A casa de Adrien e Marinette estava uma bagunça. Na cozinha, Tom e Sabine faziam os doces, salgados e o bolo decorado; Na sala, estavam Alya, Marinette e Louise enfeitando as paredes com bolas. Gabriel e Adrien olhavam as crianças no jardim, já que pai e filho concordaram que ‘’a sala não deveria ter presença masculina naquele momento’’.

   O chorinho leve fez os mais velhos se virarem para a criança no carrinho. Ela abria os olhos aos poucos, mostrando o verde tão vivo quanto a cor dos olhos do pai e da avó. Louis, o mais velho de oito anos, chegou apressado ao lado da irmã pequena e Hugo, o segundo filho, chegou logo atrás, seguindo o irmão.

   Emma, a caçula que chegou cinco anos depois de Hugo, pegou todos de surpresa, mas logo conquistou a família. Os cabelos loiros em cachos e os olhos extremamente verdes a faziam uma cópia do pai, enquanto Hugo era Marinette versão feminina, com os cabelos preto-azulados e olhos azuis. Louis ainda matinha os olhos azuis e os cabelos loiros, mas eram mais escuros de quando era bebê.

    – Meninos, avisem sua mãe que a Emma acordou e que vai querer mamar. – Ele pegou a bebê no colo, numa última tentativa de fazê-la voltar a dormir.

    – Pelo visto alguém vai ficar acordada na hora que mais precisava dormir. – Marinette apareceu, logo pegando a loirinha dos braços de Adrien e balançando de uma forma mais leve que Adrien. Ela se acalmou mais, mas logo a morena entrou com ela.

   Gabriel observava de longe. Hoje era o aniversário de um ano da neta mais nova e todos ajudavam de alguma forma para a casa estar pronta a tempo. Eles estavam cansados, suados devido ao calor e o trabalho, mas todos estavam felizes. Feliz como ele por muito tempo não foi e ver tudo aquilo acontecer em frente de seus olhos o deixava emocionado.

    – Vovô, vem brincar com a gente! – Hugo o puxou pela mão, fazendo ele rapidamente se levantar do chão e correr atrás dos dois meninos, que gritavam animados pelo avô entrar na brincadeira. As reflexões de sua nova vida foram deixadas de lado, pois no momento tinha que aproveitar os presentes que ganhou.

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  O aniversário era simples, mas todos os amigos e família estavam lá para prestigiar a Agreste mais nova, que no momento, dormia no colo do pai, já que realmente passou a tarde acordada.

 Louis e Hugo brincavam com os gêmeos de Alya e Nino, correndo de um lado para outro. Os avós sentavam juntos numa mesa grande, rodeados de vinho e salgadinhos. Os amigos sentavam em mesas espalhadas pela grande sala. Desde que descobriram que Emma estava por vir, decidiram que uma casa grande teria que ser comprada, já que o apartamento de antes já estava começando a apertar, principalmente para as crianças, que queriam espaço para brincar.

   A mesa principal contava com o bolo branco, decorado com borboletas. Não tinha um tema exato, mas Marinette queria fazer uma espécie de festa de chá no jardim, já que, por incrível que pareça, Emma adorava chás. Então tinha um quê de fadas misturado com princesas, já que a aniversariante usava um vestido cor de pêssego com um diadema que tinha uma pequena coroa no topo.

  Quando ela acordou, todos aproveitaram para cantar os parabéns e tirar várias fotos. Marinette queria tirar algumas no próprio celular, então subiu as escadas para procura-lo. Adrien, estranhando a demora da esposa, embora já imaginasse o que a prendeu no quarto, subiu, pois todos a esperavam para o bolo ser cortado.

   – Marinette? – Ele entrou e fechou a porta do quarto devagar. Ela estava sentada na cama e lia algo. O sorriso típico de Chat Noir ( que há anos ele não era mais, já que Tikki e Plagg haviam sido mandados para outro país, para encontrar novos portadores, já que ainda existia maldade) atravessou seu rosto ao ver algumas lágrimas no rosto da esposa. – Todo mundo tá te esperando pra comer o bolo, tá todo mundo com fome.

   – Por que não falou nada comigo? Sobre isso? – Ela fungou e enxugou as lágrimas. A maquiagem continuou igual. Ela apontou o papel.

  – Porque era pra ser uma surpresa. Você não gostou? – O semblante triste já alcançava seu rosto. Ela negou, um sorriso aparecendo em meio as lágrimas.

  – E você ainda pergunta? É tudo que eu mais quero. Sim, mil vezes sim! – Ela se jogou nos braços dele, que já esperavam por ela. Deu um beijo demorado nos lábios do marido, e talvez demorasse mais se não tivessem batido na porta.

  – Adrien? Marinette? Me desculpem atrapalhar, mas estão começando a estranhar a demora de vocês. Está tudo bem? – Era Gabriel, que discretamente tinha um sorriso no rosto, afinal, a ideia do conteúdo da carta havia sido dele. E ele havia escutado atrás da porta também.

  – Já vamos descer pai, nos dê dois minutos. – Com um aceno de cabeça ele os deixou e trancou a porta. Adrien enxugou com delicadeza as lágrimas do rosto de Marinette. – Você me fez o homem mais feliz do mundo só com essa palavra. Aliás, sempre me faz feliz. – Ele colou a testa junto a dela. – Vou te amar pra sempre, sempre e sempre, minha lady. – Ele pegou o queixo dela e o ergueu. – Por favor, nunca se esqueça disso.

   Ela deu um sorriso tímido, mas novamente envolveu os lábios do loiro num beijo calmo e apaixonado. Mesmo depois de anos, o amor daqueles dois continuava igual. Não, igual não, estava maior. Mais maduro e mais forte. Estava mais resistente às armadilhas que muitos casais caiam. Estava selado.

   Após se recompor, ambos desceram para cortar o bolo e tirar mais fotos. Ao final da noite, depois de todos estarem dormindo, inclusive Adrien, Marinette pegou a carta para reler seu conteúdo.

   ‘’Marinette, minha querida, doce e amada Marinette (brega? Talvez, mas lê tudo antes de dizer isso)

   Estamos prestes a completar cinco anos de casados e estava eu a pensar no que eu poderia te dar, afinal, me aturar é duro, né? Você merece.

   Mas você merece tudo, meu amor. Você merece o universo inteiro, merece o que há de melhor e é por isso que me esforço todos os dias, pra tentar chegar aos pés desse ideal que você merece, pra ser o marido que você precisa.

  Você é forte e por Deus, quantas vezes não disse isso? Você está sempre lá pra quem precisar de você, é tão boa e justa que as vezes acho que me casei realmente com a personificação de um anjo.

 Eu já estou me perdendo nas palavras, sinto que elas começaram a perder o sentido, mas pensar em você é assim: me faz pensar em tudo ao mesmo tempo que não consigo dizer nada coerente.

   Você foi minha primeira paixão. Você é a única que fez meu coração meu coração dar um salto.

   Eu só queria te dizer que te amo. Amo tudo, até quando você deixa a chapinha no banheiro e eu me queimo. Amo ver você cuidando dos nossos filhos e agradeço por ter sido você que os trouxe ao mundo e agradeço por ser como é. Você é uma pessoa maravilhosa Marinette. E apesar de ser o gato preto, o do azar, eu tenho a maior sorte de ter você ao meu lado hoje.

  E como tal, eu, humildemente vim aqui te fazer um pedido, uma proposta.

   Vamos viajar. Só eu e você. As crianças ficarão com seus pais e com os meus. Não se preocupe, eu já arranjei tudo e serão apenas três dias. Nunca ficamos mais que isso separados deles, ainda mais com Emma tão pequena.

  Vamos descansar, aproveitar a calma do lugar. Bom, também vamos nos casar.

  Talvez esteja confusa, mas lá vai a pergunta: Marinette, aceita se casar novamente comigo?’’

Ela suspirou, pegando o envelope e tirando outro papel de lá, que estava com um clipe junto com duas passagens.

‘’Imagino que tenha pensado que sim, para estar lendo a segunda parte. Então Marinette, vamos renovar nossos votos e partir pra outra lua de mel?’’

   As passagens para Veneza, lugar que ela sempre quis visitar, praticamente brilhavam ali. Ela se sentia tão feliz. Estava animada pela viagem, certamente, mas o gesto dele a pegara de surpresa. A carta, um pouco confusa até, mostrou o que achava dela da forma mais direta possível e ela amara aquilo. Olhou para ele ao seu lado, dormindo.

   Lembrou dos traços jovens de antes, até do cabelo que ficava diferente quando era Chat Noir. Hoje, o queixo era mais forte e as vezes ele deixava a barba ficar maior. O cabelo estava mais curto e olheiras estavam presentes. Tinha até um arranhão, das unhas de Emma. Mas para ela, ele continuava lindo, como sempre. Ela também tinha sorte de tê-lo. Era extremamente dedicado, fosse como marido ou pai, e sempre colocou sua família em primeiro lugar.

   Depois de admirar o marido, ela deitou em seu peito. Como se estivesse esperando, ele a abraçou.

    – Também não quero que esqueça que eu te amo. Sempre te amei e sempre vou te amar. – Com um sorriso no rosto, ela adormeceu. E ele, com o mesmo sorriso, não conseguiu mais dormir. Ah, como amava aquela mulher.