Poder e Controle [revisão] escrita por Anne


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Oi ♥ Atualização adiantada, espero que gostem!
http://historiasanne.tumblr.com/
https://curiouscat.me/annelisboa
Boa leitura!



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Annelise acordara de extremo mau-humor na segunda-feira. Decidiu ignorar Malfoy até que o estresse se fosse, ou tinha certeza que lançaria uma azaração nele sem pensar duas vezes. Estava sentada na mesa da Sonserina tomando café da manhã, saboreando uma torta de maçã e ouvindo Blásio ler para ela sua redação para Poções quando algo chamou sua atenção.
— Zabini, quem é aquele?
O rapaz parou de ler e olhou para a porta de entrada do Grande Salão.
— Hagrid, o guarda-caça. Jurava que só voltaria ano que vem....
— Poderia. — Acrescentou Draco, empurrando Blásio para o lado e se sentando entre os dois. — Bom dia, Morgerstern. Como foi seu domingo? — O tom sarcástico que ele usara a irritou ainda mais.
Naturalmente, ela passara metade do domingo dormindo em seu quarto, e o restante dele sentada na cama lendo livros.
— Excelente. Então, Blásio — Ela esticou o pescoço para o lado e encarou o colega dando um sorriso simpático. — Parece que alguns alunos gostam dele.
— É. Bom, suas aulas são interessantes... Teve aquela vez que trouxe um hipogrifo....
— Que quase me matou. — Draco se intrometeu outra vez.
— Ouvi Potter dizer que você agiu como um idiota e ignorou as instruções do professor.
— Isso é verdade, Draco. — Zabini confirmou, mordendo uma torrada com geléia de framboesa.
— De que lado você está, afinal? — Perguntou com azedume. — Isso não importa.
— Claro que importa. Bom, espero que ele traga um material interessante. Adoraria estudar hipogrifos.
— Draco. — Crabbe veio balançando até onde eles estavam. Tinha três muffins na mão enorme. — Astoria Greengrass está procurando por você. O que quer que eu diga?
— Já vou atrás dela. — Respondeu ele, dando um aceno de cabeça. Crabbe voltou para a porta do salão, onde Goyle o esperava com mais muffins.
— Nova vítima? — Blásio deu um sorrisinho para ele, enquanto Annelise fingia que não estava prestando atenção. Notou pelo canto dos olhos que Pansy não estava sentada tão longe assim e que ela olhava tudo o que estava acontecendo, mas não fez nem menção de abrir a boca quando ouviu falar de Astoria.
— É. — Draco riu e se levantou, indo embora sem dizer mais nada.

Annelise desceu a pequena colina no outro dia com dificuldade. A neve estava tão alta que batia quase em suas coxas. Usava um monte de roupas e até mesmo o maldito gorro de Malfoy. O cachecol da Sonserina bem enrolado em seu pescoço balançava enquanto ela descia, abraçada a sua mochila. A maioria dos alunos que seguiam o mesmo caminho estavam tão cheios de roupas quanto ela.
Quando chegaram na orla da floresta, Annelise se assustou um pouco com a aparência do tão falado Hagrid. Parecia que havia acabado de levar uma surra, mas ela não sabia dizer quem seria tão corajoso para puxar uma briga com ele. Em cima do ombro, carregava o que parecia ser o resto de uma vaca morta.
— Vamos trabalhar aqui hoje! — A voz grossa retumbou alegremente para os alunos que se aproximavam, indicando as árvores às suas costas. — Um pouco mais protegidos! De qualquer maneira, eles preferem o escuro.
— Que é que prefere o escuro? — Perguntou Malfoy ao seu lado, com um leve indício de pânico em sua voz. Annelise o olhou e riu. — Que foi que ele disse que prefere o escuro? Vocês ouviram?
Ainda rindo para irritar Draco, ela se virou para frente e trocou um olhar cúmplice com Harry, que deu um pequeno sorriso para ela.
— Prontos? — Perguntou o professor, animado, olhando os alunos. — Bom, então, estive guardando uma viagem à floresta para o seu quinto ano. Pensei em irmos ver os bichos em seu hábitat natural. Agora, o que vamos estudar hoje é bem raro. Calculo que eu seja a única pessoa na Grã-Bretanha que conseguiu domesticá-los.
— Você tem mesmo certeza de que eles estão domesticados? — Draco interrompeu, o pânico em sua voz ainda mais evidente. Annelise o acotovelou nas costelas, mas ele nem ligou. — Não seria a primeira vez que você traz bichos selvagens para a aula, não é?
Alguns alunos, tanto da Sonserina quanto da Grifinória concordaram.
— É só seguir as instruções, Draco, e não entrar em pânico. — Annelise piscou para ele, forçando uma doçura na voz que lembrou Umbridge. Ela se aproximou do professor e de Potter e seus amigos.
— Claro que estão domesticados. — Garantiu Hagrid, olhando de Annelise para Malfoy e fechando a cara em seguida. Ajeitou a vaca no ombro.
— Então o que foi que aconteceu com seu rosto? — Insistiu Malfoy.
— Cuide da sua vida! — Retrucou o professor, zangado. — Agora, se acabaram de fazer perguntas bobas, me sigam.
Ele se virou e entrou na Floresta Proibida. Os alunos, no entanto, continuaram imóveis, ninguém realmente disposto a segui-lo. Annelise foi a primeira a se mexer e ir atrás do professor, vendo Harry, Rony e Hermione virem logo atrás.
Andaram por dez minutos em silêncio até chegarem num ponto em que as árvores cresciam tão juntas que era escuro como o anoitecer e não havia neve no chão. Hagrid colocou a meia-vaca no chão e se afastou, virando-se para olhar os alunos. Annelise encostou numa árvore alguns passos de distância do professor, sabendo que deveria manter a segurança em primeiro lugar e a curiosidade em segundo. Logo, Malfoy e Blásio se aproximaram dela, enquanto Crabbe e Goyle ficavam quase sozinhos de tão longe que estavam, olhando ao redor nervosamente. Ao virar a cabeça, ela viu Pansy a encarando com tanto afinco que sentiu um arrepio.
— Cheguem mais, cheguem mais! — Encorajou-os Hagrid. — Agora eles vão ser atraídos pelo cheiro de carne, mas de qualquer maneira vou chamá-los, porque vão gostar de saber que sou eu.
Annelise virou de costas para Draco, ainda encostada na árvore, mesmo que ainda pudesse senti-lo próximo das suas costas.
Hagrid, então, se virou e sacudiu a cabeça para tirar os cabelos desgrenhados do rosto e soltou um grito estranho e agudo que ecoou pelas árvores escuras como o chamado de uma ave. Ninguém riu.
Novamente, ele gritou. Por um minuto, a turma ficou olhando para os lados, esperando apreensivamente que alguma criatura selvagem pulasse em cima deles, então Annelise viu, no espaço vazio entre dois teixos nodosos, dois olhos vidrados, brancos, brilhantes que foram crescendo na penumbra, depois surgiu a cara draconina, pescoço e em seguida, o corpo esquelético de um enorme cavalo alado negro surguiu da escuridão. O animal passou os olhos pelos alunos, sem ligar muito, e começou a comer os pedaços da vaca morta.
— Ah! — Annelise suspirou, com uma pontinha de alívio. Todos se viraram para ela, curiosos. Eles não conseguiam ver. Ainda procuravam o bicho aos arredores.
— Ah, e aí vem mais um! — Anunciou Hagrid orguhoso, quando outro testrálio apareceu para comer. — Agora, levantem as mãos... quem consegue vê-los?
Harry Potter ergueu a mão, seguido por Annelise, Jackson da Sonserina e Neville Longbottom.
— Sim, eu sabia que você seria capaz de vê-los, Harry... E você também, Neville? — Falava Hagrid. Ele olhou para ela. — E você, não sei seu nome... É aluna nova?
— Annelise Morgerstern, professor. Transferida de Ilvermorny.
— Ah sim... E vo-
— Com licença — Pediu Draco, a voz desdenhosa. — mas o que é que eu exatamente deveria estar vendo?
Hagrid apontou para a carcaça da vaca no chão em resposta. Os alunos a olharam com espanto por alguns segundos, soltando exclamações surpresas. Provavelmente só o que viam eram pedaços de carne flutuando e sumindo no ar. Annelise sentiu Draco a puxar para trás levemente, fazendo com que ela esbarrase em seu peito. Ela virou a cabeça e o encarou, as sobrancelhas franzidas.
— Fique longe dessa coisa. — Murmurou ele, fazendo com que ela revirasse os olhos e se afastasse dele, sentindo as bochechas corarem.
— Que exagero! — Reclamou.
— Que é que está fazendo isso? — Perguntou uma menina aterrorizada, recuando para trás da árvore.
— Testrálios. — Anunciou Hagrid, orgulhoso. Hermione soltou uma exclamação de compreensão. — Hogwarts tem um rebanho deles aqui na Floresta. Agora, quem sabe-
— Mas eles realmente trazem má sorte! — A mesma menina interrompeu, assustada. — Dizem que dão todo tipo de azar às pessoas que os veem. A Prof. Trelawney me disse que...
— Não, não, não! — Hagrid riu. — Isso é pura surperstição, eles são muito inteligentes e úteis! É claro que esses aqui não trabalham muito, só puxam as carruagens da escola.... E aí vem mais dois, olhem....
Mais dois cavalos saíram silenciosamente de trás das árvores, um deles passando muito perto de Pansy, que se encostou na árvore mais próxima com um gemido.
— Senti alguma coisa, acho que está perto de mim!
— Não se preocupe, ele não vai machucar você. — Hagrid era um professor muito paciente e, aparentemente, dedicado. Annelise estava cada vez mais imersa na aula. — Certo, agora, quem é capaz de me dizer por que alguns de vocês veem os Testrálios e outros não? — Hermione ergueu a mão, mas Hagrid olhava Annelise. — Que tal você, Annelise?
Ela deu um sorriso simpático.
— Os testrálios só podem ser vistos por pessoas que testemunharam a morte. Ou seja, uma pessoa que viu alguém morrer na sua frente.
— Exatamente. Dez pontos para a Sonserina. Agora, os testrálios...
Hem, hem.
Annelise se sentiu desolada assim que colocou os olhos em Umbridge. Sabia que dali em diante, a aula iria desandar. O professor que nunca ouvira o pigarro fingido dela olhou para o testrálio mais próximo com preocupação.
Hem, hem. — Repetiu ela, fazendo com que ele virasse o pescoço.
— Ah, olá! — Hagrid sorriu com simpatia.
— Você recebeu o bilhete que mandei à sua cabana hoje pela manhã? — perguntou Umbridge, a prancheta e pena preparadas em seus braços. Ela falava anormalmente alto. — Avisando que eu viria inspecionar sua aula?
— Ah, sim. Fico satisfeito que tenha encontrado o local sem dificuldade! Bom, como pode ver, ou não sei, será que a senhora pode? Hoje estamos estudando testrálios...
— Desculpe? — Interrompeu Umbridge, fazendo uma concha com as mãos atrás da orelha. — Que foi que disse?
— Ah... testrálios! — Hagrid respondeu confuso, elevando a voz. — Cavalos alados... hum... grandes, sabe. — Ele agitou os braços.
Umbridge baixou os olhos para a prancheta e murmurou em alto e bom som enquanto escrevia.
Tem...de...recorrer...a...grosseira....gesticulação.
— Bom, em todo o caso... — O professor parecia ligeiramente atrapalhado. — Hum, o que é que eu ia dizendo?
Parece...esquecer...o...que...estava...dizendo.
Annelise fuzilou Umbridge com os olhos, sentindo o peito queimar de raiva. Aquela mulher era o pior tipo de gente. Draco, sorrindo largo, parecia que tinha acabado de ganhar um presente. Hermione estava vermelha.
— Ah, sim... — Hagrid lançou um olhar preocupado à prancheta, mas prosseguiu. — Eu ia contar a vocês como foi que formamos um rebanho. Então, começamos com um macho e cinco fêmeas. Este, de nome Tenebrus, meu grande favorito, foi o primeiro a nascer na floresta...
— Você tem ciência — Interrompeu Umbridge. — que o Ministério da Magia classificou os Testrálios como perigosos?
Annelise suspirou audivelmente, atraindo alguns olhares.
— Os testrálios não são perigosos! Tudo bem, são capazes de tirar um pedaço de alguém que realmente os importunar... — Retrucou Hagrid, desconcertado.
Manifesta...prazer...à...ideia...de...violência.
— Ora...vamos! Quero dzer, um cão morde se a pessoa o importuna, não? Mas os testrálios somente ganharam má reputação por causa dessa história de morte... As pessoas costumavam pensar que era má agouro...
— Por favor, continue sua aula como sempre. — Umbridge disse apõs terminar a última anotação. — Eu vou andar um pouco...entre os alunos...e fazer perguntas. — Ela fazia mimica de cada palavra que dizia, fazendo Draco e Pansy terem crises de riso. Annelise fechou a cara e cruzou os braços, se encostando numa árvore. Viu Hermione resmungar com raiva, os olhos cheios de lágrimas.
— Hum... Em todo caso — Continuou Hagrid, tentando recuperar a aula. — Então... os testrálios... Sim, há muitas coisas boas sobre eles..
Para a infelicidade de Annelise, Umbridge parou na frente dela com um falso sorriso meigo nos lábios, a prancheta e a pena a postos.

— O que a senhorita tem achado da aula do professor Hagrid, senhorita Morgestern?

— Ah, estava ótima. — Annelise sorriu largamente. — Até agora. — Fechou o rosto, os olhos se estreitando para Umbridge. Ela viu uma faísca de raiva nos olhos da professora, que a ignorou e caminhou até Pansy.
— Você acha que é capaz de entender o que o Prof. Hagrid fala? — Perguntou em voz alta.
Pansy precisou conter as gargalhadas para responder.
— Não...porque, bom, muitas vezes parecem grunhidos.
Umbridge anotou prontamente a resposta dela em sua prancheta. As partes do rosto do professor que não estavam roxas coraram, mas ele tentou fingir que não ouvira.
— Hum... é.... coisas boas sobre os testrálios. Uma vez que sejam domesticados, como este rebanho, as pessoas nunca mais se perderão. Eles tem um espantoso senso de direção, é só dizer aonde se quer ir...
— Suponho que eles consigam entender você, naturalmente. — Disse Draco em voz alta, fazendo Pansy explodir numa nova crise de riso.
— Você consegue ver os testrálios, Longbottom? — Ele assentiu, olhando desconfiado para Umbridge. — Quem foi que você viu morrer?
— Meu...meu avô.
— E o que acha deles?
— Hum — Neville lançou um olhar para Hagrid. — Bom... eles... Ahh, tudo bem.
Os...alunos...se...sentem...intimidados....para...admitir...que...tem..medo.
— Não! Não, não tenho medo deles!
— Está tudo bem. — Umbridge deu palmadinhas no ombro dele. — Você receberá, os resultados, de sua inspeção, em dez dias. — Falou ela pausadamente e novamente fazendo mimica para Hagrid. Ela saiu pelos alunos e sumiu nas árvores.
Annelise bufou, nervosa, e andou até Draco.
— Você é tão, tão imaturo! Até mesmo você estava curioso com a aula! — Antes que ele pudesse responder, ela deu meia volta e se afastou dele.
Hagrid dispensou os alunos não muito tempo depois. A aula ficou completamente sem clima, o que a irritou dez vezes mais. Annelise voltou sozinha e caminhando o mais rápido que podia pelo caminho que os alunos abriram entre o gelo, praguejando sozinha.

***


Dezembro chegou e com ele uma preocupação avassaladora. Desde a última carta que Joseph a enviou, Annelise não ouvira mais nada dos pais. Com a aproximação do Natal, ficou imaginando se ficaria para passar o feriado na escola ou se iria voltar para casa.
Perto do último dia de aula, durante o café da manhã, a coruja da famíllia entrou voando no Grande Salão e jogou uma carta em frente a ela, que a pegou sentindo um misto de terror e curiosidade.

Annelise Rosier Morgerstern,
      Venha para casa no feriado.
    Joseph Morgerstern.

— Só isso? — Murmurou, sentindo uma pontada no coração. Seus pais não eram os mais carinhosos e atenciosos do mundo, mas costumavam escrever mais do que uma linha. Aquilo a desanimou.
— Vai passar o Natal em casa? — Draco perguntou ao se sentar ao lado dela. Annelise fechou o envelope e voltou a comer seu cereal em silêncio. — Sério que você vai continuar me ignorando? Isso não vai funcionar por muito tempo. Meus pais convidaram os seus para um jantar lá em casa no dia vinte e quatro.
Ela largou a colher e se virou para ele.
— Como é?
— É isso aí. Então, estou imaginando que essa carta seja Joseph ou Madeleine te avisando para embarcar na sexta...
Annelise suspirou, passando a mão pelo rosto, completamente estressada.
— Sua presença me perturba, Malfoy.
Ele riu.
— Ah, que isso, Morgestern! Se quiser outro beijo, é só pedir. — Murmurou, se aproximando dela.
— Gente, vocês vão passar o feriado onde? — Perguntou Zabini, largando um livro muito pesado na mesa com um baque. Draco se afastou no mesmo minuto.
— Em casa. — Disseram juntos.
— Onde você mora, Annelise? Quem sabe podemos sair...
— Está convidando ela para sair? — Perguntou Draco, a voz meio ríspida, o rosto espantado.
— Eu adoraria, Blásio. Te mando uma coruja quando chegar em casa. Depende do humor dos meus pais... Agora, será que pode ir comigo até a bibioteca?
— Hum, claro... — Ele deu uma olhada de esguelha para Malfoy. Annelise acenou com a cabeça o chamando e caminhou com pressa até a porta do Grande Salão.
Logo ele a alcançou, então os dois caminharam até as escadas em silêncio, subindo até a biblioteca sem dizer muita coisa. Lá, Annelise devolveu três livros para Madame Pince e assinou um pergaminho que comprovava a devolução em nome dela.
— Não ligue para Malfoy. Eu não o entendo, na verdade. Mas saiba que eu gosto muito de ficar com você. — Annelise parou no meio do corredor e sorriu para Blásio.
— Eu acho que já entendi o que está acontecendo, mas tudo bem, não se preocupe. Gosto de você, então... Draco pode fazer quantas caras feias quiser.
— Que bom que ele não te intimida, então. — Ela riu, os dois andando e descendo os degraus enquanto ela olhava ao redor, observando alguns quadros.
— Não a mim. Então, eu te mando uma coruja combinando um sorvete. — Blásio a cutucou com o dedo.
— Sorvete? Está quase nevando, Zabini.
— Ah, eu gosto! — Defendeu-se e colocou a mão no queixo, pensando. — Humm, chocolate quente então. Pode ser? — Terminaram de descer a escadaria e começaram a descer para as masmorras, alguns alunos da Sonserina indo na mesma direção. Ela o olhou e sorriu.
— Fechado.

**

— Umbridge está surtando. — Comentou Blásio com uma risadinha. — Ouvi ela esgoelar com McGonagall ali na entrada.
Era o último dia de aula e finalmente haviam fechado o trimestre, depois de dois dias exaustivos onde tiveram que passar algumas noites estudando e terminando os últimos trabalhos. Vestiam roupas de trouxas e tomavam o desjejum, pois às 11 horas pegariam o trem para a estação 9 3/4.
— Ainda sobre Potter e os Weasley terem sumido? — Annelise arqueou a sobrancelha, dando uma olhada para Hermione sentada sozinha na mesa da Grifinória, lendo o Profeta Diário. Enfiou uma colher de ovos mexidos na boca, mastigando distraidamente.
— É. Está obcecada. — Zabini começou a se servir de praticamente tudo que havia na mesa.
— Pensei que gostasse dela.
— Eu? Ah, não! — Ele fez careta. — Gosto de ver ela pegando no pé dos outros.
Annelise riu.
— É por isso que a Sonserina tem a fama que tem. — Ela deu de ombros, continuando a comer. Sentia uma inquietação que a deixava irritada, mas resolveu ignorar. Ficar se remoendo com ansiedade não ia adiantar nada.
Draco se sentou ao lado dela enquanto Crabbe e Goyle se sentavam ao lado de Zabini, na frente.
— E por que Potter pôde ir com eles? Ele nem é da família! — Resmungou Malfoy, alcançando uma maçã verde na fruteira e mordendo um pedaço, fazendo um barulho com os dentes.
— Ele nem tem família. — Blásio acrescentou com uma risadinha, sendo seguido pelos outros.
— Dumbledore só está aqui ainda pra puxar o saco dele. — Crabbe começou a colocar grandes porções de cereal crocante em sua tigela.
— É claro. Quer apostar que depois do sétimo ano ele vai se aposentar? — Draco balançava a perna direita, agitado. — Ainda bem que tem o feriado pra me distrair das babaquices dessa espelunca.
Annelise revirou os olhos, olhando Snape passar pelos alunos da Sonserina chamando a atenção por conta do horário.
— Apressem-se. As carruagens já estão prontas. — Disse com o costumeiro tom entediado ao chegar neles, dando uma olhada no grande prato de Crabbe e Goyle. Annelise já havia acabado, terminava apenas seu copo de suco de abobóra.
— Vou levar mais uma maçã para o trem. — Murmurou Malfoy, pegando mais uma e deixando na sua frente, na mesa. Annelise olhou para a fruta e depois para ele.
— O que você tem com maçã verde? Sempre te vejo com uma.
Draco se virou para ela, dando mais uma mordida. Depois de engolir, seus olhos cinzas olharam dentro dos dela, sem piscar, com uma intensidade que a obrigou retribuir.
— Gosto das verdes, em especial, porque são doces e cítricas na mesma proporção.
Annelise assentiu, a boca abrindo e fechando levemente. Ela piscou e se virou para Blásio, que abriu um largo sorriso sarcástico, mas não disse nada.


Quando o trem finalmente parou na estação e os alunos começaram a se movimentar para desembarcar, Annelise sentiu um frio subir pela espinha. Ainda assim, procurou ignorar aquele sentimento e saiu do trem, puxando o malão. Olhou ao redor, encontrando seu pai de braços cruzados, usando vestes negras e com uma aparência de mau humor. Ele estava ao lado de Lúcio Malfoy e os dois conversavam baixinho até Annelise parar em frente a eles.
— Annelise. — Disse o loiro, a olhando com curiosidade. — Onde está Draco?
— Não sei, Senhor Malfoy. Talvez esteja cumprimentando os pais de Blásio ou Crabbe.
O homem assentiu e seu pai se mexeu, dando um passo para a frente.
— Te vejo daqui uns dias, Lúcio. — Disse, se despedindo. — Vamos. — Num tom seco, ele agarrou o braço dela e a puxou para a frente.
Os dois aparataram direto para o portão da mansão Morgerstern. Ainda era de tirar o fôlego e ela se sentiu confortada ao ver que os jardins continuavam bem cuidados, assim como a casa, ainda que houvesse um pouco de neve em cima da grama e dos telhados. Uma sensação de normalidade em meio a todo o caos.
Joseph e ela entraram e Annelise olhou ao redor. O hall era espaçoso e redondo, uma escada enorme bem no meio levava até o andar superior. O chão era de madeira, um único lustre de cristais pendurado no teto. Annelise foi para a sala de estar, onde com um susto encontrou Madeleine. Ela continuava bem vestida como sempre, mas estava extremamente pálida, magra e abatida. As roupas que costumavam ser preenchidas estavam largas e ela parecia doente. Os olhos de sua mãe foram até Annelise, opacos e sem brilho.
— Madeleine! — Exclamou, correndo até ela e se ajoelhando em frente a poltrona onde ela estava. — Mãe, o que aconteceu?
— Você aconteceu. — Joseph respondeu num tom ácido atrás dela. Annelise se virou, olhando o rosto do pai se fechar numa expressão de ódio. — Sua tarefa é muito simples, Annelise. Mas você não parece estar querendo realizá-la.
— Eu quero! Eu juro que quero! Mas Potter não é idiota, Joseph! — Ela sentiu o desespero crescer em seu peito ao ver o pai tirar a varinha longa e negra das vestes. — Ele é cuidadoso, não confia em ninguém! Estou conquistando sua amizade aos poucos mas já fiz um grande progresso!
— O Lorde das Trevas quer o que quer, e ele o quer agora. Quanto mais você demorar para fazer Potter te dizer, mais tempo Dumbledore tem para descobrir o plano. E SUA MÃE — Joseph gritou, o rosto vermelho e os olhos vidrados, cheios de raiva. — ESTÁ SOFRENDO AS CONSEQUÊNCIAS POR SUA DEMORA! CRUCIO!
A dor que a atingiu foi tão forte que parecia a rasgar com uma faca cega de dentro para fora. Annelise caiu no chão com um gemido, sentindo os olhos se encherem de lágrimas.
CRUCIO! — Uma nova onda de dor a atingiu, tomando conta de seu corpo e mente.
— Joseph... — Madeleine interviu, a voz fraca murmurando. Ela se levantou da poltrona, olhando apavorada o corpo de Annelise tremendo no chão, enquanto a menina chorava, implorando para que seu pai parasse.
— Por favor... por favor... eu estou quase lá! — Seu corpo tremia de dor enquanto ela fazia esforço para que as palavras saíssem. Era como se mil facas quentes perfurassem cada centímetro de seu corpo. Ela não conseguia pensar. Seu cérebro parecia estar rachando ao meio e ela tremia, se encolhendo no chão e gritando.
Cruc...
Expelliarmus! — Annelise pôde ouvir sua mãe dizer, com rouquidão. A varinha de Joseph voou para outro cômodo e Madeleine se sentou suspirando, parecendo exausta. — Já chega, Joseph. Ela já entendeu.
O homem saiu furioso do cômodo, seus pés fazendo barulho e o estalo da aparatação fora a última coisa que Annelise ouviu dele. Ainda tremia e sentia as lágrimas escorrendo, a dor sendo substituída pela raiva que sentia de seu pai.
— Eu estou tentando. — Annelise disse, mais uma vez.
— Tente melhor. — Retrucou Madeleine com a voz seca.
Quando a dor melhorou e ela conseguiu se mexer, Annelise se levantou e foi para seu quarto, sentindo o olhar atento de Madeleine a seguir até perdê-la de vista. Subiu as escadas gemendo de dor, o corpo trêmulo e fraco. Quando chegou ao seu quarto desabou na cama, sentindo as lágrimas inundarem seu rosto outra vez. O malão de Hogwarts já estava ali e aquilo se devia a Loki, o elfo doméstico da família, mas ela não quis se levantar para retirar as roupas de dentro dele. Continuou na cama deitada por cima das cobertas, as botas, casaco e jeans ainda no corpo e chorou até dormir, finalmente se desligando da dor e do medo.


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Notas finais do capítulo

A situação de Annelise está ficando cada vez pior! Imaginem o psicológico dela, depois de tudo o que houve.

>> SPOILER CAPÍTULO 8 <''— Não te matarei agora pois ainda vou te dar mais uma chance. E isso só vai acontecer pois você não veio de mãos abanando, você me deu uma informação valiosa. O que você tem que fazer é muito simples, senhorita Morgestern [...]''

Vejo vocês no próximo capítulo xx



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