Família De Marttino Sacrifício de amor(Degustação) escrita por moni


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Pronto. Esse capítulo é novo. Amanhã volto para postar nos contos e vamos torcer para eu não fazer bobagem kkkkkkkkk
Até amanhã.



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   Pov – Bianca

   Ele me convida para ir e vou, nem sei direito para onde e não ligo a mínima. Passei toda a noite pensando nele, no jeito como ele ri e nos cabelos bagunçados, nas roupas meio amarrotadas, que dão um ar de garoto perdido e rebelde, gosto. É o oposto do que vivo.

   Minha casa cheira a lustra móveis, minhas roupas estão sempre impecáveis, o piso brilha, as vidraças nem parecem existir de tão limpas, mamãe é o tipo de dona de casa que trabalha o tempo todo, na cabeça dela, se não está dormindo, tem que estar fazendo algo.

   Seu marido e sua filha merecem o máximo do seu esforço e é assim que ela espera que eu aja quando um dia me casar. Toda essa pressão, toda essa criação não mudam o modo como penso sobre tudo isso, mas a verdade é que nunca encontrei um motivo forte o bastante para contraria-los.

   Enzo sorri para mim quando atravessamos o portão principal da universidade. Penso que ele pode se tornar um motivo forte o bastante para fazer isso.

   ―Onde estamos indo?

   ―Eu pensei em matarmos o resto das aulas e passear. O que acha? – Ele me pergunta e sim. Vou onde ele quiser ir. Me sinto bem com ele, confiante e corajosa. Sorrio como resposta. – Piazza Della Signoria?

   ―Nos sentar perto da fonte de Netuno? – Pergunto rindo e ele ri também afirmando. – Por que não? É bem turístico, mas pode ser legal.

   ―Sim. Eu sei que é, mas as vezes os turistas aproveitam muito mais as belezas da cidade. Nossos olhos param de enxergar como são lindos os monumentos.

   ―Tem razão. Depois podemos ver o David de Michelangelo?

   ―Isso ou vão dizer que nunca estivemos em Florença. – Ele segura minha mão para atravessar a rua e meu coração salta. Isso é ridículo, mas acho tão emocionante. Como os filmes românticos que assisto, os casais que torço em séries. Mordo o lábio para não sorrir feito uma romântica boba. Quando chegamos seguros a calçada do outro lado ele não solta minha mão e eu apenas aceito. – Sabe andar de bicicleta?

   ―Claro. – Ele ri do meu tom ofendido.

   ―Muita gente não sabe. Minha irmã não sabe. Por exemplo.

   ―Devia ensinar a ela.

   ―É complicado, mas o que quero saber é se tem folego para fazer esse passeio de bicicleta.

   ―Alugar? – Enzo ri e aponta com os olhos o posto onde se aluga bicicletas. Meu sorriso se alarga. – Vamos?

   ―Gosto da ideia.

   Bicicletas alugadas nós nos posicionamos lado a lado. Ele sorrindo como eu, o rosto leve, o ar divertido, meu coração pulando tanto que não consigo pensar em nada que não seja ele e o momento encantador.

   ―Pela ponte? – Ele questiona e já que estamos agindo como turistas, sim, pela ponte que é mais bonito.

   Pedalamos lado a lado deixando as ruas movimentadas e seguindo pelas alamedas e ruelas, os dois sempre perto, sempre trocando sorrisos, o vento no rosto, o cheiro de vida, podia não acabar nunca.

   A praça está cheia de turistas quando encostamos nossas bicicletas quase uma hora depois, Enzo compra sanduiches e refrigerantes e nos sentamos perto da Fonte de Netuno.

   Lado a lado comendo e assistindo os turistas se encantarem e fotografarem cada pedaço da nossa Itália.

  ―Não sabia que estava com tanta fome. – Aviso a ele quando chego na metade do sanduiche. Enzo sorri, ainda na segunda mordida. – Eu sei que estou comendo rápido demais, mas é fome. Não comi nada desde o café da manhã.

   ―Normal, são meio dia, mais da metade do pais também não comeu nada desde o café da manhã.

   ―Me ajuda a me enganar. Não quero ser a esfomeada.

   ―Caras adoram garotas que comem bem. Acredite. É bem sexy.

   ―Acha mesmo? Não que eu esteja preocupada em parecer sexy, não é isso, só... – Só quero que você ache isso. Meus pensamentos são de um descaramento que agradeço ele não ter capacidade de lê-los.

   ―Eu acho. É o bastante? – Enzo é bem direto, minha vez de responder do mesmo modo.

   ―Sim. – Digo decidida. Se eu quero que ele me beije é preciso dar alguma pista a ele. Não tenho experiencia nenhuma, mas instinto todo mundo tem e não vou me esconder. Isso que estou sentindo vale muito a pena. – Me espera aqui?

   ―Onde vai? – Ele questiona com uma sobrancelha erguida que o deixa bonito e sexy já que essa parece ser a palavra no momento.

   ―Comprar mais um desses.

   ―Nossa. Está apostando alto no sexy appeal.

   ―Dois minutos. – Fico de pé e ele faz o mesmo.

   ―Vou junto. Quero mais refrigerante.

   Caminhamos lado a lado até o pequeno café onde compramos os sanduiches, ele faz o novo pedido e quando tento pagar afasta minha mão.

   Não insisto, não sei se ele vai achar feio eu querer pagar, não sou boa com encontros. No caso disso ser um tipo de encontro, não tenho certeza sobre encontros na hora do almoço de bicicleta e comendo sanduiches na praça.

   Voltamos para nosso lugar. Apreciando turistas e suas fotos com celular.

   ―Gosto de fotografar. Foi isso que me levou a publicidade. Antes de tudo minha paixão por fotografia. Um dia posso fotografar você?

   ―Eu? Não... não sei, acho que ficaria tímida, não tenho talento para essas coisas de exposição.

   ―Isso vai deixar as fotos ainda mais bonitas, mas eu tento convence-la um outro dia.

   ―Está certo, vamos falar mais sobre isso. O que gosta de fotografar? Pessoas? Paisagens? – Ele toma um gole do segundo refrigerante e suspira olhando o ir e vir de pessoas.

   ―A vida. Gosto de fotografar a vida em movimento, acho que é tudo uma coisa só, pessoas e lugares, não faz sentido separa-los.

   ―Acho que está certo. – Ele puxa o celular do bolso e aponta para a praça, depois de clicar me mostra o que retratou, um garotinho de cabelos dourados tentando alcançar um dos homens peixe que cercam Netuno na fonte, pelo ângulo os dois parecem próximos. – Linda imagem.

   ―A fonte ganha destaque quando tem uma pessoinha assim encantada por ela.

   ―Garotinho lindo. Gosto de crianças. Eles têm uma inocência encantadora. Curiosidade também. Minha mãe era professora, se aposentou tem três anos. – Ele presta atenção. – Agora é psicótica por limpeza, sempre foi. Dava aulas apenas meio período.

   ―Só para cuidar de você? – Balanço a cabeça. – Legal, mas acho que dá para uma mulher ter uma vida e ainda assim ser esposa e mãe.

   ―Sua mãe é assim?

  ―Não. Ela era uma esposa em tempo integral, sempre foi assim, quando casou com meu pai e depois quando casou com meu padrasto. – Ele faz careta, não pergunto, acho que se quiser ele me conta. – Faleceu tem dois anos. Acidente, atropelada. Coisa estúpida.

   ―Sinto muito. – Ele se esforça para sorrir, sai um sorriso triste que me machuca, não quero ver outro sorriso desses num rosto tão alegre. – Sabia que ainda cabe um sorvete?

   ―Você me dá medo! – Enzo brinca. – Mais tarde tomamos. Michelangelo?

   ―Estou pronta! – Deixamos a praça, os dois em bicicletas dando aos turistas a ideia de que somos pessoas sempre tranquilas e felizes na bela Florença dos apaixonados. No meio do caminho, quando pedalamos por uma alameda calma, Enzo me estende a mão, eu seguro sua mão e vamos pedalando por dois quarteirões de mãos dadas e isso é romântico e emocionante.

   David está lá, gigante e impenetrável em mármore, sempre fico encantada com a beleza poderosa da escultura. Os detalhes da escultura realista são de um talento fascinante.

   ―Gosta mesmo. – Escuto Enzo dizer ao meu lado, não consigo desgrudar os olhos da escultura e afirmo apenas.

   ―Ele retratou David momentos antes da batalha, não depois como todos os artistas, mas antes, quando David se preparava para enfrentar Golias. Sempre que olha para ela fico pensando em como ele se sentia nesse momento. Quando caminhava para o maior combate de sua vida. Me faz sentir que podemos assim como ele vencer qualquer gigante que se coloque em nosso caminho.

   Enzo não diz nada, fica mudo e penso se ainda está aqui me ouvindo falar tolices ou me deixou e desvio meus olhos para olhar para Enzo, ele está ao meu lado, me olhando de um jeito diferente. Meu coração dispara.

   Estamos perto demais, quero reagir, mas só consigo ficar olhando nos olhos claros e vivos que me encaram profundos. Sua mão toca a minha. Sinto o calor que vem dela percorrer meu corpo todo.

   Parece que seus dedos injetam vida em mim. Percorrem nervos e veias agitando meu organismo e isso é tão estranho. Minha respiração se altera um pouco e meus olhos desobedientes deixam os seus para mirarem nos lábios.

   Qualquer coisa acontece sob os pés de David, ele se aproxima, ao menos acho que é ele, meus pés estão pregados ao chão, sinto seu hálito, no momento que meus olhos se fecham esperando a boca que se aproxima em direção a minha e espero ansiosa, a mão livre toca minha cintura no segundo que os lábios macios tocam os meus.

   Meu coração pula, me dá medo dele ser capaz de ouvir e fico corajosa para deixar meu corpo reagir, enquanto minha boca se abre um pouco correspondendo eu passo meus braços por seu pescoço e o envolvo.

   Nos beijamos, é puro instinto, reajo a sua busca, me deixo levar encantada com o que beijar Enzo provoca em mim. Ficamos ali, nos beijando em público. Sem pensar em nada além de saciar o desejo.

   Eu não tinha ideia de que queria tanto esse beijo, mas agora parece que nunca mais vou conseguir ficar longe dele. Enzo me afasta um breve instante, apenas para nos olharmos um momento e trocarmos um meio sorriso.

   Quando ele toma meus lábios mais uma vez eu sinto que valeu a pena não ter beijado ninguém antes dele. Nunca teria sido assim tão emocionante e envolvente. Estou apaixonada por ele.

   Quem se importa se é rápido demais? Perigoso demais? Eu não ligo. Demorei vinte anos para sentir isso e quero guardar essa sensação para sempre.

   Nos afastamos um pouco mais uma vez, ele toca meu rosto, os dedos descem até uma mecha do meu cabelo e ele sorri.

   ―Dourados, parece ouro. Você é linda.

   ―Enzo... – Eu acho que devo estar um pimentão, não tenho nem ideia do que dizer.

   ―Acho que eu tenho um grande problema agora.

   ―Eu? – Me decepciona um pouco que ele me veja assim, Enzo sorri e esse sorriso é de tirar o folego.

   ―Como ficar longe. Esse é meu problema. Acho que não vai acontecer. Já quero te beijar de novo.

   ―E eu quero que me beije, então não acho que temos um problema. – Ele afirma, depois volta a me beijar e nem ligo se estamos chamando atenção.

   Nos afastamos quando escutamos uma voz dizendo qualquer coisa sobre a Florença despertar o amor entre casais. Nós dois rindo. Eu sentindo meu rosto queimar de tanta vergonha.

   Enzo segura minha mão. Vamos até as bicicletas de mãos dadas e só soltamos quando não tem mais jeito.

   ―Agora acho a ideia de estarmos de bicicleta meio ruim. Queria passear com você segurando sua mão.

   ―Sentir o vento no rosto também é bom e podemos... – Me calo. Já ia me oferecer para andar de mãos dadas com ele o resto da vida.

   ―Podemos?

   ―Bobagem. – Ele me beija os lábios. Sorri, beija de novo.

   ―Vamos devolver as bicicletas e caminhar para casa de mãos dadas.

   ―Isso pode ser. Já está mesmo tarde, eu começo a me atrasar em vinte minutos.

   ―Liga e avisa que estamos passeando.

   ―Não dá. As coisas não são assim. Melhor irmos.

   Pedalamos de volta ao posto onde alugamos as bicicletas, depois de devolver e pagar Enzo segura minha mão, pegamos um ônibus para casa mais uma vez, dessa vez ele passa o braço por meu ombro e ficamos namorando enquanto o ônibus faz sua viagem de dez minutos.

   Não quero pensar que estou uma hora atrasada e que nem sei o que dizer para minha mãe.

   ―Posso pegar você amanhã? – Como eu queria dizer sim, mas não posso, isso seria um pequeno inferno.

   ―Meu pai me dá carona todas as manhãs. – Ele fica me olhando um momento.

   ―Ainda não confia em mim?

   ―Confio.

   ―O Filippo é meu melhor amigo, ele é bem legal.

   ―Meus pais Enzo, para eles isso não seria aceitável. Eu sei que é bobagem, mas... desculpe.

   ―Não precisa se desculpar. Nos vemos na porta. Vou esperar você. Posso?

   ―Pode. Se chegar primeiro eu te espero. – Saltamos ele logo volta a segurar minha mão e enquanto caminhamos eu fico rezando para minha mãe não estar na janela me esperando. Quando minha casa se aproxima fico tensa. Ele solta minha mão.

   ―Não quer que nos vejam? – Como adivinhou? Meus olhos perguntam e ele percebe. – Suas mãos esfriaram. Senti sua tensão me atravessar. Tudo bem Bianca.

   ―Eu...

   ―É cedo, posso esperar um pouco até sentir que já pode confiar.

   Queria explicar que não é falta de confiança, mas como dizer a ele que meus pais esperam que um bom rapaz bata em minha porta e peça minha mão em namoro prometendo um futuro? Ele riria, no mínimo, ou acharia que estou indo com muita pressa.

   Enzo olha para minha casa, janelas e porta, me sorri e me puxa para o cantinho da parede, nos beijamos como dois adolescentes escondidos. Acho divertido, ele se afasta e acena, pisca se afastando, olha mil vezes para atrás e acena até desaparecer e eu ainda fico ali, olhando para o nada, toda boba, esperando que por um milagre ele se materialize diante de mim mais uma vez.

   ―Bianca! – A voz da minha me desperta, ela está na janela com um ar assustado. – O que faz parada ai sorrindo? Parece em transe.

   ―Oi mamãe. Cheguei. – Ela junta as sobrancelhas. Balança a cabeça e sai da janela. Sem conseguir guardar o sorriso em entro em casa, encontro minha mãe no meio da sala com as mãos na cintura.

   ―Onde esteve? Você está muito estranha esses dias.

   ―Estou bem mamãe. Só atrasada. Tem que entender que eu estou numa universidade nova, com professores e matérias diferentes. Estou me adaptando. Fico na biblioteca, devia agradecer de eu me esforçar para alcançar a turma, além disso... eu preciso contar com a ajuda dos colegas, nem todo mundo está disposto a perder tempo me ajudando.

   ―Eu sei, só que não entendo para que quer esse celular se simplesmente o ignora.

   Me esqueci dele, sempre me esqueço, suspiro, sorrio num pedido de desculpas, não quero deixar minha mãe assim tensa e juro a mim mesmo que vou tranquiliza-la se acontecer de novo de me atrasar.

   ―Desculpe mamãe. Não vai voltar a acontecer, vou lavar as mãos e te ajudar a terminar o jantar.

   ―Não está cansada? – Beijo seu rosto e acaricio seus cabelos.

   ―Não para ajudar a mãe mais linda e dedicada do mundo.

   ―Para menina boba. – Ela me dá um tapinha na mão. Depois segue para cozinha. Pego o celular, só pretendia liga-lo de novo, mas então tem uma mensagem de Enzo. “Já estou com saudade de beijar você. Eu disse que seria um problema” meu coração salta e sorrio, quero responder, mas meus dedos tremem. Fico pensando por longos minutos no que responder. Que tolice, ele vai achar que estou escrevendo um texto enorme e só estou com medo de ser ridícula. “Também estou com saudade, amanhã nos vemos”.

   Me despeço? Espero ele responder? O que eu faço? Como uma garota fica tão nervosa só por conta de uma simples mensagem?

   ―Bianca! – Mamãe grita da cozinha. Quase derrubo o celular tão envolvida na mensagem e parada no tempo e na sala. Rio do susto.

   ―Estou indo mamãe! – Eu grito de volta. Se um dia Enzo frequentar minha casa ele vai ter que se acostumar com os gritos. Será que tem garota mais sonhadora que eu? Estou aqui fazendo planos de um jantar em família com ele e meus pais e quem sabe a família dele.

   ―Hoje ainda Bianca? Não pedi ajuda, você ofereceu. – Reviro os olhos. Que drama.

   ―Pronto mamãe, estou aqui. O que quer que faça?

   ―Nada. Agora deixa que eu me viro. Deve ter coisa mais importante que ajudar sua mãe. – Mordo o lábio, ela me diverte, me aproximo e a abraço. – Não vem, nem adianta, agora quer me agradar.

   Ela acaba rindo, me entrega a colher de pau, eu a aperta mais uma vez antes de me colocar na frente do fogão para mexer a panela com o creme de milho que ela acaba de colocar no fogo. Minha língua coça para contar a ela, mas então os cabelos brancos dela escapam do coque e me lembro que ela não entenderia. Fico com meus sonhos secretos, dividir isso com ela só me deixaria triste, mamãe me desencorajaria, disso não tenho dúvidas.

   ―E acabamos não tomando o sorvete. – Me lembro com um sorriso.

   ―Combinamos de tomar sorvete? – Me assusto por ter pensado em voz alta, olho para ela sem graça. Balanço a cabeça afirmando, ela parece buscar na memória.

   ―Não me lembro. Sirvo uma taça depois do jantar. Sempre é tempo.


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Notas finais do capítulo

Beijossss
Espero que estejam gostando.



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