Caçadora Pelas Circunstâncias escrita por Cris de Leão


Capítulo 40
Cap.40 - A Profecia




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Nina e Apolo, ficaram tão horrorizados com o fogaréu, que esqueceram Nero, este foi embora levando um dos seus germânicos consigo.

Nina foi a primeira a reagir.

— O fogo está se aproximando dos reféns. Temos que tirá-los de lá.

Os dois correm para salvá-los. Apolo corre para o mais próximo que era seu filho Austin.

— A estaca está muito enterrada, não consigo levantá-la – disse ele em desespero.

— Afaste-se – disse ela pegando sua espada e num só golpe cortou a madeira. A estaca cai para trás levando Austin consigo.

Apolo corre para acudir o filho. Ele arrasta a estaca com casulo e tudo para longe do fogo. Nina terminava de cortar a última estaca quando fogo se alastrou até a entrada do bosque.

— Essa não o fogo está indo para o bosque – disse Nina. – Não vamos conseguir.

Apolo caiu de joelhos e chorou, implorou perdão e pediu ajuda.

— Por favor, ajudem – disse ele às lágrimas. – Eu peço perdão. Por favor, me perdoem.

Nina se agacha a seu lado e põe a mão em seus ombros.

— Apolo... veja – disse ela apontando para uma formas cintilantes. Eram as dríades que surgiram das árvores e avançaram em direção ao fogo. Elas levantaram os braços e a terra entrou em erupção. Uma torrente de lama apagou as chamas elas absorveram o calor das chamas, sua pele ficou negra e depois rachou e viraram cinzas.

— Elas conseguiram – comentou Nina. – Se sacrificaram para salvar o bosque.

Nisso o vento carregou as cinzas para longe. Apolo tinha certeza que o Vento Oeste lhe perdoou.

Alguém gemeu atrás deles.

— Onde estou?

Apolo se levantou e correu até o filho.

— Meu filho lindo! – ele falou beijando o filho na testa.

Austin demorou a perceber que era seu pai.

— Apolo! – disse e tentou se mexer. – mas o que... que negócio é esse? Me tira daqui!

Apolo ria feito um doido. Nina se aproxima e se abaixa.

— Está tudo bem agora Austin – disse ela. – Seu pai salvou a sua vida e a dos outros.

— Nina! – disse ele. – Por que estou enrolado em ataduras fedorentas?

— Longa história – disse ela. – Primeiro vamos tirar você daí. Pegue Apolo – ela lhe dá sua faca de caça. – Corte as ataduras dele enquanto vou ajudar os outros.

Depois de solto, a primeira coisa que Austin perguntou foi:

— Cadê meu saxofone?

Apolo riu e abraçou o filho deixando-o constrangido. Depois correu até Kayla soltando-a das amarras enquanto Nina livrava os outros.

— Pai! – disse ela o abraçando.

— Ah, filha que bom que está bem – disse ele a abraçando.

— O que aconteceu?

— Muita coisa. Agora não dá para explicar – disse ele metendo a mão no bolso e tirando o pacote de ambrosia. – Pegue, distribua entre os outros. Preciso fazer uma coisa.

— Aonde você vai?

— Procurar Meg – ele se afasta e entra no bosque.

Passou por várias árvores falantes, uma estava recitando uma profecia, outra tentava vender um processador para outra árvore. Encontrou Meg sentada e o karpo se balançando pra frente e pra trás balbuciando nome de frutas.

— Maçã, pêssego, manga, pêssego.

— Meg!

— Eu não vou aguentar – disse ela. – Não vou aguentar.

— Pendure o sino de vento na árvore. Vem, eu te ajudo – disse ele se abaixando e entrelaçando os dedos. – Por favor.

Meg se levantou e subiu nas mãos de Apolo e pendurou o sino no galho mais alto. De repente as vozes pararam, o chão começou a tremer e o carvalho central começou a chacoalhar fazendo chover bolotas.

Meg aproximou-se da árvore e disse:

— Fale.

 Houve um deus, Apolo era chamado

Entrou em uma caverna azul acompanhado

Ele e mais dois montados

No cuspidor de fogo alado

A morte e loucura forçado

 Apolo ficou chocado. Meg o olhou com cautela.

— Você entendeu a profecia?

— Talvez parte dela. Temos que voltar para o acampamento. Talvez a Rachel...

— Não vou voltar – disse ela.

— Como é? – ele pergunta sem acreditar. – Como assim não vai voltar?

— Você ouviu bem – disse ela se aproximando do karpo.

— Meg, você não está pensando em ir atrás de Nero, não é?

— Preciso falar com ele – disse ela. – Eu sei que ele não é mau.

— Meg...

— Você tem um trabalho a fazer. Volte para o acampamento. É de lá que você deve começar sua missão. Você já salvou o bosque de Dodona.

— E quanto à caçada Meg, vai abandonar suas companheiras?

— É preciso, você vê, não adiantou nada eu ter fugido. Ele veio atrás de mim, não quero arriscar a vida de ninguém, você viu que ele quase matou a Nina.

— Porque ele é um assassino Meg. Eu estava lá quando aquelas pobres pessoas queimavam enquanto ele bebia e cantava.

— Mesmo assim eu irei, agora volte. Adeus Apolo.

Ela se virou e saiu correndo com Pêssego logo atrás e se dissolveram por entre as árvores.

Desolado, Apolo se virou para ir embora e uma flecha com cabo de carvalho e pena verde estava aos seus pés. Ele se abaixou e pegou a flecha e colocou na sua aljava e saiu do bosque.

Quando chegou perto dos outros, Nina já tinha libertado a todos. Ellis filho de Ares andava de um lado para outro com os punhos fechados, Cecil filho de Hermes estava sentado limpando o tênis com um fêmur de cervo, Austin limpava o rosto de Kayla com água do cantil de Nina, Miranda filha de Deméter estava agachada no local onde as dríades morreram e chorava baixinho. Pauli o Pálico flutuou até Apolo.

— Você me salvou – disse ele. – Arrasou!

Ele lhe deu um abraço, mas ainda bem que não o cozinhou.

— É melhor você voltar e se fortalecer, Pete está preocupado.

— Eu estou indo – disse ele. – Se precisar de alguma coisa é só pedir.

— Paulie! – o Pálico se virou. – Diga a Pete que dou nota dez para satisfação do cliente do Acampamento Meio-Sangue.

— Obrigado! – disse ele desaparecendo.

— Está tudo bem Apolo? – Nina pergunta.

— É estou – disse ele.

— Onde está a Meg?

— Ela foi embora – disse ele. – Foi atrás daquele assassino.

— Ah Meg! – disse Nina. – Ela tem um bom coração, ela ainda acredita que ele tenha algo de bom.

— Não há nada de bom nele – disse ele. – Acredite Nina, não tenho nenhum orgulho desse homem.

— Sinto muito Apolo – disse ela – Eu também não sinto orgulho de alguns irmãos que eu tive.

Apolo sorriu.

Os semideuses se reuniram ao redor de Apolo e Nina. Ela já havia adiantado boa parte da história a eles.

— Então as vozes que ouvimos vieram desse bosque? Um oráculo. Posso ir até lá? – perguntou Miranda.

— É melhor não, até sabermos mais sobre ele.

— Eu achei que ouvi a voz da Meg, ela estava com você? – perguntou Kayla.

— Estava, mas já foi embora.

— Ela foi atrás de Nero – disse Nina.

— Quando você diz Nero, você quer dizer.... – disse Austin.

— Esse mesmo – disse ele.

— Esse não é aquele imperador maluco que queimou pessoas vivas e botou fogo em Roma? – perguntou Cecil.

— Ele mesmo – disse Austin.

Enquanto os semideuses discutiam sobre a loucura de Nero, Apolo começou a lembrar do comportamento do mesmo, olhava o relógio constantemente. Ele disse “equipe de demolição”. De repente, ficou tudo claro.

— O Colosso! – disse ele.

— O Colosso de Rodes? – perguntou Kayla.

— Não, o Colossus Neronis — disse Apolo em latim.

— O Colosso Neurótico? – perguntou Cecil.

— Não, idiota, ele está falando da estátua de Nero que ficava no anfiteatro em Roma, não é? – perguntou Ellis.

— Infelizmente sim – disse Apolo. – Enquanto estamos aqui, Nero mandou a estátua para destruir o acampamento.

— Achei que o colosso tivesse sido destruído séculos atrás – disse Miranda.

— Nós pensávamos a mesma coisa sobre a Atena Partenos, agora ela está lá na Colina Meio-Sangue.

— Falando em Atena – disse Austin. – Ela vai nos proteger certo, é pra isso que ela está lá, não é?

— Ela vai tentar – disse Apolo. – A estátua tira sua força dos seguidores que estão sob os seus cuidados. Quanto mais semideuses, mais forte é a sua magia.

— Com o acampamento quase vazio.... – disse Nina. – Precisamos voltar e rápido.

— Pessoal... vocês sentiram isso? – perguntou Cecil.

Todos ficaram parados e então o chão tremeu. Um barulho ao longe parecendo um trovão.

— Por favor, me digam que isso é um trovão – disse Kayla.

— É uma máquina de guerra – disse Ellis -, um autômato enorme está se aproximando pela margem, a meio quilômetro daqui.

— Precisamos voltar, agora – disse Nina com urgência.

— Mas por onde? Pelo ninho dos mymerkos? – perguntou Austin.

Apolo olhou para uma abertura na copa das árvores e depois para o túnel.

— Vamos sair por lá – ele aponta para cima.

— E como faremos isso, voando? – perguntou Ellis.

— Exatamente – disse Apolo. – Vocês só precisam me ajudar.

— O que precisar, estamos prontos pra lutar – disse Austin.

— Não vai ser preciso lutar – disse Apolo. – Eu preciso que me ajudem a fazer um rap.

— Você vai cantar pra ela? – perguntou Nina.

— Vou – disse ele. – Vamos lá pessoal.

Eles começaram a cantar a música da mama com bastante ritmo até que a terra começou a tremer, mama e dois soldados alados também apareceram. Apolo terminou a música e se ajoelhou e estendeu os braços.

— Mama, precisamos de carona – disse Apolo.

Mama pegou Apolo nas mandíbulas e o jogou sobre o seu pescoço.

— Podem subir, é seguro – disse Apolo.

Mama pegou Kayla e a jogou atrás de Apolo, os dois soldados pegaram dois semideuses cada, sobrou Nina.

— Nina você não vem? – perguntou Apolo.

— As formigas só podem carregar duas pessoas – disse ela. – Vão na frente, eu vou de outro jeito.

— Tudo bem – disse ele.

As formigas levantam voo e sobem em direção às copas das árvores.

Nina que ficou para trás assobiou, e de uma sombra surge um cão infernal enorme. Senhora O’Leary veio balançando a calda em direção ao seu dono ou dona.

— Olá garota – a cadela lhe deu uma lambida. – Eu também estava com saudades. Precisamos voltar ao acampamento – disse ela montando na cadela. – Vamos garota.

A cadela dá um latido e pula numa sombra, ambas desaparecem.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo.



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