InFeliz Páscoa escrita por Sensei Oji Mestre Nyah Fanfic


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Um pequeno conto para este domingo de Páscoa.



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1979, NUMA CIDADEZINHA QUALQUER DO INTERIOR DOS EUA

O carro da polícia adentrou à região rural de uma cidade do interior da Carolina do Sul. Havia uma casa abandonada, bastante desgastada e velha. O local ao redor era mais sinistro ainda, haviam covas rasas e latarias de carros. Do veículo policial saiu um homem de pelo menos 40 anos, com um bigode proeminente e paletó.

— O que temos aqui? — perguntou ao policial.

— Mais uma carnificina. Não sei se você aguentaria ficar dentro daquela casa...

— Dá um tempo — ele sequer hesitou.

Por dentro, a casa possuía um chão de concreto e paredes de madeira. A primeira coisa que o detetive viu foi sangue espalhado por todas as partes. Num outro cômodo, corpos de crianças espalhados pelo chão, pendurados na parede e no teto. Era tanto sangue que pingava como se fosse água numa goteira, moscas a torto e a direito e um cheiro de carne podre. Era uma visão grotesca.

— Meu Deus do céu. Quem poderia ter feito algo tão horrendo? Acho que vou vomitar — disse um segundo detetive que havia acabado de entrar. O moço era mais novo que o anterior, loiro e usava roupas sociais sem o paletó.

— Isso e apenas um assassinato em série. Isso acontece com frequência, aconteceu antes e acontecerá num futuro. Até parece que nunca ouviu a história do Charles Manson.

— Joe, como você consegue ser tão frio assim? São só crianças que foram assassinadas a sangue frio .

— Só uma correção, caro Albert. Isso aqui já não são mais crianças, são cadáveres. Quando o ser humano morre, vira um objeto inanimado como todos os animais do planeta. Por que eu entraria em desespero, como você, com apenas cadáveres? Eu ficaria desesperado, ou não, se tivesse alguma viva aqui. Tá parecendo que existem crianças vivas aqui para eu me preocupar? Faça-me o favor, as famílias querem justiça, não é? Pois vamos, com toda a nossa frieza, trazer justiça a elas.

— Se você não fosse detetive, seria o assassino ideal. Teria coragem de matar uma pessoa?

— Sim, teria. Não tenho emoções de apego para com as pessoas. O que me faz não cometer crimes é que estou ciente das consequências da lei. Enfim, aposto que o assassino se fantasiava de algo muito menos intimidador para atrair as crianças e adolescentes para este local e assim matá-las.

— Achamos algo que vai interessar os dois — disse um policial.

Dentro de um guarda-roupas havia uma fantasia bem peculiar de coelho. Cabia na fantasia um homem adulto de pelo menos 1,75 de altura. O detetive Joe colocou as luvas e retirou a fantasia.

— Por que um assassino se disfarçaria de coelho, atrairia crianças a esta cabana e mataria todas com requintes de crueldade?

— Porque hoje é Páscoa. Esse deve ser o assassino da páscoa — respondeu Albert.

— Espera um pouco... Quer dizer que só porque o homicida se disfarçou de coelho, agora virou assassino da páscoa. Agora quer dizer que se existisse o DIA DO PRESIDENTE DOS EUA eu teria que sair matando disfarçado de Jimmy Carter?

— Joe, ele se chama assassino da páscoa porque só ataca nessa data. Compreende?

— Albert, hoje é o dia de quê?

— Páscoa.

Joe retirou as luvas, saiu daquele quarto e ad casa. O detetive Albert correu para alcançá-lo e perguntou o que estava fazendo saindo do local do crime assim.

— Hoje é páscoa. Vou comprar ovos para os meus filhos e passar o resto do dia com a minha família. Fica com o caso.

— Mas e as crianças assassinadas?!

— Isso é questão de prioridade. As minhas crianças estão vivinhas da silva e precisam de uma proteção, a minha. As que já morreram, só lamento. Hoje era o meu dia de folga, por isso, meu amigão, você vai resolver esse caso.

Joe entrou no carro e saiu do local. Albert não acreditou que ficaria com o caso sozinho nas costas.

...

2017

THE NEW YORK TIMES

Serial Killer da Páscoa foi pego. Depois de tantos anos nunca ter sido descoberto, um detetive foi desmascarado. O homem trabalhou no caso no final da década de 70 e era o famigerado assassino que havia assassinado cerca de 25 crianças entre os anos de 78 e 79.

...

As pessoas sempre me julgaram por ser psicopata de nascença. Não as culpo de me julgarem, mas tais pessoas são ignorantes e é isso que me incomoda. Nem todos os psicopatas são potenciais assassinos, apesar de sermos mais fáceis de nos convencer a matar. Claro, não sinto remorso, não me apego a muitas coisas... Prefiro a minha própria felicidade do que a dos outros, exceto quando se trata do bem estar da minha família.

Nunca matei nenhum animal... tá, minto, quando criança eu matei uns gatos na rua, mas quando fui crescendo percebi que era errado o que eu fazia, mesmo eu não sentindo remorso. Consegui me frear. Formei uma família, esposa, dois filhos, netos e hoje crio um gato e um cachorro. Arrependo-me de ter matado os gatinhos? Não. Porém sei que Deus vai me julgar mais pra frente.

Agora a hipocrisia se tornou mais forte ainda no mundo... e a ironia também. Quem diria que o detetive Albert seria o assassino da páscoa? Você? Eu? Ninguém. Uma pessoa, a princípio sensível, foi capaz de causar atrocidades sub humanas, enquanto um insensível como eu no máximo causou a demissão de uns colegas meus da polícia, NO MÁXIMO! Hoje com quase 80 anos estou satisfeito com a minha vida e com a minha família.

Calei a boca da sociedade hipócrita.

Feliz páscoa para alguns, infeliz páscoa para outros. O mundo é cruel e você deveria saber disso.

— Vô, terminou de escrever no blog? — perguntou um jovem com um notebook.

— Claro que sim. Só porque sou velho não quer dizer que eu não possa me adaptar as novas plataformas da vida.

Fim.


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Notas finais do capítulo

Só um conto pra matar o tempo heuehuheueh



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