Poder e Controle [revisão] escrita por Anne


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

-> Atenção com os links!! (não é obrigatório, mas alimenta a imaginação e eu amo mexer no polyvore hahaha)
—> www.historiasanne.tumblr.com
Boa leitura!



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Annelise acordou na manhã seguinte sentindo seu corpo doer em cada parte. Não sabia se era pela Maldição Cruciatus ou pelo fato de dormir de qualquer jeito vestindo jeans e um monte de roupas. Ela se levantou e esticou o corpo, procurando se alongar e tentar melhorar aquela sensação péssima que sentia. Tirou as botas e andou pelo chão de madeira até chegar nas janelas de vidro que iam do chão ao teto, puxando a cortina para olhar o lado de fora. Com uma única espiada ela pôde perceber que deviam ser por volta das sete da manhã. Ela se voltou para o quarto, indo até o malão. Percebeu que ele estava vazio, pois provavelmente Loki havia ido até seu quarto de madrugada e pegado suas roupas para lavar. Suspirando, ela se encaminhou até o banheiro, enchendo a banheira de água quente e despindo-se em seguida. A água relaxou seus músculos e aliviou um pouco o mal estar que sentia. Annelise escorregou o corpo para baixo, enfiando a cabeça na água. Ela abriu os olhos e ficou olhando o teto do banheiro, completamente submersa. Só notou que estava chorando quando seu corpo começou a balançar, movimentando a água e derramando um pouco para fora. Subiu o corpo e emergiu a cabeça, os cabelos molhados grudados na pele e no rosto. A preocupação e medo eram tão intensos que era como se uma mão invisível espremesse seu coração. Annelise mal podia respirar, soluçando enquanto as lágrimas se confundiam com a água da banheira.
Ela não havia pedido por isso.
Seu pai sempre a deixou de fora de coisas que não fossem apropriadas para sua idade e como desde os onze anos estava em Ilvermorny praticamente o ano todo, pois ficava na escola no Natal e um mês das férias na Califórnia com Krystal, restando apenas o mês de agosto em Londres, ela mal tinha contato com Comensais da Morte. Ela não era como Joseph. Se sentia covarde por fazer algo que não queria, mas não tinha como se esquivar. Não tinha nenhuma profunda afeição pro Potter, mas também não queria entregá-lo a Voldemort. Seu desejo era ser imune aos dois lados. Simplesmente não participar daquilo de maneira alguma. De qualquer jeito, era isso que lhe foi mandado fazer, e era isso que faria, prometendo a si mesma que não deixaria com que Madeleine continuasse pagando por ela. E ela sabia que aquela confusão de sentimentos que sentia tinha uma explicação. Ela não era uma vilã. Ela não era cruel. Tampouco extremamente boa, ou teria sido mandada para a Lufa-Lufa. Annelise faria o que lhe fora mandado para salvar sua pele. Ela sabia que se não cumprisse a missão ia ser morta por Voldemort. Ela estava sendo, de fato, uma sonserina. Individualista. Agiria em primeiro lugar para se salvar e então, tentaria ajudar as pessoas ao seu redor. Se ela apenas tivesse como conseguir o que o Lorde das Trevas lhe pediu e também ajudar Potter....
Não. Isso provavelmente seria impossível. Era inviável tentar seguir por esse caminho, tentar abrir o jogo com Potter. Ele se afastaria, ela sabia. Teria que continuar com o plano original, por mais que sentisse pena dele do que quer que viesse a acontecer. Annelise não poderia ajudar. Precisava se salvar, para então salvar seus pais, por mais que seu desejo agora fosse que Joseph apodrecesse, Madeleine não era uma mãe ruim. Só era distante.
Decidiu, então, que continuaria seu caminho. Essa era sua prioridade.


O Beco Diagonal estava um pouco cheio, mas não tanto quanto no inicio do ano letivo. Havia neve cobrindo o chão de pedras e os telhados das lojas. As pessoas estavam cobertas de casacos e chapéus, ela inclusive colocou o máximo de roupas que podia. A bota afundava na neve enquanto ela caminhava gemendo de frio até a sorveteria de Florean Forterscue. Annelise bateu os pés no tapete de entrada pra tirar o excesso de neve e entrou, abraçando os próprios braços. Se afundou no banco macio e sorriu para Blásio, que assoprava as mãos.
— Pensei que não viria mais. — Disse o menino, virando sua cabeça para olhar o proprietário acender a lareira.
— Precisei esperar meu pai sair, desculpe.
— Tudo bem. — Ele deu de ombros. — Já fiz os pedidos.
— Ah, não me diga que pediu sorvete! Estou congelando! — Reclamou ela, esfregando as mãos cobertas por luvas pretas umas nas outras, buscando mais conforto. — Devia ter colocado mais roupas.
— Eu pedi um sundae para mim e chocolate quente pra você, não se preocupe. — Os ombros largos de Zabini se balançaram enquanto ele ria. — Então, como está sendo o feriado?
Ela mordeu o lábio inferior e o soltou devagar, uma mania que tinha desde que se entendia por gente. A pergunta ecoou na cabeça dela e Annelise deu de ombros, a boca se curvando para baixo, descontente.
— Procuro não sair do quarto quando meus pais estão andando pela casa. E eles fazem o mesmo. Me evitam o máximo que puderem.
— É mesmo? — Blásio a olhou com atenção, tentando capturar qualquer sentimento nos olhos dela. Florean se aproximou com uma bandeja e colocou a taça de sundae na frente de Zabini e uma caneca grande na frente de Annelise, se retirando para trás do balcão em seguida.
— É. Mas tudo bem. — Ela tirou as luvas, colocando-as em cima da mesa num canto e juntou as duas mãos em volta da caneca, o calor dela esquentando seus dedos. Annelise observou o vapor quente subindo com o olhar perdido. — Nada muito diferente do normal. Mas e você?
Blásio comentou que sua mãe o levou para esquiar nas regiões montanhosas da Escócia como os trouxas faziam. Já havia feito uma grande porção de atividade trouxa, mas essa não era uma delas. O menino jurou que era mais divertido do que parecia. Disse também que fizeram grandes compras para os presentes de Natal, já que ele tinha muitos primos na região da Noruega que viriam passar o feriado aqui.
— Mas e aí, Draco mandou alguma coruja pra você? — Blásio comia seu sundae duplo com tamanha empolgação que mal parecia que estavam em pleno inverno. Ela, no entanto, dava pequenos goles no chocolate quente, saboreando aquele gosto em sua língua e aproveitando a sensação que a bebia dava de esquentar seu corpo.
— Não. — Franziu a testa. — Deveria?
— Hum, só pensei que ele não gostaria de ficar tão longe de você. — Deu uma risadinha, a ponta do nariz sujo de sorvete de morango.
— O que quer dizer com isso? — Annelise o olhou acusadoramente.
— Bem, você sabe. Ele gosta de você.
Ela riu.
— Não!
— Sim.
— Não, Blásio.
— Por favor. — Ele revirou os olhos, enquanto ela dava uma atenção especial na sua caneca. — Draco está confuso. Ele gosta de você e nunca sentiu isso antes. Ao mesmo tempo, vocês dois tem um temperamento forte e vivem se estranhando...
— Ele te disse que gostava de mim?
— Se eu e você não fossemos tão amigos, ele diria. Mas não contou, sabe que eu contaria a você.
— Então ele não gosta de mim. — Annelise abriu um sorriso de vitória.
— Pare, vai! Draco tem uma queda por você. Você já sabia disso. Ou pelo menos desconfiava.
— Blásio, eu só vou acreditar quando Draco em pessoa me dizer isso. — Ela virou um pouco a caneca, terminando de beber o chocolate quente. — Enquanto isso não acontecer, eu não vou acreditar. E não adianta — Completou, ao vê-lo abrir a boca para retrucar. — ficar tentando me convencer. E Pansy, afinal de contas?
— Ué — Seus lábios se abriram para um sorriso sarcástico. — Por que acha que ela detesta vê-los juntos? Pansy sabe que Draco sente algo por você além de atração física, que é o que ele sente por ela. Ela não liga que ele saia com outras garotas, mas você....
— Eu sou território proibido.
— Exatamente.
— Bom, isso não importa. — Ela continuou depois de um tempo. — Eu não estou aqui para isso. E além do mais, Draco é muito....muito... Como posso explicar? Argh....
— Irritante?
— É! Meio infantil, não sei. Ele detesta tanto Potter, mas por que não o deixa em paz? E Weasley? Isso apaga toda a parte boa dele.
— Qual é a parte boa? — Blásio sorriu.
— Ele é muito atencioso. E também é inteligente. Nós somos os melhores alunos do nosso ano na Sonserina.
— Ah, obrigado!
— Não seja idiota! — Annelise riu. — É que sempre o vejo tirando as melhores notas, mas ele esconde isso das pessoas se comportamento de maneira tão desprezível.
— Você realmente gosta dos grifinórios, não é? — O amigo riu.
— Não! Eu só penso que não há necessidade para tanta provocação. Deixe isso pro quadribol.
Blásio e Annelise conversaram por uns vinte ou trinta minutos sobre coisas aleatórias e então se despediram. Zabini disse que iria encontrar seu padrasto na Travessa do Tranco e desceu a rua, as mãos nos bolsos. Ele era muito bonito e charmoso. Annelise sabia que se estivesse em Hogwarts a troco de nada, apenas para estudar, ele chamaria a sua atenção. Agora era tarde demais, no entanto, pois já estavam muito amigos.
Sem muito para fazer ali, ela ficou parada por um bom tempo, encolhida em seu casaco, chutando a neve e olhando ao redor, para as pessoas que passavam. Não queria ir para casa e ficar sem fazer nada, mas era véspera de Natal e não podia demorar.
Aquele pensamento lhe deu uma ótima ideia. Ela não participava muito de datas festivas e como passava o Natal em Ilvermorny, não tinha o que vestir para o jantar na casa dos Malfoy. Decidida, caminhou até a loja de Madame Malkin - Roupas Para Todas As Ocasiões e abriu a porta, um sininho tinindo assim que ela passou para dentro. Uma rajada de vento frio entrou junto com ela e Annelise soltou a maçaneta, batendo os pés na soleira para mais uma vez tirar a neve das botas.
— Olá, querida! — Uma bruxa gorda, baixinha e sorridente, que ela julgou ser Madame Malkin, veio andando até ela com sua varinha na mão e uma fita métrica. — Posso ajudar? Precisa de uniformes para Hogwarts?
— Não, senhora. — Annelise sorriu, dando uma olhada geral para a loja. — Na verdade, preciso de um vestido de festa. Tipo para um jantar ou coisa parecida.
— Para o Natal, então.
Madame Malkin não esperou resposta e lançou a fita para cima, apontando a varinha para ela em seguida. A fita se esticou e começou a medir o comprimento dos braços e pernas de Annelise, assim como cintura e busto. A bruxa, no entanto, estava de costas mexendo numa arara cheia de roupas dentro de plásticos.
— Creio que estes lhe sirvam. Você tem alguma cor em mente?
— Preto. — Respondeu de prontidão.
A bruxa se virou, dando uma olhada para ela.
— Tem certeza, querida? Preto lhe cai muito bem, sim, mas para uma data festiva como o Natal... Rosa ficaria lindo em você.
Annelise fez uma careta.
— Preto.
Madame Malkin deu de ombros, contrariada, voltou para as araras e continuou a fuçar. Ela lhe dera uma inifinidade de escolhas e continuou pegando no pé de Annelise para que experimentasse, então, um vestido roxo escuro que ia até os joelhos com minúsculas bolinhas pretas e uma tira lilás na barra, com um tule roxo transparente cobrindo os ombros, sob o pretexto de que aquele era escuro o suficiente para o gosto dela, mas não totalmente preto. Annelise o vestiu e deu um pequeno sorriso de satisfação, sentindo as bochechas corarem por Madame Malkin estar certa. O vestido lhe caiu muito bem, acenturado e justo nos lugares certos.
— Vou levar.
Enquanto voltava para casa com o Noitibus Andante, Annelise pensava sobre o que Blásio dissera. Ele conhecia Draco há muito mais tempo, é claro, então talvez não estivesse equivocado em suas afirmações. Ainda assim, ela não sabia o que pensar. Se ficasse muito próxima dele, Potter cortaria o contato que tinham pois não confiava em Malfoy. Mas ela também não queria evitá-lo. Ele a atraia tanto quanto ela parecia atrai-lo. Ou Blásio estava errado e ele só queria se gabar sobre ela com Crabbe e Goyle.
Um sorriso diabólico cresceu em seus lábios, imersa em seus pensamentos. Ela iria tirar a limpo, Draco querendo ou não.


— Eu realmente preciso ir com esses sapatos?
Annelise se encontrava no hall de entrada juntamente com sua mãe. Ela olhava desconfiada para os pés, enfiados num salto que Madeleine a obrigara usar, gritando descontrolada que ela jamais a deixaria aparecer na residência Malfoy usando um vestido de festa e uma bota velha.
— É claro que sim. — Sua mãe a olhou carrancuda. Ela estava bonita, os quilos de maquiagem e o vestido caro disfarçando o quanto estava abatida. Joseph descia as escadas terminando de colocar uma abotoadura, o rosto com a costumeira expressão ranzinza que ele carregava desde que ela pusera os pés em casa.
— Vamos.
Os três saíram da casa e caminharam pelo jardim até passarem dos altos portôes que ficavam na entrada. Ao passarem por ele, seu pai o fechou com um aceno de varinha e aparatou, sem dizer nada. Madeleine esticou o braço e Annelise o segurou, aparatando com a mãe em seguida.
Quando as duas pararam na frente da Mansão Malfoy, ajeitaram as roupas e os cabelos e seguiram Joseph, que já havia caminhado pelo extenso caminho que se dava até a primeira entrada, coberta por sebes de teixo que se estendia até ser barrada nas grades altas e prateadas. Joseph as esperava portão adentro. Ao passarem por ele, os três seguiram juntos, e ela pôde ver o quanto o terreno era grande. A casa parecia ser antiga e claro, aquilo se dava a tradição da família, assim como na Mansão Morgerstern. Ao longe haviam alguns pavões caminhando tranquilamente sobre a grama fria, as penas abertas. Annelise pôde ver um cisne num pequeno lago do lado esquerdo da casa, a lua brilhando sob a água. Perdeu-o de vista quando subiu os três degraus da frente e passou pela porta. A mansão estava barulhenta, vozes conversando e rindo chegando até seus ouvidos vindos da sala de jantar. Narcisa passou pela porta e abriu um sorriso largo ao vê-los. Ela estava linda e elegante, como de costume, num vestido vermelho que parecia acender ainda mais o cabelo louro e os olhos claros.
— Ah, Madeleine! Está encantadora! — A Sra. Malfoy deu um abraço rápido em sua mãe, que retribuiu com um sorriso.
Foi só quando Annelise viu um dos Comensais que saiu pela porta da sala de jantar em direção ao banheiro que uma ideia terrível passou pela sua cabeça, mas ela descartou logo em seguida. Não conseguia imaginar o Lorde das Trevas na cabeceira da longa mesa dos Malfoy dividindo o peru de Natal e bebendo vinho, tampouco que o clima estivesse tão descontraído em sua presença.
— Annelise — A voz suave de Narcisa a arrancou dos pensamentos e a menina se virou, sorrindo docemente. — Você está linda! — Annelise notou o casaco de sua mãe e o de seu pai apoiados no braço de Narcisa. — Ah, me desculpem por isso. Estamos sem elfo. — Narcisa pediu o casaco de Annelise e o pendurou junto com os outros. — Draco! — Chamou numa voz alta. — Draco!
Ele veio da mesma porta por onde sua mãe havia saído, os cabelos louros caindo levemente sobre a testa. Vestia um terno preto perfeitamente alinhado e quando se aproximou, olhou Annelise de cima a baixo com uma piscada rápida.
— O que, mãe?
— Guarde os casacos dos Morgerstern, por favor. — Narcisa estendeu o braço a ele, que os pegou sem dizer nada.
— Deixe-me ajudar, Draco. — Joseph seguiu Draco para dentro enquanto Madeleine se unia a Narcisa e as duas caminhavam para a sala de jantar. Annelise ficou sozinha, olhando ao redor sem verdadeiro interesse. O interior continuava o mesmo de quando ela viera no início do ano: um magnífico tapete no chão, mármores, um espelho dourado e vários quadros de antepassados nas paredes, que a olhavam com curiosidade. Sendo aquela famíila como era, é claro que não enfeitariam a casa para o Natal. Girando o corpo, ela saiu para o jardim dos Malfoy outra vez, encantada com as variadas espécimes de flores que estavam plantadas. Em sua maioria, rosas brancas. Ela se abaixou um pouco e passou os dedos por uma rosa, sentindo a maciez das pétalas.
— Cuidado com os espinhos. São envenenados.
Annelise ergueu-se outra vez e olhou para a entrada da casa. Draco estava encostado na parede do primeiro degrau, as mãos enfiadas nos bolsos da calça preta. Ela deu uma risada baixa.
— É claro.
Draco nada respondeu. Ficou olhando-a intrigado por alguns minutos antes de falar outra vez, a voz carregada de deboche.
— Então, como foi o passeio com seu namorado? Crabbe viu vocês dois juntos. Você e Blásio, quero dizer. — Ele passou a língua rapidamente pelos lábios, procurando umedecê-los, o que fez Annelise se lembrar remotamente de uma cobra.
— Muito engraçado. — Ela subiu os degraus batendo a mão na ponta dos cabelos, se livrando de pequenos flocos de neve que caíram nele. Draco encostou na parede, virando para ela, enquanto Annelise cruzava os braços com um sorrisinho sarcástico nos lábios.
— Não entendi por que você saiu com ele. Vocês nem são amigos.
— Claro que somos. Ele é, na verdade, meu único amigo em Hogwarts.
— Ah, eu não sou? — Draco arquou uma sobrancelha, os olhos cinzas estreitando-se.
Annelise ficou quieta, o sorriso ainda preso no rosto. Ela deu um passo para a frente, parando perto demais dele. Inclinou a cabeça enquanto olhava cada parte de seu rosto.
— Você quer me falar alguma coisa, Draco? — A voz saiu baixa, quase sussurrada. Ela notou, achando graça, o pomo de adão do rapaz subir e descer.
— Não.
Ela veio mais perto.
— Tem certeza?
Draco ficou em silêncio, parecendo perdido demais entre olhar os lábios dela e os olhos. Quando ele fez menção em se afastar um pouco da parede para se aproximar, a porta de entrada se abriu e Goyle saiu por ela. Os dois se afastaram rapidamente.
— Vão começar a servir. Vocês não vão entrar? — Os olhos dele correram de um para o outro, desconfiado.
— Já vamos.
— Ele está me falando da roseira. — Annelise sorriu inocente.
— Lindas e perigosas. — Draco completou, um novo fio de cabelo se desprendendo do gel e caindo sob a testa.
— Hum, tudo bem. Vou dizer para colocarem seus pratos. — Goyle deu uma última olhada e voltou para dentro. Annelise encarou a porta fechada e se virou, um suspiro irritado.
— Crabbe e Goyle estão aqui?
— É claro que sim. — Ele respondeu quase ríspido, seus olhos ainda viajando pelo rosto dela disfarçadamente.
— Eles vão atrapalhar tudo. — Murmurou Annelise, abrindo a porta e entrando para dentro da mansão outra vez, deixando um Draco confuso para trás. Estava acostumada a não se interessar por ninguém, mas quando isso acontecia, geralmente não precisava de joguinhos, e isso tornava Malfoy muito interessante para ela. Não era fácil como o usual, mas Annelise também não tinha certeza se realmente queria aquilo. É claro, para ele podia ser a mesma situação. Draco podia estar vendo-a como alguém difícil demais para o que estava acostumado. Uma situação diferente.
— Onde estava? — Joseph parou abruptamente ao lado dela assim que a menina pisou dentro da sala de jantar. Ela era, como o restante da casa, enorme. Haviam janelas do lado esquerdo que mostravam o lago no jardim, a parede direita com um único quadro de um homem cujo rosto ela não pôde identificar, mas julgando pelas vestes, devia ser alguém importante e de muitas gerações atrás da família. Ele parecia rabugento, olhando as pessoas que estavam por ali com um ar de superioridade, ainda que só tivessem puros-sangue e famílias tradicionais do mundo bruxo. A mesa ficava no meio da sala, extremamente longa e de uma madeira escura, com várias cadeiras dispostas ao redor dela, Lúcio naturalmente ocupando a cabeceira, ao seu lado direito, Narcisa e depois dela, sua mãe Madeleine, um lugar vago ao lado dela que provavelmente pertencia à Joseph. Do lado esquerdo de Lúcio estava Draco, que havia acabado de passar por ela e se sentava sem dizer nada.
— Vendo o jardim. — Annelise respondeu, ainda que Joseph não se interessasse. Ele a pegou pelo pulso e a levou até a cadeira ao lado de Draco, puxando para que a filha se sentasse. Assim ela o fez, a disposição dos lugares a incomodando ligeiramente. Joseph deu a volta na mesa e se sentou ao lado de Madeleine.
— Agora que todos estão aqui, vamos apreciar esse delicioso banquete, em honra ao nossos ideais, que serão alcançados em breve. — Lúcio levantou sua taça, dando um sorrisinho em seguida. Todos levantaram suas taças em seguida e começaram a beber e a comer, algumas conversas paralelas surgindo entre os visitantes, sempre num tom sarcástico e hostil, ainda que fosse uns com os outros.
— Draco — Lúcio recomeçou, com o mesmo tom monótono de antes. — Espero que esteja fazendo companhia para Annelise em Hogwarts.
— Eu estou. — Draco respondeu depois de alguns minutos de silêncio. — Mas ela não precisa de mim o tempo todo. É grande amiga de Blásio. — Ele se virou para ela, um sorrisinho pendurado no canto dos lábios. Annelise o fuzilou com os olhos.
— Draco é ótimo, senhor Malfoy. Não se preocupe.
— Bom. — Lúcio deu um sorriso amarelo. — Nossas famílias tem laços estreitos há gerações. É o dever de vocês dar continuação a isso.
— Bem colocado, querido. — Narcisa sorriu e piscou para o marido, dando uma olhada de esguelha para Madeleine em seguida.
Eles com certeza estavam planejando alguma coisa e Annelise não queria saber o que era.


— Eu não acredito que tenho que ficar na companhia de vocês idiotas enquanto eles conversam lá dentro.
Annelise estava novamente no jardim, dessa vez com Crabbe, Goyle e Draco. Após o jantar, Lúcio limpou a mesa com um aceno de varinha e os colocou para fora, dizendo que estariam em reunião a partir daquele momento e não deviam ser perturbados.
Draco estava quieto, se estressando ocasionalmente com as imbecilidades dos dois amigos, mas permanecia pensativo a maior parte do tempo. Annelise por sua vez tentava se fazer de surda e ficou observando os dois cisneis nadando calmamente, deslizando na água que parecia mais um espelho refletindo o céu.
— Idiotas! — Malfoy gritou um tempo depois, fazendo ela se virar. Crabbe e Goyle perseguiam um pavão como dois trasgos. — Se o machucarem eu mato vocês! Minha mãe tem adoração por esses bichos.
A porta da frente se abriu e Lúcio colocou metade do corpo para fora, olhando com desgosto a atividade de Crabbe e Goyle. Seus olhos foram deles até Draco, e então pararam nela, frios como gelo.
— Me acompanhe, senhorita Morgerstern.
Annelise sentiu o coração palpitar. Engolindo em seco, ela caminhou até a casa e foi atrás de Lúcio, quando o que mais queria era fincar os pés no chão e não se mexer até a hora de voltar para casa.
Ele não disse mais nada enquanto passavam pelo corredor mal iluminado. Os quadros, dessa vez, a olhavam como se houvesse sido sentenciada a morte. E foi o que ela sentiu quando Lúcio girou a maçaneta de bronze e a porta se abriu, revelando o Lorde das Trevas sentado na cabeceira da mesa onde antes estava Lúcio. Annelise congelou enquanto os olhos de cobra do homem a olhavam com atenção, e ela não teria se mexido, mas Lúcio colocou a mão em suas costas e a empurrou levemente para fazê-la andar.
— Sente-se, senhorita Morgestern. — Voldemort acenou com a varinha a cadeira em seu lado esquerdo que se distanciou para que ela se sentasse, e assim o fez.
— Milorde. — Disse em voz baixa, tentando decidir se o olhava nos olhos ou fitava as próprias mãos.
— O que quero saber é o motivo de tanta demora, vindo de uma menina tão aclamada como você. — O tom de voz dele não era irritado, no entanto, denunciava que ele poderia perder a calma em dois segundos.
— Po-Potter, ele é muito fechado. E não confiava muito em mim pois sou da Sonserina, senhor. — Annelise ergueu o queixo timidamente, olhando para o rosto do Lorde das Trevas. Era perturbador. — Demorei um pouco para ganhar sua simpatia, sim, mas acredito que agora já tenho um pouco da sua confiança.
— Um pouco? — Ele estava mais impaciente agora, os dedos longos tamborilando na mesa.
— O que sei, senhor, é que às vezes ele consegue te sentir, ou até ver o que você está vendo.... A-a sua cicatriz dói. Ele disse que acontece quando consegue ter acesso aos seus sentimentos ou quando vê algo pelos seus olhos, até mesmo quando está se aproximando fisicamente. E disse que Dumbledore sabe.
— Metade de sua informação não vale nada, menina. Eu já sabia de algumas dessas coisas. Não sabia, no entanto, que Dumbledore tinha consciência disso, embora eu desconfiasse. E o que Potter diz sobre isso?
— Na-nada, especificamente. Apenas que Dumbledore lhe falou que não tem o que fazer.
Um sorriso medonho se abriu no rosto de Voldemort, os olhos passando pelo rosto de seus Comensais. Ele até mesmo riu um pouco e Annelise não sabia se aquilo era bom ou ruim, mas julgando pela feição dos presentes, eles pareciam ter a mesma dúvida que ela.
— Mas há, de fato, algo a se fazer sobre isso. Creio então que Potter na verdade não contou a Dumbledore realmente. — Ele se voltou para ela, a expressão se fechando outra vez. — O que venho fazendo com Potter, senhorita, é muito simples. Mas isso me dá um trabalho que eu não precisaria ter, se você cumprisse sua missão. — Voldemort levantou o braço tão subitamente que ela deu um pulo na cadeira, mas ficou imóvel ao sentir a ponta da varinha dele enfiada em seu pescoço. — Não te matarei agora pois ainda vou te dar mais uma chance. E isso só vai acontecer pois você não veio de mãos abanando, você me deu uma informação valiosa. O que você tem que fazer é muito simples, senhorita Morgestern. Antes você só precisava pegar a profecia de Potter, pois sei que ele já deve tê-la. E eu preciso muito dela. Agora, além da profecia, eu quero que você faça com que Potter se apaixone por você. — Voldemort se levantou e parou atrás dela, os dedos passeando pelas madeixas louras e macias. — E sei que isso não deve ser difícil, você é uma menina bonita. Quando ele se apaixonar, convença o menino a te encontrar em algum lugar onde eu possa pegá-lo. Pode ser em Hogsmeade, na sua casa... onde ele não desconfiar.
— Milorde, eu... — Annelise sentia os olhos queimarem, mas não se permitiu chorar na frente daquelas pessoas. Ela jamais conseguiria aquilo.
— Quieta! — Voldemort empurrou a cabeça dela para a frente com violência e voltou a se sentar na cabeceira. — Se você falhar, menina, Joseph morrerá. E depois Madeleine. Ambos serão torturados antes, na sua frente. E você ficará por último.


Annelise estava em seu quarto, escondida em baixo das cobertas após tomar um banho longo e relaxante. Joseph mal havia olhado para ela depois da reunião ter terminado e quando chegaram na Mansão Morgestern ele foi direto para a biblioteca.
Ouviu duas batidas na porta e sua mãe a abriu, fechando depois de passar por ela. Madeleine se sentou na cama, olhando o rosto de Annelise com um suspiro.
— Potter está com a profecia em Hogwarts?
A menina umedeceu os lábios com a língua.
— Não. Ele nem sabe o que o Lorde das Trevas quer.
As duas ficaram em silêncio, uma olhando para a outra. Pela primeira vez em muito tempo, Madeleine acariciou o rosto de sua filha e a olhou ternamente. Aquele carinho fez com que Annelise sentisse um bolo se formar em sua garganta, mas ela engoliu em seco, se esforçando para não chorar.
— Eu sei que não fui a melhor mãe. Mas nunca, jamais duvide do meu amor por você. Querida, se algo acontecer a mim e ao seu pai, eu quero que você fuja. Lute com quem tiver que lutar para garantir sua segurança. Confie em Narcisa, mas não em Lúcio. Ele é um covarde.
— Não diga isso, mãe. Não vai acontecer nada! — Annelise se sentou, nervosa. — Eu vou conseguir. — Empinou o nariz, tentando convencer mais a si mesma do que Madeleine.
— Eu acredito em você. — Sem jeito, ela se inclinou e beijou a testa da filha, se levantando em seguida. — Boa noite.
Annelise se deitou de novo quando ouviu o baque surdo da porta quando Madeleine saiu e a fechou. Ela sabia que era muito boa e muito inteligente. Sabia que podia conquistar ambas as coisas que Voldemort queria.
Se dependesse só dela.
O problema era Potter com aquela personalidade difícil. Ser uma garota tão doce e boazinha às vezes a deixava profundamente irritada e com vontade de chutar o balde, mas não podia fazer isso. Ele não era um insuportável como Draco dizia, mas todo aquele lenga-lenga de não confiar em ninguém exceto Granger e Weasley a cansava. Mas se quisesse chegar no sexto ano do colégio, precisava agir rápido e dez vezes melhor do que antes.


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Notas finais do capítulo

Então finalmente vocês sabem a missão de Annelise! Era até fácil de descobrir pois minha intenção é que essa fic seja fiel aos livros, mas será que ela vai conseguir? O destino da família Morgerstern está nas mãos dela! E o que será que Lucius, Narcisa e Madeleine tem em mente?
Até o capítulo 9!!
PS.: Sei que é chato pedir e eu mesma detesto, mas por favor comentem!! Dei uma desanimada com Poder & Controle mas tô me esforçando muito pra continuar firme!
Beijos!!



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