Na parte de trás do pátio da U.A., por onde ninguém passava, um aluno do primeiro ano estava fortemente agarrado à sua mochila, enquanto dois segundanistas o intimidavam.

“Você é mesmo ridículo, Akaguro-kun.” Comentou um garoto de longos cabelos azuis segurando um pão de Yakisoba. “Eu pedi gentilmente para você me comprar um pão de melão.”

“Não havia mais.” Respondeu ele desviando o olhar.

“Então você procurava noutro lugar!” Repreendeu o azulado chicoteando o rosto do primeiranista com os seus cabelos que se pareciam mover por vontade própria.

“Oi, oi, você não está exagerando, Aogami?” Perguntou o outro segundanista tentando conter o riso. “Ele chega até a dar pena.”

“Além de não ter uma peculiaridade chamativa, não sabe nem seguir pedidos direito. Você nunca vai conseguir ser um herói popular, Akaguro-kun.” Sentenciou Aogami rindo com arrogância. “Para um herói, o mais importante é a sua popularidade, sabia?”

“Vocês ainda se consideram aspirantes a heróis?” Questionou Akaguro com um olhar de ódio tão afiado que fez os rufiões estremecerem por um segundo. “É assim que o sistema de heróis funciona?”

“Fale com mais respeito com os seus Senpais!” Ordenou Aogami dando mais uma chicotada com os seus cabelos, no entanto os mesmos foram pegos antes de alcançarem o primeiranista.

“É você que devia ter mais respeito, Aogami.” Falou um rapaz de cabelo castanho e olhos verdes, usava o casaco do seu uniforme aberto e tinha alguns bandaids no rosto, enquanto segurava fortemente os cabelos do azulado. “Não é trabalho de um Senpai guiar os seus Kouhais? (N/a: contra-parte de senpai). Ele até comprou um pão de Yakisoba para você, isso é uma forma máxima de respeito.”

“Ora, ora, se não é o Dansei-kun da classe B.” Aogami o reconheceu e retraiu o seu cabelo chicote. “Eu estava apenas ajudando o Akaguro-kun a se enturmar.”

“Cale a boca, Aogami!” Ordenou Dansei com uma voz poderosa e raivosa e depois se virou para o primeiranista. “Você é o Akaguro da classe 1-A, nê? Saia daqui imediatamente.”

O jovem assentiu e saiu a correr.

“Estraga prazeres como sempre.” Murmurou Aogami.

“Eu já estou de saco cheio da sua forma de agir, Aogami.” Falou Dansei com voz autoritária. “Como se você fosse o rei do seu mundinho. Tem a certeza que quer ser um herói?”

“Claro que sim. Não existe profissão mais popular, certo?” Respondeu o azulado balançando os seus cabelos vaidosamente.

“A sua resposta só me deixou mais puto.” Afirmou Dansei socando a palma da sua mão.

“Ei, Aogami, você já sabe a reputação dele.” Comentou o amigo do azulado. “Não o devia enfurecer.”

“Fufu, o que ele vai fazer? Me bater?” Perguntou Aogami com ironia. “Ei, Dansei-kun, você por acaso sabe quem é o meu pai?”

“Quero nem saber!” Gritou Dansei já à sua frente e lhe dando um forte soco no rosto que até o jogou para longe.

Esse foi o primeiro de muitos golpes que se seguiram.

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Os professores da U.A. estavam todos na sala de reuniões com expressões sérias.

“Dois alunos da classe 2-A foram gravemente agredidos.” Anunciou o herói atirador, Snipe, lendo uns papeis. “Como a maioria já sabe, o culpado foi Dansei Ken, aluno da 2-B.”

“Outra vez ele?” Questionou um dos professores.

“Ele só se mete em problemas.” Comentou outro.

“Desta vez foi o cúmulo.” Suspirou mais um professor com a mão no rosto. “Um dos alunos que ele agrediu é Aogami Ouhei. O seu pai é um dos grandes financiadores da U.A….”

“Esse Dansei já fez coisas suficientes para ser expulso.” Revelou outro professor.

“Mas eu escutei que ele fez isso para proteger um colega.” Disse o Diretor Nedzu pousando as patas na mesa. “Mesmo que tenha exagerado na violência, ainda agiu com ideais heróicos. Sinto que se o expulsarmos por este acontecimento, lhe estaremos negando esses ideais.”

“Então o que devemos fazer?” Questionou Snipe.

O silêncio dominara a sala, os professores estavam bem indecisos, o pai de Aogami só ficaria satisfeito com uma expulsão, mas o senso moral dos professores também julgava essa punição grande demais. Estavam num impasse.

Foi então que a porta da sala se abriu repentinamente e de forma bruta, chamando a atenção de todos os professores. Lá estava o jovem Dansei Ken de braços cruzados e um olhar determinado.

“Você deseja alguma coisa, Dansei-kun?” Perguntou o diretor calmamente.

“Me expulsem da U.A.” Falou Ken se curvando de tal maneira que fazia um perfeito ângulo de 90º entre o seu tronco e as pernas.

“O quê?” Indagaram alguns professores sobressaltados.

“O que quer dizer com isso, Dansei-kun?” Nedzu perguntou, continuando sem perder a calma.

“Se as minhas acções vão causar problemas a esta escola, então não me posso permitir continuar aqui.” Respondeu do rapaz levantando a cabeça, ainda com mesmo olhar determinado. “Eu ainda acredito que o que eu fiz é o que eu deveria ter feito. Mas não posso viver sabendo que as minhas ações prejudicaram outras pessoas além de mim. Se a solução mais viável é a minha expulsão, eu a aceitarei sem qualquer remorso!”

“Mas você não quer virar um herói profissional?” Questionou Snipe.

“A U.A. não é a única escola com curso heróico do Japão.” Respondeu Ken ainda com a mesma expressão.

“Você sabe que uma expulsão da U.A. manchará o seu currículo e talvez até a sua futura vida profissional, certo?.” Informou Snipe com um tom preocupado. “Não vai ser qualquer escola que vai aceitar você.”

“Só tenho de procurar por uma que aceite.” Respondeu Ken dando meia volta e se dirigindo para a porta. “Além disso, um herói não precisa ser popular. Um herói apenas precisa proteger as pessoas.”

“Dansei-kun, espere.” Pediu Nedzu com voz séria, fazendo o rapaz parar. Depois mudando para um tom de voz mais amável. “Se torne um grande herói, sim?”

“Claro que sim, Diretor.” Respondeu Ken sem olhar para trás, dando um leve sorriso e seguindo o seu caminho. “Obrigado por tudo, professores.”

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15 anos depois, Dansei Ken, mais conhecido como o Bancho Hero, Bankara, estava agora na margem de um rio que passava pelo meio da cidade, de braços cruzados, esperando por alguém.

“Oh, então você veio mesmo.” Comentou o vilão careca se aproximando com os outros dois vilões.

““Nos encontre na margem do rio, venha sozinho, isto será um duelo. Se recusar, mataremos as crianças que o seguem. Assinado Os 4 Carrascos.” Era isso o que a carta falava…” Falou Bankara se virando para eles. “Vocês são retardados? Que vilão chama um herói para seu encontro? Estão com vontade de apanhar?”

“Já que é um Bancho, pensei que ia gostar da ideia de um duelo na margem do rio.” Confessou o vilão careca num tom irónico. “Mas bem, acho que nos devíamos apresentar primeiro. Eu sou Toxic Head, líder dos 4 Carrascos.”

“Não estou interessado em saber quem são.” Respondeu Bankara rudemente.

“Eu sou Death Eye…” Ele se apresentou com um olhar desinteressado. “Aff… Quero ir para casa.”

“Então vá!” Reclamou o Bancho Hero.

“E eu sou o temido touro furioso, me chame de Hungry Bull.” Falou o vilão com cabeça de Touro apontando com o polegar para si mesmo.

“Então afinal sempre têm um retardado de verdade nesse grupo.” Comentou Bankara com a mão no rosto.

“Hã?” Perguntou Bull num tom ameaçador.

“Se você vai usar um nome estrangeiro, então aprenda a língua!” Reclamou o herói profissional. “O seu nome não significa touro furioso! Significa touro faminto! O correto seria Angry Bull! Aprenda inglês antes de usar, desgraçado!”

“Oh, ele falou.” Comentou Toxic Head.

“É… Ele falou.” Concordou Death Eye.

“MORRA!” Gritou Bull investindo com os seus chifres a alta velocidade contra o herói.

[Hungry Bull

Peculiaridade: Touro

Basicamente, pode fazer tudo o que um touro pode fazer… Que simples!!! Aparentemente se deixa levar facilmente pela raiva.]

Bull tentou perfurar o Bancho com a sua investida direta, no entanto, Bankara segurou nos chifres do vilão e impediu que ele continuasse em frente.

Porém, Bull continuou a insistir na investida, ainda movido pela raiva.

“Ele tem bastante força bruta.” Pensou Bankara sentido alguma dificuldade em segurar o vilão.

“Mark (N/a: Marcar).” Falou Death Eye com um brilho vermelho no seu olho direito, atirando uma flecha com o seu arco. “Shot (N/a: Tiro).”

Bankara avistou essa ação, então, primeiro para se livrar de Bull, levantou o vilão pelos chifres e jogou-o para trás. Depois, usando o poder das molas das suas pernas, saltou para o lado para evitar a flecha, no entanto, a mesmo virou no ar e acertou-lhe no ombro esquerdo.

“Como?” Questionou Bankara com uma expressão de dor, retirando a flecha.

“Kukuku. O Death Eye é um mercenário bem famoso no submundo.” Revelou Toxic Head com uma expressão triunfante. “Conhecido por nunca errar um alvo.”

[Death Eye

Peculiaridade: Alvo Infalível

Após marcar um alvo com o seu olho direito, qualquer coisa que ele arremesse no período de meia hora irá acertá-lo! Assustador! Se marcar muitos alvos num curto período de tempo, a sua cabeça começa a doer.]

“Morra logo, por favor.” Pediu Death Eye atirando três flechas de uma vez. “Eu quero ir para casa.”

“Merda.” Pensou Bankara cobrindo a zona do seu rosto e peito com os braços, onde as flechas cravaram. “Não entendi muito bem, mas parece que isto faz parte da peculiaridade dele.”

“O que está acontecendo ali?” Perguntou um civil que cruzava a ponte do rio.

“É um herói lutando?” Questionou outro.

“É, parece que sim.” Mais um falou.

Em pouco tempo, vários civis curiosos se reuniram para assistir a luta.

“Não é aquele herói arruaceiro?”

“Lutando contra três vilões sozinho. Deve estar fazendo isso para se exibir.”

“Kukuku, parece que já temos público.” Comentou Toxic Head.

Quando se preparava para contra-atacar, Bankara de repente sentiu dificuldade em se mover e sua visão ficou levemente embaçada.

“Começou a fazer efeito.” Disse Toxic Head com um sorriso sádico. “As flechas que o Death Eye atirou agora tinham as minhas toxinas. As doses não são suficientes para matar de uma vez, mas pouco a pouco você vai ficar cada vez mais fraco.”

[Toxic Head

Peculiaridade: Suor tóxico

O seu suor contem várias toxinas! Nojento! Não são mortais em pequenas doses, mas em excesso podem ser um grande problema!]

“Não se esqueça de mim!” Falou Bull surgindo atrás de Bankara, enquanto o mesmo ainda estava atordoado, e deu um forte soco no rosto que jogou o Bancho Hero para o rio.

“Lidar com estes três está sendo um saco.” Pensou Bankara se levantando com alguma dificuldade na parte rasa do rio, cuspindo um pouco de sangue.

“Perfeito.” Pensou Capilar observando de longe. “Enquanto estes três acabam com o imbecil do Bankara, eu irei aparecer heroicamente e roubar todos os holofotes. Acabar com aqueles três de uma vez, enquanto o Bankara não pôde fazer nada. Simplesmente perfeito.”

“Ainda de pé?” Questionou Bull dando-lhe mais um soco, desta vez no estômago.

Porém, Bankara não se curvou e, ainda mantendo um olhar firme, retribuiu o soco acertando no queixo do bovino.

“Claro… Que sim, vaca estúpida.” Respondeu o Bancho Hero com respiração ofegante.

“Maldito…” Murmurou Bull com um olhar raivoso, dando uma potente cabeçada na cabeça do herói profissional.

O chapéu de Bankara saiu a voar e o seu dono caiu no rio com a cabeça ensanguentada.

“Ele perdeu.” Comentou um civil.

“É o que acontece quando tenta enfrentar 3 vilões sozinho.” Falou outro.

“O que vai acontecer agora? Aqueles ali são vilões, certo? Estamos em perigo!” Disse mais um civil em pânico.

“Não temam!” A voz de Capilar se fez ouvir, seguida da sua entrada triunfal na margem do rio. “O verdadeiro herói chegou!”

“Kya! É o Capilar!” Gritou uma civil.

“Acabe com eles, Capilar!” Falou um civil.

“Se é o Capilar, vai tudo ficar bem.” Outro civil disse.

“Mas que visão ridícula, Bankara-kun.” Comentou o Cuticle Hero se virando para Bankara deitado na parte rasa do rio. “Eu vou-lhe mostrar como um verdadeiro herói fa-”

Antes de terminar a sua frase, Capilar foi atingido por uma flecha nas costas.

“O… Que… O que é isto?” Indagou o azulado se virando lentamente para trás e avistando Death Eye com o arco apontado para ele.

“Você também irá morrer hoje, Capilar.” Respondeu Toxic Head com um sorriso sádico.

“MALDITOS! Estão me traindo?” Gritou Capilar furioso. “Têm ideia de quanto vos pague-”

Bull deu-lhe um forte soco bem no meio do rosto e jogou-o para perto de Bankara.

“O Capilar está apanhando…” Comentou um civil

“Ele costuma acabar com os vilões com facilidade.” Disse mais um.

“Será que devíamos chamar mais heróis?”

“Não tem muitos nesta zona… Vão demorar para chegar aqui.”

“O que foi, Kirishima?” Perguntou Kaminari que parou de andar juntamente com Bakugou e Sero ao avistarem o ruivo distraído juntando-se a uma multidão.

“Parece que as coisas estão feias para aqueles heróis.” Respondeu Kirishima sem desviar o olhar da cena.

“Vamos acabar com aqueles vilões.” Decidiu Bakugou fazendo uma pequena explosão na sua palma.

“Não seja idiota, somos apenas estudantes.” Respondeu Sero. “Não temos permissão para usar as nossas peculiaridades contra vilões.”

“Hã? Quem está chamando idiota, maldito?” Reclamou Bakugou raivosamente.

“Por que é que estão fazendo isto comigo?” Questionou Capilar tremendo de medo, com os dentes da frente quebrados, sangrando da boca e do nariz.

“Vou ser sincero com você. Eu não o suporto.” Respondeu Toxic Head com um sorriso sádico. “Na verdade não suporto a maioria dos heróis. Agem como santos para a população, mas no fundo, a maioria de vocês não é muito diferente de nós, vilões. A grande diferença é que nós revelamos a nossa verdadeira natureza, enquanto vocês a escondem perante a sociedade. Eu não estou interessado no seu dinheiro, apenas me quero divertir quebrando essa imagem falsa. Bull, acabe com ele.”

“Não! Espere!” Gritou Capilar em pânico, enquanto o homem bovino se aproximava. “Eu pago o dobro… Não! O Triplo!”

“Pagar?” Questionou um civil.

“Do que ele está falando?” Perguntou outro.

“Kukuku. Estão vendo? Esta é a verdadeira natureza do herói que admiram!” Gritou Toxic Head dando uma grande gargalhada. “Ele pagava a vilões para se deixarem pegar por ele para se tornar popular! O que acham? Ainda se sentem seguros?”

“Isso é verdade?” Indagou um civil.

“São as palavras de um vilão!” Protestou outro.

“Mas pelo que aconteceu… Parece verdade.”

“Não posso ficar parado.” Falou Kirishima endurecendo os seus punhos. “Vou ajudar.”

“Uwa, calma, calma, Kirishima!” Falou Kaminari segurando o seu colega de classe.

Bull se aproximou de Capilar. O herói estava completamente paralisado pelo medo, sentado na parte rasa do rio, sem forças para se levantar. Nunca estivera numa verdadeira situação que ameaçasse a sua vida. Ele se sentia completamente impotente. Sentia que morreria de forma ridícula como um ninguém.

“Pare… Pare, por favor.” Pedia ele começando a lacrimejar, enquanto Bull juntava as suas mãos para aumentar o impacto e as descia em direção ao azulado. “SOCORRO!”

Nesse momento, pouco ante do vilão atingir Capilar, um punho surgiu. Como se fosse projetado com a força de uma mola, esse punho acertou o focinho de Bull e o mandou voando.

Capilar olhou em frente e viu as costas de um impopular herói a que ele não dava qualquer valor, Bankara. Lá estava ele, de pé, como uma imponente montanha.

“Por… Por quê?” Perguntou Capilar ainda tremendo. “Por que é que me salvou?”

“Imbecil.” Respondeu Bankara pegando no seu chapéu, sacudindo-o para retirar a água dele e voltando a colocá-lo na cabeça. “Foi porque você pediu por ajuda.”

“Parece que tem uma boa resistência ao meu veneno. Mas tem a certeza que quer salvá-lo?” Questionou Toxic Head, enquanto Bull se voltava a levantar. “Foi esse homem que nos contratou para acabar com você, sabia? Isto é tudo culpa dele. Você não tem razões para salvá-lo.”

“Uma razão?” Disse Bankara se colocando em posição de combate. “Eu nunca precisei de algo assim.”