O poder do agora - Parte II

Depois que todos os alunos recebem seus diplomas, vamos fazer as fotos pro anuário e pra minha surpresa o fotógrafo é o Allec.

Me aproximo enquanto ele tira as fotos de uma colega.

— Que está fazendo aqui? - Pergunto sem entender.

— Trabalho voluntário. E não é porque conhece o fotógrafo que vai furar a fila mocinha. - Ele Diz com um ar de riso. E eu volto pro meu lugar, Noah está um pouco atrás de mim e vejo a cara de decepção quando ele vê o fotógrafo. Ele fica nervoso batendo o pé no chão e quando está quase na minha vez, não consegue se controlar e fura a fila logo atrás de mim.

— Trouxe o namorado pra tirar as fotos?

— Você e a Parker precisam se decidir, ou eu sou chegada em caras mais velhos ou em garotas aí as fofocas ficam mais reais sabe?

— Eu não tenho culpa se você começou a andar com a lésbica da escola, é claro que vão falar. E acha mesmo que eu falaria algo assim tendo amizade com o Bryan?  - Ele diz olhando pra Audrey postada a minha frente na fila e ela finge não escutar.

— Ela não é lésbica ela é bi. - Corrijo.

— Mas e ai que o coroa tá fazendo aqui? Ele tá com medinho de alguém te convidar pro baile e veio fazer a segurança?

— Parece que ele é o fotógrafo. - Respondo apenas.

— É eu não tinha reparado. - Ele diz em tom sarcástico.

— E a sua namoradinha? Soube que ela é chegada numa erva devem estar se dando muito bem. - Digo irritada.

— Eu não tenho uma namorada, mas se tá falando da Parker, ela deve tá por aí baixando a calcinha pra algum cara do time.

— Ela já te deu o fora é? - Falo rindo por dentro.

— Não, mas temos um relacionamento aberto. Ela não é antiquada como certas garotas, que ficam suspirando por caras que ainda usam suspensórios para segurar as calças. E com certeza só tiveram  um orgasmo na vida. - Ele provoca revirando os olhos pra cima

—  Noah não enche meu saco okay?

— É tão bom com ele quanto foi comigo? - Ele diz com um sorriso malicioso.

— É melhor, e às vezes até a Audrey participa. Quando você crescer quem sabe não fica tão bom quanto ele. - Digo e vejo a Audrey na minha frente se torcer de rir e Noah finalmente ficar sem resposta.

Alec chama Audrey e depois a mim, tiramos uma foto juntas e depois ele tira as minhas fotos e chama o Noah. Tiramos uma foto juntos com um sorriso forçado e o Alec pede pra repetirmos a foto pois não ficou boa.  Ele manda Noah passar a mão sobre meus ombros e eu abraçar a cintura dele, enquanto seguramos o canudo com a outra mão e fica parado por uns instantes mexendo na câmera até finalmente bater a foto e começar a tirar as do Noah sozinho. Retiro o capelo da cabeça e vou de encontro ao meu pai que me abraça e me dá os parabéns pela formatura. Tiramos as fotos da turma toda e finalmente o coquetel é servido, eu estou esfomeada e ataco a mesa dos salgados na companhia de Rachel. Alec continua tirando fotos do evento e eu pego alguns salgados e levo para ele.

— Com fome?

— Obrigado. As coisas não estão boas entre você e o Noah?

— Na verdade não há coisas entre a gente.

— Por?

— Ele viu você me beijar aquele dia na calçada, ele está com a Parker agora. Ou dividindo ela com o time do colégio não entendi muito bem.

— Devia ter me contado, eu poderia ter explicado pra ele.

— Foi melhor assim, ele vai pro Canadá depois do baile de amanhã e eu não quero estar com alguém que não acredita em mim. Eu tô bem, eu consegui uma bolsa. Vou ser nutricionista.

— Ah meus parabéns! - Diz ele com um sorriso largo me enrolando num abraço.

—E você como vão as coisas?

— Eu ganhei aquele prêmio, comprei essa câmera nova  e criei uma conta  no pinterest pras minhas fotografias.

— Eu disse que você ia ganhar, é uma bela câmera e vou te seguir no pinterest. Mas vai ter que ler a minha fanfic.

— É de crepúsculo? - Fala com um certo desânimo.

— Não, eu evoluí. Agora escrevo. originais e estou até pensando em postar uma foto minha no perfil com um óculos e uma caneta na mão. - Falo brincando.

— Ora, ora se não é o casal do ano. - Diz Noah naquele tom que eu odeio.

— Bem que eu gostaria, mas não somos um casal há um bom tempo.  Vou trabalhar. - Diz Alec pegando mais um pastel e saindo.

— É nosso último dia no colégio e você decidiu fazer dele um inferno? Prefiro você bancando o imbecil indiferente.  -  Digo me afastando.

— Carolina espera.

— Vocês não estão juntos?

— Não, mas eu disse isso pra você há mais de dois meses. Mas você preferiu se ocupar com a Sarah do que me escutar. Adeus Noah.

Volto pro lado do meu pai que conversa com uma das minhas professoras. E Noah fica um tempo parado me olhando, depois se afasta pra junto dos garotos. Cerca de uma hora depois já está todo mundo indo embora. Meu pai e Alec já estavam se falando, não como antes, mas já era um começo. E ele pede pra esperarmos ele e irmos comemorar minha formatura com o Max em uma pizzaria nova. Meu pai vai buscar o carro e enquanto eu espero Noah se aproxima de mim com aquela carinha de quem aprontou e foi pego e se recosta a parede.

— Seu tio não veio?

— Ele está no Fort Bernard em serviço. Desculpa, eu não devia ter falado daquele jeito com você, eu bebi um pouco, mas droga Carolina eu só falto pendurar uma melancia no pescoço e você nem reparou em mim o que queria que eu pesasse?

— Eu reparei Noah, mas eu não sou a sua mãe. Eu não vou ficar te dizendo o que fazer, se quer se beber, se drogar, tranzar com uma garota que já dormiu com metade da cidade, você já é bem grandinho.

— Carol, eu devo ser muito burro. Mas é que, eu sei o quanto você gostava dele e você dizer que ele era o melhor cara do mundo. Aquilo doeu muito. Não que eu me ache melhor que ele, eu sei que não sou, mas eu queria ser pelo menos pra você.

— Onde está o Tom? - Pergunta Alec se aproximando.

— Foi pegar o carro. - Respondo.

— Porque você não deixa ela em paz enh? Olha só pra você tem o dobro da nossa idade, você não tem vergonha sei lá? - Diz Noah caminhando irritado da direção de Alec.

— E porque você não para de agir feito um garoto mimado e passa agir feito um homem? - Rebate Alec tirando a câmera do pescoço.

Antes que ele desenrede o cordão do pescoço, Noah parte pra cima dele e lhe acerta um soco no rosto. Alec dá uns passos pra trás desequilibrado. Arma um soco e antes que eu possa ter qualquer reação ele acerta em cheio o rosto de Noah que perde a consciência na mesma hora tamanha a força do golpe.

— Noah! - Grito assustada e corro até ele me ajoelhando e tentando acordá-lo._ Alec o que você fez? - Digo assustada.

As pessoas começam a se aglomerar a nossa volta e alguns segundos depois Sarah surge de algum buraco negro começa a gritar feito uma louca. Alec se abaixa e examina Noah.

— Ele vai ficar bem. - Ele diz sério com o nariz sangrando. Sarah me empurra e coloca a cabeça  do Noah sobre o colo e volta a gritar xingamentos contra mim.

Noah começa a despertar meio confuso nesse momento meu pai chega com o carro e vamos embora. Não há clima nenhum para pizzaria e vamos pra casa.

No dia seguinte levanto com uma dor de cabeça terrível. Depois do barraco que houve no coquetel de formatura entre Alec e Noah eu não poderia sequer pensar em ir naquele baile. Noah me mandou algumas mensagens com pedidos de desculpas, mas juntei todas as minhas forças e meu amor próprio e não respondi.

Volto a folhear a revista, quando vejo o Alec no jardim me olhando com a câmera na mão.  Eu lhe dou um sorriso amarelo e me aproximo da cerca.

— Ainda está zangada? - Diz ele com o nariz ainda um pouco inchado e um pequeno roxo perto dos lábios.

— E acha que eu não deveria? -Digo.

— Eu sei aquilo foi ridículo. Mas ele que provocou, eu só me defendi.

— Eu sei Alec, mas...

— Mas… Eu sou o cara de quarenta anos que fez um garoto desmaiar com um soco então, acho que de qualquer forma eu estou errado, eu sei. Mas será que pode vir aqui, conversar? Eu tenho café mentolado.

— Eu acho que posso sim.

Ele me ajuda a saltar pela cerca viva, Max está distraído jogando vídeo game, a casa está limpa e organizada como nunca e eu sinto o cheiro gostoso do café fresquinho vindo da cozinha.

Ele prepara uma caneca e me entrega, fecho os olhos, sinto o aroma delicioso e lembro da primeira vez que estive ali, parecia fazer tanto tempo.

— E então? - Digo tentando iniciar a conversa.

— Eu quero te pedir desculpas por ter perdido o controle e também quero que você convide o Noah e vá ao baile com ele.

— Enlouqueceu? Eu não quero ir ao baile, muito menos com o Noah.

— Ele gosta de você, e eu sei que está louca pra ir nesse baile. Eu tive o meu, quero que tenha o seu.

— Eu não preciso. Muito menos com o Noah. Ele é um idiota.

— Carolina, nada daquilo teria acontecido se ele não pensasse que você gosta tanto dele quanto ele gosta de você. E ele só pensa isso porque você realmente gosta dele, mesmo ele sendo um babaca.

— Alec, não eu…

— Carol, eu amo você, mas eu sei o que eu quero, queria uma vida com você, casar ter filhos. Eu sei que que seríamos felizes ou talvez não. Mas porque eu amo você, eu não quero que esse garoto volte pro Canadá e você passe o resto da vida pensando como teria sido se tivesse dado uma chance pra ele.

— O Noah é instável, cheio de vícios e não parece com o príncipe que eu sonhei que um dia teria. Ele é egoísta , teimoso, adora se fazer de vítima, é desbocado, não lê nada a menos que seja obrigado e…

— E mesmo assim você o ama. Sabe de uma coisa Carolina, esquece o amanhã, para de se torturar pensando se ele vai mudar, se ele vai ser o que você espera dele. E aproveita o hoje, essa noite. Faz o que te faz feliz agora, porque amanhã pode ser tarde.

— Alec, eu queria tanto poder ficar com você, queria nunca ter deixado o Noah entrar no meu coração. -  Digo com os olhos cheios de lágrimas.

— Eu não deixei você entrar no meu e veja só. Você sabe que não é questão de lógica, nem de escolhas, tivemos dias incríveis, como você diria, o meu infinito. E eu sou feliz por ele ter existido, tá na hora de você correr atrás do seu.

— E você?

— Carolina eu tenho quase quarenta, eu já passei por isso algumas vezes, eu vou ficar bem, eu estou bem e muito disso eu devo a você. Eu vou sempre me lembrar de você e torcer por você. - Ele diz colocando a pulseirinha na minha mão. _ Agora vai, precisa arranjar um vestido pro baile. - Fala me dando um beijo na testa.

— Eu também nunca vou me esquecer de você Sir Alec Mcallister.