Caçadora Pelas Circunstâncias escrita por Cris de Leão


Capítulo 38
Cap.38 - Resgatando a Meg


Notas iniciais do capítulo

Continuando.



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— ACORDE! – disse uma voz.

Apolo abre os olhos e se depara com um rosto conhecido, tão precioso quanto o de Dafne.

— Jacinto! – soluçou. – Eu lamento tanto...

— Procure nas cavernas – disse a aparição. – Perto das fontes azuis. Ah, Apolo... sua sanidade será roubada, mas não...

A imagem de seu rosto foi desaparecendo. Apolo corre até ele e o segura pelos ombros.

— Não o quê? Por favor, não me deixe de novo!

Quando sua visão clareou, ele se viu na janela do chalé sete segurando um vaso de jacintos roxos e vermelhos. Will e Nico estavam observando preocupados.

— Ele está falando com as flores – observou Nico. – Isso é normal?

— Apolo – disse Will - Você teve uma concussão. Eu curei você, mas...

— Esses jacintos... sempre estiveram aqui? – perguntou.

— Pra falar a verdade, não sei como eles vieram parar aqui – respondeu Will. – Isso não tem importância. Vamos falar de você.

Apolo coloca o vaso de volta na janela. Olha para as flores que lembram o sangue e os olhos de Jacinto.

— Estávamos preocupados com você – disse Nico.

— As meninas nos contaram o que aconteceu – disse Will. – Você lutou com um mymerko, estou orgulhoso – disse ele sorrindo.

— Eu fui patético, isso sim – disse ele. – Se não fosse Annabeth eu não estaria aqui contando essa história.

— Não se menospreze Apolo – disse Nico. – Só porque agora é mortal não quer dizer que não tenha valor.

— Obrigado garoto – disse -, mas eu ainda tenho que terminar minha missão. Por quanto tempo fiquei apagado?

— Umas três horas, mais ou menos – disse Will. – As meninas disseram que a Meg foi levada pelos mymerkos e...

— Por isso eu tenho que voltar àquela floresta e salvar a garota – disse Apolo colocando a blusa do Led Zeppelin que ganhou do Nico.

— Apolo. Você não está em condições de ir.... – disse Will.

— A missão é minha, eu tenho de concluí-la – disse ele. – Aquela menina é uma serva de minha irmã, não vou deixa-la morrer, embora ela seja um bocado irritante.

Apolo sai do chalé sete e corre para o arsenal e pega um arco e uma aljava cheia. Will e Nico o seguiram.

— Me deixe ajudá-lo – disse Nico. – Eu posso viajar pelas sombras e....

— Não – disse enfático. – Você deve ficar e proteger o acampamento – disse Apolo. – As meninas devem ter falado sobre o ataque, não é?

— Sim, mas...

— Então, por favor, fique e ajude na proteção – disse ele resoluto. – Preciso ir.

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Algumas horas antes.

Quando os três apareceram repentinamente no acampamento, Apolo desmaia e é levado para o chalé sete onde Will presta os primeiros socorros ao pai que estava com um ferimento no couro cabeludo.

Enquanto isso Nina e Annabeth correm até a Casa Grande para contar a Quiron sobre o aviso de Reia.  

— É melhor convocar os conselheiros e a Rachel – disse Nina.

— Mandarei os sátiros avisarem a todos – disse Quiron.

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Quando todos estavam reunidos, as meninas relatam os acontecimentos na floresta.

— E foi isso que Reia nos contou – disse Annabeth.

Os presentes ficaram em silêncio meditando no relato.

— Imperadores – disse Connor.

— Romanos – disse Clarisse.

— Agora tudo faz sentido – disse Rachel. – Eram eles que estavam por trás de todas essas guerras.

— Há séculos eles vêm se fortalecendo – disse Nina. – Eles financiaram as guerras e forneceram armas e dinheiro para Luke e Octavian.

— De qual imperador estamos falando? – perguntou Will.

— Um descendente de seu pai – disse Annabeth. – Os cristãos o chamavam de Besta porque ele os queimou vivos.

— Nero! – disse Thalia chocada. – Está dizendo que esse louco ainda está vivo?

— Não exatamente – disse Annabeth. – Reia nos disse que eles têm uma meia vida. Não podem morrer, mas também não estão vivos.

— Isso é muito confuso – disse Paulo Montes em inglês.

— Segundo o que Reia nos explicou, eles sobrevivem graças às memórias que as pessoas ainda têm deles – disse Nina. – Eles se fizeram deuses.

— Na antiga Roma, os imperadores eram encarados como deuses – disse Annabeth. – As pessoas eram obrigadas a adorá-los.

— E graças a isso, eles permanecem vivos na memória humana até hoje – disse Nico.

— Exato – disse Nina. – Seja como for eles estão por aí e querem nos destruir.

— Vamos entrar em alerta total – disse Quiron. – Vamos montar guarda nos lugares mais prováveis em que virá o ataque. Clarisse, você e sua guarnição devem montar guarda durante o dia com troca de turnos. Eu cuidarei da vigilância noturna.

Clarisse assente.

— Dispensados – disse Quiron.

Todos os conselheiros se retiram.

— Você ainda vai voltar pra floresta? – perguntou Thalia à Nina.

— Estou preocupada com a Meg – disse ela -, ela não tem muito tempo.

— Se você for eu também vou – disse Annabeth.

— Não, eu quero que você fique – disse ela. – Preciso que você ajude aqui.

— Então tenha cuidado, por favor – disse ela baixinho.

— Não posso deixar Apolo ir sozinho – disse Nina. – Além do mais, se ele estiver certo sobre a Meg...

— Não consigo aceitar que ela seja uma traidora – disse Thalia.

— Talvez ela não seja – disse Nina. – Talvez esteja sendo usada, assim como Luke usou Silena.

— De qualquer forma, ela precisa de ajuda – disse Annabeth.

— É. Não podemos deixar uma de nossas irmãs na mão – disse Thalia.

— Eu quero ir até o fim – disse Nina. – Eu quero saber onde a Meg entra nessa história.

— Entendo – disse Thalia. – Boa sorte – disse ela se retirando.

— E o galo na cabeça? – perguntou Annabeth.

— Já não está mais aqui – disse Nina pegando no local do baque.

Annabeth olha nos olhos de Nina que lhe sorri.

— Me segue – disse Nina indo na frente com Annabeth logo atrás.

As duas conseguem se afastar e vão até um cantinho escondido dos olhares curiosos. Então, Nina levanta a cabeça de Annabeth e lhe toma os lábios num beijo quente e prolongado. Annabeth correspondia com todo o amor que sentia pelo seu Cabeça de Algas, que mesmo na forma de menina continuava o mesmo.

As duas se separam por falta de ar, mas não deixam de continuar abraçadas.

— Ah Percy! – suspirou Annabeth.

— Se eu pudesse ficaria aqui com você pra sempre – disse Nina. – Espero um dia voltar a ser eu mesmo e ter você nos meus braços todos os dias.

— Eu também – disse ela.

— Mas por enquanto vamos ter que nos conformar com essa situação – disse Nina. – Até quando não sei.

— Eu sei meu amor, pelo menos eu posso ter você por um pouco – disse Annabeth. – A reunião do Solstício vai acabar em breve e você terá que partir. Por isso, quero aproveitar cada momento, por mínimo que seja.

Nina volta a beijá-la como numa despedida.

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Apolo sai do arsenal e olha para o céu e diz:

— Se você quer me punir, pai, fique à vontade, mas não desconte sua raiva nos outros. SEJA HOMEM! – gritou.

Will e Nico esperava um trovão ecoar ou um raio fulminá-lo, mas nada aconteceu. Apolo saiu correndo para a floresta e outro vulto correu ao seu lado, ele olhou para o lado e sorriu. Nina piscou para ele e sorriu. Ambos não precisavam dizer nada, continuaram correndo até chegarem perto do ninho, eles pararam para recuperar o fôlego.

— Sabia que você vinha – disse Apolo respirando devagar.

— Achou que eu ia deixar você só? – perguntou Nina.

— Obrigado – disse ele sorrindo.

— De nada – disse ela. – Vamos?

Apolo assente e os dois se aproximam do ninho e observam uma formiga arrastar um Chevy Impala 1967, havia um entra e sai constante delas.

— Elas são muitas – disse ele cochichando. – Como vamos entrar?

— Com música – disse ela. – Você trouxe o ukulele?

— Ah droga, eu esqueci – disse ele com raiva de si mesmo.

— Então use a voz – disse Nina. – Consegue fazer isso sem um instrumento musical?

— Nunca tentei – disse ele.

— Você vai conseguir – disse ela. – Aquele poema que fez para o espírito do gêiser foi impressionante.

— Você reparou? – perguntou ele surpreso.

— É claro que sim – disse ela sorrindo. – Você ainda tem o seu talento para poemas e música. É só acreditar em si mesmo. Eu acredito em você.

Apolo queria chorar de emoção. Aquela menina linda acreditava nele, era demais para o seu coração. Apolo puxou Nina para um abraço que surpreendeu a garota.

— Er...Apolo – disse Nina um tanto sem jeito.

— Desculpe Nina – disse ele limpando as lágrimas. – Obrigado por acreditar em mim, com exceção dos meus filhos, você foi a única que me disse isso.

— Tudo bem – disse ela o afastando. – Agora vamos, precisamos salvar a Meg.

Ele assente e os dois tiram uma flecha cada um e aprontam seus arcos. Quando o mymerko mais próximo os viu largou o Chevy e ficou observando, ambos o ignoraram e passaram direto. À medida que avançavam, Apolo cantava usando a acústica do formigueiro que elevou a sua voz fazendo com que ela vibrasse. Por onde passavam, as formigas encolhiam as pernas e abaixavam as cabeças, eles foram mais fundo no formigueiro até que Apolo viu um gerânio no chão. Sua música hesitou e uma formiga que saiu do transe atacou.

Nina que seguia na retaguarda, viu quando uma das formigas saiu do transe e atacou. Ela imediatamente disparou uma flecha acertando bem na testa da mesma que deu seus últimos espasmos e morreu. Outras vieram logo em seguida, eles tiveram que correr.

— Elas estão vindo corra! – disse Nina com urgência.

— Vamos seguir os gerânios – disse ele correndo na frente. – MEG!

Mais formigas apareciam dessa vez, mais agressivas. Nina e Apolo disparavam várias flechas matando muitas delas.

— Minhas flechas estão acabando – disse ele.

— Tente cantar de novo – disse Nina disparando uma flecha atrás da outra.

Apolo começou a cantar dessa vez sobre seus próprios defeitos. A culpa pela morte de Dafne, sua vaidade e ciúmes e desejos que destruíram sua vida. Pediu desculpas, implorando seu perdão.

Cantou sobre o dia em que ele e Jacinto jogavam disco no campo e Zéfiro, o Vento Oeste soprou seu disco fora da rota acertando a lateral da cabeça de Jacinto o matando instantaneamente. Cheio de dor ele culpou Zéfiro, mas sabia que a culpa era sua. Só sua. Ele despejou toda a sua dor e assumiu a culpa.

Depois cantou sobre seus fracassos, suas indecisões, seu coração partido, sua solidão e tudo o mais de ruim que era sua vida. Ao seu redor os mymerkos desabaram. O ninho em si tremeu de dor. Apolo localizou mais gerânios e seguiu em frente com Nina logo atrás.

Finalmente eles ouviram um choro baixinho, era ela.

— Meg!

Apolo e Nina correram até ela, a menina estava numa espécie de despensa para comida. Havia vários animais ali, presos em uma gosma apodrecendo aos poucos. Meg não era exceção.

— Meg, está ferida? – perguntou Nina.

— Não – disse ela chorosa –, me desculpem.

— Por que pede desculpas? – perguntou Apolo. – Não se preocupe, viemos tirar você daqui.

— Você não entende. Aquela música que você estava cantando. Ah deuses.... se eu soubesse – disse ela soluçando.

— Shh. Pare com isso – disse ele. – Você só foi afetada pela dor exposta da música. Vamos tirar você daqui.

— Apolo – disse Nina.

Meg arregalou os olhos.

— Tem formigas atrás de nós, não tem? – ele pergunta.

Meg assente.

— Depressa Apolo ajude a Meg – disse Nina apontando uma flecha.

— Como, essa coisa é grudenta demais – disse ele.

— Minhas flores conseguem soltar a gosma – disse Meg.

— Então faça isso rápido – disse Nina.

— Apolo pegue o saco de sementes que estão perto dos meus pés – disse Meg.

Apolo se abaixou e pegou o saco.

— E agora?

— Jogue na gosma – disse Meg.

Apolo olhou para o ramo de gerânios no sovaco dela.

— Quantas sementes fez isso?

— Uma.

— A quantidade que tem aqui vai sufocá-la até a morte – disse ele. – Já transformei gente demais que eu gostava em flores....

— ANDA LOGO! – gritou ela.

As formigas não gostaram do tom dela e começaram a avançar. Apolo jogou as sementes na gosma e se juntou a Nina que disparava, mas elas continuavam a avançar. Foi então que uma ideia louca surgiu de repente.

— Espere Nina, tive uma ideia – disse ele pegando sua última flecha.

— O que vai fazer? – ela pergunta.

— Fazer uma coisa que eu já fiz antes – disse ele apontando para o teto da caverna. – Só espero que dê certo.

Ele dispara, mas a flecha acerta a terra batida com um baque seco. Nina ficou esperando alguma coisa, mas nada aconteceu.

— O que você pret.... – de repente o teto começa a desabar sobre as formigas que foram soterradas por toneladas de terra.

Quando a poeira baixou, as formigas tinham desaparecido junto com parte da caverna.

— Uau! Você foi demais! – disse Nina sorrindo.

— Obrigado – disse Apolo.

— Aqui! – gritou Meg.

Apolo e Nina se viraram e outra formiga se aproximava por outra entrada. Nesse momento, Meg consegue sair da gosma. Antes que pudessem pensar em como derrotar aquela formiga, Nina correu até ela com espada em punho e cortou-lhe a cabeça. A formiga desabou fumegando.

— Ela é demais, não é? – comentou Meg.

— É ela é demais – afirmou Apolo embevecido.

Meg se virou para ele.

— Apolo eu...

— Tudo bem Meg.

— Você não entende. Eu...

Um grito enfurecido sacudiu o teto fazendo terra cair sobre suas cabeças.

— É a formiga rainha – disse Apolo. – Temos que ir.

— Mas o grito veio de lá – disse Nina apontando para a única saída. – Vamos dá de cara com ela.

— Exatamente – disse ele. – Tenho um plano, confiem em mim.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo.



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