Tormenta escrita por Katherine
Carly Cullen.
— Temos quanto tempo? – Alexander perguntou.
Era noite, mas da mesma forma Carlisle estava fazendo exames em mim. Era perceptível que nos últimos dias os avanços ocorreram em menos tempo. O sangue ingerido já parecia não fazer tanto efeito, eu estava coberta por manchas roxas.
— Não muito – respondeu, me lançando um sorriso reconfortante – Por hoje é só.
Me acomodei melhor na cama, agarrando o cobertor.
— Onde está todo mundo? – perguntei.
Estavam estranhos, ninguém além de Jane e Carlisle – e Alec, é claro – havia aparecido por ali ainda.
Alec e meu avô trocaram olhares por um momento, soube que havia algo errado naquele momento.
— Estão resolvendo algumas questões.
— Que questões, Carlisle? – ele me encarou, não gostava que eu chamasse daquela forma – Hum?
— Nada, Carly – O Volturi se levantou andando em minha direção – Vá descansar.
— Como? Sei que estão escondendo algo – acusei.
— Não vou discutir com você.
— Nem eu com você – ele fechou os olhos e suspirou – É só me falar.
Carlisle percebeu que não era a melhor hora para estar ali e resolveu se despedir.
— Descanse, Carly. A hora está se aproximando! – falou, antes de sair.
Alexander me olhou com um sorriso no rosto.
— Ouviu?
— Não interessa. Só vou fechar os olhos depois que me disser o que estão escondendo! – falei ficando de pé.
Os olhos dele caíram sob o meu ventre antes de retornarem ao meu rosto.
— Nada, eu já disse.
— Você é um péssimo mentiroso, Alec.
Renesmee entrou pela porta da casa com Jane. Franzi o cenho, encarando-as.
— Acho que não chegamos em boa hora – minha irmã disse, desfazendo o sorriso.
O vampiro se jogou no sofá, acompanhado da gêmea.
A hibrida me abraçou com cautela.
— Como você está? – perguntou.
— Bem – me sentei sendo acompanhada por ela que tocou a minha barriga com a ponta dos dedos – Carlisle disse que não demorará muito.
— É, você está quase quebrando mesmo – Jane analisou – Não chega a uma semana.
Mostrei a língua para ela.
— Onde está Jake? – perguntei.
Nessie deu de ombros.
— Em algum lugar com os outros – falou – Todos estavam estranhos demais hoje.
— Então... você também não sabe?
— Vai dormir, Carly – Alec falou, mais uma vez. Desta com a voz mais grave.
— Não sei do que? – quis saber.
— Estão todos nos escondendo algo, não faço ideia do que seja.
— Eu também não.
Encarei Jane.
— Você sabe de algo?
Ela franziu o cenho.
— Não.
— Não faça eu usar o meu dom – implorou Alec.
Finalmente me daria por vencida, subindo para o quarto. Mas antes mesmo que pudesse proferir qualquer palavra alguém bateu na porta, através do semblante dos Volturi podia perceber ser Jacob. O mesmo entrou com uma expressão nada agradável. Renesmee correu para os seus braços, mas o mesmo parecia não tão confortável com o contato no momento.
— Jake – ela chamou, deixando o sorriso morrer – Tudo bem?
Ele abriu a boca para falar, mas desistiu em seguida.
Procurei o olhar de Alexander, pedindo alguma explicação, mesmo que ele não lesse mentes.
— O Charlie, Ness.
— O que? O que houve com o Charlie?
O quileute a encarou antes de virar-se para mim.
— Eu sinto muito.
***
Durante toda a minha existência não havia convivido muito com o meu avô Charlie pelo fato do crescimento extremamente exagerado de Renesmee, mas sempre que nos víamos era muito especial, principalmente quando criança. Bella sempre nos contava que o nome de Nessie era uma homenagem a Esme e René, já o meu foi escolhido para homenageá-lo.
Minha mãe estava em um choro silencioso nos braços de meu pai, era desesperador vê-la daquela forma. Parecia tão... sem vida – mesmo que já não tivesse uma a anos.
— Carly – ouvi a voz embargada da minha irmã chamando.
A encarei.
Renesmee estava numa situação parecida. Seus olhos inchados e tão vermelhos, sempre com Jacob ao seu lado.
Sem que dissesse nada se jogou em meus braços.
— Sinto muito – sussurrei.
— Você não precisa ser forte o tempo todo – disse, baixo – Sei que dói.
Eu não conseguia chorar, por mais que quisesse. As pessoas têm formas diferentes de lidar com a própria dor, a minha era fria. Preferia não conversar sobre ou ver ninguém. Mas devia esse momento à minha mãe e a Charlie.
Não tinha costume de ir em velórios, principalmente por viver em um mundo onde pessoas não costumam morrer, de fato, não podia imaginar o quão triste era um.
— Carly – Alec chamou, unindo nossas mãos – Temos que ir.
— Pra onde? – perguntei.
— Edward pediu pra levar você pra casa – falou – Bella vai ficar bem, precisa ficar mais um pouco.
— Então, eu fico.
— Não. – teimou – Renesmee também está indo.
Ao fim me dei por vencida, despedindo-me das pessoas que estavam ali presentes e de meu avô. Entramos em um dos carros, mas Alec não o ligou. Seu olhar fixo na chuva caindo lá fora.
— Você... quer conversar? – perguntou.
Neguei.
— Carly...
— Alec, está tudo bem! – garanti – Eu não consigo falar, não ainda.
— Tudo bem. Estarei aqui quando estiver pronta.
— Eu sei – falei, depositando um beijo em seu rosto.
Me encostei no banco, fechando os olhos, sem conseguir dormir. O carro parou e no mesmo momento abri os olhos, Alexander saiu do veículo em velocidade sobrenatural, sem se afastar.
— Alec? – chamei – Alec? O que foi?
Ele me encarou com o semblante rígido.
— Alguém esteve aqui.
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