Music and Poetry - Two Sides escrita por annaf5


Capítulo 12
Capítulo XI




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"Tudo bem, tudo bem, coisas assim acontecem
As coisas ficam bagunçadas
Como fones de ouvidos no bolso"

Clap - Seventeen

Taehyung tamborilava os dedos, inquietos, na poltrona da sala do seu prédio.

Já tinha perdido as contas de quantas vezes ele tinha tentado fazer algo que aliviasse seu nervosismo. Batia os pés, tremia seus joelhos e respirava fundo nos intervalos de segundos.

Ao menos ele tinha uma companhia.

"O Retrato de Dorian Gray" era o livro que tinha pegado para ler naquela semana. O romance era conhecido do garoto, mas era tão confortável lê-lo que nada seria melhor para aliviar sua tensão.

Já estava quase chegando na parte onde Dorian seria pintado na tela, quando seu celular lhe despertou do mundo da fantasia.

—- Hyung, estou te esperando aqui na entrada do refeitório.

Jeon falou o próprio recado tão rápido quanto havia desligado o celular.

Novamente, o nervosismo de Taehyung voltou.

—- Tae, você está bem? - Wendy estava do outro lado da sala, com um exemplar de algum livro francês - a garota era apaixonada por esse tipo de literatura - encarando o menino pelas lentes dos óculos de leitura.

Taehyung tentou emitir algum som, como uma afirmação, mas soou mais como uma lamúria. Wendy deixou o exemplar em cima de uma mesa qualquer e se aproximou do amigo.

—- Pode me falar.

—- Noona, eu não quero ir!

—- Não quer ir aonde?

—- Não quero ir encontrar Joohyun! Isso vai ser assustador! Eu não quero ...

—- Espera, rebobina a fita um pouco, porque eu estou um pouco perdida. Você está saindo com Joohyun?

—- Claro que não! - sua voz saiu um pouco mais alta do que planejava, fazendo com que Seungwan olhasse feio para ele - Desculpa. Não é um encontro. É porque eu estou com dificuldade em uma matéria de literatura que envolve ...

—- Sonoridade. Sei qual é. Mas qual é o problema?

—- É esse o problema! Ela é uma acadêmica de música! Eu não ...

—- Taehyung, não implique com a garota que está fazendo um favor enorme para você só porque você tem essa rixa infantil com a música. Você sabe muito bem que isso é extremamente ridículo e anti ético! Vai logo, não deixe a menina esperando!

Taehyung tentou protestar, mas Jeon o ligou novamente. Ele sabia que aquela ligação era sua deixa.

Era tudo ou nada.

O garoto se levantou da poltrona nos últimos piques da adrenalina e coragem no sangue e foi até o local combinado com Jeon.

~M&P~

Joohyun estava um pouco assustada com todas aquelas informações.

Quando ela chegou, Taehyung parecia destinado a odiá-la por algo que ela não poderia, ao menos, intervir.

Agora, Jeon parecia implorar para que ela ajudasse o Kim no próprio curso.

Só poderia ser uma brincadeira de mau gosto.

—- Joohyun-ssi, o que está fazendo aqui? - Jackson se aproximou, andando tranquilo para perto da garota, que estava no campus dos estudantes de Biologia.

Por lá, havia um enorme campo de grama natural. Por mais que fosse um campo de experimentos, também servia como refúgio do estresse do dia a dia dos estudantes.

—- Esperando um amigo, e você?

—- Apenas andando por aí.

Jackson perguntou, com gestos, se poderia se juntar a ela. Quando ela afirmou, o garoto sentou-se ao seu lado no campo, mexendo tranquilamente nas gramas que balançavam na direção do vento.

—- Esse campo me faz lembrar de casa. - o garoto soltou a informação, com voz baixa. Os cabelos loiros tingidos voavam e bagunçavam, mas ele, aparentemente, não se importava.

—- Também me lembra Daegu. Haviam belas praças gramadas por todo o meu bairro.

—- Na China, as plantações de arroz eram quase como um sítio. Meus tios tinham uma plantação. Nós viajamos para lá, com o objetivo de 
ajudá-los na colheita. Era muito bom sentir o vento soprando ao seu favor, mas era péssimo o cheiro do brejo.

Joohyun riu um pouco com as memórias de seu colega. Também contou algumas de sua infância, se divertindo com as memórias.

—- A pessoa que você estava esperando era Taehyung-ssi?

—- Sim. Por quê?

—- Ele está nos encarando. - nada discreto, Jackson apontou em direção ao leste, onde um Taehyung encarava a cena dos dois com uma expressão confusa.

Quando o Kim viu que estava sendo vigiado foi para perto dos dois, ainda envergonhado.

—- Olá, Taehyung! Fico feliz em vê-lo aqui! - a voz de Joohyun era carregada de ironia. Ela estava se aproveitando muito bem da necessidade de nota do garoto.

—- Olá. Jackson, você também vai me ensinar?

—- Ensinar? Não. Estava só de passagem, acompanhado Joohyun. Mas já vou indo. - o chinês se levantou e logo foi para o outra parte da enorme faculdade.

—- Trouxe o que te pedi? - Joohyun perguntou para o garoto.

—- Você o deixa usar seu nome real?

—- Não faço objeção com ninguém. Apenas prefiro o apelido.

Taehyung deu ombros e mostrou, dramaticamente, os livros de poesia que havia levado.

—- Cuide bem deles! - o garoto disse, antes que a menina pudesse tocar em um dos livros.

—- Não são crianças, relaxe.

—- Eu sei que eles não são crianças, mas quem disse que você não é uma? - o garoto respondeu, um pouco irritado com o descaso que a garota havia tratado seus livros. Ela apenas o ignorou.

—- Okay. Sonoridade ... interessante, eu estudei essa matéria ainda em Daegu.

—- Ótimo. Podemos começar?

Joohyun riu daquela frase como se fosse uma verdadeira piada.

—- Você acha que é tão fácil assim? Poesia é uma das artes mais bonitas que há, uma das expressões da vida mais simbólicas ...

—- Eu sei! Quero dizer, eu já sei o básico, só quero que me mostre o porquê da sonoridade.

—- Ótimo. Feche os olhos.

—- Como?

—- Vai logo, Taehyung-ssi! Eu não tenho o dia todo.

—- Tecnicamente, você tem, já que hoje é sábado e nós não temos aula ...

—- Fecha logo os olhos!

O menino obedeceu prontamente a ordem da mais velha. Logo, sentiu um incômodo na região da cabeça, descendo para as orelhas. Depois, viu que algo - macio como uma esponja - estava sendo pressionado contra sua orelha.

Logo depois, uma venda tampou os olhos do garoto.

—- Hey! - o menino levantou as mãos, em direção ao próprio rosto. Sentiu algo colocado em sua cabeça - Um fone de ouvido? Sério isso?

—- Cale a boca e faça o que eu falar, okay?

Taehyung apenas acenou com a cabeça.

—- Ótimo. Você não está enxergando nada, então seu corpo, automaticamente, vai apurar os outros sentidos. Tecnicamente, o que mais iremos usar é a audição, mas não significa que você não possa utilizar os outros sentidos.

—- Não estou entendo, mas pode continuar. - Joohyun riu um pouco da tonalidade curiosa com que a voz do menino saiu.

—- Você vai escutar um poema ritmado. A partir do que você ouvir, você pode me dizer qual o tipo de sensação esse som trás pra você, okay?

—- Entendi. Mas eu não vou entender o poema? Quero dizer, dependendo da obra, as palavras vão me dizer o sentimento a ser passado.

—- É exatamente nesse ponto. O poema é em outra língua e, ao menos que você seja poliglota, acho que você não irá entender o que ele quer dizer.

"Foi assim que sempre se fez. A literatura é a literatura, seu Paulo. A gente discute, briga, trata de negócios naturalmente, mas arranjar palavras com tinta é outra coisa. Se eu fosse escrever como falo, ninguém me liaSão Bernardo - Graciliano Ramos (Publicado em 1934)

~M&P~


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