Caçadora Pelas Circunstâncias escrita por Cris de Leão


Capítulo 45
Cap.45 - Dr. Bronson


Notas iniciais do capítulo

E aí. Como foi o fim de semana, tudo bem? Por aqui foi bom. Verãozão por aqui tá brabo, vai ficar melhor ou pior. Quatro meses de calor intenso, mas eu amo tudo isso.

Boa semana para todos.

O capítulo de hoje.



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ALASCA

 Depois que Hefesto foi embora, as duas deusas permaneceram em casa conversando.

— Como se sente, agora que seu poder voltou? – perguntou Despina.

— Me sinto bem melhor – disse Hera. – Hefesto é um gênio! – disse ela pegando na pulseira.

— Vai embora daqui como pretendia? – perguntou Despina.

— Você quer que eu vá embora? – Hera pergunta olhando para a sobrinha.

— Não – disse ela abaixando a cabeça e sorrindo. – Eu gosto da sua companhia.

— Mesmo que eu fosse Zeus poderia sentir meu poder e ficar intrigado – disse ela. – Não quero trazer problemas pra Hefesto.

— Você quer experimentar se está funcionando? – perguntou.

— Certo – disse Hera -, vejamos, que tal um café?

— Um capuccino, por favor – pediu Despina.

— Saindo um capuccino – disse Hera estalando os dedos. Duas xícaras de capuccino apareceram em cima da mesa.

— O cheiro está ótimo – disse Despina pegando sua xícara e provando – delicioso!

— É tão bom ser eu mesma de novo – disse Hera -, mas acho que vou fazer como você. Vou usar os poderes em último caso.

— Então vai agir como mortal – disse Despina.

— Eu prefiro – disse ela pensativa.

— Nesse caso, podemos fazer uma visita ao acampamento dos cientistas – disse Despina alegre.

— Você não desiste, não é? – perguntou Hera.

— Anda tia, vamos logo – disse ela se levantando.

Hera meneia a cabeça.

— Ok, mas nada de insinuações, viu? – avisou.

Despina sorriu vitoriosa. Ambas as deusas caminham pela trilha que levava ao acampamento dos cientistas. Lá chegando elas se deparam com os membros se arrumando para mais um dia de trabalho.

— Bom dia! – cumprimentou Hera.

— Bom dia senhorra Duncan – retribuiu Danielle. – Veio se juntarr a nós?

— Depende, pra onde vocês estão indo?

— Hoje nós irremos trrabalharr no barco – disse ela. – Vamos verrificar as baleias beluga.

— Parece interessante, mas eu não tenho muita afinidade com o mar – disse Hera. – Minha sobrinha é mais achegada, não é querida? – disse com um sorriso falso.

Despina olhou para a tia com olhos estreitos.

— Seria ótimo – disse Despina com um falso entusiasmo.

— Que bom, eu vou avisar meu pai de que terremos outro trripulante – disse Danielle se dirigindo à barraca do pai.

— Qual é tia? – disse Despina – Por que você não vai?

— Porque eu falei a verdade – disse ela. – O mar me deixa angustiada.

— Por quê? – perguntou – Você tem medo do mar?

— Não é bem um medo, é angústia mesmo. Não sei explicar – disse ela.

Nisso o Dr. Bronson aparece.

— Senhora Duncan que prazer em revê-la – disse ele sorrindo. – Como tem passado?

— Bem, obrigada – disse ela.

— Vocês vieram para a expedição?

— Soube que irão para o mar, por isso eu preferi não ir, mas minha sobrinha irá – disse ela.

— Tem problemas com o mar? – ele pergunta.

— Um pouco – disse ela.

— Então somos dois – disse ele. – Trauma de infância. Sofri um acidente no mar e desde então eu evito chegar perto. Pode parecer bobagem, mas é angustiante.

— Então você não irá à expedição – disse ela.

— Não, eu vou ficar no acampamento, monitorando o rádio, o que, aliás, ultimamente só tá dando estática – disse ele.

— Ah – disse ela olhando para Despina que sorria de lado. – Você vai ficar sozinho nesse acampamento?

— É o jeito, alguém tem que tomar conta do lugar – disse ele. – Além do mais, eu tenho que fazer o almoço também.

— Além de médico é cozinheiro – disse ela sorrindo.

— Quando se vive sozinho você tem que aprender a se virar – disse ele – fui treinado pela minha mãe desde cedo a ser independente.

— Por acaso aquele cozido foi você quem fez? – ela pergunta curiosa.

— Não sou tão bom assim – disse rindo. – Não, aquele cozido foi feito pelo senhor Beaumont.

— Uau! Nesse acampamento só tem homens habilidosos! – disse ela rindo.

— Aqui cada um tem a sua vez na cozinha – disse ele sorrindo. – E você, gosta de cozinhar?

— Mais ou menos, na minha casa eu tinha empregados, nunca precisei cozinhar – disse ela. – Mas agora, eu tenho que me virar.

— Ah – fez ele. – Nesse caso faço questão que almoce comigo – ele convida. – Vou lhe apresentar uma delícia da culinária australiana.

— Então você é australiano – disse ela.

— Sou australiano de Adelaide – disse ele.

— Ok, vamos ver do que você é capaz – disse ela.

Despina satisfeita se afasta sem a tia perceber. Sorrindo vai ao encontro dos demais que entram nos veículos até o porto.

Hera por sua vez nem tinha se dado conta que o acampamento estava vazio. Somente ela e o doutor permaneceram. Quando ela se tocou, olhou de um lado para o outro.

— Ué, já foram todos? – ela perguntou.

— Parece que sim – disse ele também olhando. – Bem, tenho que ficar perto do rádio, caso eles entre em contato.

Hera acompanha o médico até a barraca do rádio. Ele liga o aparelho verificando se tudo está bem, depois ele sai da barraca.

— Agora é só aguardar – disse ele – enquanto isso, vou lhe mostrar meus dotes culinários.

— Essa eu quero ver – disse ela sorrindo.

Durante o tempo em que limpavam os peixes cortavam e temperavam, ambos conversavam sobre vários assuntos e nem viram o tempo passar.

— E você Irene de onde você é?

— Grécia, mas moro em Nova York com a minha família.

— Quando diz família...

— Irmãos e irmãs, sobrinhos, enteados, marido e filhos.

— Você é casada – disse ele um pouco decepcionado.

— Sou – disse ela. – Meu marido e eu resolvemos dá um tempo sabe. Nossa vida conjugal anda um tanto conturbada.

— E por isso mudou-se pra cá?

— É. Quanto mais longe, melhor – disse ela sorrindo. – Foram meus filhos que deram a sugestão.

— Quantos filhos você tem?

— Quatro – disse ela. – O mais velho é mais pelo pai do que por mim diferente do caçula que é mais apegado a mim.

— E os outros dois?

— Duas. Uma é casada, a outra resolveu que nunca iria se casar porque, segundo ela, não queria ter um marido galinha como o pai.

— Ah – disse ele. – Então foi por isso que deram um tempo? Ele... te traiu?

— Dessa vez não foi por isso – disse ela. – Foi mais uma questão administrativa. Agora é sua vez.

— O que posso dizer sobre mim... vejamos – disse ele pensativo. – Sou de Adelaide, Austrália, solteiro, gosto de cozinhar, sou formado em medicina há dez anos – disse – meus pais são médicos e gosto de aventura por isso estou aqui.

— Nunca teve alguém, uma namorada, por exemplo?

— Eu tive uma namorada na Faculdade – disse ele -, depois que nos formamos nos separamos. Eu soube que ela se casou e mora nos Estados Unidos.

— E você resolveu ficar solteiro – Hera comentou.

— Não foi por falta de candidatas devo admitir, mas nenhuma delas se adequava ao meu ritmo aventureiro – disse – Eu sou o tipo do cara que não gosta de ficar só num lugar, eu queria levar a medicina às populações carentes. Eu trabalhei por algum tempo nesses lugares, mas eu via tanta coisa deprimente que me abalou emocionalmente. Então, um médico mais velho me aconselhou a sair dali antes que enlouquecesse ‘aqui não é lugar pra você, rapaz’ disse ele. Foi quando eu soube que uma expedição para o Alasca precisava de um médico, me candidatei e aqui estou.

— Sua história é incrível Roy! – disse ela genuinamente impressionada. – Você é uma boa pessoa. Muitos médicos não faria isso que você fez. Ajudar pessoas que necessitam de cuidados.

— Eu faço porque gosto de ajudar – disse ele acendendo o fogo e colocando uma panela com água. – Bem, está na hora de começar a fritar os peixes, logo a expedição está voltando.

— Vou fritar as batatas – disse ela colocando a frigideira no fogo.

Ambos estavam tão entretidos nos afazeres que não perceberam a chegada de um visitante nada convencional. Um urso negro que foi atraído pelo cheiro do peixe, o animal cheirou o ar e se aproximou. Hera que estava de frente para a floresta viu quando o animal se aproximava rapidamente, ele vinha na direção de Roy que estava de costas e não se deu conta do perigo que estava correndo. Quando o urso ficou de pé pronto para atacar, Hera estala os dedos e o animal desaparece. Ela resolveu colocar uma barreira em torno do acampamento para evitar que outros animais aparecessem.

Roy olhou para o relógio e então disse:

— Eu vou dá uma olhada no rádio e já volto.

Hera assente e o médico entra na barraca. Enquanto isso ela aproveita para acelerar a fritura das batatas. Quando ele volta Hera já estava quase terminando.

— Uau! Você já fritou tudo isso? – ele pergunta admirado.

— Acho que é porque o óleo está bastante quente, por isso está fritando mais rápido – disse ela. – E o rádio, algum contato?

— Nada, continua na mesma – disse ele. – Eu não entendo, desde ontem que não funciona. Estamos praticamente isolados.

— Será que ouve algum problema com o satélite de comunicação?

— Se o problema for o satélite vamos ficar sem comunicação por um bom tempo – disse ele. – Finalmente o último peixe – ele tira da frigideira e coloca para escorrer – agora o arroz – ele coloca um medidor cheio de grãos na água fervendo.

— Pronto, a última porção – disse ela colocando as batatas na tigela – O que fazem com o óleo?

— Usamos como combustível – disse ele. – Aqui nada se desperdiça.

— Isso é importante para o meio ambiente – disse ela.

— Evitamos usar gasolina ou querosene quando acendemos os lampiões – disse ele. – Além de serem voláteis poluem demais.

— Concordo.

Nisso os carros chegam trazendo os pesquisadores. Despina é a primeira a descer.

— Como foi a viagem? – perguntou Hera.

— Foi muito boa – disse ela. – Fazia tempo que não viajava de barco.

— E as baleias tudo bem com elas?

— Sim, está tudo bem – disse Despina olhando ao redor. – Sinto uma barreira mágica por aqui.

— Eu coloquei para proteger o acampamento dos animais – disse ela. – Um urso negro entrou no local, provavelmente atraído pelo cheiro do peixe. Eu tive que intervir, o animal ia atacar o doutor.

— E o que ele achou disso?

— Ele nem percebeu a chegada do urso, ele estava ocupado preparando os peixes – disse Hera. – Se eu não tivesse os meus poderes.... Roy teria sido morto por aquele animal.

— O urso não ia atacar, ele só queria que se afastassem da refeição – disse Despina.

— Como eu ia saber, ele veio correndo e depois ficou em pé, achei que ele fosse atacar – disse Hera.

— Está tudo bem tia – disse Despina rindo. – De qualquer forma você fez bem em colocar a barreira, os ursos estão começando a acordar e estão famintos.

— Vamos almoçar? – disse o Dr. Bronson. – Podem se servir.

— Obrigada Roy – disse Hera.

Quanta intimidade! — disse Despina por telepatia.

Fique quieta — respondeu Hera.

Ambas as mulheres se servem e se afastam com o Dr. Bronson.

— Hummm, esse peixe está ótimo – disse Hera. – Parabéns!

— Obrigado – disse ele. – Eu sei fazer outros pratos, mas aqui é impossível. Temos que comer o que é mais prático.

Despina ficava calada observando sua tia interagir com o médico. No fundo ela queria mesmo era que os dois tivessem mais do que amizade. O Dr. Bronson parecia gostar muito de sua tia, por isso, inventava desculpas para que ela o encontrasse.

Depois da refeição, ambas as deusas se despedem do doutor. Hera prometeu voltar, mas desta vez para acompanhar o grupo.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo.



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