Hastryn: Despertar escrita por Dreamy Boy


Capítulo 4
A Lâmina e o Sangue


Notas iniciais do capítulo

Sou Elliot Trannyth, o atual monarca de Horgeon. Governo a cidade ao lado de minha esposa, Charlotte. A população não encontrou resistência em aceitá-la, e sou extremamente grato aos deuses por isso.
No entanto, uma parte de mim teme que esse momento de paz dure pouco... Pois nada em Hastryn costuma acontecer dessa maneira.



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Elliot

Assim que retornaram ao Palácio de Horgeon, Elliot marcou uma reunião a céu aberto com todos os cidadãos na maior praça da cidade. Avisos importantes a respeito do novo método de governo precisavam ser passados, e não havia ninguém melhor do que o próprio rei para desempenhar essa função. Era o primeiro passo que deveria ser dado, para que fossem evitados possíveis erros e problemas posteriores.

A liteira conduziu Elliot e Charlotte para o local mais alto da praça, onde praticamente todos os indivíduos presentes pudessem observá-los e ouvi-los. Prestes a se pronunciar, direcionou olhares respeitosos às pessoas que o assistiam. Pessoas extremamente diferentes entre si, com suas próprias histórias e culturas, mesmo que residissem no mesmo ambiente.

— Caros cidadãos de Horgeon, o que tenho a dizer é de extrema importância. É uma história que envolve diretamente a minha vida e o meu passado, incluindo a forma como cheguei a esta cidade. — O monarca respirou fundo e prosseguiu com o discurso. — Antes de tudo, quero afirmar que o meu nome verdadeiro é Elliot Trannyth. A identidade de Wolfric Luckov foi adquirida para que eu conseguisse fugir de Arroway sem ser morto pelo Rei Lothar Wildshade, que desejava ver a minha cabeça diante de seus pés. Desde então, me tornei um sobrevivente e fui abrigado, sendo tratado com bondade pelo Rei Vincent e pela Princesa Susan. Nós crescemos e uma aliança se formou, de modo que faríamos o norte pagar pelo sofrimento que causou na família que governava o sul. Agora que nos livramos para sempre daquele monstro, posso lhes mostrar a verdadeira pessoa que sou, e prometer que nunca estarão sozinhos. Eu os protegerei enquanto estiver vivo!

A população gritou e o aplaudiu, demonstrando satisfação pela figura heroica formada pelo rapaz. Charlotte colocou uma de suas mãos sobre o ombro esquerdo do marido, demonstrando apoio e orgulho do mesmo. Aquela seria somente a primeira etapa de muitas que ainda viriam, e a mulher prometeu que estaria presente em todas. Tê-la ao seu lado era extremamente importante para o rei.

Elliot respondeu a algumas perguntas que cidadãos curiosos lhe lançaram. Explicou tudo o que podia a respeito de como sobreviveu e ascendeu socialmente. Em seguida, ambos partiram para o palácio e se reuniram com os irmãos Robert e Roland, que se responsabilizaram pelo controle da cidade durante os dias da lua-de-mel, já que os herdeiros ainda eram pequenos demais para a função.

— Por favor, nos relatem tudo o que ocorreu. Precisamos estar por dentro dos principais eventos. — Elliot pediu, sentando-se a uma mesa quadrangular, com as cadeiras ocupadas por Charlotte, os dois irmãos e os restantes membros do conselho. O local não era muito grande, mas espaçoso o bastante para as reuniões. As três estantes estavam abarrotadas de livros, pergaminhos, mapas, globos, tinteiros e penas. Sobre uma mesa de canto, um extenso mapa representava o mundo de Grimwerd, incluindo seus extintos continentes e as Ilhas.

Robert tomou a iniciativa e iniciou a conversa.

— Em relação às leis, alguns criminosos estão presos em suas celas e aguardando o julgamento dos monarcas para serem designados a suas devidas punições. Um deles foi responsável pelo estupro de uma senhora indefesa nas ruas. Outros, por crimes menores, como roubos de alimentos e tecidos para a confecção de vestimentas. 

— Algum assassinato? — Charlotte perguntou, demonstrando interesse no assunto. Elliot se surpreendeu um pouco, pois, antes da realização do casamento, a jovem havia afirmado que não desejaria se envolver em questões políticas e burocráticas. Contudo, percebeu que, com o passar daquele curto espaço de tempo, a sua mente estava mudando.

Roland respondeu.

— Não que tenhamos conhecimento. Somente uma briga que poderia ter resultado em um, se um de nossos guardas não os tivessem impedido. Os dois também foram aprisionados, pois não sabíamos se um tentaria matar o outro quando não estivéssemos por perto.

— Compreendo... — Em seus pensamentos, Elliot deu mais importância aos dois primeiros casos. Situações tão diferentes que receberiam punições e advertências distintas. — A maior parte desses roubos costuma acontecer por conta de indivíduos que sentem fome ou não possuem condição de se sustentar. Organizaremos uma ação que será responsável por ceder alimentos a essas famílias e tentaremos abrir mais vagas de trabalho, o que nem sempre costuma ser possível.

— É uma ideia bastante agradável para mim. — Charlotte elogiou, satisfeita. — Uma forma de contribuir para um povo que me recebeu de braços tão abertos. Ficarei feliz em participar desta ação.

Elliot sorriu.

— Será mais do que bem-vinda. Estará comigo na tomada de decisões. — O rei se virou para os dois amigos, continuando com a discussão. — Obrigado pelas informações, meus caros. Agora, creio que devamos nos dirigir à prisão a fim de resolver as situações que se encontram pendentes.

Deixando o ambiente, o casal seguiu por uma porta que dava acesso a uma escadaria de pedra estreita, iluminada somente pelas tochas e lamparinas que tinham em suas mãos e pelas pequenas frestas nas paredes. Desceram os degraus, tomando cuidado para não tropeçarem uns nos outros e provocarem acidentes.

Chegaram a um largo e extenso corredor. A cada lado, celas coladas umas nas outras estavam vazias ou tinham infratores em seu interior. Grande parte deles estava adormecida e ainda não havia percebido a presença do grupo. Outros se prontificaram a caminhar até as grades e puxá-las na tentativa de chamar a atenção para si. 

— Irmãos, quais destes foram os que se envolveram na briga? — Elliot perguntou em alto tom, desejando se livrar de uma vez por todas do caso menos importante, para que pudessem dar uma maior atenção aos demais. Olhou ao redor, demonstrando imponência. — Começaremos por estes.

Ambos estavam em celas vizinhas. Roland também os mostrou quais daqueles eram os outros infratores, para que Elliot e Charlotte conhecessem seus rostos e soubessem quais seriam os próximos a tentarem se defender através do relato. O homem explicou à esposa que havia um cômodo vazio próximo à escada, e o utilizariam para ouvir o que os aprisionados tinham a dizer a seu favor.

— Expliquem-nos como a briga se iniciou. — Charlie pediu, com firmeza.

Os dois sujeitos se encararam e um deles se prontificou a esclarecer as coisas. Seu nome era Seraphim. Aparentava ser o mais velho, já que o outro, Trevor, tinha um rosto mais jovem, mesmo que fossem grandes as chances de ambos terem faixas etárias próximas.

— Este fedelho acha que tem capacidade para confrontar alguém à minha altura. — Fitou o adversário com desprezo, continuando a explicação. — Estávamos jogando cartas como sempre fazemos, até que o infeliz resolveu aparecer para importunar a paz de todos. Nos ofendeu e me provocou, insultando a mim e à minha esposa. Eu o ataquei e ele revidou.

— O que tem a dizer em sua defesa? — Elliot se dirigiu ao outro advertido, que demonstrava despreocupação com o local e a situação em que se encontrava envolvido, como se estivesse com um plano por trás. Isso chamou a atenção do rei, mas este jamais se permitiria intimidar.

— Absolutamente nada, Majestade. — Lançando um último olhar de provocação ao mais velho, virou-se para o governante e ergueu as mãos, em um sinal de rendimento. — Reconheço o erro em minhas palavras ofensivas, mas nunca pretendi ferir ninguém.

— Compreendo... — disse Charlotte, enquanto refletia sobre o fato. — Em algum momento, você, que foi fisicamente atacado, teve a oportunidade de interromper a briga e, mesmo assim, a continuou?

Ele assentiu.

— Acredito, dessa forma, que os dois sejam culpados. — Seu olhar encontrou o de Elliot, que assentiu e complementou o raciocínio da esposa através de seu ponto de vista.

— Quero que me respondam: estão dispostos a nunca mais cruzarem o caminho um do outro? Se acontecer de se encontrarem por acaso, fingir não se conhecerem e simplesmente não reiniciarem esse conflito?

— Sim! — Os dois afirmaram ao mesmo tempo.

— Dessa forma, declaramos que haverá uma segunda chance para ambos. Se chegar a nossos ouvidos qualquer denúncia de agressão feita pelos dois a qualquer outro indivíduo, tenham a certeza de que reconheceremos seus rostos e os puniremos por não seguirem às nossas ordens. Aproveitem e digam a seus conhecidos sobre esta nova regra que estamos implantando. Estão dispensados.

Situações como aquelas aconteciam a todo e qualquer instante dentro das cidades de Hastryn, mas Charlotte e Elliot acreditavam em uma utopia na qual a violência diminuiria pelo menos um pouco. E, sempre que tivessem a oportunidade de contribuir para isso, colocariam seus desejos em prática. Não sabiam se os frequentadores da taverna que jogavam cartas cumpririam o que lhes foi ordenado, mas precisavam, ao menos, tentar.

...

Envergonhada, a dupla de ladrões se sentou diante de Elliot e Charlotte. Um garoto e uma garota de idades próximas, parecendo serem um pouco mais novos do que o casal. Utilizavam vestimentas simples e velhas, mostrando que viviam em um ambiente humilde.

— Por favor, nos expliquem o ocorrido. — Charlie disse, com sutileza.

A irmã se encorajou, colocando as mãos sobre a mesa e as apertando com força, num gesto que mostrava o quão desconfortável estava em iniciar aquele assunto.

— Nós fomos apanhados pelos guardas porque estávamos roubando alimentos em um mercado da cidade. Fazemos isso em locais que têm estoques cheios e não seriam prejudicados se alguns de seus itens sumissem. Temos uma mãe que não pode mais trabalhar e está de cama, com uma doença grave. As pessoas não nos ouvem quando as imploramos por ajuda, o que nos obriga a tomar outras atitudes, mesmo que sejam contra tudo o que aprendemos sobre o que é certo e errado. Além de nossa mãe, que não sabemos se continuará viva, temos também dois irmãos pequenos para ajudar a criar. — A jovem apontou para o cúmplice. — Ele está procurando por trabalhos, mas os lugares não o aceitam e, quando o fazem, se aproveitam da disposição e do desejo de mudarmos nossas vidas para o explorarem e não o pagarem.

Charlotte e Elliot se entreolharam, pois, devido ao histórico vivenciado por ele quando ainda era um pequeno pescador, conheciam bastante a realidade humilde e pobre das pessoas que se desesperam para alimentar suas famílias.

A rainha se pronunciou.

— Temos um Centro Hospitalar na cidade. Sua mãe deveria ter sido conduzida para lá desde o momento em que apresentou sinais de uma doença. Faremos o possível para cuidar de sua saúde e salvar a sua vida, mesmo que ainda não conheçamos o seu estado. Quanto a isso, não precisam se preocupar. Me responsabilizarei ainda hoje para resolvermos essa questão.

— Nós seremos presos e julgados por nossos crimes? — O garoto perguntou, de olhos arregalados. — Por favor, tenham piedade de nós!

— Cale a boca, seu idiota! — A irmã o golpeou com o cotovelo em sua costela, fazendo-o gemer de dor e deixá-la prosseguir. — Isso é o de menos. A vida de nossos irmãos é o mais importante agora.

Elliot sentia que aquilo não era uma encenação. A mesma estava disposta a tudo em nome da proteção das crianças que cuidava. Ele se sentiu diretamente envolvido com aquela história, pois faria exatamente o que a dupla fez se fosse para proteger Aaron. No entanto, deveria ser imparcial e não permitir que questões emocionais e pessoais fizessem parte da decisão.

 — Quais os seus nomes? — Charlotte perguntou.

— Eu me chamo Demetria. Ele, Isaac. Sei que somos culpados e que devemos seguir os castigos que merecemos, mas, por favor, não permitam que os pequenos fiquem sozinhos!

Demetria e Isaac foram deixados a sós dentro do cômodo, que foi patrulhado por dois seguranças e por Robert e Roland. Enquanto isso, Charlotte e Elliot se encontravam no lado de fora, dispostos a conversar em um tom que não fosse possível de se ouvir pela dupla.

— Percebemos pelos seus olhares que o desejo de protegê-los é maior do que o de qualquer capricho ou sentimento egoísta que possam nutrir. — Charlie analisou, de acordo com as conclusões tiradas a partir da conversa. — Isaac aparenta ser problemático, mas não creio que Demetria deva pagar pela imaturidade e pelo desespero do irmão.

Elliot respirou fundo e mostrou o seu ponto de vista.

 — Se os condenarmos, também estaremos comprometendo o destino das crianças. Isso é o mais preocupante. Acredito que já sei o que devemos fazer. Querida, tenho uma ideia e preciso que, quando a ouvir, diga o que pensa a respeito. Caso acredite que devamos alterar algo, assim o faremos. Envolve o que já foi conversado antes com os Irmãos.

— Certo. 

...

— Demetria e Isaac, tomamos a decisão. — Elliot anunciou, enquanto voltava para a sala acompanhado da esposa. A dupla de criminosos os fitou, com semblantes assustados.

— Além de oferecermos cuidados à mãe de vocês, concederemos uma nova oportunidade para ambos. Para que nunca mais roubem, será oferecido um cargo a Isaac em um setor que o mesmo se identifique. Isso será tratado nos próximos dias. Rapaz, peço que, assim que deixar o palácio acompanhado de nossos guardas, explique tudo para a sua família. Qualquer tempo de vida de sua mãe deve ser aproveitado.

Isaac se levantou e se ajoelhou, unindo as duas mãos e olhando para os reis.

— Obrigado, Majestade! Não sabemos como agradecer a tamanha gentileza.

Charlie permaneceu séria e deu continuidade ao comunicado.

— Por enquanto, desejamos que Demetria não vá. Não porque será punida ou algo semelhante, mas porque justamente nos auxiliará participando de uma assembleia para tentar mudar a situação dos pobres da cidade. Ela também levará uma cesta repleta de alimentos para os pequenos.

— Irmãos, por favor, levem-na para se hospedar em um aposento. — Elliot pediu. Silenciosamente, Robert e Roland o obedeceram e conduziram a moça. Ela e Isaac se abraçaram, emocionados, e se retiraram. Os Irmãos também informaram aos guardas para o acompanharem até a casa em que vivia, dispostos a trazer a senhora para ser atendida pelos médicos.

Charlotte respirou fundo. Elliot compreendeu o que se passava em sua mente, pois compartilhava dos mesmos sentimentos. Sentimentos provocados pelo que se sucederia nos próximos minutos. O próximo caso envolvia muito mais sigilo e cuidado da parte de ambos, pois se tratava de um crime de estupro, certamente mais grave do que os anteriores.

Guardas trouxeram o acusado e o algemaram em um dos assentos disponíveis. O homem tinha uma aparência cansada e seu olhar era distante, mas não aparentava culpa ou intimidação diante das autoridades que se situavam à sua frente. Elliot e Charlotte o fitaram com seriedade, decidindo, em silêncio, quem seria o primeiro a falar. Charlie optou por fazê-lo.

— Através dos relatos que chegaram até nós, você fazia parte de um grupo que perseguiu uma senhora numa rua e a encurralou. Qual o motivo desse ato? Por que maltratar uma pessoa e destruir a sua vida dessa forma?

Ele somente a encarou, sem dizer uma única palavra. Sua forma de olhar para a rainha demonstrava uma mistura de desprezo com deboche. Elliot, sentindo-se desconfortável com aquela cena, apanhou a espada de sua cintura e a bateu sobre a mesa, assustando a todos os presentes.

— Minha esposa fez uma pergunta e esta deve ser respondida! A não ser que queira arcar com as consequências. Estamos lhe dando a chance de tentar nos apiedar para que seu destino não seja tão cruel. Portanto, é melhor que decida nos obedecer e também dizer os nomes dos seus cúmplices.

— Peço desculpas, Majestade. — O seu semblante se alterou por completo, como se, em relação a Elliot, este demonstrasse profundo respeito, mas não se importava com a presença de Charlotte. — Aquela senhora se vestia como uma verdadeira prostituta. As suas roupas eram provocantes. Nosso grupo entendeu que, assim como as moças dos bordéis, esta também desejava se divertir um pouco. E não posso cometer uma maldade dessas com meus amigos. O senhor entende, não é mesmo? — Com um sorriso, o criminoso parecia estar confortável ao falar sobre o assunto. Elliot se sentiu enojado, engolindo em seco.

Charlotte se ergueu, lançando a cadeira sobre o chão.

— O seu pensamento é muito errado! — A jovem vociferou, mostrando-se furiosa diante da situação. Agora, tinha poder suficiente para mostrar o que sentia e o que pensava. A população de Horgeon a ouviria sempre que fosse necessário. Ela não fraquejaria. — Nenhuma vestimenta significa permissão ou consentimento de um ato sexual. Nada justifica um estupro! Terá a sua devida punição por isso.

Quando ocorria, o castigo por crimes como aquele poderiam variar entre prisão perpétua, condenação à morte ou sessões de tortura, dependendo do método implantando nos sistemas de governo. A tradição de Horgeon costumava utilizar as duas primeiras. Normalmente um cavaleiro de confiança era o responsabilizado por executar o culpado, com um pequeno público que assistia e divulgava o ocorrido para os demais residentes da cidade. Horgeon não trabalhava com o medo e o terror, mas a população deveria saber que seus monarcas cumpriam as regras.

— Deverá punir a mim e a outros homens que vivem em nossa cidade, Majestade... É dessa forma que a nossa sociedade funciona. Sempre foi assim. Sinto muito por desapontá-la.

— E assim o faremos. Começando por você. — Charlotte Trannyth, inesperadamente, apanhou a espada sobre a mesa e a ergueu com firmeza, decepando a cabeça do indivíduo. Em seguida, a rainha deixou a lâmina caída sobre a poça de sangue que se formou no solo e abriu a porta, deixando o cômodo sem olhar para trás.


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Notas finais do capítulo

O que acharam desse final? Impactante? Hahah