Poder e Controle [revisão] escrita por Anne


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

>> Frases ou palavras azuladas podem conter link para roupas dos personagens! A escolhe de ver é sua, mas alimenta a criatividade!



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PRÓLOGO

Madeleine acordou em um sobressalto na poltrona branca onde acabara pegando no sono. Era madrugada. Esticando a cabeça, a mulher olhou pela janela redonda na sala. O céu estava muito escuro e uma chuva fina começava a cair. Uma mecha de cabelo preto se desprendeu do coque e caiu em seu rosto delicado. Mais uma vez, Madeleine se sobressaltou, mas agora com o barulho da porta da frente se abrindo no hall de entrada. Puxando sua varinha das vestes, a mulher se levantou em prontidão e caminhou devagar como uma gata.

— O que está fazendo? – Perguntou o marido, Joseph, ao dar de encontro com a esposa. Ela o olhou de cima a baixo com certa irritação.

— Onde esteve até essa hora da madrugada? – Perguntou Madeleine, olhando o relógio cuco na sala. 02:35 am.

— Estava na mansão Malfoy. — Disse ele, tirando o pesado casaco preto dos ombros e pendurando-o. Joseph deu um pequeno sorriso astuto para a esposa, que ainda tinha a varinha apontada ameaçadoramente para o homem.

— Mansão Malfoy? – Ela arqueou a sobrancelha. – O que isto quer dizer?

Joseph abriu o sorriso e caminhou para a cozinha, sendo seguido de perto por Madeleine. Enquanto pegava a chaleira de prata no armário da cozinha, respondeu:

— Significa que está na hora de pegarmos Annelise em Ilvermorny e trazê-la para Hogwarts.

CAPÍTULO 1

 

— Então, você era aluna de Ilvermorny? – Perguntou a mulher loura sentada na outra ponta da mesa de vidro. Ela usava vestes extremamente chiques e verdes. Bebia seu chá com um dedo esticado e com muita classe. Na outra cabeceira, se encontrava Madeleine Morgerstern. A morena também não ficava atrás no quesito riqueza e beleza. Usava um vestido com corte perfeito preto e jóias azuis. Seu cabelo preto longo e ondulado descia como uma cascata até a cintura. Ao seu lado, uma menina que tinha seu rosto mas os cabelos louros do pai usava roupas mais simples, afinal, era apenas uma adolescente.

— Sim, Sra. Malfoy. – Annelise Morgerstern tinha uma feição debochada natural. Sabia quem era aquela loura, sabia qual era aquela mansão e qual a fama daquela família. Mesmo assim, não se sentia nem um pouco intimidada. – Ilvermorny foi inspirada em Hogwarts. Também temos quatro casas.

— E qual era a sua? – Perguntou Narcisa Malfoy, cortando um pedaço de bolo de laranja e levando aos lábios com seu garfo de prata.

— Pumaruna.

— E o que Pumaruna representa, querida?

— Pumaruna é a casa da criatura que tem seu nome. Rápida, forte e quase impossível de matar. Foi nomeada pelo fundador Webster Boot em homenagem a esta criatura felina que se destaca por sua quase imortalidade e grande força. Ela representa o corpo de um bruxo e favorece os alunos com espírito combativo.

Narcisa Malfoy analisou mãe e filha e a evidente distância entre elas. Não física, mas emocional.

— Impressionante. – Ela bebeu mais chá e depositou a xícara vazia no pires com detalhes de ouro. – E você, Madeleine? Também aluna de Ilvermorny, certo?

— Sim. Mas minha casa era Serpente Chifruda. Representa a mente do bruxo e favorece alunos intelectuais. – Os lábios com batom vermelho de Madeleine deram um sorriso presunçoso.

— Todos em minha família foram de Sonserina. Meu marido, eu, minha irmã Bellatrix, meus pais...  Meu filho Draco, também.

— Onde está Draco? – Questionou Madeleine, cruzando as pernas.

— Está na casa de seu amiguinho de escola, Crabbe.

Annelise engoliu um sorriso zombeteiro ao mesmo tempo que diversos homens e mulheres vestidos de preto saíam de uma sala que estivera fechada por quase três horas. A menina viu seu pai entre eles, dando tapinhas nas costas de um homem de cabelo louro que passava dos ombros. O que as separava do hall onde aquelas pessoas estavam era um pequeno corredor. As três se levantaram e o cruzaram, chegando até eles. 

— Annelise, querida. Venha com o papai. – Joseph ofereceu o braço para a filha e ela o pegou, sem entender.

— Joseph! – Madeleine protestou, os olhos afiados e a boca franzida.

— O mestre quer vê-la. — Joseph mal a olhou nos olhos.

— O que?! – Perguntou a mulher, um pânico evidente nos olhos verdes.

— Deve ser feito o que é pedido, Madeleine. Não se intrometa. – Respondeu Lúcio Malfoy, se dirigindo outra vez para a sala enquanto alguns Comensais aparatavam.

— Será rápido. – Respondeu Joseph, puxando Annelise pelo braço. Pela porta aberta da sala, ela viu um homem alto e magro de costas, careca. Ele usava vestes longas e verdes. Virou-se para trás, olhando para a Madeleine em busca de ajuda, mas a última coisa que viu antes das portas se fecharem foi Narcisa abraçando e consolando sua mãe que começara a chorar.

**

— Me escreva. – Mandou Madeleine, antes de Annelise entrar no trem que a levaria para Hogwarts. Ela tinha as duas mãos nos ombros da filha, num carinho estranho.

— Vou escrever, mãe.

— Está nervosa? – Madeleine olhou o Expresso de Hogwarts com um ar de desconfiança. – Não fique nervosa.

— É você que parece nervosa. – Sorriu Annelise. O apito soou alto, e os alunos que ainda estavam para fora começaram a entrar. – Preciso ir.

Madeleine crispou os lábios e a abraçou rapidamente.

— Se cuide. E me escreva.

— Eu vou.

Annelise entrou no trem e acenou para a mãe. Virou-se para o corredor apinhado de alunos falantes e tentou encontrar uma cabine vazia. Andou de ponta a ponta no trem, que já corria nos trilhos, sem encontrar um lugar vago. Então, na última cabine, encontrou um menino que parecia muito familiar. Ele era alto, de cabelos louros e olhos muito cinzentos. Sua cara gritava Malfoy. Annelise abriu a porta e entrou.

— O que está fazendo aqui? – Perguntou o louro rispidamente. Dois meninos muito mais altos e fortes a encararam. Todos usavam vestes pretas e verdes e tinham um brasão de cobra na capa.

— Isso é modos, Malfoy? – Perguntou Annelise, com um sorriso desafiador. Ela arqueou uma sobrancelha enquanto usava um feitiço para acomodar seu malão na parte de cima da cabine e se sentava.

— Quem é você? – Perguntou ele, medindo-a com os olhos frios.

— Annelise Morgerstern.

Ao dizer o sobrenome, foi como se uma luz atingisse os três meninos naquela cabine. Annelise se recostou no banco e cruzou as pernas e os braços, analisando com um divertimento palpável a cara dos três. O loiro, então, esticou a mão.

— Draco Malfoy.

**

Annelise fora selecionada para Sonserina quando foi fazer sua matrícula com sua mãe, então suas vestes já estavam prontas e ela se sentou em qualquer lugar na mesa da Sonserina. Os alunos conversavam entre si, enquanto Annelise esperava alguma coisa acontecer. No mesmo minuto, as portas do Salão Principal se abriram e as conversas cessaram. A mesma professora que a selecionou no meio do verão liderava um número de alunos pequenos, novatos. Eles caminharam por todo o salão sob os olhos dos veteranos e pararam de frente para a mesa dos professores. A professora McGonagall puxou o Chapéu Seletor e endireitou o banquinho. Um rasgo se abriu no Chapéu e ele entoou numa voz alta:

’’Em tempos antigos, quando eu era novo

E Hogwarts mal havia começado

Os fundadores dessa nobre escola

Achavam que nunca se separariam:

Unidos por um objetivo comum,

Eles tinham a mesma aspiração,

Fazer a melhor escola de magia do mundo

E passaram todo o conhecimento deles.

‘Juntos nós construímos e ensinamos’

Os quatro bons amigos decidiram

E nunca sonharam que eles

Seriam divididos algum dia,

Pois onde poderia haver amigos

Como Slytherin e Gryffindor?

A não ser se fosse o segundo par

De Hufflepuff e Ravenclaw?

Então como pode ter dado tão errado?

Como pode tal amizade falhar?

Bem, eu estava lá e posso contar

Todo o triste, pesaroso conto.’’

A escola toda prestava muita atenção, com visível afeto e respeito pelo chapéu. Annelise, principalmente, queria saber mais do que os professores de Ilvermorny podiam contar, e ela estava ali, onde tudo começou, em Hogwarts.

’’Disse Slytherin: nós ensinaremos apenas aqueles

Cujo ancestral é puro.

Disse Ravenclaw: Nós ensinaremos aqueles

Cuja inteligência é perfeita.

Disse Gryffindor: Nós ensinaremos todos aqueles

Com bravos atos em seu nome.

Disse Hufflepuff: Ensinarei a laia,

E os tratarei como iguais.

Essas diferenças causaram pouca discussão

Quando pela primeira vez vieram à luz

Pois cada um dos fundadores tinha

Uma casa em que podiam

Pegar somente o que eles queriam, e então,

De início, Slytherin,

Pegou somente bruxos de sangue puro

De grande astúcia, como ele,

E apenas aqueles com a mente afiada

Eram ensinados por Ravenclaw

Enquanto os mais bravos e destemidos

Foram com o audacioso Gryffindor.

Boa Hufflepuff, ela pegou o resto,

E ensinou a eles tudo o que sabia.

No entanto as casas e seus fundadores

Permaneceram com a amizade firme e verdadeira.

E Hogwarts, então, trabalhou em harmonia

Por muitos felizes anos

Mas então a discórdia cresceu entre nós

Alimentando nossas falhas e medos.

E as casas, que como quatro pilares

Tinham uma vez segurado nossa escola,

Agora se viraram uma contra a outra,

Divididas, procuravam dominar.

E por um tempo parecia que a escola

Encontraria um fim próximo,

O que com duelos e lutas

E a colisão de amigos com amigos

E então veio a manhã

Em que o velho Slytherin partiu

E então a luta morreu

Ele saiu bem magoado

E nunca, desde que os quatro fundadores

Que foram reduzidos a três,

Tiveram as casas unidas

Como elas uma vez foram.

E agora o Chapéu Seletor está aqui

E todos vocês sabem o porquê:

E selecionarei vocês nas casas

Porque é por isso que eu estou aqui,

Mas esse ano eu irei mais longe,

Ouçam atentamente a minha canção:

Mesmo que condenem, eu separarei vocês

Ainda que eu ache isso errado,

Mas eu devo completar meu propósito

E devo dividi—los em quatro todo ano

Ainda eu espero que seja qual for a seleção

Não traga o fim que temo.

Oh, saiba os perigos, leia os sinais,

A história de aviso mostra,

Que nossa Hogwarts está em perigo

De externos, mortais inimigos

E nós devemos nos unir dentro dela

Ou nós iremos nos despedaçar

Eu os falei, eu os avisei...

Agora que a seleção comece. ’’

O Chapéu tornou a ficar imóvel e calado. Os aplausos vieram acompanhados de sussurros. Ao seu lado, Annelise ouviu alguns alunos dizerem que o Chapéu Seletor nunca havia dado avisos. Com um arrepio nos braços, ela se perguntou se o Chapéu sabia de sua missão, mas quase riu de si mesma por temer um mero objeto quase inanimado.

A professora esguia lançou um olhar carrancudo às quatro mesas e abriu um pergaminho. Abriu a boca e chamou:

— Abercrombie, Euan.

O menino pequeno e desengonçado tropeçou ao subir para se sentar no banco. A professora colocou o Chapéu na cabeça. Ele ficou quieto por um instante, e então gritou:

— GRIFINÓRIA!

Vagarosamente, aluno por aluno foi selecionado, sendo recebido por uma chuva estrondosa de aplausos das casas. Então, quando a última aluna foi selecionada, Dumbledore se levantou e abriu os braços como um avô recebendo os netos.

— Par os nossos novatos – Disse Dumbledore com um sorriso largo. – Bem vindos! Para nossos alunos antigos, bem vindos de volta! Há uma hora para fazer discursos, e não é agora. Bom apetite! – Ele bateu palminhas e as mesas se encheram em um piscar de olhos com os mais diversos tipos de comida.

Enquanto jantava, percebeu que os Sonserinos ficavam extremamente orgulhosos de alunos novos, então muitos puxaram conversa com ela. Ao longe, na mesa, notou uma garota de cabelos curtos e negros pendurada no pescoço de Draco. Ele não ligava muito para a presença dela ali, mas muitas garotas da Sonserina ligavam. Olhavam feio para a menina. Observando o resto do Salão, viu Harry Potter encarando Draco e dizendo alguma coisa para um fantasma ao seu lado. Annelise sufocou uma gargalhada e terminou de jantar. Cutucou a menina ao seu lado.

— Onde fica nossos aposentos?

— Ah, todos vamos juntos. Logo, logo, o professor Dumbledore nos dispensa. – Ela sorriu e se virou, voltando a conversar com sua amiga.

Entediada, Annelise resolveu comer mais um pedaço de pudim e analisar a mesa dos professores. Sentiu uma curiosidade aguçada em relação ao diretor. Ele era o homem mais poderoso de todos os tempos, segundo tudo o que já ouvira falar. O único bruxo que Voldemort temia ou respeitava.

Quando todos terminaram de jantar, Dumbledore se levantou mais uma vez e no mesmo minuto todos cessaram a conversa.

— Bem, agora que estamos todos digerindo outro magnífico banquete, peço uns poucos momentos de sua atenção para os nossos usuais avisos de início de ano. – Disse Dumbledore. – Alunos do primeiro ano devem saber que a floresta do terreno é terminantemente proibida para alunos. E uns poucos de nossos alunos mais velhos devem relembrar mais uma vez. O Sr. Filch, nosso zelador, me pediu, pelo que ele me disse é a quadricentésima sexagésima segunda vez, para lembra-los que mágica não é permitida nos corredores entre as classes, nem um monte de outras coisas, e todas podem ser checadas na extensa lista que agora fica fixada na porta do escritório do Sr. Filch. – Ele limpou a garganta antes de prosseguir. – Nós tivemos duas mudanças na equipe de professores esse ano. Estamos muito felizes em dar as boas vindas de volta à professora Grubbly-Plank, que estará dando aulas de Trato das Criaturas Mágicas. Também estamos encantados de apresentar a professora Umbridge, nossa nova professora de Defesa Contra as Artes das Trevas.

Alguns aplausos educados e sem entusiasmo soaram pela escola. Dumbledore voltara a dizer alguma coisa sobre times de Quadribol quando parou de falar e se virou para a professora Umbridge com curiosidade. Ela estava em pé, coisa que mal se dava para notar devido sua pouca altura. Alguns alunos não entenderam muito bem o motivo de Dumbledore se interromper, mas ficou claro quando a professora Umbridge soltou outro pigarro.

— Caramba, ninguém nunca interrompeu Dumbledore antes! – Murmurou uma menina ao seu lado. Annelise a olhou rapidamente e quando voltou para a frente, o diretor havia se sentado e a pequena mulher vestida de rosa da cabeça aos pés caminhava para a frente.

— Obrigada, diretor, por essas educadas palavras de boas vindas. – Sua voz era fina, melosa e ofegante. Ela sorriu para Dumbledore. Com outro pigarro, continuou: — Bem, é adorável estar de volta a Hogwarts, e devo dizer, ver rostos tão felizes olhando para mim! — Annelise olhou ao redor, e sufocando uma risada, notou que os alunos olhavam quase atordoados para ela. – Eu estou realmente esperando conhecer todos vocês e estou certa de que seremos ótimos amigos! O Ministro da Magia sempre considerou a educação de jovens bruxos e bruxas de vital importância. Os raros dons com os quais vocês nasceram poderiam não servir a nada se não fosse nutridos e afiados por instruções cuidadosas. As habilidades anciãs exclusivas para a comunidade de bruxos devem ser passadas por gerações pois podemos perde-las para sempre. O tesouro guardado pelo conhecimento mágico passado por nossos ancestrais deve ser guardado, reabastecido e polido por aqueles que foram escolhidos para a nobre profissão de lecionar. – Umbridge se virou para os outros professores e os olhos castanhos da professora McGonagall se contraíram tanto de desdém que parecia um falcão. – Cada diretor e diretora de Hogwarts tem trazido algo de novo para a pesada tarefa de governar essa histórica escola, e assim é que deveria ser, pois sem progresso haveria estagnação e decadência. Há de novo, progresso por  progresso deve ser desencorajado, pois nossas tentadas e testadas tradições geralmente não requerem mudanças. Um balanço então, entre o velho e o novo, entre permanecer e mudar, entre tradição e inovação...

Os alunos começaram a conversar entre si gradativamente, reclamando do discurso chato e entediante da professora. Obviamente o grande respeito que tinham pelo discurso de Dumbledore não se aplicava à Umbridge, mas Annelise manteve os ouvidos afiados, pensando e refletindo cada palavra que saia da boca daquela mulher, principalmente pelo fato de ela ter começado seu discurso mencionando o Ministro da Magia. Seu pai lhe avisara que isso ia acontecer, que havia alguém para complicar a vida de todos em Hogwarts naquele ano. E Annelise acabara de achar a culpada. Pouquíssimos alunos além dela ainda ouviam com atenção o discurso, entre eles a amiga de Potter.

—... Porque algumas mudanças virão para melhor, enquanto outras virão, ao completar o tempo, a ser reconhecidas como erros de julgamento. Enquanto isso, alguns velhos hábitos serão mantidos, e com o mesmo direito, haverá outros, fora de moda e fora de gasto que devem ser abandonados. Vamos ir para a frente, então, entrem numa era de aberturas, efetividade e acontabilidade, com o intento de preservar o que deve ser preservado e aperfeiçoar o que deve ser aperfeiçoado, podando sempre que acharmos práticas que deveriam ser proibidas.

Umbridge finalmente se sentou e Dumbledore, muito educado, foi o primeiro a aplaudir seguido pelo corpo docente, que o fez com pouco entusiasmo e muita cara fechada.

— Muito obrigado, professora Umbridge. Isso foi bastante esclarecedor. – Dumbledore disse, mais uma vez em pé. – Agora, como eu estava dizendo, as seleções de Quadribol serão...

Após uns vinte minutos, o professor Dumbledore dispensou toda a escola. Os monitores guiaram os alunos da Sonserina em direção às masmorras, sempre descendo. Como era de se esperar, a sala comunal da sua casa era mais fria que o restante do castelo, principalmente quando viu que as janelas que iam do chão ao teto mostravam o fundo do lago da escola. Era uma sala muito chique, com tapeçaria, cortinas pesadas, sofás e poltronas de couro preto e duas lareiras enormes. Mesas de madeira maciça escura, cadeiras e algumas prateleiras com livros.

— Qual a necessidade de chegar falando um monte de bobagem? – Draco Malfoy soou irritado atrás dela e se jogou no sofá preto. Os dois amigos e a mesma menina da mesa ficaram ao seu redor. Annelise se apoiou nas costas do sofá e olhou para o rosto de Malfoy.

— Você não entendeu nada, não é mesmo? – Annelise riu. Draco se sentou e a olhou com atenção.

— E tinha algo para entender? – Perguntou com petulância. Annelise assentiu com um sorriso de deboche. – Diz aí, já que você ouviu tudo.

— Ela quis dizer que o Ministério vai interferir em Hogwarts. Boa noite.

Annelise virou as costas, deixando a informação com Draco e sua trupe de sanguessugas. Subiu uma escada de pedra fria e procurou seu quarto. Encontrou a porta e a abriu.

A janela do quarto também ficava para o lago, com uma luz fantasmagórica e verde iluminando o quarto. Quatro camas de casal enormes de dossel preto e cobertas verdes e muitos travesseiros estavam arrumados na cama. A porta ficava no meio de quatro guarda-roupas com uma pequena plaquinha. A mesma menina que estava pendurada no pescoço de Draco no jantar havia subido atrás dela e agora escrevia seu nome na plaquinha do armário com sua varinha: ’’Pansy P.’’

Annelise se levantou e escolheu o guarda-roupa que ficava de frente para sua cama. Com um aceno de varinha, começou a tirar todas as suas roupas e coisas do malão e arrumar dentro do guarda-roupa, enquanto deitava na cama.

— Uau, minha mãe nunca me ensinou a fazer isso com a varinha. Ela diz que eu mesma tenho que arrumar. – Falou Pansy, olhando as roupas de Annelise voando do malão.

— Nem a minha. Aprendi em Ilvermorny. — Ela não esperou resposta da menina e virou as costas. Ao terminar de arrumar as roupas, Annelise se levantou e fechou as portas. Apontou a varinha para a placa e assinou ’’A. Morgerstern’’. Depois, trocou de roupa e colocou seu pijama. Deitou na cama, que era um pouco menor que a sua em sua mansão e rapidamente caiu no sono.

**

Annelise foi a primeira a acordar em seu quarto. Se vestiu com o uniforme da escola rapidamente, penteou os cabelos e foi para o Salão Principal tomar café da manhã. Se sentou sozinha, comendo bolo de pão e bebendo um suco de laranja. O professor Snape andava entre os alunos da Sonserina distribuindo o horário.

— Morgerstern. – Disse ele, entregando o papel a ela. Ela acenou com a cabeça e deu uma olhada rápida.

— Bom dia. – Disse uma voz fria. Annelise olhou para a frente e viu Draco Malfoy sentado sozinho em sua frente. Usava o uniforme, exceto a capa preta, que ele jogou em cima da mesa. As mangas da camisa branca e do suéter estavam enroladas até o cotovelo, deixando-o estupidamente charmoso.

— Malfoy. – Cumprimentou ela, bebendo seu suco. Draco mordeu uma torrada cheia de manteiga e a olhou. Depois de engolir, disse:

— Soube que foi na minha casa nas férias. Com seus pais.

Annelise apoiou os braços cruzados na mesa e se inclinou para frente.

— Soube, é?

— Crabbe me contou. O pai dele e de Goyle estavam lá. – Ele mordeu mais uma parte da torrada. Uma pequena ruga estava entre suas sobrancelhas e ele a olhava esquisito.

— E daí, Malfoy? O que você quer? – Perguntou Annelise rispidamente.

— Nada. – Ele deu de ombros, pegando o horário que Snape empurrava na mão dele. O professor virou e saiu. – A primeira aula é de Herbologia. Vamos indo?

Annelise o olhou desconfiada.

— Onde estão seus brutamontes e a namorada?

Uma risada fria saiu da garganta de Draco.

— Eles estão por aí. E Pansy não é minha namorada.

— Não sou? – Perguntou uma voz afetada extremamente ofendida. Pansy Parkinson estava atrás de Draco, com as bochechas vermelhas de raiva.

— Não. – Ele puxou sua capa da mesa e se levantou. – Vamos, Morgerstern.

Annelise se levantou, acompanhando Draco e pendurando sua bolsa no ombro. Precisava da amizade dele e tinha que se lembrar constantemente disso. Draco era um tanto quanto arrogante, mas Annelise se julgava forte o suficiente para aguentar.

Ao chegarem nas portas de Hogwarts, notaram uma chuva caindo do lado de fora. Draco cobriu a cabeça com a capa preta e ela fez o mesmo. Ambos correram até a estufa da Prof. Sprout e entraram lá dentro rapidamente.

A aula de Herbologia se passou sem grandes emoções, principalmente sendo uma aula fácil para Annelise. Draco ficou ao seu lado o tempo todo, o que fez com que Pansy a olhasse com raiva inúmeras vezes. Os dois amigos de Draco também estavam por ali, mas ficaram apenas ao lado dele. Annelise desconfiava que Malfoy estivesse tão curioso quanto o motivo de ela ter ido à uma reunião de Comensais da Morte que era a razão de estar perto dela.

A terceira aula era de Poções, o que Annelise considerou uma sorte. Era muito boa nessa matéria e ouvira maravilhas a respeito do professor Snape, que também era o diretor da Sonserina. Annelise andou rápido para se livrar de Draco e testar sua teoria, e assim que ocupou um lugar na bancada, viu o loiro se sentar ao lado dela.

— Ótimo. Mais um ano de poções com os idiotas da Grifinória. – Resmungou ele, olhando de canto para os alunos da outra casa. Annelise se virou no banco e viu Harry Potter entrar com seus dois amigos e ocuparem um lugar nos fundos. Em seguida, Snape entrou e fechou a porta da masmorra com um estrépido, causando um silêncio profundo nos alunos. Annelise virou para a frente.

— Antes de começarmos a aula de hoje – Disse Snape, remexendo em alguns pergaminhos em sua mesa e virando-se para encarar os alunos. – Eu acredito que seja apropriado lembra-los que em junho vocês vão estar encarando um exame importante, durante o qual cada um vai estar provando o quanto aprendeu sobre a composição e o uso das poções mágicas. Sendo alguns dessa classe claramente estúpidos, eu espero de vocês um sofrível ’’aceitável’’ em seus N.O.M.s, ou vão sofrer meu... descontentamento. – Ele fez uma pausa onde encarou alguém com um olhar nada amigável. – Depois desse ano, é claro, muitos de vocês não vão mais estudar comigo. – Snape continuou. – Eu apenas aceito os melhores em minhas classes para os N.I.E.M.s, o que certamente quer dizer que alguns de vocês estarão, felizmente, se despedindo. – Outra pausa. — Mas ainda temos um ano antes desse momento alegre de despedida – Disse suavemente. – Então estando ou não vocês dispostos a tentar os N.I.E.M.s, eu aconselho todos a concentrarem todos seus esforços em manter os níveis mais altos como espero de meus estudantes de N.O.M.s. Hoje nós vamos misturar uma poção que costuma ser dada em Níveis Ordinários de Magia: o Gole da Paz, a poção para acalmar a ansiedade e suavizar a agitação. Tenham cuidado: se você pesar a mão nos ingredientes vão colocar quem a beber em um sono pesado e às vezes irreversível, então precisam prestar muita atenção no que estão fazendo. – Annelise se aprumou na cadeira, sendo espiada por Draco. – Os ingredientes e método – Snape balançou sua varinha, fazendo aparecer as anotações no quadro. – Estão no quadro negro. Vocês vão encontrar tudo o que precisam no armário de estoque. – Ele balançou a varinha outra vez e a porta do armário se abriu. Vocês tem uma hora e meia. Comecem.

Uma agitação surgiu nos alunos. Alguns começaram a conversar baixo, outros se levantaram para pegar os ingredientes e o restante parecia em pânico. Annelise começou a ler o passo a passo da poção atentamente, e quando chegou no fim, uma careta de desagrado era visível em seu rosto.

— Ah! – Resmungou, se levantando do banquinho e ficando em pé.

— O que? – Perguntou Draco, se levantando também. Os dois caminharam até a fila que se fazia no armário de estoque.

— É uma poção bem chata... Os ingredientes tem que ser adicionados ao caldeirão na ordem e quantidade certa, a poção precisa ser mexida um número exato de vezes, primeiro no sentido horário e depois no anti-horário, o fogo precisa de um determinado grau em determinado minuto, antes do ingrediente final...

Malfoy deu de ombros e um sorrisinho surgiu no canto de sua boca. Os dois começaram a juntar os ingredientes e voltaram para sua bancada.

— Eu sou ótimo em poções. Espero que você não me coloque para dormir até o ano que vem.

Annelise sorriu.

— Olha só quem tem senso de humor! Estou impressionada!

Os dois ficaram quietos quando começaram a fazer a poção. Estavam muito concentrados em suas tarefas, e Annelise já começava a sentir calor com o vapor quente que saia do caldeirão. Ela notou que cada vez que Snape se aproximava de um determinado aluno da Grifinória, o menino se assustava e derrubava qualquer coisa que estivesse em suas mãos, levando uma bronca do professor. Aquilo, é claro, parecia divertir muito Draco.

— Um leve vapor prateado deve estar agora levantando de suas poções. – Avisou Snape faltando dez minutos para acabar o tempo.

O caldeirão de Annelise tremeluzia com uma nuvem de vapor prateado, já a de Draco estava ligeiramente mais forte. Snape corrigiu a dele quase amigavelmente e deu dez pontos à ela por sua poção perfeita, e então seguiu para a fileira da Grifinória.

— Então, qual carreira você quer seguir? – Perguntou Draco, limpando a bancada. Ele olhou para ela rapidamente, um fio de cabelo loiro caindo em sua testa.

— Auror. – Respondeu Annelise, dando um sorriso sarcástico. Draco deu uma gargalhada audível ao ouvir a resposta.

— Veja só quem mais tem senso de humor.

— Bom, não sei ainda. E você?

— Medibruxo, talvez. – Respondeu ele com seriedade, empurrando seu caldeirão para a frente.

— Excelente profissão. – Elogiou, recebendo um sorriso fraco como resposta. Antes que ela pudesse puxar mais assunto com Malfoy, ele se virou para a parte de trás da masmorra e deu um largo sorriso maldoso.

— Potter, o que isso deveria ser? – Perguntou Snape à Harry, atraindo a atenção dos alunos da Sonserina. Annelise também girou no banco e ficou olhando a cena.

— O Gole da Paz. – Respondeu Harry.

— Diga-me, Potter – Snape falou suavemente. – Você sabe ler?

Draco soltou uma gargalhada alta ao lado de Annelise.

— Sim, eu sei. – Respondeu Potter, um tanto quanto agitado.

— Leia a terceira linha da instrução para mim, Potter.

Ele se virou para a lousa e apertou os olhos atrás dos óculos. Annelise olhou ao redor, notando que seria difícil ele conseguir ler as instruções daquela distância com tanta fumaça saindo de diversos caldeirões.

— Adicionar pó de pedra-da-lua, mexer três vezes no sentido horário, deixe cozinhar por sete minutos e adicione duas gotas de xarope de hellebore.

Snape cruzou os braços atrás do corpo e fitou Harry.

— Você fez tudo que mandava a terceira linha, Potter? – Ele respondeu algo inaudível, fazendo Snape dar um passo para mais perto. – Perdão...?

— Não. – Respondeu Harry mais alto. – Esqueci o hellebore.

— Eu sei que você esqueceu, Potter, o que quer dizer que essa mistura não vale nada. Evanesce. – O conteúdo da poção de Harry desapareceram, deixando o caldeirão vazio. – Aqueles que conseguiram ler corretamente as instruções, encham um frasco com uma amostra da sua poção, etiquetem claramente com seu nome e tragam para minha mesa para ser testada. – Disse Snape. – Dever de casa. Trinta centímetros e meio de pergaminho sobre as propriedades da pedra-da-lua e seus usos para o preparo de poções, para ser entregue na quinta-feira.

Annelise revirou os olhos enquanto se voltava para seu caldeirão, enchendo o frasco de vidro com sua poção e tampando. Escreveu Annelise Morgerstern caprichosamente num pedaço de pergaminho e levou para a mesa do professor. Guardou suas coisas e se sentou outra vez, notando que Potter estava sozinho. Era a oportunidade perfeita. Ela se levantou, e balançando os cabelos de veela que herdara da avó, foi até ele.

— Não acredito que ele esvaziou tudo! – Comentou, espiando dentro do caldeirão vazio. Harry a olhou, os olhos verdes escuros de raiva.

— É, nem eu.

— Fala sério. – Ela se apoiou com o braço esquerdo na bancada dele. – Vi poções muito piores. A de um menino ali na frente, da sua casa, está tão dura que ele está raspando o caldeirão!

— É o Neville. – Harry sorriu um pouco. Annelise assentiu, enquanto olhava pra ele. Viu os olhos do menino passarem rapidamente por seu rosto e em seguida, na gravata verde da Sonserina em seu pescoço. Esperta que era, utilizou o charme de veela e abriu um sorriso largo enquanto esticava a mão para a frente.

— Sou Annelise Morgerstern. Sou nova.

Potter segurou a mão dela e a apertou, sorrindo de volta e a olhando nos olhos. Ah, o charme de veela! Dá sempre certo, pensou.

— Harry Potter.


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Notas finais do capítulo

Uau! Ficou grande, né?
Agora que vocês já foram introduzidos no ambiente da história e viram como é o ambiente familiar de nossa Annelise, o que será que guarda o capítulo 2?

2 comentários e eu posto!
Um beijo!!



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