Caçadora Pelas Circunstâncias escrita por Cris de Leão


Capítulo 37
Cap.37 - Visita Surpresa


Notas iniciais do capítulo

Eu disse que o capítulo ia sair mais tarde, né. Aí está o de hoje.



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ALASCA

 

No dia seguinte, Hera acorda cedo, faz sua higiene e vai para a cozinha fazer o café. Quando Despina acorda sente o cheiro de café vindo da cozinha. Ela se levanta, lava o rosto e depois vai até a cozinha e fica observando a tia trabalhar.

— Bom dia Tia.

— Bom dia, o café está quase pronto.

Hera estava se adaptando à vida mortal, fazia as tarefas domésticas sem precisar que Despina estale os dedos.

Depois de tudo pronto Hera se senta e espera a sobrinha se sentar.

— Espero que esteja bom – disse -, é a primeira vez que ponho a mão na massa. Cozinhar não é meu departamento.

— O que é essa massa enrolada?

— Panquecas – ela responde. – Pelo menos parece com uma.

— Está com um bom aspecto – disse Despina pegando uma e colocando no prato.

— Os mortais comem isso no café da manhã – explicou. – Eles colocam mel pra incrementar.

Despina despeja o mel na sua panqueca e prova.

— Humm, muito bom – disse ela. – O mel parece néctar. A massa está boa, parabéns.

— Obrigada – disse Hera contente. – Vi isso num filme que Afrodite nos obrigou a assistir.

— Ficou muito bom, tia – disse Despina comendo mais uma panqueca e tomando o café.

Depois que terminaram elas foram para fora da cabana.

— Até que hoje não está tão nublado – disse Hera olhando para o céu.

— Sinto que o inverno está se dissipando – disse Despina. – Logo tudo vai derreter.

— Isso não te afeta?

— Não – disse ela -, aqui sempre faz frio, não importa as estações.

— Você nunca sai daqui, quer dizer, não visita outros lugares?

— Às vezes vou visitar as terras dos hiperbórios. Lá é sempre frio.

— Esses gigantes lutaram na guerra de Cronos – comentou Hera. – Não sei como conseguiram convencê-los, esses gigantes são geralmente pacíficos.

— Devem ter prometido alguma coisa – disse Despina. – Tia, que tal fazermos uma visita ao acampamento dos cientistas?

— Pra quê? – pergunta Hera desconfiada.

— Ora, o senhor Beaumont nos convidou para nos juntar a eles, não foi? – Hera assente. – Então vamos nos juntar a eles, já que não temos nada pra fazer hoje.

— Despina – disse Hera -, espero que você não esteja planejando que eu me encontre com o Dr. Bronson.

— Seria inevitável, já que ele faz parte do acampamento – disse Despina.

— Na verdade, eu queria fazer outra coisa – disse Hera desconversando. – Queria saber como está aquela mamãe alce.

Despina ficou olhando para a tia.

— Ok – disse ela -, podemos fazer isso.

Hera ficou contente consigo mesma por essa ideia repentina.

As duas saem da cabana e tomaram o caminho da floresta, andaram um bom pedaço até que encontraram um grupo de alces. Dentre eles estava a mamãe alce, a qual Hera havia livrado da armadilha. Ela estava pastando com outras fêmeas prenhes.

Hera e Despina ficaram a uma distância segura, pois não queriam chamar a atenção dos animais.

— Ela parece bem – disse Hera. – O machucado na pata não parece está incomodando.

— Os alces são animais fortes e resistentes – disse Despina. – Em breve as fêmeas darão à luz.

— E então o rebanho aumentará – Hera comentou.

Despina não disse nada, pois estava concentrada em algo. Hera vendo que a sobrinha ficou calada olhou para ela, ia perguntar o que estava acontecendo quando Despina fala.

— Sinto um poder imenso se aproximando.

— Poder? Um deus?

— Provavelmente.

— Um olimpiano, mas como?

— Não sei, é melhor voltarmos – disse Despina. – Seja quem for não quero que me encontre.

Hera assente, e, ambas correm para a cabana.

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OLIMPO

Em sua oficina, Hefesto terminava seu dispositivo. Agora era só canalizar o seu poder no objeto e pronto, estava tudo preparado para ir ao Alasca, mas precisava sair sem ser notado.

Ele guardou a pulseira da mãe no bolso da calça e colocou a sua no pulso esquerdo. Visto que o Olimpo estava fechado, o jeito era sair pela porta da frente, se tentasse teletransportar iria alertar os outros deuses. Por isso, saiu da oficina por outra saída até chegar ao elevador.

Saiu do Empire State disfarçado e só então se teletransportou para sua oficina, próximo ao Monte Sant Helena. Lá ele possuía um carro adaptável para deficientes físicos como ele. Entrou e ligou o automóvel, dirigiu até chegar à fronteira dos E.U.A. com o Canadá, apresentou o passaporte ao guarda de fronteira que olhou para sua cara e depois para o passaporte, carimbou e devolveu.

— Bem-vindo ao Canadá.

— Obrigado – agradeceu e seguiu caminho.

Dirigiu até um pequeno aeroporto onde embarcou em uma aeronave que fazia linha para o Alasca. O avião levantou voo e partiu.

Assim que chegou, Hefesto ficou satisfeito com o funcionamento do dispositivo, não sentiu seu poder enfraquecer desde que cruzou o Canadá. Portanto, quando desceu do avião tratou logo de procurar um lugar em que pudesse fazer o teletransporte.

Sentiu a pulseira vibrar em seu bolso, isso significava que sua mãe não estava muito longe. Tratou de se apressar, encontrou um esconderijo e concentrou-se em sua mãe e se teletransportou até onde ela estava.

Reapareceu no mesmo lugar onde Hera apareceu quando foi atingida pelo raio de Zeus, ele tira a pulseira do bolso e a mesma começa a pulsar como se sentindo a presença de sua dona. Ele se teletransportou novamente, dessa vez reapareceu próximo à cabana de Despina.

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Enquanto Hefesto procurava pela mãe, Hera e Despina chegam à cabana.

— Seja quem for está muito perto – disse Despina. – Fique aqui, tia, eu vou dá uma olhada.

— Está bem – disse Hera preocupada.

Despina desaparece em forma de névoa e vai atrás da fonte de poder. Ela aparece na floresta e vê um homem de pele morena e cabelos castanhos que usava muletas segurando um objeto dourado que pulsava. Então, ele desaparece novamente, Despina já tinha uma ideia de quem se tratava.

— Hefesto!

No ínterim, Hefesto chegava até a cabana, a pulseira parou de pulsar e permaneceu brilhando, ele colocou a joia dentro do bolso do casaco e bateu na porta.

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Depois que Despina saiu, Hera ficou na cabana se perguntando quem poderia ser? Como esse deus ou deusa não ficou enfraquecido? Ela ficou andando de um lado para o outro, pensativa quando ouviu baterem na porta. Ela parou e seu coração acelerou. Outra batida. Ela expirou profundamente e se dirigiu à porta.

Quando ela abre não acredita no que vê. Ele estava ali do jeito como o conhecia, embora aleijado e desprovido de beleza, era dono de um talento incrível, um bom coração e olhos gentis. Hera não conteve as lágrimas, o filho que ela um dia rejeitou estava ali, ele veio à sua procura porque se importava com ela.

— Hefesto! – disse ela num sussurro.

— Mãe! Ainda bem que a encontrei – disse ele sorrindo.

Hera se jogou nos braços do filho que surpreso a abraçou.

— Como conseguiu chegar até aqui sem perder seus poderes? – ela pergunta se desvencilhando dele.

— Com isso – ele mostra a pulseira dourada no pulso esquerdo.

— Uma pulseira?

— Sim, ela canaliza meu poder me mantendo estável – explicou. – Assim eu não corro o risco de ficar fraco.

— Incrível! – disse ela admirada. – Só você mesmo para ter uma ideia como essa. Vamos entrar.

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Do lado de fora, Despina observava os acontecimentos. Sua tia ficou emocionada ao ver o filho, o abraçou e sorriu e depois entraram.

Ela ficou feliz pela tia. Bem que ela lhe disse que o único que ainda se importava com ela era Hefesto, a quem ela havia rejeitado, mas que a perdoou pelo mal que lhe causou.

Sentiu uma ponta de inveja dele, porque ele tinha o carinho de sua mãe, coisa que ela nunca teve. Sua mãe a rejeitou logo que nasceu, deixou-a sozinha, nunca se preocupou em saber se ela estava bem, pelo contrário, expulsou-a de sua vida dando seu amor e carinho somente à filha mais velha, Perséfone.

Despina sacudiu a cabeça, pensar nisso lhe amargurava o coração, lhe fazia chorar. Por isso se afastou de todos, se isolou para não ter que lembrar essas coisas. Escolheu a solidão como companheira, por muito tempo foi assim, a chegada repentina de sua tia lhe trouxe um pouco de alegria, apesar das circunstâncias estava gostando de ter com quem conversar. Seus únicos amigos foram os poucos mortais com quem ela teve contato, o que já faz muito tempo. Desde então, não teve mais com quem conversar.

Suspirou.

E agora o que faria? Revelaria sua presença a Hefesto? Não queria que ninguém soubesse da sua existência naquele lugar, ali era o seu refúgio. Seria um incômodo, mas primeiro queria saber se Hefesto guardaria segredo. Por isso, resolveu continuar observando.

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Dentro da cabana, Hefesto contava a Hera os acontecimentos após ela ter sumido.

— Pobre Hebe – disse Hera -, sempre emotiva.

— Tia Héstia ficou tão indignada que as chamas de sua pira aumentaram de intensidade – disse ele – ficou um silêncio pesado no recinto. Quando Zeus deu por encerrado a reunião todos se retiraram imediatamente. Eu fui o primeiro e corri pra oficina pra fazer isso – ele tira do bolso do casaco a pulseira que fez pra mãe. – Esta é pra você.

— Oh, é muito bonita! – disse ela.

Quando o pegou sentiu sua força voltar.

— Estou me sentindo mais forte – disse ela.

— Eu canalizei seu poder na pulseira – disse ele – aos poucos vai recuperá-lo.

— E como fez isso?

— Eu o ativei através do seu cetro.

— Você é incrível Hefesto! – disse ela orgulhosa. – Zeus sabe que veio aqui?

— Não, eu saí escondido – disse – e nenhum dos deuses sabe sobre esse dispositivo. Por isso, não conte a ninguém.

— Não se preocupe, será um segredo só nosso – disse ela colocando a pulseira. – Eu já estava me acostumando com essa vida mortal.

— Deve está sendo difícil, não é? Com tantas limitações – ele comenta.

— No começo foi difícil. Logo que cheguei aqui senti muito frio. Achei que fosse morrer congelada até que uma moradora local me achou e me ajudou – disse ela. – Zeus me mandou pra cá com roupas de verão. Não pude nem conjurar uma roupa decente pra me aquecer.

— Ele queria te ferrar – disse ele. – Quem foi a pessoa que te ajudou?

— Uma jovem ambientalista. Encontramo-nos por acaso, ela viu a minha situação e me trouxe pra sua cabana.

— Você teve sorte – disse ele. – E onde ela está?

— Foi fazer o seu trabalho – disse ela. – Eu me ofereci para fazer o almoço. Por isso você me encontrou, geralmente eu saio para ajudá-la.

— Ainda bem que não saiu – disse ele alegre. – Aposto que nem esperava me ver, não é?

— Confesso que não, foi uma grande surpresa – disse ela sorrindo. – Uma boa surpresa.

Hefesto ficou feliz com essas palavras.

— Posso te oferecer um chá, um café?

— Um chá, por favor.

— É pra já.

Ela se levanta e põe a água no fogo.

— Você poderia conjurar – disse ele.

— Eu sei, mas eu prefiro fazer isso manualmente – disse ela. – Eu aprendi que o trabalho compensa quando fazemos com alegria e força de vontade.

— Eu sei disso muito bem – disse ele. – Eu gosto de inventar coisas, isso me distrai e me dá alegria.

— Agora eu posso dizer que o entendo – disse ela sorrindo.

O chá fica pronto e ela coloca duas xícaras na mesa e um prato com biscoitos.

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Despina ouviu a conversa de mãe e filho. Pelo o que pôde perceber, sua tia recuperou seus poderes por causa daquela pulseira. Ela voltou a ser a divina Hera. Agora mesmo que o Dr. Bronson não tinha chance.

Ela tomou uma decisão e rumou para casa e foi logo dizendo:

— Cheguei!

Mãe e filho olharam na direção da porta. Hera ficou sem entender, Despina deixou claro que não queria que ninguém soubesse que estava ali. Agora, aparece como quem não quer nada.

— Bem-vinda – disse Hera.

Hefesto olha para a jovem e franze o cenho. Tinha certeza de que já a conhecia.

— Olá Hefesto – ela cumprimentou.

— Despina! –disse ele surpreso.

— Eu mesma. Como vai?

— Vou bem – disse ele olhando para a mãe.

— Ela é a jovem da qual lhe falei – disse Hera.

— Bem-vindo ao meu lar, primo.

— Obrigado – disse ele ainda incrédulo.

— Não estou entendendo Despina. Você disse que....

— Eu sei tia, mas acho que posso confiar em Hefesto.

— Do que estão falando? – pergunta ele confuso.

— É o seguinte primo – disse ela -, como deusa do inverno, escolhi o Alasca como meu território. Aqui eu tenho liberdade, esse lugar me aceitou caso contrário já teria virado mortal. Por isso, não conte a ninguém que me viu aqui.

— Tudo bem não vou contar se é o que quer – prometeu –, você ajudou minha mãe, ficarei em dívida com você.

— Não precisa, seu silêncio é o suficiente – disse ela.

— Está bem.

— Obrigada.

— Preciso voltar para o Olimpo antes que deem por minha falta – disse ele se levantando. – Obrigado pelo chá. Fico feliz que esteja bem – disse ele pra mãe.

— Obrigada pela pulseira – disse ela o abraçando.

— Prazer em revê-la Despina.

— O prazer foi meu, primo.

— Até mais – disse ele desaparecendo deixando um cheiro de ferro no ar.


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Notas finais do capítulo

Amanhã vai ser a mesma coisa. Até lá.



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