Love lives by side - Em revisão escrita por Iset


Capítulo 4
Aquele tal de "Hard Day"


Notas iniciais do capítulo

Bom dia meus lindoa leitores! Obrigado a todos que se arriscaram a ler o primeiro capítulo e estao acompanhando a história. Beijos e boa leitura



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Aquele tal de “Hard Day”

 

Os dias se passaram e em quase todos eles depois da escola eu ia a casa de Alec para ajuda-lo na organização.  Apesar da resistência dele de se desapegar das coisas, depois que a advogada disse que nenhuma assistente social recomendaria que uma criança vivesse ao lado de alguém com problemas de acumulação,  ele concordou em colocar muita coisa fora. Posso dizer que ficamos amigos, afinal não achava que ele deixaria qualquer um entrar na sua casa e remexer nas suas coisas.

Pelo que pesquisei na Internet, acumuladores eram bem comuns por aqui, acho que no Brasil também, duvido que você não conheça alguém com aquele pátio lotado de sucata, animais ou aquelas velhinhas que tem muitos mais santinhos e guardanapos de croché do que você possa contar. O fato é que não é saudável, Alec justificava sua compulsão com a sua dificuldade de lembrar, mas depois do que meu pai me contou eu sabia que existia feridas muito maiores, que ele escondia atrás de pilhas e pilhas de entulho.

Naquela tarde Noah tinha me convidado pra assistir um filme na nova TV 4K do tio de 42’ mas tive de recusar, nada parecia melhor do que as tardes bagunçadas e os cafés com Alec.

— E esse boné? digo colocado- o na cabeça.

— Nossa eu tinha uns nove anos quando ganhei ele, nem sabia que ainda estava por aqui.

— Então não precisa dele. - Digo lançando-o dentro da enorme caixa de papelão que dizia lixo.

— Calma, vamos com calma okay? - Diz ele caminhando em direção a caixa e retirando o boné dela e colocando sobre a cabeça. _ Ainda serve. Diz com aquele sorriso lindo.

Eu me levanto até ele e tento retirar o boné da cabeça dele, além de ser mais alto, ele se esgueira para os lados me obrigando a pular.

— Baixinha. Diz ele.

Bem eu não era baixinha ele que era alto demais. Eu avanço sobre ele e retiro o bone da cabeça dele, me afasto e balanço na frente dele como um troféu.

— Vai pro lixo. Digo sorrindo.

— Fazemos um acordo que tal, se eu conseguir pegar nos próximos 3 minutos ele fica, se não eu faço o jantar pro Tom essa noite.

— Parece justo. Digo já me afastando em direção a porta.

Quando pressinto que ele vai disparar, saio correndo em direção ao jardim, Alec saiu ao meu encalço e eu corro em volta do carro, indo pro lado oposto dele toda a vez que ele dá sinal que vai seguir por um dos lados.

— Isso é trapaça diz ele.

— Tem dois minutos. E espero que saiba cozinhar. Digo balançando o boné mais uma vez.

Nesse momento ele abre a porta do carro e tenta me alcançar pela janela, eu solto um gritinho agudo quando os dedos dele passam rente ao meu braço e saio correndo em direção ao jardim dos fundos. Adentro a casa pela janela e a fecho o vidro logo em seguida e faço o sinal de um com o dedo indicador.

Ele dispara em direção a porta e eu me adianto pra tentar fecha-la, antes que ele entre. Chegamos praticamente ao mesmo tempo mas a força dele empurra a porta pesada de madeira contra meu rosto. Vejo tudo girar à minha volta por alguns instantes e ouço a voz preocupada de Alec me chamando, depois de alguns segundos eu vou recobrando os sentidos. Estou recostada à parede e Alec está a minha frente perguntando se estou bem. Digo que sim e ele vasculha meus bolsos e pega meu celular, ele havia feito mil pedaços do dele uns dias atrás. Alec liga para emergência e cerca de vinte minutos depois um paramédico checa meus reflexos com uma pequena lâmpada.

A essa altura tirando a dor na cabeça eu já me sentia bem, o paramédico faz algumas perguntas e um curativo sob o imenso galo que se formou bem no meio da minha testa, e diz que vou ficar bem. Me dá algumas recomendações e diz que devo procurar um hospital caso apresente algum dos sintomas.

Alec me leva pra casa e encomenda comida chinesa de um delivery do bairro. Ele não conseguia esconder a preocupação e ficava me perguntando se estava bem a cada cinco minutos. Decido pregar uma peça nele e na próxima vez que me pergunta.

— Sim, mas quem é você?  Pergunto tentando fazer uma cara de confusa.

Ele se aproxima de mim e se abaixa ficando na altura de meus olhos.

— Sou eu Alec seu vizinho, lembra? Meu Deus eu vou ligar para emergência você pode ter tido um traumatismo.

Eu nao consigo segurar a risada enquanto ele caminha em direção ao telefone, ele me olha desconfiado e eu encolho os ombros soltando um

— Sorry.

— Isso não foi engraçado. Ele diz sério.

O pai chega logo em seguida e depois de uma breve preocupação com meu estado, já está rindo com Alec relembrando os tombos e pancadas que meus irmãos levaram quando criança, enquanto devoramos as caixinhas com comida chinesa, que aliás é muito saborosa. Depois de satisfeita eu abro meu biscoito da sorte, há alguns números e a uma frase falando sobre dedicação. Alec nem sequer lê o seu bilhetinho, e meu pai dá risada ao ler o dele.

— Seja paciente,  cultive o amor e use camisinha. Meu biscoito veio cinco filhos atrasado. Ele diz. _ E o seu? Vamos ver. Diz papai pegando o pedacinho de papel desprezado por Alec.

— O amor mora ao lado. E seus números da sorte sao cinco, três, dezessete e vinte quatro.

O amor mora ao lado, não fazia o menor sentido para Alec mas talvez ele tenha pego o meu biscoito, ou ainda fosse o destino tentando dar dicas a ele sobre meus sentimentos. Será? Ahh para de sonhar Carolina.

No dia seguinte, como era esperado tenho que lidar com as brincadeiras de Rachel sobre o chifre na minha cabeça. Mas é no intervalo que as piadas sobre unicórnios cessam e dão lugar a um silêncio aterrador. Não tínhamos todas as aulas juntos, mas àquela altura todos já  haviam ouvido comentários sobre o aluno da Jackson que havia sido encontrado quase morto num beco da cidade noite passada. Nao sabiam dizer quem era o garoto, mas a ausência de Noah na escola fazia nosso coração apertar.

Passamos os intervalos e as aulas tentando o celular dele o número da casa e até mesmo tentando colher informações com os professores, mas ninguém tinha idéia de onde Noah estava ou se ele era o garoto que havia sido espancado na madrugada.

No fim da aula, decidimos ir até a casa dele, Bryan já havia se habilitado e dirigia um modelo antigo da ford. Durante o percurso no banco de trás eu torcia para que Noah estivesse apenas matando aulas para fumar um baseado como sabíamos que ele fazia as vezes. Porém algo me dizia que alguma coisa ruim havia acontecido, não era segredo pra ninguém que Noah vendia maconha pra alguns garotos da escola, de certa forma sabíamos que cedo ou tarde ele se meteria em confusão.

A casa estava vazia e trancada. Nos entreolhamos e vejo os olhos de Bryan se encherem de lágrimas.

— Talvez ele tenha saído com o tio. - Diz Rachel, tentando acreditar.

Tento confortar Bryan e nos dirigimos até o hospital e depois de tentar conseguir inutilmente informações na portaria, decidimos entrar. Rachel joga charme pro segurança enquanto eu e Bryan nos esgueiramos para dentro do edifício.

Depois de caminhar entre os inúmeros corredores do hospital, finalmente alcançamos a CTI, por sorte não havia ninguém nos corredores e vamos até a central onde uma enfermeira quase dormia na cadeira e outra mexia no celular.

Bryan arruma o cabelo para o lado, abotoa a camisa e se aproxima chamando a atenção de uma delas.

— Não  deveriam estar conferindo os prontuários ou auxiliando as enfermeiras com o trato dos pacientes? _ Diz ele num tom de ordem com aquele sotaque árabe que ele adquiriu na síria.

— Ora quem é você? Pergunta a mulher.

— O futuro dr Albert Mashallah. Estou fazendo minha residência neste hospital, mas pelo descaso de vocês terei de dizer ao meu pai cancelar as doações substanciais que faz a esta instituição. - Ele diz com tanta convicção que nem os olhos azuis e os cabelos claros dele fizeram as mulheres desconfiarem que de árabe ele só tinha o sotaque.

— Eu nunca te vi por aqui, dr Albert. - Diz uma delas desconfiada.

— Se  me viu é certo que não está prestando atenção no seu trabalho. Agora vamos encontre a ficha do paciente Noah Johnson e me alcance um dos jalecos reserva que na pressa acabei esquecendo o meu.

— Onde está o seu crachá?

— Isso é um absurdo! - diz Bryan abrindo a carteira e mostrando rapidamente o cartão da biblioteca.

A mulher rapidamente começa a mexer nos prontuários e entrega um deles a Bryan, tenho certeza que o coração dele quase parou, assim como o meu. Nossas suspeitas foram confirmadas. Noah era o garoto espancado.

Ele pega a pasta e o jaleco eu continuo longe da vista das mulheres enquanto ele vem na minha direção folheando a pasta.

— Ele está no 412.

Quatro 412, eu não tive coragem de abrir a porta e Bryan se adianta a minha frente. Assim que ela abre podemos ver Noah, em coma induzido dizia a sua ficha.

Havia um enorme tubo que entrava pela sua garganta, seu rosto estava cheio de hematomas, o braço esquerdo engessado e o direito com um acesso. Havia muitos aparelhos monitorando sua frequência cardíaca, saturação e outras coisas que piscavam e davam números os quais eu não fazia idéia do que significava.

Me aproximo da cama e seguro sua mão, enquanto vejo Bryan com um olhar pesaroso sob o amigo. Um nó se formou na minha garganta e não consigo conter as lágrimas.

— É minha culpa, ele me convidou pra ir a casa dele. Se tivesse ido ele estaria bem. É tudo culpa minha. Digo.

— Não carol. Ele saiu de madrugada, nós sabemos dos problemas dele. Não foi sua culpa.

— Por isso mesmo Bryan, somos os únicos amigos dele e droga! Devíamos ter alertado ele, devíamos ter impedido. Agora ele pode morrer. - Digo em pranto.

— Ele vai se recuperar. Mas temos que dar o fora daqui, Invasão e falsidade ideológica sao crimes se nos pegarem estamos ferrados!

Concordo com a cabeça e dou um beijo na testa de Noah.

— Por favor, fique bom logo. Digo.

Cerca de uma hora depois Bryan me deixa em casa, Alec está  tirando uma caixa cheia de papéis pra fora e dá um sorriso seguido de um aceno quando me vê. Eu apenas mexo a cabeça em resposta e entro pra dentro de casa.

O estado de Noah era muito grave e embora estivesse estável ainda corria risco de vida tamanha a violência que sofreu. Meu peito estava apertado, Noah apesar do temperamento forte e de poucos amigos era um garoto legal, era gentil e até doce. Rachel me disse algumas vezes que achava que ele gostava de mim, mas o eu vinha tentando não pensar nisso, e nem dar esperanças a ele. Meu coração era do Alec, mas de qualquer forma  amigos e  devia ter feito algo quando descobri sobre estar vendendo uns baseados na escola. Foi uma tremenda mancada deixar ele continuar, era uma péssima amiga.

Ouço batidas na porta e quando atendo é Alec com duas canecas de café e uma cara de preocupado.

—Oi! Você está bem? Você não parecia bem então eu quis checar, seu ferimento dói? Eu posso levar você ao hospital. Diz ele meio desajeitado com as palavras.

— Ah eu estou bem. Digo tentando conter as lágrimas.

— Não parece.

— Meu amigo, da escola. Ele foi espancado ontem a noite, ele pode até  morrer. - Digo me entregando a um choro soluçado.

Ele me olha com um pesar e coloca as canecas sob o aparador, em seguida me dá um abraço.

Certamente em outro dia qualquer eu desmaiaria de emoção com o abraço dele e em sentir seu corpo tão perto do meu,mas não conseguia pensar em outra coisa senão o rosto de Noah inchado e com tubos por todos os lados.

— Eu sinto muito Carol, eu vi esta manhã no jornal sobre o garoto, não imaginei que o conhecia. Mas ele é jovem vai ver que vai se recuperar. - Ele diz enquanto me abraça apertado e afaga meus cabelos.  Eu levanto a cabeça a fim de olhar os olhos dele, ele me fita por alguns segundos e  por um breve instante eu chego a pensar que seria beijada, mas  em seguida desvencilha - se  e  volta as xícaras de café.

— Beba isso vai se sentir melhor.- Fala Alec enquanto me entrega a xícara.

 

Alec fica comigo por mais uns minutos e depois vai pra casa. Conversar com ele me deixou um pouco mais leve. Vou pro meu quarto, pego umas roupas e preparo um banho, acho que demoro mais de meia hora embaixo da água quente. Quando retorno ao meu quarto, ainda secando os cabelos meu pai está parado com uma cara de poucos amigos, a porta do meu closet está aberta e a foto minha com Alec rodeada de adesivos românticos presa ali, está agora nas mãos do meu pai.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Deixek suas opiniões! Abraço!



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