Hastryn: Despertar escrita por Dreamy Boy


Capítulo 18
Raízes


Notas iniciais do capítulo

"Nunca estamos preparados para quando pesadelos voltam a nos assombrar." - Hazel



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Hazel

A cada dia, a praga se espalhava e se intensificava mais.

Hazel se viu na necessidade de, por tempo indeterminado, encerrar as sessões religiosas dentro do Templo Sagrado, mas alertando que os fiéis não deveriam desistir de suas crenças e de que os deuses reverteriam aquilo. Para manter a sua própria segurança e saúde, foi hospedada novamente no palácio. No interior da imensa construção destinada à religião, permitiu que pessoas sem teto utilizassem o local para se distanciarem dos afetados, com suprimentos necessários para se alimentarem por alguns dias.

Os próprios monarcas ordenaram que a ama voltasse, pois se viam na necessidade de ter toda a família reunida em um período tão difícil. Hazel se chocou ao descobrir que, mesmo com toda a proteção, Richard esteve em contato com um afetado desconhecido e adquiriu a doença. No início, foi levado imediatamente ao Centro Hospitalar para que exames mais intensos foram feitos. Agora, estava dentro de um aposento separado, sob cuidados especiais de dois membros do corpo medicinal de Horgeon.

— Sei que o que está acontecendo nos destrói aos poucos por dentro e nos faz desacreditar de que há uma chance de futuro. — Hazel estava em uma grande sala, em pé, diante de Charlotte, Elliot, Elizabeth, Aubrey, Arianna, Thorfin e Aaron. Todos se encontravam entristecidos pela recente notícia. — Mas precisamos crer que essa desgraça chegará ao fim, como todas as outras que presenciamos. Charlotte, as palavras dirigidas a Richard precisam ser colocadas em prática. Não podemos simplesmente fazê-lo ter fé se não a tivermos dentro de nossos corações.

Isso também era difícil de ser dito. A própria Hazel, em diversos momentos, sentia-se incrédula e não via saída. Mas o passado a fazia pensar de outra forma. Ainda estava viva e alguma razão deveria existir para isso. Enxergava nessa questão uma necessidade de colocar a todos de pé, sem permitir que desistissem.

— Foi algo que nos desestabilizou! — Charlotte exclamou, levantando-se do sofá vermelho. Na sala, havia um largo tapete situado entre o assento e uma lareira. Móveis rústicos decoravam o ambiente. Vasos com pequenas plantas se encontravam sobre a superfície das mesas de madeira. Grandes cortinas estavam abertas, permitindo que os raios solares passassem pelas janelas e trouxessem iluminação. Lustres foram pendurados no teto. — Não nos sentimos seguros dentro de nossos próprios lares.  Qualquer um dos aqui presentes, inclusive eu, pode ter sido afetado e não ter a menor noção disso! 

— Vamos pensar no agora... — Hazel se pronunciou, tentando fazê-la sair do pânico. — No momento, não há ninguém que esteja apresentando os sintomas. Desde que continue assim, não existe motivos para temer qualquer contato entre nós. O caso de Richard foi algo completamente a parte.

— Devemos ouvi-la — confessou Elliot, que tinha a pequena Elizabeth sobre o seu colo. A menina estava encolhida e deitada sobre seu ombro, colada sobre o corpo do pai. Em estado de choque, não conseguia dizer nenhuma palavra. — E estar sempre unidos.

— Hazel sempre sabe o que dizer — Thorfin a elogiou, esboçando um sorriso nervoso. — Mas como vão os estudos sobre o assunto? Há alguma coisa descoberta a respeito do que pode servir como a cura?

Frustrada, Charlie balançou a cabeça para os lados, negando.

— Ainda não... O pior de tudo é que parece ser algo abaixo de nossos narizes, mas não estão acontecendo avanços. Os médicos estão se desdobrando para cuidar dos pacientes que batem às portas do Centro Hospitalar. O número está cada vez maior e não conseguem dar conta. Separei funcionários se ocuparem somente com as pesquisas.

Elizabeth e Aaron foram ficando sonolentos e Arianna Luckov se ofereceu para levá-los a seus respectivos dormitórios, alegando que também estava precisando de uma noite de descanso. Despediu-se de Elliot com um abraço e um beijo no rosto, conduzindo as crianças para fora da sala.

Os cinco restantes ficaram em silêncio por um curto espaço de tempo, sabendo que deveriam respeitar o espaço um do outro. Cada um lidava com a praga de uma maneira diferente. Alguns tentavam manter o controle próprio, sem que pensassem demais a seu respeito e perdessem a razão. Outros lidavam com a sua existência, permitindo que a dor invadisse seus corações e trouxesse consigo outras sensações tão ruins quanto.

Aos poucos, um por um foi se retirando. Aaron se encontrava no aposento que os pais estavam dividindo. Portanto, iria dormir com os mesmos naquela noite, sem se sentir à vontade para ficar sozinho.

Nos corredores, sobraram somente Hazel, Charlotte e Elliot.

— Nunca se esqueça de sua coragem. — A ama fitou a filha, dirigindo a ela um olhar sério e responsável. — Quando era jovem, já se esforçava e dava o melhor de si para salvar as vidas dos pacientes de Arroway. Depois, arriscou a sua própria para procurar Katherine na cidade incendiada. Se há uma pessoa que será capaz de destruir a praga, será você.

...

Desde a chegada dos libertos das ilhas, Hazel nunca tivera uma noite de sono tão boa e reconfortante como aquela. Sentia-se protegida em seu aposento de antes, com as paredes e itens deixados exatamente como os viu pela última vez. Os criados se responsabilizaram por fazer com que o ambiente continuasse limpo, bem cuidado e conservado, justamente para o caso de acontecer algo como o que a ocasião exigia.

A mulher se sentiu acolhida e, de certo modo, feliz.

Tomou um banho, retirando de seu corpo as sujeiras de mais um dia árduo e difícil. Sentiu como se sua alma estivesse sendo restaurada, renovada, revivida. Tornava-se pura novamente, pronta para encerrar um dia e, dali a algumas horas, começar outro.

Após o processo, abriu as portas de seu guarda-roupa e retirou deste um dos pijamas. Vestiu-o e se deitou sobre colchão. Em seguida, cobriu-se com os lençóis e fechou os olhos, adormecendo instantaneamente.

...

Leves barulhos foram possíveis de se ouvir.

Conforme seus olhos se abriam e a mulher se habituava à visão depois do sono, o som parecia mais forte. Ao perceber que se trata de batidas na porta, levantou-se e espiou por uma brecha.

Abriu.

A jovem rainha a abraçou, em desespero. Seus cabelos estavam soltos e despenteados. A roupa sobre o corpo estava mal cuidada, como se houvesse vestido a primeira que aparecesse à sua frente. Seu rosto estava umedecido por lágrimas que não paravam de escorrer de seus olhos.

— O que aconteceu?

— Elliot está infectado! 


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Notas finais do capítulo

O que acharam desse final? Eu disse que ainda ia ter mais treta e mais tiro. Tá compensando todo o momento mais paradinho do começo, né?



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