Hastryn: Despertar escrita por Dreamy Boy


Capítulo 24
Mortos-Vivos


Notas iniciais do capítulo

Oie!
Gente, a parte 2 está em processo de mudanças. E eu, realmente, não sei quando ela sairá. Mas terminarei a primeira, para servir como um 'desfecho' temporário ♥



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Richard

O retorno de Charlotte Trannyth fez com que um aglomerado de indivíduos a procurasse pela cidade, perseguindo o veículo que a buscou nos portões e a conduziu diretamente ao palácio. As notícias circulavam rápido, portanto, todos já estavam devidamente informados de que a monarca havia partido em busca da cura e, se retornasse viva, teria a solução para a praga em mãos. Desejavam vê-la pessoalmente, pois ainda estavam esperançosos que aquilo teria um fim.

Contudo, a mulher conseguiu se distanciar de todos e partir, imediatamente, para o Centro Hospitalar, no qual os funcionários se prontificaram a iniciar o processo de preparo dos antídotos. Dias foram levados até que este finalmente se concluiu, e inúmeras reservas foram inseridas em frascos e seringas, de modo que fosse organizada uma distribuição do produto para aqueles que ainda se encontravam vivos, com o intuito de fazer com que a doença fosse dizimada. Uma parte das plantas de Abigail foi levada diretamente a Arroway, para que Katherine pudesse contatar Diana e os demais médicos e boticários para realizar o processo de produção dos remédios para os adoecidos do norte consumirem.

Ainda estava para ser decidida uma cerimônia fúnebre, na qual seriam realizados os enterros coletivamente dos falecidos durante aquele período. Seria organizada uma reunião com representantes das famílias da cidade para esta ser planejada da maneira mais adequada possível.

O estado do pequeno Richard piorava mais a cada instante que se passava, mas, graças aos deuses, tanto ele quanto Elliot não foram levados para a morte e conseguiram ingerir o líquido a tempo. Desde então, permaneceram em um repouso que pareceu demorar muito. A praga, que, aos poucos, se esvaía, trazia a ambos uma sensação inteiramente diferente de qualquer outra experimentada ao longo de suas vidas.

Eles realmente sentiam o efeito da cura.

Era como algo mágico, que reconstituía tudo e eliminava a dor.

Levaram dias para que conseguissem sair de suas camas e se colocarem de pé. O modo como ficaram parecia que nunca mais seriam capazes de fazer isto novamente. A praga havia acabado não somente com suas forças, mas também suas mentes, fazendo-os se verem como inúteis, inválidos... Como indivíduos que dependiam dos cuidados dos outros e assim seria pelo tempo que permaneceriam vivos.

Graças aos deuses, o terror estava chegando ao fim.

Ou, pelo menos, ao início do fim.

...

Lentamente, o menino dava cada passo, temendo tombar para o lado e derrubar os objetos posicionados na mesa de madeira tingida de branco, que consistiam em equipamentos, frascos, uma tesoura e tecidos utilizados para conter ferimentos nos corpos de pessoas feridas. Richard Yorkan caminhou pelo corredor, apoiando-se nas paredes e tomando o devido cuidado. Quando sentia necessidade, parava para respirar um pouco.

Houve um momento em que precisou se sentar sobre o chão e aguardar alguns minutos. Estava em fase de transição, aproveitando o momento no qual nenhum médico o supervisionava para poder se retirar daquele cômodo que recentemente funcionava mais como uma cela de prisão do que um aposento seu.

Ele chorava.

Chorava por conta dos traumas sofridos. Por causa da dor que o infernizara. Mesmo que estivesse chegando ao fim, as sequelas da praga permaneciam na mente dos afetados, e assim continuariam por um tempo indeterminado, até que, finalmente, fossem capazes de superá-la e deixar as memórias ruins para trás.

Infelizmente, ainda era recente para isso. Recente até demais. 

Sua visão estava um pouco turva, mas se habituando ao ambiente que era clareado pelas lâmpadas e pelos raios solares que vinham das janelas cujas cortinas estavam abertas durante a manhã. Parando em frente a uma delas, sentiu um pouco do ar fresco, absorvendo as energias de um dia cujo tempo era agradável. Deixou de se importar que o vissem, pois os confrontaria e diria que não retornaria ao quarto. Era quase que mágico sentir a natureza o envolvendo e o fazendo se esquecer, por alguns instantes, da realidade que vivenciava.

— Richard? — Ouviu uma voz baixinha chamá-lo à distância. Ao se virar, deparou-se com a irmã mais nova no fim do corredor. A mesma se encontrava paralisada, estática, surpresa por observá-lo de pé. Os olhos de Elizabeth Yorkan se encheram de lágrimas e a menina deixou cair o urso que se encontrava em suas mãos. Em seguida, correu em sua direção, deixando-se levar pela emoção. — Você está bem!

O mais velho ficou em choque, sem saber como reagir.

A garotinha envolveu o irmão em um abraço forte, sem desejar soltá-lo nunca mais. Richard sabia que aquele momento poderia acontecer mais cedo ou mais tarde, porém, não tinha noção de como seu coração reagiria a tão fortes sentimentos. Elizabeth era tão pequena e havia vivenciado duas perdas, sendo uma delas para uma doença. E esteve prestes a enfrentar a quase morte dele e de Elliot.

Elizabeth era uma guerreira.

Ele beijou o seu rosto, apanhando-a no colo.

— Eu te amo!  Eu te amo muito!

— Por favor, vem comigo!

Lizzie o puxou para se encontrar com os demais, fazendo com que a família se reunisse para ver que o jovem estava reagindo bem ao medicamento tomado. Todos estavam presentes na sala, com exceção dos monarcas. Uma porta se abriu e Elliot Trannyth apareceu, sendo seguido de Charlotte.

Assim como fizeram com Richard, os outros o abraçaram e beijaram seu rosto. No momento em que Elliot e o filho se entreolharam, estando frente a frente, os dois souberam que tinham vivenciado algo que os demais presentes nunca poderiam entender.

Eles foram como verdadeiros mortos-vivos.

Apesar de se sentirem ligados por um motivo considerado extremamente ruim e doloroso para si mesmos e para os que o cercavam, Richard sentiu que, finalmente, estava tendo um elo real com o monarca, que sempre fora uma pessoa boa, mas com a qual ainda possuía dificuldades em vê-lo como parente. Não era a mesma coisa com Charlotte, que passara anos com os Yorkan, fazendo-os se acostumarem com sua presença. Havia poucos meses em que viviam juntos, sem que tivesse existido uma oportunidade verdadeira para que ocorresse uma aproximação, um vínculo. Ainda viria uma trajetória longa até que a relação de pai e filho se estabelecesse de tal forma que seria natural que ambos se vissem como verdadeiramente parte de um todo. E, quando esta chegasse, Richard, mais do que nunca, estaria disposto a aproveitá-la.


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Notas finais do capítulo

Eu amo esses irmãos ♥



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