor, raiva. Tudo isso se liga. Eu não sou nenhum psicólogo, mas se tem algo que eu posso afirmar com convicção é que quando algo é apresentado com amor, não existe coisa alguma que possa desmoronar aquilo.

O menino fez a reverência de costume e saiu do recinto, deixando Irene absorta em seus pensamentos.

~M&P~

"Somos assim: sonhamos o vôo mas tememos a altura . Para voar é preciso ter coragem para enfrentar o terror do vazio. Porque é só no vazio que o vôo acontece. O vazio é o espaço da liberdade, a ausência de certezas. Mas é isso o que tememos: o não ter certezas. Por isso trocamos o vôo por gaiolas. As gaiolas são o lugar onde onde as certezas moram" Os Irmãos Karamazov - Fiódor Dostoiévski


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