Lar escrita por MJthequeen


Capítulo 16
Richard


Notas iniciais do capítulo

Explicações no fim do capítulo. Obrigada por todo o amor com a minha história, vcs não sabem como sou extremamente grata.

Boa noite, Gotham!



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Richard

30 de Junho

21hrs14min

O café parece mais amargo, mesmo que eu nunca tenha colocado açúcar, nenhuma vez. Nem quando era pequeno. Eu levo a caneca até os lábios, provando o pequeno vazio do motorhome. Meus pais não tinham o luxo de escolher em que cidade iriam desfazer as malas, ou como possivelmente seus quartos seriam decorados – não creio que eles quisessem, de qualquer forma. O trem foi nossa casa por muito tempo, mas eles não se importavam. Eles gostavam disso. Mamãe nunca podia ficar parada em um só lugar por muito tempo; papai a seguiria até o inferno.

Até Gotham.

Gotham encheu os bolsos do Circo Haly, motivo mais que suficiente para que eles constantemente passassem por aqui – ninguém pode dizer que esse lugar nunca amou uma palhaçada. Por algum motivo que talvez eu nunca possa entender, minha mãe se afeiçoou à cidade. Ela sorria mais sempre que estávamos por aqui e nós dois, eu e meu pai, éramos facilmente contagiados. O trailer foi comprado para todas as vezes que víamos para cá – foi a primeira vez que tivemos algo perto de um lar normal. Foi a primeira vez que eles tiveram que imaginar onde pendurariam as fotos ou cartazes, se preocupar com coleção de talheres e panelas. 

Eu não imaginava que esse veículo sequer continuava existindo.

Agora, parece real o suficiente para mim.

Quando dou meia volta para me sentar no banco estofado, posso ver meu reflexo no espelho superior, ao lado do terceiro armário. Eu estreito os olhos, circulados por olheiras mais escuras do que as que eu estava acostumado. Quando passo a língua sobre os lábios, não sinto gosto nenhum de café. Isso era mesmo barba por fazer? Era o que parecia, embora minha mente se negasse. Parece que é a primeira vez que me olho desde que Alfred me deu as chaves para esse lugar.

Não é o tipo de cofre que se quer abrir.

Eu tomo o restante do café e deixo a caneca sobre a pia cheia de louça, imaginando que teria que lavar em algum momento – logo.  O banheiro do trailer é apertado, como um armário de vassouras, mas é o suficiente para eu me esgueirar até a pia e usar minhas mãos para apoiar-me sobre a porcelana. O único espelho é alto, não alto o suficiente para que eu não me veja, e manchas escuras percorrem suas laterais.

Os olhos da minha mãe são uma constância não ignorável, mas é a primeira vez, em muitos anos, que estou tanto tempo sem a máscara. Ao erguer a mão, posso contornar as partes superiores das minhas bochechas com a ponta dos dedos e até mesmo sentir falta do tecido contra minha pele. Tendo agido na luz por tanto tempo, não posso negar ou esconder com precisão as marcas que o sol me fez e um sorriso amargo invade meu rosto. Mutano ou Ciborgue não precisavam se incomodar com máscaras – era fácil reconhecê-los, de qualquer forma. Ravena não se incomodava em ser reconhecida ou não.

Seria quase um pecado cobrir o rosto de Estelar.

Suspiro e puxo o armário do espelho para revelar um compartimento com escova de dentes e creme dental recém comprados. Acho que não passei 5 minutos naquela mercearia. Massageio o queixo com minha mão aberta, sentindo a textura áspera. Se eu tivesse passado 5 minutos na mercearia, teria me lembrado de que precisava de um aparelho de barbear. Olho para meus pés descalços; a vontade de voltar lá é 0.

Eu volto para a cozinha e puxo algumas gavetas, até encontrar o que estava procurando. Eu a deixo sobre a pia, procurando pela pedra de amolar no armário debaixo. Quando seguro a faca pela segunda vez e a fluo sobre a pedra, é como voltar a ver um velho amigo. Foi Bruce que me ensinou como afiar uma lâmina. Foi Bruce quem me ensinou um monte de coisas, inclusive a me barbear. E, no entanto, estou fazendo isso sozinho agora.

Quando termino, faço o caminho até o banheiro outra vez, mantendo só sua luz acesa. Brinco com a faca entre meus dedos, sentindo falta de curvas com as quais já estou acostumado. Contenho um suspiro. É impossível negar certas coisas para si mesmo. Quando eu ergo a faca na altura do meu maxilar espumado, eu gosto da sensação de segurar a lâmina e senti-la contra alguma coisa. Eu gosto de ter que afastar a ponta dos meus dedos esticando a pele, para que não os rasgue – para que não me acerte. Eu gosto da forma como fazê-lo é confortável e é bo...

Sangue desliza do corte na minha bochecha quando eu seguro mais firmemente a faca, soltando a porcelana da pia entre meus dedos esquerdos. Meus olhos estão arregalados no espelho, embora eu não tenha soltando nem uma exclamação sequer. Meus batimentos cardíacos aceleram com o susto e, quando o sangue escorre até o meu queixo, eu deixo tudo para trás e visto o moletom e calço sapatos com pressa. Mal olho para a bolsa deixada na frente da porta do trailer, a prova de que Barbara esteve aqui.

Um grito agudo acabou de cortar as ruas da Burnley.

 

23 de Junho

01hrs33mins

A segunda janela do décimo andar do prédio é a única que está aberta. Todas as outras do apartamento escuro, devidamente verificado, estão completamente fechadas. Ela se esgueira para dentro, sem fazer barulho, e deseja que sua capa não tivesse uma parte interna amarela brilhante.

Seria uma maravilha, mas a verdade é que seu traje não tem lentes especiais – não há nenhuma lente, na verdade. Seus olhos azuis escuros estão expostos, embora atentos. Barbara duvida que qualquer um, mesmo seu pai, a reconheceria, no entanto. Batgirl é demais para Barbara Gordon, por mais bonita que a estudante fosse.

O cheiro já comum de sangue velho dança nas suas narinas e ela mal se afeta; logo depois é o odor forte que a faz se lembrar de flores em cemitérios. O apartamento está uma verdadeira bagunça; tudo foi revirado e tirado do lugar. A mesa do centro está no chão, como o rack e a televisão. A porta da geladeira, na cozinha americana, ainda está aberta. Barbara se agacha ao ver algo que chama sua atenção no chão; é um porta-retratos e a luz da geladeira permite ver uma criança e seu pai. Ela suspira de insatisfação, deixando o porta-retratos onde achou. Outra criança órfã.

— Não precisava vir até aqui.

A voz profunda faz com que ela se levante, orgulhosa em seus dois pés. Ao olhar para trás, pode ver a sombra da imponente figura que Batman é. Dessa vez, a falta de iluminação da noite profunda não a permite ver o rosto de Bruce.

— Onde está a polícia? – ela pergunta, sem se dar o trabalho de respondê-lo. É claro que não precisava vir. O homem já estava morto; não havia nada mais que Barbara poderia fazer por ele.

— O DPGC recebeu a denúncia anônima há 30 minutos. Pedi ao seu pai que me deixasse investigar primeiro. – Batman responde, dando mais explicações do que ela achava que merecia. A verdade da sua fala se prova na única faixa amarelada que os policais tiveram tempo de colocar antes que Jim desse sua ordem. Bruce não se move e Barbs aproveita para examinar o local de onde ele veio; é o quarto.

Sem se incomodar em perguntar se deve, ela passa por ele em silêncio e adentra o cômodo, tão caótico quanto a cozinha e a sala. As janelas daqui também estão fechadas e o cheiro é ainda pior, o que a faz sentir, automaticamente, o gosto ácido do suco gástrico contra o fim da sua língua. Ela não era uma especialista nessa área, definitivamente Bruce e Dick podiam fazer melhor, talvez até Jason, mas esse corpo estava aqui há um tempo. Tempo demais.

Pode encontrar o cadáver jogado sem jeito no chão, ao lado da cama, de costas. Só está usando calças sociais, sem sapatos ou camisas. O cabelo está raspado e algo a diz, pelas partes irregulares, que foi feito após ele ser morto – talvez durante a tortura.

— Ah, meu Deus. – Barbara se vê murmurando, ao se aproximar. Ela não pode ver o desenho por causa da má iluminação, mas há um enorme corte nas costas dele e moscas se acumulam lá como abelhas em mel. Ela desvia os olhos antes de ver qualquer larva, mas pode imaginá-las rastejando por lá. – Definitivamente, é o mesmo cara – diz, ao ver que Batman está lhe encarando. Barbara junta as sobrancelhas. – Acha que a policia perdeu algum detalhe nas outras vezes...? – pergunta, se referindo ao fato de ele ter decidido vir primeiro dessa vez.

— Foi o que imaginei.

A resposta é o suficiente para Batgirl concluir que, sim, ele tinha pensado, mas o resultado não dera em nada. Tudo o que havia para ser visto estava bem ali e continuava um enigma. Era engraçado como alienígenas e meta-humanos ainda pareciam mais fáceis de entender do que humanos comuns cometendo crimes horríveis.

— Fez o que eu pedi? – A voz dura corta os pensamentos de Barbs, que ainda encara, pelo canto dos olhos, a última vitima. Ela o olha como se dissesse, “bem, eu tinha alguma opção?”, mas não seria capaz de dizer nada disso. Ao em vez, ela ativa o computador em seu braço direito e um holograma acinzentado, levemente puxado para o azul, se projeta retangularmente.

Batgirl digita o mais rápido que consegue no teclado adaptado, com menos de 15 mini teclas, ainda pouco acostumada. Então no holograma se projeta um mapa nítido de Gotham, mas com alguns pontos destacados que se unem.  

— Para ser sincera, foi mais complicado do que achei que seria – murmura, quando vê que os olhos atentos de Bruce se debruçam sobre o seu mapa. – É difícil entender o padrão, mas acho que consegui algo. É como um... – Barbara desliza o olhar para cima, um sinal claro de hesitação, e então novamente para baixo. – Uma atividade infantil. Como um desenho feito apenas com pontos e números, e então precisamos ligá-los, os pontos, para vermos o desenho nitidamente. O problema é que, hm, não acho que os números estão na ordem correta – explica, o mais detalhadamente que consegue. – Aqui. – Ela aponta para um dos pontos fixos no mapa, e acima dele surge um número; abaixo do ponto há outro. – Foi onde aconteceu o primeiro assassinato. Embora eu acredite que esse seja o terceiro ponto, entende? E aqui, o segundo. Finalmente, o primeiro. Quinto, sexto, e sétimo. Eu teria que adicionar esse apartamento agora, mas... – Barbara digita rapidamente, tentando se lembrar de todos os códigos. Poucos segundos depois, um novo ponto aparece no mapa. Representa o prédio onde estão agora. Ela faz uma careta, seguindo o desenho com os olhos. – Oitavo, como imaginei.

— Falta o quarto ponto. – Batman diz, como se lesse os pensamentos dela. Barbara balança a cabeça positivamente, fechando o holograma. Havia algo de errado com a ligação entre o terceiro e o quinto, que outrora ela tinha imaginado se tratar do quarto. – Isso já te dá base o suficiente para saber o próximo local?

Ela crispa os lábios mais uma vez.

— Alguma ideia, sim. Mas a distância entre eles é irregular; só sei que são números primos. O que quer dizer que tenho “alguma ideia” de pelo menos cinco ou seis lugares, e eles não são tão próximos quanto gostaríamos.

Batman balança a cabeça tão levemente que é como se nem o fizesse.

— Foi exatamente o que Jason me disse. – Para essa informação, Barbara ergue as sobrancelhas. – Pedi que vocês dois fizessem o mesmo trabalho.

E eles tinham chegado à mesma conclusão, aparentemente. Barbara não consegue evitar um pouco da surpresa. Certo, ela estava nessa há mais tempo que Jason, mas ele era absurdamente... Bom. Não era de se impressionar, uma vez que o menino tinha descoberto as identidades de Batman e Robin rápido demais. Ela engole um pouco do orgulho, uma vez que estava fazendo a mesma coisa que outra pessoa, e ergue o queixo de uma forma mais leve.

— Estava testando ele... ou à mim? – brinca, sem esconder um sorriso de canto. Os lábios de Bruce quase transmitem um sorriso, mas ele não acontece.

— Quero que vocês dois trabalhem juntos nesse caso. Ele vai te ajudar a partir da caverna. – Barbara entende o pensamento implícito sobre essa frase. Faltava trabalho de investigação para Jason, tão fisicamente treinado nesses últimos meses. – E então...

Bruce não termina a frase. O barulho da chuva de Gotham já não é incômodo, mas o silêncio é. Na verdade, o que o silêncio diz. E isso mexe com o estômago dela e quase dispara o seu coração. Por pouco. E então. E então? Ela sabia que esse dia chegaria, é claro, o “e então”. Mas esperava que Dick também fizesse parte disso. Esperava que não fosse tão abrupto. Se as coisas continuassem do jeito que estavam, o que os Titãs diriam? Algo lhe dizia que Batman podia esperar um bando de adolescentes mutante na porta de sua mansão.

Por que eles saberiam, de alguma forma, que aquele não era o Robin deles. Não?

— Tudo bem. – É tudo que Barbs é capaz de dizer, andando lentamente para fora do cômodo. Ela sabe que Batman já deve ter escaneado àquele corpo um par de vezes; não precisava ser tão crua na sua análise, então. De qualquer forma, isso seria trabalho de Jason agora. Antes que possa sair pela mesma janela que entrou, sabendo que o próximo assassinato não aconteceria dali pelo menos alguns dias, baseado nos outros, a voz imponente de seu tutor aparece outra vez.

— Batgirl. Qual é o desenho que está sendo formado?

Barbara tenta esconder o sorriso. Jason ainda estava pensando sobre isso, não era? Ela tinha adivinhado algumas horas atrás.

— Um Z.

2hrs30min

Existe uma pequena mania que Barbara tem quando está nervosa. Ela encosta a ponta dos dedos na parte baixa de seu rosto, o maxilar, e dedilha delicadamente sua pele. A máscara da Batgirl não permite que ela encontre a epiderme, porém, e ela só pode dedilhar o tecido escuro e escorregadio da chuva. Encontra, com a ponta da unha, o lábio superior, seco apesar da umidade.

Jason não é sua pessoa favorita. Mas ele pode ouvir sua respiração agora, e as gotinhas espessas que raspam na sua máscara, perto dos ouvidos, onde o comunicador está bem instalado. Ele pode monitorar sua condição física; os batimentos do seu coração, traçar os movimentos de seu corpo treinado, traduzir as injúrias que ela seria capaz de lançar em outras cinco ou seis línguas. Algumas dessas coisas, a maioria deles, ele poderia fazer sem um computador; poderia fazer só encarando o seu rosto e arqueando a sobrancelha. Ela se agacha. Jason não é sua pessoa favorita, mas a garota não teria o mau discernimento de mentir sobre as habilidades dele.

— Nós tivemos um match de 99% - ela diz para o vento, observando as vigorosas luzes da cidade, muito abaixo dela. A altura é reconfortante. – Sobre o assassinato.

O que isso quer dizer?— Como esperado, Jason responde alguns segundos depois. Sua voz séria, com um tom leve de humor, parece não querer saber, de fato, a resposta. Barbara só é capaz de ouvi-la no ouvido direito.

— Que você ainda não é bom o suficiente.

Eu gosto quando você me elogia. Por exemplo, quando diminui a intensidade das suas frases só para não me ofender tanto. É como dizer “ei, você tá bonitinha”, para não falar que alguém está feia.

As sobrancelhas de Barbara se juntam e ela solta um pigarro irônico.

— Eu não faço isso.

Só quando não está de mau humor. Ou naqueles dias – ele acrescenta essa parte final muito baixinho, soltando um assovio travesso logo depois. Barbara disfarça qualquer exclamação, mas seu rosto toma um pouco de tom vermelho nas bochechas e nariz.

— Acredite, você ainda não me viu de mau humor ou pelo menos no máximo que meu período pode fazer – responde muito certa, levantando-se e andando na beirada do telhado. Para isso, seus joelhos estão levemente flexionados.

Se as coisas correrem como o esperado, ruiva, pode ter certeza que vou ter tempo para descobrir.

— “Se as coisas correrem como o esperado” – ela repete, numa voz grossa que pretende imitar, de um jeito desengonçado, a dele. – Como você é arrogante.

Ei, eu diria “confiante” – responde Jason, dessa vez rindo orgulhoso. – Inclusive, você não me contou como foi a visitinha com o seu amado Robin. – Agora há um tom malicioso, quase malvado, que faz com que Barbs deixe de andar.

Seu rosto se fecha numa careta, lembrando-se das palavras dele naquele fatídico dia. “Se ele quisesse que você soubesse, ruiva, já tinha te ligado ou te achado”. Todd era um maldito.

— Não me faça desligar o comunicador – ela arranha entre os dentes, sem mais achar graça.

E perder o precioso tom da sua voz? Jamais – ele, por outro lado, parece estar se divertindo mais do que deveria. – Ei. Um match de 99%, você disse. Não, gata, temos 100%. 110, quase.

Barbara volta a andar quando ele muda de assunto e pula para um prédio mais baixo, sem fazer mais barulho do que o seu cabelo mexendo sobre o ombro. Outra vez, ela junta a sobrancelha, mas uma risada de canto duvidosa, zombadora, ilumina seu rosto.

— Me convença.

Acho que achei o quarto ponto.

27 de Junho

14hrs25min

Jason contrai o abdômen involuntariamente. Em um segundo passo bem calculado, Barbara acerta seu ombro, e então seu antebraço. Ele leva as mãos em punho, cobrindo o rosto, quando a sola do tênis dela passa raspando em seu nariz; e então ela tenta novamente, acertá-lo em pleno rosto. Dessa vez, não chega nem perto. Rápido demais, ele segura sua canela e a desequilibra. Sem sentir o gosto da derrota, ela ainda tenta se apoiar no chão com as duas mãos, ficando praticamente de ponta cabeça para ele. Com o pé livre, enrosca no pescoço dele e tenta girá-lo para o chão. E então Jason se abaixa, simplesmente, e solta a canela dela de uma única vez. Já sem apoio algum, Barbara cai de barriga para baixo num gemido de dor. Argh. Isso tinha doído.

Infelizmente para a ruiva, ele não parece impactado. Sequer dá a mão para ajudá-la a se levantar. Apenas anda em direção à mesa de canto, procurando uma das dezenas de garrafas espalhadas pela caverna. Quando finalmente encontra uma, abre e sacia o fôlego, apoia a lombar na mesa para olhar a garota silenciosa.

Além da respiração dela e do leve bater das asas dos morcegos, não há nada. A batcaverna é sempre escura e fria, e as luzes azuladas do treinamento refletem as gotas de suor que descem da testa de Barbara até o seu decote no sutiã esportivo. Ela está sentada ainda no chão, respiração calculada, olhando com desatenção para o nada. Os fios de seu cabelo-fogo grudam em suas têmporas, escapando do seu rabo de cavalo. E então ela torce o pulso, alguns segundos depois, finalmente o olhando.

— Continua 15 x 12 – diz, um sorriso zombeteiro querendo escapar de seus lábios úmidos de suor.

Jason pisca ao som da voz dela, finalmente percebendo que passara tempo demais tentando contar as sardas claras que cobrem o nariz arrebitado. Ele toma mais um gole d’água. Ela não falava nada durante seus treinamentos, e ele tinha pegado esse péssimo hábito. Falar ajudava a distrair seus inimigos – os Titãs não eram uma grande prova disso? Ele tinha conseguido distrair Ravena, a grande Ravena, apenas com um jogo rápido de palavras.

Mas Barbara era quieta, silenciosa quando o atacava, e agora ele tinha começado a pegar suas manias estranhas.

— Não se você me der mais 20 minutos, ruiva.

— Você fala demais e faz pouco – Barbs se espreguiça, se levantando através das pontas de seus pés.

Num segundo, ela está do lado dele, abrindo outra garrafa distraidamente. Bebe sem olhar para canto nenhum, os olhos azuis, cheios de onda-oceano. Há um pequeno charme de luz na íris dela, refletido pelas lanternas da caverna. Jason deixa de beber água.

— Como ele era?

A ruiva o olha, sem entender, juntando as sobrancelhas. Seu elástico de cabelo já não segura nada, e desliza lentamente por suas ondas-fogo, as pontas grudando no suor exagerado das suas costas. De repente, estava tudo tão quente. Tão abafado.

— Quem?

É uma pergunta honesta. Quem? Como Alfred era, antes? Como Bruce era, antes? Como ela era, antes?

— Como Dick era?

Barbara crispa os lábios, olhando para baixo.

— Por que isso, de repente? – murmura, sem estar irritada. Honestamente, pensava em Dick todos os dias. Queria voltar até aquele maldito depósito, no meio daquele bairro nojento, e arrancá-lo pela camiseta. Tinha pensado até mesmo em chamar os Titãs.

Deus.

Tinha pensado em chamar os Titãs. E seu egoísmo não a permitira. Seu egoísmo não deixava que segurasse aquele comunicador ridículo e exagerado. De repente, estava tudo tão quente. Tão abafado, mesmo que a friagem da cachoeira os alcançasse ali.

— De repente? – Jason repete, devagar. – Então ele não está na sua mente? – Ele deixa a garrafa de lado quando Barbara ergue o olhar do chão.

— Você não pode me analisar.  

— Não. Nem estou tentando – ele dá de ombros, sincero. Seus lábios estão repentinamente pressionados juntos. – Você foi treinada pelo Batman.

— Agora, você também – Barbara o lembra, devagar. – E ele te treinou bem.

— Treinou ele melhor – diz, finalmente, encarando a expressão defensiva dela. Não está irritada; não está feliz, muito menos. – Eu não estou te analisando, mas você se movimenta como ele. Quando me alcança com seu pulso – e Jason ergue a mão, a ponta de seus dedos frios, repentinamente frios, encostando-se ao pulso quente e vivo dela. Barbara não o impede, mas seu abdômen está travado. – Faz como ele.

— Por que fomos treinados pela mesma pessoa – responde, devagar, provando suas palavras antes de deixá-las sair. Todd a encara dentro dos olhos.

— Como ele era?

— Robin?

— Dick.

— Definitivamente, muito diferente de você.

Jason ri de canto, tirando seus dedos do pulso dela e mexendo os ombros distraidamente. O cabelo de Barbara mal se movimenta quando ela ergue o queixo para olhá-lo, ainda inexpressiva.

— Bem, é por isso que faremos uma dupla melhor, você e eu. – murmura, certo disso, e volta a se alongar sem deixar de falar. – Ficamos presos em figuras antigas. Quando eu olho para o Batman, eu... – Ele ri, parecendo realmente achar engraçado. – Me vejo uma criança. Eu sou uma criança e ele é o herói do dia.

— No que, exatamente, isso me faz parecida com você? – Barbara se alonga com ele, um pouco mais tranquila deles terem se afastado. Agora há um grande espaço de ar frio, uma bolha intocável entre eles. – Eu não vejo o Batman com tanta heroicidade há tempos.

— Não, não Batman. Dick é seu herói.

30 de Junho

20hrs35mins

Sua pulsação é um elástico que vai e volta, arrebenta no meio, mas continua junto por causa de suas extremidades grudentas. Também é como seu uniforme, apertando o seu abdômen torneado, contraindo seu ventre e as veias de suas coxas. O uniforme é uma couraça, Barbara se dá conta. É uma segunda pele, literalmente uma segunda pele, cobrindo-a firmemente e a protegendo do exterior; protegendo Batgirl do interior de Barbara. Outra ela. Alguém profundamente confiante de si. Do que pode fazer. Do que sabe fazer.

Do que nasceu para fazer.

As gotas de chuva grudam em seus cílios alongados por máscara. Ela quase nunca se maquiava para ir até as ruas. Mas era sábado, sábado à noite e as garotas ficam mais cruéis nos fins de semana. Barbara se agacha sobre a gárgula, tornando-se uma delas. Uma gárgula flutuante na monstruosa cidade de Gotham. Um borrão negro e amarelo; provavelmente o único fato que a distingue da Mulher Gato nas penumbras.

Não que ela fosse tão alta e gostosa quanto Selina. Mas ela ainda era atraente, não era? Bem, era sábado à noite. Essa hora Nataly deveria estar em alguma festa com o namorado – se lembrava de ter sido convidada para algo assim. Não Batgirl, Barbara, no caso. Barbara tinha recusado e ficado em casa para revisar para as últimas provas antes das férias. Batgirl tinha um caso para resolver.

— Eu me pergunto o quanto vai demorar – murmura, sem estar impaciente de fato. O silêncio, antes tão cômodo, passa a irritá-la. – O que vou ter que esperar? Que os vizinhos liguem para a emergência? – ela estala a língua.

Só fique de olho. Esse é o quarto ponto, se ele realmente está formando um “Z” – a voz já conhecida de Jason enche os seus ouvidos. Era o que ele tinha dito essa última semana. Barbara tinha checado as anotações dele, agora que o caso era dos dois para resolver. Tinha sido um simples detalhe que ela não observara, todos os crimes pareciam acontecer numa distância determinada de uma das torres principais de Gotham.

Quem quer que fosse o criminoso, era um bom matemático. Ela se debruça ainda mais sobre a gárgula, quase na posição de uma águia. Era a terceira vez que saia e ficava naqueles arredores. Era tão imprevisível; honestamente, nem ela, nem Jason tinham ideia de quando esse assassino iria atacar – mas nenhum dos dois estava disposto a errar. Barbs duvidava que Batman fosse brigar ou alterar sua voz; mas nem tão cedo Jason ganharia o manto de Robin.

E não era para isso que ela tinha perdido todo aquele tempo com ele? Todo o treinamento, o fato de trazer Dick para Gotham outra vez. Ela não esqueceria agora.  

— O que você acha que quer dizer? O Z – pergunta, outro murmúrio. Já tinham falado disso, então Jason suspira impaciente. Eles já tinham repassado o caso todo juntos, um milhão de vezes.

Sei lá. Zorro?

Batgirl não consegue segurar a risada pelo nariz.

— Hm... Espero que não.

Eu procurei no banco de dados nomes de possíveis criminosos com Z. – Ela consegue ouvi-lo digitar distraidamente. – Talvez seja um choque para você, mas existem poucos nomes com Z. Dá para acreditar? — ele ri baixo, irônico.

Barbara faz cara de surpresa, mesmo sabendo que ele não pode vê-la.

— O quê?! Não, mentira.

Pois é. O primeiro: Zack Davies. Preso em 2012 por assaltar uma loja de doces. Ele tinha 18 anos na época.

— Não dizem que a prisão transforma as pessoas? Quem sabe.

Jason ignora o comentário sarcástico e continua:

Zion J. Brown, preso por três meses após acumular 146 multas de trânsito. Pagou a fiança e foi liberado pouco depois.— Jason deixa de digitar e continua, num tom de humor: – Deveríamos checar se nossas vítimas não são todas guardas de trânsito.

Barbara tenta não rir.

— Definitivamente, não.

Zackery W. Smith, 2 anos com pensões atrasadas. Ele nem sequer foi preso.

Ela chacoalha a cabeça.

— Talvez nosso criminoso tenha um problema de dicção? Quem zabe ele fala azim. – Ela imita, colocando o lábio inferior para dentro da boca e falando com os dentes. Jason não segura a risada.

É, talvez vozê tenha razão ruiva.

Barbara sorri, mas permanece em silêncio agora, concentrada. Parece que os minutos voam, ela não sabe que horas são e não se importa. Está no prédio mais alto do centro da Coventry, um bairro popular, e o vento leva os seus cabelos para trás sem pressa. A confusão habitual de sons a persegue: a polícia passando em alta velocidade, seus pneus cantando alto, as pessoas agonizando lá embaixo, suspiros trazidos com a noite, os carros buzinando sem nunca; tudo sempre como esper...

Merda. Merda. Barbara, Burnley, agora.

Num segundo, está de pé. Numa respiração, seu gancho encaixando-se no próximo prédio. Ela está flutuando, voando como se controlasse isso tão bem. Como se voasse de nascença. Como um morcego, sua capa dando a sustentação necessária para ela não cair entre um tiro e outro.

— Jason?! O que aconteceu? – pergunta, apenas três segundos depois da fala dele, se movendo o mais rápido que pode.

O filho da puta está lá. — Jason está irritado, sua voz trêmula deixa transparecer isso claramente. Barbara fecha a boca com força, apertando o maxilar. Burnley?! Como ele poderia estar na Burnley?! Eles calcularam. Tudo indicava que o assassino viria para a Coventry. A Burnley não tinha nada a ver com isso. Era como se tivessem jogado neles um grande balde de água gelada.

— Eu chego em 5 minutos.

Precisa chegar em 3.

Batgirl se debruça no ar, uma estrelinha calculada para dar mais velocidade na sua pistola de corda. De repente, está correndo sobre o prédio, pegando impulso e planando. Gancho outra vez, levando-a para o alto. Ela salta no ar.

A polícia pegou um homem atacando um morador de rua. Foi mais rápido do que eles esperavam e o cara fugiu. — Jason explica, rapidamente. Barbara fecha a cara.

— Como sabe que é o nosso? – Ela entra entre os espaços de uma torre de sinal, o corpo curvado graciosamente. Sua voz está ofegante. – Pode ser um idiota qualquer.

Eu sei que é.

Isso não explica merda nenhuma, Barbara pensa, mas não diz nada. Talvez Jason tivesse percebido algo só agora, e era corrido para explicá-la. Precisava chegar à Burnley. Precisava impedir esse cara.

Ela rodopia outra vez, os prédios altos ficando cada vez mais escassos; a sua moto estava vindo pouco atrás, automaticamente, mas a Burnley era tão vazia e pacata que a moto dela certamente chamaria atenção. Não fazia sentido. Ele tinha torturado as outras vítimas. Para quê atacar simplesmente um morador de rua? Mas Batgirl tinha sido mandada para lá, e encontraria quem quer que fosse – o assassino Z ou não.

Num segundo, a escuridão a cobre. Ela está na Burnley e toma um segundo para respirar profundamente. Esse bairro não a faz bem. É silencioso demais. Há poucos prédios, mas ela sabe que ele, Z, gosta de atuar em apartamentos. Barbara consegue ouvir a sirene dos policiais e se esconde na penumbra quando eles passam.

Décima quinta, ele estava lá. Deve ter corrido até a dezesseis ou dezessete.

Ela não se importa de responder, sabendo que Jason está vendo toda a sua movimentação através não só do GPS em seu comunicador, mas também nas lentes em seus olhos brilhantes. Barbara salta de prédio em prédio, evitando o máximo os muitos tetos de casas mais baixas.

E então ela para abruptamente. Um arrepio percorre de seu dedão até o âmago de seu ventre, o susto devorando-a como a noite.  E então ela se joga, com força, com tudo o que tem, sentindo o tecido de seu uniforme grudando nela, fazendo parte de si. Outra ela.

Um grito agudo tinha cortado a Burnley – e Batgirl sabia exatamente de onde vinha. O prédio velho à esquerda. Nenhuma luz se acendeu, em nenhum outro apartamento, nos primeiros segundos que ela observou a janela entreaberta. Entreaberta. Outro arrepio cortou seus pensamentos, mas ela chacoalhou toda a emoção que sentia e deslizou para dentro muito rapidamente; era tudo ou nada.

Tudo ou...

Ele estava em cima do corpo, sentado sobre as pernas, a faca levantada acima da cabeça – ela não teve tempo para vê-lo esfaquear mais uma vez. Batgirl foi na direção dele. Ela se jogou e... O homem foi brutalmente arremessado para o lado por outra pessoa, que entrou voando através da janela lateral. Com as lentes especiais, ela conseguia vê-los através da escuridão e bagunça de móveis. O homem, o mais alto, estava sem camiseta e não tinha um único fio de cabelo. O que Barbara via era meramente como sombras se mexendo, mas a pele dele parecia...

Ela não teve tempo para absorver, os dois estavam lutando rápido demais. Ela conhecia aquele jeito de lutar. O choque deixou seu corpo e, por trás, ela chutou o assassino no meio das costas, pronta para imobilizá-lo. Quando ele caiu no chão, porém, não voltou sozinho. Estava segurando quem quer que fosse que estava atacando – era uma mulher, cujo sangue escorria lentamente da sua barriga para as calças de pijama.

A mulher chorava muito, de dor e medo, e Batgirl recuou. O estranho recuou com ela.  Merda. Ela tinha ficado tão... tão concentrada no outro, que não tinha percebido que a mulher ainda estava viva.

— Isso não é engraçado...? – O assassino disse, sobre os murmúrios de tristeza e pedidos de misericórdia da mulher. Barbara não tirou os olhos dele, mas não se moveu um centímetro. A voz masculina era trêmula, incerta. Na mão esquerda dele, a que não segurava a mulher, estava a mesma faca. – Eu estava esperando que Ele me achasse. Eu estava esperando...

— Solta ela. – A outra voz masculina disse, calmamente, como se o criminoso não tivesse uma faca apontado para o estômago já dilacerado da pobre mulher, que não parava de chorar um só segundo. O assassino não o olhou, encarava a máscara de Batgirl. Ela era, afinal, um morcego.

— Então... – Ele subiu a faca, passando-a na sua refém, olhando para Barbara como se pudesse arrancar seu tecido, seja qual fosse. – Batman não vem brincar hoje...?

— Acho que podemos resolver o assunto entre nós dois, o que você acha? – Barbs diz, devagar, aproveitando que estava muito escuro para observar os cantos da casa. A luz da lua iluminava praticamente apenas os cabelos dos quatro presentes na sala de estar apertada.

— Eu tenho uma opção melhor. – E então tirou a faca da mulher, mas ainda a segurava com força pelo pescoço, apertando-a. – Talvez eu tenha colocado uma bomba naquele canto. Talvez eu tenha o detonador. – Sua voz tremia, mas não de medo. Batgirl encarou-o, sem expressão nenhuma.

— Você não colocou – ela disse, simplesmente. Ele nunca tinha feito isso antes. O intruso, o outro cara, no entanto, tinha tensionado os ombros de repente, olhando o assassino.

O homem então, devagar, passou a faca sobre os lábios, como se pedisse silêncio.

— Mas, talvez, a filha dela esteja segurando a própria bomba, um ursinho de pelúcia, e o que as crianças fazem quando estão com muito medo...?

A mulher chorou ainda mais e Batgirl de repente sentiu os músculos da sua perna repuxarem com força. Havia uma criança lá, definitivamente. Talvez não com a bomba. Mas havia uma criança; a mão chorava ainda mais desesperada agora. O estranho de moletom na sua frente fechou o punho direito, mas não disse absolutamente nada.

— Bom. Bom, muito bom – Z continuou, parecendo apreciar a seriedade no rosto de Batgirl, que mal conseguia ver. – Agora que vocês tem um problema para resolver, então vou deixar que resolvam. Devagar, muito devagar... – Ele arrastou a mulher para trás, junto de si, em direção à porta do apartamento, que abriu com a mão da faca. Batgirl se inclinou para frente, respiração acelerada. O estranho também.

E então, num piscar de olhos, ele soltou a mulher e correu para fora. Sem pensar duas vezes, Barbara correu na direção dele. Uma mão barrou-a dolorosamente pela cintura, porém, e ela truncou o corpo.

— NÃO! – disse ele, impedindo-a de prosseguir. – A criança.

Barbara olhou profundamente nos perfeitos olhos azuis que conhecia tão bem, o rosto dele ainda mais pálido sob a luz da lua. Absorveu o tom de voz calmo, e ainda sim de liderança natural. E não questionou.

Sim. A criança. Dick tinha razão.


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Notas finais do capítulo

Eu não vou chegar pedindo desculpas pq não acho que isso combina comigo. O fato é que sou uma escritora de fanfics, tenho minha vida pessoal e meus altos e baixos. Infelizmente, é necessário compreender isso para me acompanhar :( eu dou meu máximo, mas nem sempre é o suficiente.
Isso dito, muito obrigada por todo mundo que continuou comentando e pedindo para eu não abandonar. Fato é: eu NÃO abandonei, só tenho muita coisa para fazer kkk
Finalmente, esse capítulo saiu. Eu estava bloqueada com ele pq estou louca para fazer a Star em gotham e ainda não posso (aaaaaaaaa), mas talvez no outro (não no próximo), quem sabe??
Eu também sei que poderia ter acrescentado mais coisa, mais terminei exatamente onde eu queria terminar kkk isso é bem importante para mim. Enfim, qualquer diferença na escrita, já sabem, eu fiquei afastada por um tempinho rsrsrs
Me desculpem qualquer mensagem não respondida, eu tenho muitas notificações aí acabo perdendo :( principalmente no Nyah que apaga depois de um tempo!! Eu sempre dou notícias nos jornais do SocialSpirit, ok? Me procurem lá :)
Sobre o cap: eu meio que criei um arco bem fechadinho para essa volta do Dick e isso me bloqueou um pouco pq achei meio fechado demais rsrsrs e eu NÃO curto escrever ação, ai que piora a situação mesmo kkkk quero meu romanceeeeeeeee
Acho que é isso. Vou tentar responder os comentários atrasados do cap anterior no sábado, que vou para casa do meu namorado e tenho que pegar metrô aaa aí já respondo se vcs comentarem nesse tbm kkk se ainda quiserem comentar. Será que ainda tenho leitores? :(
Acho que é isso. Qualquer duvida, eu vou estar online esses dias, então podem mandar mensagens que não vou esquecer de ver!! Hahaha
Aproveitem esse tempo sem atualização pra reler a fanfic, eu precisei hahahaahah
Ah, eu não reviso, blábláblá, vcs já sabemmm
Quem aí curte JayBabs?? :P


(NÃO, O PRÓXIMO NÃO VAI DEMORAR UM ANO, SÉRIO)



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