Caçadora Pelas Circunstâncias escrita por Cris de Leão
Nina e Apolo, ficaram tão horrorizados com o fogaréu, que esqueceram Nero, este foi embora levando um dos seus germânicos consigo.
Nina foi a primeira a reagir.
— O fogo está se aproximando dos reféns. Temos que tirá-los de lá.
Os dois correm para salvá-los. Apolo corre para o mais próximo que era seu filho Austin.
— A estaca está muito enterrada, não consigo levantá-la – disse ele em desespero.
— Afaste-se – disse ela pegando sua espada e num só golpe cortou a madeira. A estaca cai para trás levando Austin consigo.
Apolo corre para acudir o filho. Ele arrasta a estaca com casulo e tudo para longe do fogo. Nina terminava de cortar a última estaca quando fogo se alastrou até a entrada do bosque.
— Essa não o fogo está indo para o bosque – disse Nina. – Não vamos conseguir.
Apolo caiu de joelhos e chorou, implorou perdão e pediu ajuda.
— Por favor, ajudem – disse ele às lágrimas. – Eu peço perdão. Por favor, me perdoem.
Nina se agacha a seu lado e põe a mão em seus ombros.
— Apolo... veja – disse ela apontando para uma formas cintilantes. Eram as dríades que surgiram das árvores e avançaram em direção ao fogo. Elas levantaram os braços e a terra entrou em erupção. Uma torrente de lama apagou as chamas elas absorveram o calor das chamas, sua pele ficou negra e depois rachou e viraram cinzas.
— Elas conseguiram – comentou Nina. – Se sacrificaram para salvar o bosque.
Nisso o vento carregou as cinzas para longe. Apolo tinha certeza que o Vento Oeste lhe perdoou.
Alguém gemeu atrás deles.
— Onde estou?
Apolo se levantou e correu até o filho.
— Meu filho lindo! – ele falou beijando o filho na testa.
Austin demorou a perceber que era seu pai.
— Apolo! – disse e tentou se mexer. – mas o que... que negócio é esse? Me tira daqui!
Apolo ria feito um doido. Nina se aproxima e se abaixa.
— Está tudo bem agora Austin – disse ela. – Seu pai salvou a sua vida e a dos outros.
— Nina! – disse ele. – Por que estou enrolado em ataduras fedorentas?
— Longa história – disse ela. – Primeiro vamos tirar você daí. Pegue Apolo – ela lhe dá sua faca de caça. – Corte as ataduras dele enquanto vou ajudar os outros.
Depois de solto, a primeira coisa que Austin perguntou foi:
— Cadê meu saxofone?
Apolo riu e abraçou o filho deixando-o constrangido. Depois correu até Kayla soltando-a das amarras enquanto Nina livrava os outros.
— Pai! – disse ela o abraçando.
— Ah, filha que bom que está bem – disse ele a abraçando.
— O que aconteceu?
— Muita coisa. Agora não dá para explicar – disse ele metendo a mão no bolso e tirando o pacote de ambrosia. – Pegue, distribua entre os outros. Preciso fazer uma coisa.
— Aonde você vai?
— Procurar Meg – ele se afasta e entra no bosque.
Passou por várias árvores falantes, uma estava recitando uma profecia, outra tentava vender um processador para outra árvore. Encontrou Meg sentada e o karpo se balançando pra frente e pra trás balbuciando nome de frutas.
— Maçã, pêssego, manga, pêssego.
— Meg!
— Eu não vou aguentar – disse ela. – Não vou aguentar.
— Pendure o sino de vento na árvore. Vem, eu te ajudo – disse ele se abaixando e entrelaçando os dedos. – Por favor.
Meg se levantou e subiu nas mãos de Apolo e pendurou o sino no galho mais alto. De repente as vozes pararam, o chão começou a tremer e o carvalho central começou a chacoalhar fazendo chover bolotas.
Meg aproximou-se da árvore e disse:
— Fale.
Houve um deus, Apolo era chamado
Entrou em uma caverna azul acompanhado
Ele e mais dois montados
No cuspidor de fogo alado
A morte e loucura forçado
Apolo ficou chocado. Meg o olhou com cautela.
— Você entendeu a profecia?
— Talvez parte dela. Temos que voltar para o acampamento. Talvez a Rachel...
— Não vou voltar – disse ela.
— Como é? – ele pergunta sem acreditar. – Como assim não vai voltar?
— Você ouviu bem – disse ela se aproximando do karpo.
— Meg, você não está pensando em ir atrás de Nero, não é?
— Preciso falar com ele – disse ela. – Eu sei que ele não é mau.
— Meg...
— Você tem um trabalho a fazer. Volte para o acampamento. É de lá que você deve começar sua missão. Você já salvou o bosque de Dodona.
— E quanto à caçada Meg, vai abandonar suas companheiras?
— É preciso, você vê, não adiantou nada eu ter fugido. Ele veio atrás de mim, não quero arriscar a vida de ninguém, você viu que ele quase matou a Nina.
— Porque ele é um assassino Meg. Eu estava lá quando aquelas pobres pessoas queimavam enquanto ele bebia e cantava.
— Mesmo assim eu irei, agora volte. Adeus Apolo.
Ela se virou e saiu correndo com Pêssego logo atrás e se dissolveram por entre as árvores.
Desolado, Apolo se virou para ir embora e uma flecha com cabo de carvalho e pena verde estava aos seus pés. Ele se abaixou e pegou a flecha e colocou na sua aljava e saiu do bosque.
Quando chegou perto dos outros, Nina já tinha libertado a todos. Ellis filho de Ares andava de um lado para outro com os punhos fechados, Cecil filho de Hermes estava sentado limpando o tênis com um fêmur de cervo, Austin limpava o rosto de Kayla com água do cantil de Nina, Miranda filha de Deméter estava agachada no local onde as dríades morreram e chorava baixinho. Pauli o Pálico flutuou até Apolo.
— Você me salvou – disse ele. – Arrasou!
Ele lhe deu um abraço, mas ainda bem que não o cozinhou.
— É melhor você voltar e se fortalecer, Pete está preocupado.
— Eu estou indo – disse ele. – Se precisar de alguma coisa é só pedir.
— Paulie! – o Pálico se virou. – Diga a Pete que dou nota dez para satisfação do cliente do Acampamento Meio-Sangue.
— Obrigado! – disse ele desaparecendo.
— Está tudo bem Apolo? – Nina pergunta.
— É estou – disse ele.
— Onde está a Meg?
— Ela foi embora – disse ele. – Foi atrás daquele assassino.
— Ah Meg! – disse Nina. – Ela tem um bom coração, ela ainda acredita que ele tenha algo de bom.
— Não há nada de bom nele – disse ele. – Acredite Nina, não tenho nenhum orgulho desse homem.
— Sinto muito Apolo – disse ela – Eu também não sinto orgulho de alguns irmãos que eu tive.
Apolo sorriu.
Os semideuses se reuniram ao redor de Apolo e Nina. Ela já havia adiantado boa parte da história a eles.
— Então as vozes que ouvimos vieram desse bosque? Um oráculo. Posso ir até lá? – perguntou Miranda.
— É melhor não, até sabermos mais sobre ele.
— Eu achei que ouvi a voz da Meg, ela estava com você? – perguntou Kayla.
— Estava, mas já foi embora.
— Ela foi atrás de Nero – disse Nina.
— Quando você diz Nero, você quer dizer.... – disse Austin.
— Esse mesmo – disse ele.
— Esse não é aquele imperador maluco que queimou pessoas vivas e botou fogo em Roma? – perguntou Cecil.
— Ele mesmo – disse Austin.
Enquanto os semideuses discutiam sobre a loucura de Nero, Apolo começou a lembrar do comportamento do mesmo, olhava o relógio constantemente. Ele disse “equipe de demolição”. De repente, ficou tudo claro.
— O Colosso! – disse ele.
— O Colosso de Rodes? – perguntou Kayla.
— Não, o Colossus Neronis — disse Apolo em latim.
— O Colosso Neurótico? – perguntou Cecil.
— Não, idiota, ele está falando da estátua de Nero que ficava no anfiteatro em Roma, não é? – perguntou Ellis.
— Infelizmente sim – disse Apolo. – Enquanto estamos aqui, Nero mandou a estátua para destruir o acampamento.
— Achei que o colosso tivesse sido destruído séculos atrás – disse Miranda.
— Nós pensávamos a mesma coisa sobre a Atena Partenos, agora ela está lá na Colina Meio-Sangue.
— Falando em Atena – disse Austin. – Ela vai nos proteger certo, é pra isso que ela está lá, não é?
— Ela vai tentar – disse Apolo. – A estátua tira sua força dos seguidores que estão sob os seus cuidados. Quanto mais semideuses, mais forte é a sua magia.
— Com o acampamento quase vazio.... – disse Nina. – Precisamos voltar e rápido.
— Pessoal... vocês sentiram isso? – perguntou Cecil.
Todos ficaram parados e então o chão tremeu. Um barulho ao longe parecendo um trovão.
— Por favor, me digam que isso é um trovão – disse Kayla.
— É uma máquina de guerra – disse Ellis -, um autômato enorme está se aproximando pela margem, a meio quilômetro daqui.
— Precisamos voltar, agora – disse Nina com urgência.
— Mas por onde? Pelo ninho dos mymerkos? – perguntou Austin.
Apolo olhou para uma abertura na copa das árvores e depois para o túnel.
— Vamos sair por lá – ele aponta para cima.
— E como faremos isso, voando? – perguntou Ellis.
— Exatamente – disse Apolo. – Vocês só precisam me ajudar.
— O que precisar, estamos prontos pra lutar – disse Austin.
— Não vai ser preciso lutar – disse Apolo. – Eu preciso que me ajudem a fazer um rap.
— Você vai cantar pra ela? – perguntou Nina.
— Vou – disse ele. – Vamos lá pessoal.
Eles começaram a cantar a música da mama com bastante ritmo até que a terra começou a tremer, mama e dois soldados alados também apareceram. Apolo terminou a música e se ajoelhou e estendeu os braços.
— Mama, precisamos de carona – disse Apolo.
Mama pegou Apolo nas mandíbulas e o jogou sobre o seu pescoço.
— Podem subir, é seguro – disse Apolo.
Mama pegou Kayla e a jogou atrás de Apolo, os dois soldados pegaram dois semideuses cada, sobrou Nina.
— Nina você não vem? – perguntou Apolo.
— As formigas só podem carregar duas pessoas – disse ela. – Vão na frente, eu vou de outro jeito.
— Tudo bem – disse ele.
As formigas levantam voo e sobem em direção às copas das árvores.
Nina que ficou para trás assobiou, e de uma sombra surge um cão infernal enorme. Senhora O’Leary veio balançando a calda em direção ao seu dono ou dona.
— Olá garota – a cadela lhe deu uma lambida. – Eu também estava com saudades. Precisamos voltar ao acampamento – disse ela montando na cadela. – Vamos garota.
A cadela dá um latido e pula numa sombra, ambas desaparecem.
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Até o próximo.