"Já ficou preocupado por isso poder ser arruinado?
Isso faz você chorar?
Quando você está por aí fazendo o que você está fazendo
Você está apenas sobrevivendo?
Diga-me, você está apenas sobrevivendo" Try – P!nk

[Mídia— Park Jimin]  

Irene chegou em casa ainda sem acreditar. Não por falta de pessoas lhe desejando parabéns, ou por não ler em cada canto da universidade seu nome e o nome do outro garoto. Ela estava sem reação.

Antes, ela estava ansiosa. Agora ela estava nervosa. Deixaria os pais em Busan para viver sozinha em Seul, a grande capital. Irene tinha medo caso as pessoas sejam ignorantes quanto ela as via nos jornais.

I.M fez questão de acompanhar a amiga até a esquina de sua casa. Até a esquina porque ele não notou que já passava da hora que deveria está na escola, com seu trabalho de estagiário. O garoto se despediu rapidamente e correu como a luz em direção oposta (onde ficava a escola).

A garota entrou em casa e deixou sua bolsa na mesa ao lado da TV, como fazia todas as vezes que chegava. Seria a última vez que ela faria isso? Seus pensamentos foram interrompidos pelo barulho do motor velho do carro na garagem. Seus pais haviam chegado:

—- Irene! Filha!

Seus pais a cumprimentaram como o costume: um abraço e depois um beijo no topo da cabeça. "É para te proteger da cabeça aos pés", como dizia seu pai. Aquela proteção lhe seria útil no futuro ...

—- Vi I.M correndo pro outro lado da cidade. Por que não o convidou para entrar? - perguntava a Sra. Bae, enquanto começava a preparar um pequeno almoço para ela e seu marido (já que Irene sempre almoçava na univesidade).

—- Ele estava atrasado para algum compromisso, mas mandou lembranças - Irene respondeu, arrumando a mesa da sala. Ela estava apreensiva. Contar a seus pais seria complicado.

Quando todos já estavam à mesa, Irene pegou a carta e colocou sobre a mesa, fazendo seu pai interromper o assunto sobre as dificuldades no trânsito:

—- O que seria isso, Bae Joohyun? - perguntou seu pai, com medo da resposta. Sua mãe pegou o envelope e o leu, ainda temerosa pelo conteúdo.

O pai da garota já imaginava uma bronca ou alguma punição da universidade, por isso se assustou com o a notícia da transferência:

—- Isso é sério? - perguntou sua mãe, incrédula

—- Sim, é sim. - Irene sabia que a aprovação era algo extraordinario, mas sempre ficava receosa ao falar algo aos pais.

Depois de alguns segundos entendendo a informação, os pais de Irene se levantaram da mesa e começaram a gritar, sem ao menos importar com a vizinha que odiava barulho. Eles estavam felizes. Sua filha era um prodígio e iria estudar em Seul, a grande capital, onde o mercado de trabalho era bem maior e as oportunidades eram mais reais.

Irene se levantou e comemorou com os pais. Agora, juntamente com os mais velhos, ela acreditava.

Acreditava em seu potencial.

~M&P~

Depois de uma noite em comemoração com os parentes e amigos mais próximos, Irene terminava de arrumar sua mala. Ela havia ganhado vários presentes e cartas. Todas diziam a mesma coisa:

Não se esqueça de mim!

Seria impossível esquecer aquelas pessoas maravilhosas. Ela sorria a cada vez que lembrava dos momentos com seus amigos. Se lembrava do dia em que ela estava brigando com Chanyeol pelo último pedaço de bolo, do dia em que Kyungsoo caíra de patins, lembrava-se de Luna fazendo todo o grupo ir assistir "Harry Potter e as Relíquias da Morte Pt. 2", mesmo que alguns amigos tivessem protestado. 

Enfim, lembrava-se de todos. Uma batida na porta lhe tirou de todos seus pensamentos:

—- Posso entrar? - perguntou I.M, olhando a mala encima da cama da garota.

—- Acho que você já entrou ... - ela riu, enquanto apontava a cadeira perto do criado-mudo, convidando o mesmo a se sentar.

—- Acho que você não poderia ir embora sem isto - o menino tirou uma pequeno pingente do bolso e a entregou. Irene conhecia aquilo. No dia em que I.M caiu de bicicleta, quando eles ainda estavam no primário, Irene havia lhe entregado aquilo. Era uma maneira de "protegê-lo", como sempre dizia sua mãe. Os olhos da garota, instantaneamente, transbordaram lágrimas e a mesma correu para os braços do melhor amigo:

—- Não chore. Por favor. Vai ser melhor para você. Faça novas amizades lá, viva sua vida, saia para as festas, pense olhando para o céu azul e lembre-se das pessoas que ficaram aqui. E que ainda estarão aqui quando você entrar pela porta da sua casa com um diploma. - I.M sempre fora tímido, mas as palavras fluíam como uma cachoeira quando a questão era seus sentimentos.

O menino ajudou Irene a levar as malas para o andar de baixo. Depois de colocar tudo no carro, Irene observou a casa atentamente por uma última vez, antes de trancar a porta e sair para o mundo.

Eu volto em breve ...

~M&P~

No aeroporto, fora a mesma coisa de qualquer despedida. Choros, desejos de felicidade e promessas como "me ligue quando chegar lá", "traz algum presente" ...

Seus pais estavam tão orgulhosos. Sua mãe estava abalada. Um filho já havia ido para o mundo. Agora a caçula também ia. Eles estavam aprendendo a voar.

Depois de 15 minutos de despedida, o voo de Irene foi anunciado. Ela, juntamente com Kid, entrou na sala de check-in para a averiguação dos documentos. 

Verificados todos, eles se encaminharam ao avião, olhando em volta:

—- Observando muito? - perguntou a garota

—- Sim, nunca se sabe se veremos isso novamente ...

A melancolia estava instalada no ar. Eles se acomodaram em seus assentos e esperavam o avião partir. 

Quando a voz da comissária de bordo anunciava a partida da aeronave, Irene entendia o que estava fazendo.

Ela estava mudando de vida ...

"Mas ela não se sentia adulta. Não estava preparada, de jeito nenhum. Era como se algum alarme de incêndio tivesse disparado de madrugada e ela se encontrasse no meio da rua com as roupas emboladas no braço. Se não tinha aprendido nada, o que iria fazer? Como preencheria os próximos dias? Não tinha a menor ideia." Um dia – David Nicholls - Publicado em 2009

~M&P~