Love lives by side - Em revisão escrita por Iset


Capítulo 6
Cupidos bêbados e vinho doce.


Notas iniciais do capítulo

Bom acho que esse capítulo é bem aguardado.... Boa leitura!



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Cupidos bêbados e vinho doce.

 

Tudo estava meio estranho depois da briga com meu pai, mas de alguma forma me sentia de alma lavada. Há coisas que você precisa por pra fora num momento ou outro, antes que não possa mais lidar com elas.

Alguns dias se passaram e eu estive com Noah em todos eles, mas não houve mais nada depois daquele beijo. Apenas conversamos, assistimos ao Netflix, contrabandeava alguns chocolates para ele, etc…

Descobri que Noah e eu tínhamos muito mais coisas em comum que eu imaginava, quase o mesmo gosto pra séries de TV e diferente da maioria dos garotos, ele adorava comentar sobre elas e fazer suposições mirabolantes sobre os personagens. Ao fim da semana, estava muito mais ligada a ele.

Nesta sexta, Rachel me acompanhava na visita, ele chegou estrondosa como sempre e já levou esporro de uma enfermeira para que se calasse.

— Ah onde está aquele camisão super sexy? - Ela diz ao ver Noah num pijama de botões.

— Está na gaveta, se quiser usar, fique a vontade. - Responde Noah.

Rachel beija a testa dele e se senta na poltrona ao lado da cama, enquanto eu vou desembalando os quitutes que trouxe de casa.

— E então quando vão te liberar? - Ela pergunta ansiosa.

— Na segunda, meu braço ainda vai precisar de outra cirurgia, mas disseram que vai ficar bom.

— E ainda vai ter uma cicatriz maneira, a propósito você está popular na escola, hoje pagaram meu lanche pra mim contar sobre o seu pai dono de cartel na Bolívia.

— E desde de quando meu pai tem um Cartel na Bolívia?

— Bom, eu não ia ganhar um hambúrguer se falasse que seu pai é corretor de imóveis em Toronto ia?

— Quer dizer que meus quinze minutos de fama serão porque quase morri de apanhar?

— Não reclame, você frustrou os planos da vigília que fariam pra você e todas as hastags, #descanseempaznoah #naoaviolencia, que iam postar junto com as fotos no instagram.

— Nossa que horrível, vou me lembrar disso da próxima vez. - Ele diz com um sorriso.

Eu pego o prato e entrego pra ele, Rachel rouba um dos bolinhos de bacalhau, receita da minha avó,  e solta um “hum” estilo Ana Maria Braga.

— Meu Deus mulher, você está desrespeitando o código feminino, ou você é gostosa ou você cozinha bem, os dois é muita sacanagem com a concorrência. - Diz ela roubando outro bolinho.

— Hey isso é meu, apanhe pra ganhar os seus! - Brinca Noah, lançado aquele olhar malandro que me faz corar.

— Vocês querem que eu saia pra se pegarem? - Pergunta Rachel na maior cara de pau.

— Tá maluca? Somos só amigos. - Digo.

— Desculpa só pra confirmar, odeio ser estraga prazer.

— E o Bryan ainda está zangado comigo? - Pergunta Noah mudando o rumo da conversa.

— Você conhece o Bryan, ele é de câncer, então vai fazer esse drama por meses a fio. Pode ir se preparando. - Diz Rachel.

— É eu fui meio idiota aquele dia.

— Bryan também foi, não devia ter falado com você daquele jeito, você tem um problema com drogas temos de te apoiar e não …

— Eu não tenho um problema com drogas, que saco! Se eu tivesse eu estaria surtando trancado nesse hospital, mas não, tô de boa, que merda! - Retruca ele irritado.

— Ai tudo bem, só pede pra eles te darem uns hormônios pra curar essa tpm ai viu? - Diz Rachel.

Noah retruca com uma careta.

Mais tarde Rachel me deixa em casa, tudo que eu queria, era um banho, um bom livro e foi o que fiz. Depois do banho caçei uma boa leitura e não havia nada que eu já não tivesse lido, pego o celular e não há sinal de internet, ouço um barulho estrondoso de um cortador de grama.

— Ótimo!

Saio na varanda e vejo que quem faz o barulho é Alec aparando o gramado. Ele assovia alguma música, com uma regata branca ligeiramente suada, calça jeans com alguns rasgos e braços que não são grandes, mas fortes o suficientes para demarcar os músculos, com a força que faz para deslizar o cortador de grama.

Eu solto um suspiro apaixonado, malditos cupidos!

Não estava mais suportando a idéia de tê - lo tão perto, mas imensamente longe.

Naquele instante, lembro de uma famosa obra de Michelângelo, que teve uma releitura feita por um artista contemporâneo, onde pequenos anjos gorduchinhos e graciosos, estão dispostos numa mesa, e nesta nova versão, há garrafas de vinho, cigarros e ares de uma taberna adornando os pequenos seres alados.

Cupidos bêbados, bom acho que entendi o porquê daquele artista profanar uma obra sacra tão adorável como aquela. Nosso coração prega peças inimagináveis, faz brincadeiras terrivelmente dolorosas, zomba de nosso cérebro, nos colocando em situações como aquela. Eu poderia ter sido a minha irmã mais velha, teríamos quase a mesma idade, passado a adolescência juntos, poderíamos namorar, casar, viver uma vida juntos e ninguém se importaria, ninguém se daria ao trabalho de nos vigiar pra contar pro meu pai que a sua filha adolescente está ficando muito tempo perto do vizinho quarentão. 

Mas não  a vida nos fez nascer em gerações diferentes, Alec tinha idade suficiente pra ser meu pai se tivesse começado cedo na “produção” de rebentos, como a minha mãe fez. Se tivessemos nascido umas gerações atrás também nao haveria problema, afinal era comum e visto com bons olhos uma garota se casar com um cara mais velho, amigo da família então? Melhor ainda.

Mas não minha relação estava presa no ano de 2014, onde as pessoas apontam os dedos na cara um dos outros, colocando rótulos muitas vezes esdrúxulos, sem ao menos se dar ao trabalho de saber do que falam.

Oh droga! Eu fico fazendo suposições como se houvesse alguma chance dele se interessar por mim. Não que eu não me ache bonita, sei bem que nao sou de se jogar fora. Mas Alec, não era qualquer cara que se deixa impressionar por um rosto ou um corpo bem desenhado. Casey era uma vaca, mas não duvido que ela devia ser uma mulher incrível, afinal ela tinha um emprego legal, numa cidade incrível. E eu, era só uma garota e que com as minhas notas, dificilmente conseguiria a bolsa e provavelmente minha carreira planejada em eventos não daria certo e acabaria trabalhando como garçonete ou numa loja de departamentos.

“É Carolina, você não é nada, apenas poeira cósmica. E como disse Hazel Grace, todos vão te esquecer, mas ela também disse você pode ter uma eternidade, dentro de dias numerados. E se você deseja o arco - íris precisa suportar a chuva certo?” - Penso.

 

Caminho até a cerca viva, que divide nossos terrenos. Alec levanta o olhar e fica uns segundos estático até acenar com a mão e perguntar se estou bem. Respondo que sim e pergunto se ele tem algum livro pra me emprestar, o moreno abre um sorriso lindo e me fita com um ar vibrante.

— Tenho alguns.

No porão empoeirado da sua casa, havia um tesouro disposto em muitas prateleiras e caixas com dezenas de exemplares, eu fico perdida no meio de tantos títulos.

— Meu Deus isso é o paraíso! - Digo soltando um suspiro.

— A maioria era da minha mãe, ela era professora de literatura, mas tem muitos que são meus, me fez tomar gosto pela leitura e escrita também.

— Você escreve?

— Não, eu não tenho mais esse hobby mas eu escrevia, cheguei a publicar um livro quando estava na faculdade.

— Você é perfeito. - Digo sem pensar muito.

Ele me encarou por uns segundos, um pouco confuso com minhas palavras, e eu tento disfarçar.

—Quero ler o seu livro. Quer dizer, de onde eu vim é difícil você encontrar um cara que tenha lido mais de dez livros sem ter sido obrigado e seja hétero. Escrever então nem se fala.

— Você escreve?

— Antes da minha mãe morrer eu escrevia umas fanfics de supernatural e crepúsculo. Mas só pra brincar mesmo, nada sério.

— Fanfics?

— Ah esquece, outra hora te explico. Isso sao vinhos? Digo encontrando uma pequena adega, atrás de uma prateleira.

— Ah é, eu costumo ganhar garrafas dos meus clientes, os que não gosto muito ficam aqui em baixo.

— Que garrafa linda, posso provar?

— Eu posso ir preso por dar bebida a menor de idade.

— Eu tenho 17, achei que já era considerada adulta com 16 na Flórida.

— Na verdade 16 só te dá direito de ser julgado como adulto, não de beber, fumar ou frequentar casas noturnas sem um responsável .

— Que merda enh?  

— Mas pode provar, esse vinho é doce, uma droga. - Diz ele.

Subimos de volta a sala, eu folheio um dos livros que escolhi, enquanto ele pega duas taças e serve o vinho.

— É uma delícia. - Digo ao experimentar a bebida.

Ele prova e faz uma cara de pouco gosto, contraindo o rosto.

— Bom, não é tão ruim quanto eu pensava.

Ele senta ao meu lado e pega o livro da minhas mãos.

— Este é um clássico americano, são quarenta anos de história narradas por um homem comum, que na verdade nem é muito inteligente e é isso que faz ser incrível. - Diz mostrando o Livro Forest Gump, com um ar de vendedor porta a porta.

— Ah eu vi o filme, Forest Gump, o contador de histórias.

— Esqueça o filme, o livro é muito melhor okay? Sabe o cara é incrível e totalmente único, mesmo sem ter nada de especial aos olhos de todos, ele passa três anos e meio correndo pelo país e quando perguntam porque ele fez aquilo ele fala: _ Ora eu tive vontade, agora vou pra casa. - Diz Alec, tão empolgado quanto eu quando falava sobre os episódios de supernatural pros meus amigos.

Quando ele termina de falar eu vejo seus dentes brancos, aqueles olhos brilhantes até mesmo as pequenas rugas extremamente charmosas, que se formam no canto dos seus olhos, simplesmente não resisto.

Me aproximo rapidamente e colo meus lábios nos dele, ele fica estático nos primeiros segundos, enquanto minha boca toca a dele, finalmente se rende e seus lábios correspondem os meus. Meu peito pulsa enquanto sinto um arrepio gelado percorrer meu corpo e sua mão tocar meu rosto me afastando gentilmente. Permanecemos encarando um ao outro com os rostos quase colados, eu posso ouvir o som da respiração dele, enquanto seus dedos deslizam levemente pelos meus lábios e desta vez é ele que puxa minha boca ao encontro da sua.  Nossos lábios brincam, enquanto a língua dele explorava minha boca eu deslizo meu dedos finos entre seus cabelos negros, sentindo o cheiro amadeirado do perfume que usava, e a palpitação que agora toma conta de todo o meu corpo.

Ele me afasta de novo dessa vez segurando meus ombroa a uma distância  “segura”. Me fita com aquele ar de espanto, como se me perguntasse o que acabou de acontecer, seu rosto estava corado e sua respiração alterada, assim como a minha.

— Eu... Acho … Melhor você ir pra casa. - Ele diz um pouco gaguejante, enquanto se levanta do sofá.

— Sim, eu também acho. - Digo pegando os livros, sem conseguir tirar meus olhos dos dele.

Ele abre a porta e desvia o olhar enquanto saio, caminho devagar na esperança romântica de que ele corra até mim e diga algo que me faça lembrar pro resto da vida, mas nada acontece. Mesmo assim nada poderia estragar aquele dia, eu jamais esqueceria dos lábios dele junto ao meus e minha intuição dizia que ele também não.

 


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Notas finais do capítulo

Eiii amores que acham que vai acontecer depois disso???



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