Caçadora Pelas Circunstâncias escrita por Cris de Leão


Capítulo 54
Cap.54 - Salva Pelo Rei das Trevas




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Depois do que ocorreu com Poseidon, Ártemis ficou pensativa. Era provável que o próximo a ser punido seria ela, por isso, já estava se preparando para sua sentença.

Enquanto pensava nisso, uma brisa se fez dentro de sua barraca, um venti foi enviado como mensageiro por Zeus.

— Com sua licença senhora Ártemis – disse a criatura numa reverência. – Lorde Zeus pede a sua presença na sala dos tronos.

— Ele disse pra quê?

— Não senhora.

— Eu irei em seguida.

O venti se desfaz e volta para o Olimpo.

Ártemis suspira, chegara sua vez.

Ela sai da barraca e chama Thalia.

— Ai minha senhora – diz a semideusa – será que meu pai fará o mesmo o que fez com Poseidon?

— Eu não sei querida – diz a deusa. – Por isso, eu deixo o comando com você. Eu pedi a Atena que ficasse de olho em vocês caso precisem de proteção.

— Está certo – disse ela conformada. – O Percy vai se sentir péssimo. Primeiro o pai dele e agora a senhora.

— Eu já esperava por isso, Thalia, Poseidon também – disse a deusa. – Só não esperávamos que Zeus fosse fazer isso num momento crítico.

— Acho que o meu pai enlouqueceu – disse Thalia. – Só pode ser isso.

— Louco ou não ele é o rei dos deuses – disse Ártemis -, ele pode fazer o que bem entender, mesmo que isso provoque a raiva dos outros.

As duas ficaram em silêncio.

— É melhor eu ir – disse ela. – Cuide de Perseu.

Thalia assente e a deusa, desaparece num brilho prateado.

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No Olimpo, Zeus esperava pela filha.

Ártemis sempre foi rebelde, mas era fiel, nunca lhe deu trabalho. No entanto, por causa do ocorrido com Calisto, ela passou a ficar mais distante, deixou de chamá-lo de pai e não lhe dirigia mais nenhum sorriso. Passou a fazer somente aquilo que lhe era da alçada.

Agora, ela lhe passava a perna ao aceitar Perseu na caçada que agora era menina, o que, aliás, não ficou nada mau, contrariando sua ordem de ajudá-lo. Já estava na hora de dá um basta nisso.

Ártemis aparece diante dele na sala dos tronos. Apenas Zeus estava lá.

— Mandou me chamar Zeus?

— Você já deve saber o motivo, não?

— Sim.

— Por quê? – perguntou. – Por que deu abrigo àquele assassino quando deixei bem claro que não era pra ninguém ajudá-lo?

— Primeiro Zeus, eu queria retribuir o que ele fez por mim. Segundo, porque eu achei injusto o que você fez e terceiro, você não mencionou o meu acampamento. Portanto, eu o trouxe para a caçada a fim de protegê-lo e para evitar que Thalia saísse atrás dele contrariando as suas ordens.

— Então, você sabia o tempo todo quem ele era e mesmo assim o aceitou.

— Sim, mas para aceitá-lo eu o transformei em uma menina, já que não aceito homens.

— Então foi você e não Poseidon quem o transformou.

— Quando você baniu Perseu eu procurei Poseidon e lhe fiz essa proposta. Ele, claro, aceitou, pois temia pela segurança do filho. Então falei com Perseu que também aceitou, mesmo sabendo que iria viver como menina. Assim, ele poderia voltar ao acampamento e rever os amigos.

Zeus apertava os braços de sua poltrona a cada argumento.

— Como vê Zeus, você se precipitou em transformar Poseidon em mortal – disse ela. – Então, o que pretende fazer, vai me punir também?

Zeus não disse nada, apenas olhou para a filha e então se levantou. Ártemis não se intimidou e esperou pelo veredicto.

— Eu estou muito decepcionado com você Ártemis – disse -, você é rebelde, mas nunca me desobedeceu. Por que agora?

— Eu fiz o que era melhor para todos – disse ela. – Prova é que outro problema surgiu e quem sabe uma nova guerra está a caminho, ou será que você esqueceu?

— Não, não esqueci, mas isso não justifica a sua traição.

— Traição, acha que o que fiz foi traição, só porque eu ajudei o herói que arriscou a vida pelo Olimpo porque você ficou com medo dele?

— Aquele garoto é perigoso, será que vocês não enxergam isso?

— Sim, ele é perigoso, mas para os nossos inimigos – ela argumenta. – Ele é forte e poderoso, assim como o Jason e a Thalia, qual o problema?

Zeus ficou calado.

— Ah entendi – disse ela sorrindo. – Ele não é seu filho. Por isso, quer se livrar dele, não é? – ela diz olhando pra ele. – Não é só medo, é inveja. Você tem inveja porque não é o Jason o louvado e querido em ambos os acampamentos, é isso não é Zeus? – ela continua – Você não suporta a ideia de que o filho de um dos seus irmãos é mais famoso do que um dos seus. Ou será que é inveja de Poseidon por ser um pai amoroso que se preocupa com o filho e que de vez em quando o visita e que não tem vergonha de abraçá-lo?

— Está enganada, eu amo todos os meus filhos – disse ele desconcertado. – Eu só...

— Não sabe como dizer isso à eles – ela completa. – Bem, pode não ser tarde demais. Thalia está muito zangada com você. Quanto ao Jason, ele me pareceu um pouco envergonhado. Se quiser se aproximar de seus filhos terá que conquistá-los – ela disse olhando em seus olhos.

Zeus olhou para a filha e lembrou o dia em que ela veio tomar satisfações pelo mal que ele causou a Calisto. Desde esse dia Ártemis nunca mais foi a mesma com ele, tornou-se distante e desconfiada. Só lhe dirigia a palavra quando lhe era solicitada ou quando necessário.

Ártemis era o tipo de mulher que não perdoava e ele nunca se deu ao trabalho de se desculpar com a filha pelo mal que causou à sua caçadora. E para reparar o erro, transformou a moça na constelação da Ursa Maior quando ela quase foi morta pelo próprio filho.

Zeus volta à sua frieza e pensou no que ia fazer com a filha.

— Não lhe chamei para me dá lição de moral – disse ele. – Você não está em posição de me dá conselhos.

— Então fale logo o que vai fazer – disse ela impaciente.

— Eu não vou transformá-la em mortal se mandar Perseu embora. Ele foi condenado e deve cumprir sua sentença.

— Não! – disse enfática. – Ele agora me pertence, não vou mandá-lo embora.

— Essa é a sua última palavra?

— Sim.

— Nesse caso, terei que fazer isso – disse ele fazendo aparecer seu raio mestre.

Ártemis permaneceu no lugar esperando pelo impacto que não veio. Quando Zeus lançou seu raio, uma sombra se colocou à frente de Ártemis engolindo-o e dela surgiu o deus dos mortos.

— O que significa isso Zeus?

— Isso não é assunto seu Hades – disse Zeus faiscando – saia daqui.

— Ou vai fazer o quê? – disse Hades desafiante.

— Você ousa me desafiar? – gritou Zeus trovejando chamando a atenção de outros deuses que apareceram na sala do trono armados.

— O que está acontecendo aqui? – perguntou Deméter.

— Zeus enlouqueceu – disse Hades.

— Não se metam, fora daqui! – Zeus gritou zangado com a intromissão.

— Não sairei daqui até que me explique o que está acontecendo – disse Deméter não ligando para o rompante do irmão.

— Zeus quer me punir porque eu ajudei Perseu – disse Ártemis.

— Você o ajudou? – Deméter pergunta surpresa.

— Sim, ele está no meu acampamento ao lado de Thalia – disse – Vocês o viram em ação durante o ataque do colosso.

Os deuses franziram o cenho. Dos presentes somente Atena sabia. Foi então que caiu a ficha.

— Nina! – disse Deméter. – Aquela menina na verdade é o Percy!?

— Exato – disse Ártemis -, como não aceito homens, eu o transformei em menina. Agora ele é Nina Johnson, a caçadora.

Deméter dá uma gargalhada e Hades apenas sorri. Os outros deuses ficaram mudos e de repente Afrodite começa a dar pulos.

— Oh ele ficou lindo, digo linda! – disse ela deslumbrada.

— Isso foi genial! – comentou Hades.

— Eu concordo – disse Deméter. – O que pretende fazer Zeus, transformar sua filha em mortal, esqueceu que temos um novo inimigo? Não é hora para seus pitis.

— Isso mesmo – disse Héstia se aproximando. – Você se preocupa mais com seu orgulho ferido do que com a segurança do Olimpo? Guarde esse raio, se transformar Ártemis em mortal quem vai cuidar da segurança das caçadoras ou será que você não se importa com a sua filha semideusa?

Todos olharam para Zeus que estava fervendo por dentro, mas acabou cedendo. Fez o raio sumir e voltou a se sentar. Os deuses respiraram aliviados, até alguém sentir a falta de Poseidon.

— Onde está Poseidon? – perguntou Hades.

Os deuses olharam para o trono do deus que estava ausente e depois olharam para Zeus, desconfiados.

— Ele é mortal agora – disse Ártemis chocando os demais.

— Zeus, mas o que .... – ia dizer Deméter.

— Traga-o de volta – disse Héstia. – Isso não tem mais graça, Zeus, você já está indo longe demais.

— De jeito nenhum – disse ele. – Ele vai permanecer como está até que eu queira que ele volte – então ele olha para os outros. – Se falarem mais alguma coisa vocês também serão punidos – disse ele sumindo.

Os deuses suspiram.

— Sabe onde ele está? – perguntou Héstia.

— Está no meu acampamento muito machucado – disse ela. – Nina e eu, salvamos de dois delinquentes que tentaram matá-lo. Levou uma baita surra, Nina está cuidando dele.

 - Eu vou com você até seu acampamento – disse Héstia. – Eu posso curá-lo mais rápido.

— Está bem – disse a caçadora.

As duas deusas desaparecem.

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No acampamento das caçadoras, Thalia conversava com Nina. Ela contava à prima sobre o chamado de Zeus.

— Ah deuses! – disse Nina. – O que Zeus está pensando?

— Acho que ele enlouqueceu – disse Thalia.

— É tudo culpa minha – disse Nina.

— Não é não, para de dizer essas coisas – disse Thalia. – Você é a vítima aqui.

Mas Nina não se conformava.

— Mas é por minha causa – disse ela. – Até quando eu vou ter que passar por isso, por que Zeus me odeia tanto?

— Ah Percy! – disse Thalia abraçando-o. – Eu sinto tanto. Você não merecia isso.

— Espero que nada aconteça à Lady Ártemis – disse Nina.

De repente, as duas se assustam com a aparição repentina de Ártemis e Héstia.

— Senhora! – gritou Thalia se levantando de um salto.

— Lady Héstia – disse Nina assentindo.

— Olá meninas – disse ela sorrindo.

— Está tudo bem, você ainda é uma deusa? – perguntou Thalia ansiosa.

— Sim. Depois conversaremos. Nina leve Héstia até o seu pai – disse a deusa.

— Venha comigo Lady Héstia.

As duas se afastam e Thalia pergunta:

— O que aconteceu?

— Zeus e eu, discutimos, ele queria que eu mandasse Perseu embora, mas me recusei. Então, quando ele ia lançar seu raio em mim, Hades apareceu e me salvou.

— Tio Hades fez isso?

— Pois é, eu também não esperava, mas graças a isso, eu estou aqui falando com você.

— Ainda bem.

— Eu contei aos deuses sobre Perseu, já que foi por isso a confusão. Agora, todo o Olimpo já sabe que Nina Johnson é Perseu Jackson.

— Bem, então não tem mais por que escondê-lo, não é? Você fez isso por causa de Zeus.

— É. Vou falar com Perseu sobre isso.

Enquanto isso na barraca de Nina, Héstia cuidava dos ferimentos de Poseidon, ela usou seu poder de cura fazendo o ex deus dos mares ficar novinho em folha.

— Pronto. Logo ele vai acordar.

— Obrigada Lady Héstia – disse Nina sorrindo.

— Foi um prazer ajudar, querida – disse a deusa. – Olhando para seu pai, ele é você quando era menino.

Nina olhou surpresa para a deusa.

— Sim Percy, nós já sabemos quem você é – disse ela. – Confesso que estou aliviada em saber que você está bem e a salvo.

— Obrigada.

— Você até que ficou muito bem. Parece bem adaptado.

— Fora os incômodos mensais, eu consegui me acostumar com essa aparência. A minha mãe achou incrível – disse ela sorrindo.

— Não duvido, sua mãe é maravilhosa – disse a deusa – e o seu namoro com a filha de Atena, como fica?

— Annabeth aceitou bem, apesar de namorarmos às escondidas. Eu disse a ela que seguisse em frente e realizasse seu sonho por nós dois. Ela terá que se acostumar a ficar sem mim por um bom tempo.

— Eu lamento muito você está passando por isso, querido – disse. – Separado de sua namorada, de sua mãe e de seus amigos por causa de Zeus.

— Eu juro pelo Estige que não me lembro de nada, mas se Annabeth afirmou é porque é verdade. Eu não acho que ela tenha tido uma alucinação.

— Ela disse que você ficou diferente e que não lhe deu atenção.

— Eu lembro que o veneno me deixou tonto me fazendo ter alucinações ou visões, não sei – disse. – Vi pessoas queridas morrerem e eu não pude fazer nada para salvá-las. Quando me senti inútil e miserável fiquei furioso e então ataquei a deusa – disse ele. – Eu lembro também de Annabeth chamando por mim, mas então de repente não ouvi mais nada. Era como se minha mente tivesse sido apagada. Quando voltei a mim, Annabeth estava estranha, ela parecia amedrontada.

— É natural que ela ficasse com medo, vocês estavam em um ambiente hostil onde tudo podia acontecer – disse a deusa compassiva. – Não foi culpa sua.

— A fúria do mar não pode ser contida – disse Poseidon que ouviu a conversa das duas.

— Pai! – disse Nina abraçando-o.

— Olá filha – diz ele retribuindo. – Irmã, o que está fazendo aqui?

— Ela o curou pai. Você estava muito machucado – disse Nina.

— Que bom que acordou como se sente? – pergunta a deusa.

— Muito bem, obrigado. Onde estamos?

— No acampamento das caçadoras – disse Nina – e é melhor se comportar, viu?

— Ei, eu não sou nenhum tarado – disse ele se fingindo de ofendido.

— Tá, mas fique sempre perto de mim, você não vai querer levar uma flechada no traseiro, né?

— Tudo bem já entendi – disse ele levantando as mãos. – Tem alguma coisa pra comer, eu tô com fome.

— Daqui a pouco sai o almoço. Vamos lá pra fora?

Os três saem da barraca e se encontram com Ártemis e Thalia que conversavam.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo.



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