Pessoas Mudam Pessoas escrita por Ayumi


Capítulo 27
Entrada DEPRAVADA no Banheiro do IDIOTA


Notas iniciais do capítulo

Olá a todos, antes de lerem, eu gostaria de informar (e também já notaram) que eu mudei o nome da história para "Pessoas mudam Pessoas", pois eu não estava satisfeita com o antigo titulo, não achava que incluía Lisa e Scott, apenas Lisa. Então com esse novo título, dá para notar, que ambos vão mudando gradualmente após conhecerem um ao outro. Uma pessoa pode te mudar totalmente, tanto para melhor, tanto para pior.
Espero que gostem do novo capítulo.



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Pov. Scott Reymond (ponto de vista)

Lisa me chamou para encontrá-la em uma noite de chuva, então eu fui, pois estava muito preocupado com seu tom de voz, quando eu a vi em meio à chuva, molhada de cima aos pés, chorando e tremendo de frio. Eu não pensei duas vezes, soltei meu guarda-chuva e corri para abraça-la fortemente, pois queria amenizar a dor que ela estava sentindo de alguma maneira visto que eu me senti um inútil por vê-la naquele estado, sem eu poder fazer nada.

— Eu não sei Scott o que eu farei... Só sei que está doendo tanto meu coração! — ela aperta fortemente minha mão. 

— Ei... — Resmungo. — Não precisa descontar sua raiva em mim... — finjo que doeu usando minha expressão de dor. 

— Desculpa... — ela usa um tom fofo. — Deixa-me dar um beijinho para sarar! — Lisa levanta minha mão para beijá-la, mas antes gargalha. — Foi mal eu sou uma menina fria não posso fazer isso.

— Está menos triste? — uso um tom animado. — Claro que está eu faço todos ao meu redor sorrirem. — dou uma piscadela. — Eu sou uma pessoa muito legal, além de ser bonito, charmoso, convenhamos uma completa beldade!

— Egocêntrico! — ela faz uma expressão de raiva. — Eu sou mais o Brad Pitt! 

— Ele já está idoso! — gargalho. — É claro que me prefere gatinha! — seguro seu queixo delicadamente. 

— Scott não brinca comigo... — Black Rose fica emburrada. — Eu não posso sorrir e me divertir... — seus olhos estão ficando marejados. — Eu sou uma filha muito má... Minha mãe morreu há seis anos e a Lisa aqui sendo feliz. Eu não tenho consideração por ela... — limpo as suas lágrimas com os dedos. 

— Não diga isto, nunca mais... Lisa... Onde quer que ela esteja Amélia está feliz por você visto que você disse que ela era maravilhosa, então deve estar contente por ver que tem pessoas cuidando de você, seu coração situa-se calmo. Mas agora deve estar triste porque você está agora. Seu pai poupou seu sofrimento, mas não estou o defendendo... — começo a espirra e percebo que ainda estou com a roupa molhada.

— Seu idiota você cuidou de mim, mas esqueceu de você!  — ela mostra língua e faz um sinal para que eu levante.

Eu sei que Lisa fica muito envergonhada quando eu deixo meu abdômen à amostra, então para deixá-la mais uma vez assim, eu me levanto e tiro minha camiseta na sua frente, ela arregala seus olhos e acaba ficando instantaneamente corada, eu me finjo de desentendido. 

— Nossa está tão vermelha Lisa! — uso uma voz dramática e me aproximo dela colocando minha mão em sua testa. — É febre? — uso um tom preocupado, mas eu estou me segurando para não rir da sua expressão.

— Não... Não... — ela gagueja. —I... Idiota! Se. Se... Ve... Veste! — Lisa fecha seus olhos.

— Por que você olhou meu abdômen sarado? Sua safada! — eu uso um tom de raiva.

Scott não ria... Se segura...

— Eu não olhei! — ela berra me encarando.

— Claro que olhou! — me imponho. — Porém, isso não é justo, senhorita! Você pode olhar e eu não posso? E aquela questão de direitos iguais? — provoco arqueando uma sobrancelha. 

— Silêncio! — Rose levanta e tapa minha boca. — Eu olhei mesmo!

— Admitiu! — gargalho.

— Vai tomar banho! — ela segura minha orelha.

— Eu vou! Mas... — eu passo minhas mãos na sua cintura.

— Vai... Vai... Logo... — ela aperta mais ainda forte.

— Dói!

— Caso não doesse eu nem puxaria sua orelha idiota!

 Solto-a e entro finalmente no banheiro para a alegria dela. Como eu gosto de provocá-la, ela fica muito vermelha, eu amo isso.

Pov. Lisa Black Rose (ponto de vista)

Eu admito para mim mesma que eu olhei seu abdômen, porém foi algo instantâneo. Ele simplesmente se levantou e tirou sua camiseta molhada na minha frente e não queria que eu olhasse? Eu sinto que toda essa cena foi de propósito para eu quase morrer de vergonha. Scott é um idiota cachorro!

 

Perdidas em meus pensamentos, não percebo que alguém bate na porta, mas de repente, há uma batida forte, enquanto instintivamente me levanto na hora, pois parece que a porta vai cair já que as batidas estão insistentes. Começo a procurar lugares para me esconder.

— Meu bem? — ouço a voz da madrasta do Scott. — Precisamos conversar! É sobre sua namorada!

As pessoas estão me procurando? Eu não quero ser encontrada, eu não quero ver ninguém agora, além de Scott. 

Eu tento abrir o armário para me esconder, mas está trancado e eu não faço ideia de onde está a chave, me abaixo para me esconder debaixo da cama, porém percebo que a nova cama não tem abertura para isso, vou até a janela, vejo que é muito alto e se eu pulasse seria morte na certa.

 Eu fico completamente desesperada por perceber que a mãe do Scott, conseguiu uma chave para abrir a porta, vejo que a porta está quase se abrindo. Começo a rezar mentalmente. Corro até a porta do banheiro, pois percebo que a porta não está trancada, então entro, sem pensar nas consequências.

Eu não consigo enxergar direito por conta do vapor do banheiro, a água deve estar muito quente, pressiono meus olhos e percebo que Scott está passando xampu nos seus cabelos, então caiu à ficha: eu entrei no banheiro que uma pessoa está utilizando! Socorro!

Tranco a porta e assim ela faz um barulho, então o idiota fecha o registro do chuveiro rapidamente e limpa os olhos antes de me olhar de modo incrédulo e assustado, percebo que Scott quer dizer algo, antes disso eu tapo sua boca, o encarando furiosamente, com a outra mão vaga, eu alcanço a toalha em cima do box e jogo para ele.

Tanto eu quanto Scott, estamos em choque por minha atitude depravada. Eu não pensei direito! Sinceramente pensando agora, eu preferiria ser descoberta a quase ver Scott totalmente despido visto que só olhei para seu rosto.

— Há Lisa sumiu filho! — sua mãe berra de atrás da porta enquanto eu e ele nos entreolhamos.

Eu dou um beliscão em seu braço e tiro minha mão de boca, para completar, eu faço um sinal para que Scott responda. 

— Ah sério? — seu tom é despreocupado. — Que triste! — ele sorri para mim. — Mãe agora eu estou tomando banho! Eu estou bem ocupado aqui! — Scott dá uma piscadela me analisando e eu fico vermelha da cabeça aos pés.

Que babaca! Ele tem que aprender a me respeitar! Esse idiota!

Pov. Scott Reymond (ponto de vista)

Eu costumo demorar no banho, pois é tanta beleza para ser cuidada. Eu estava tomando meu banho calmamente, porém de repente a porta se fecha com toda força, então após passar as mãos nos meus olhos, vejo que é Lisa, bem na minha frente. Eu fiquei alguns segundos parado, visto que pensei que estava vendo coisas, antes que eu pudesse dizer um comentário malicioso, ela tapa minha boca e em seguida ouço a voz da minha mãe de atrás da porta.

A dúvida que me fica é: Rose queria me ver despido ou não havia nenhum lugar para se esconder então ela resolveu entrar no banheiro para minha madrasta não há ver?  Lisa negará a qualquer custo, mas no fundo ela queria ver essa beldade radiante como veio ao mundo.

Minha mãe começou a falar como um papagaio então eu aproveitei e aproximei meus lábios do ouvido da Lisa.

— Está calor aqui por causa de você ou é só por causa do vapor mesmo? — sussurro delicadamente, Lisa fica paralisada, seu rosto está parecendo uma maçã de tão vermelha.

Saio do banheiro com um ar debochado, fecho a porta e começo a ouvir novamente minha mãe. Ajeito minha toalha na cintura.

— Filho Lisa sumiu? — ela grita totalmente tensa. 

— Calma mãe! — reviro os olhos. — Ela não sumiu! Do jeito que você falou para que Rose fugiu de casa, então deve ter um motivo. — bufo. — Minha namorada é complicada de se lidar então logo, logo Lisa aparecerá.

— Espero que esteja certo! — Eliza respira profundamente aliviada. — Obrigado por me tranquilizar filho! — ela me dá um beijo na testa. — Agora vou dormir visto que está muito tarde... Eu acordarei cedo... Eu não estava conseguindo dormir por causa dessa notícia.

Eliza sai do quarto, começo a gargalha de toda minha atuação e volto para o banheiro, vejo que Lisa está do mesmo jeito de que eu deixei-a.

— Vamos continuar de onde paramos? — digo com tom debochado, seguro seus ombros, para virá-la na minha direção.

— Cala a boca! — ela grita. — Seu i... Idiota! Não há nenhuma graça nisso! Eu não vi nada! Eu somente fixei meu olhar no seu rosto! — Lisa se afasta de mim.

— Acalma-se... Eu fingirei que eu acredito. — dou uma piscadela. — Obviamente você queria olhar meu corpo. Admita! Vamos! Eu estou impressionado por descobrir que Rose é tão ousada! — gargalho dando mais um passo.

— Se der mais um passo em minha direção... Eu esmurro sua cara! Você sabe que eu não ganharia nada vendo! Então cala a boca!

— Não é necessário me bater! — resmungo. — Você entrou no banheiro enquanto eu estava despido porque quis. Para você não foi nada demais? — uso um tom provocante.

— Eu não tive escolha! — a sobrancelha de Rose arqueia. — O armário está trancado e na sua nova cama não há abertura para se esconder. — ela bufa. — Pensando agora... Eu poderia ter pulado da janela... Para você seria melhor? Eu me arrebentaria toda ou até coisa pior. Aliás, por que raios você deixou a porta do banheiro destrancada?

Penso um pouco antes de responder, visto o que contarei nunca disse para ninguém e é algo vergonhoso.

— Eu... Eu... — olho para baixo. — Tenho medo da loi... Loira do banheiro então... Deixo a porta sempre aberta! — Lisa cai na risada, ela pensa que eu estou brincando. 

— Quê? — Rose me olha desconfiada.

— É a pura verdade!

Saímos do banheiro, ela se senta novamente na cama e fica olhando para o nada. Lisa não para de pensar em seu pai; mesmo a deixando alegre, Rose está presa nesse sentimento de ódio.

Eu começo a encarar para ver se ela volta para a realidade.

— Ei! — ela reclama. — Para Scott de me olha assim e vai se vestir! — Lisa vira seu rosto.

— Já não aproveitou demais não? — debocho. —  Porém espere que ainda irá ter mais prêmios. — dou uma piscadela.

— Eu não estou de brincadeira Scott! — Rose cruza os braços e fica emburrada.

—Me manda um beijinho para eu me vestir adequadamente? 

— Não! Como você é chato! Eu poderia ter fugido para bem longe, ou melhor, sumido. Porém, como minha melhor amiga está viajando, eu resolvi chamar você, pois confio em ti e também... —  Lisa fixa o chão e seu tom de voz fica baixo. — É a pessoa que eu amo...

A sua última frase me deixou atordoado, aquelas palavras foram tão inesperadas, eu me encontro tão alegre que estou em êxtase: “A pessoa que eu amo”...

— Lisa... Lisa? Eu... Eu... Também... Amo você. — fico vermelho.

Eu pego minhas roupas e me troco dentro do banheiro, quando volto, Lisa se levanta e antes que ela falasse algo, eu a abraço fortemente, ambos ficamos em silêncio, apenas aproveitando o carinho um do outro.

— Scott... — Rose se desfaz do meu abraço. — Eu vou embora agora... Passarei uma noite em um hotel e depois vejo o que eu faço da minha vida.

Lisa vai até a porta e coloca com a mão na maçaneta, antes que ela abrisse, eu a impeço com meu comando.

— Nada disso! — reclamo.

Penso em tudo que pode acontecer se ela sair essa hora usando essa camisa que esboça suas coxas.

Agarro seu braço e tenho a força de jogá-la para a cama, ela cai de costa, aproveito da situação e fico em cima dela enquanto dou um sorriso debochado.

— Você não vai sair com está roupa e, além disso, está muito tarde! Vai dormir na mesma cama que eu e nada de ruim...  Acontecerá ouviu?

Pov. Lisa Black Rose (ponto de vista)

Sabe aquele momento que você acha que pode ter um infarto a qualquer momento por receber uma grande descarga elétrica? Eu estou passando por isso nesse exato momento; meu coração está tão rápido; quando estou com Reymond isso é algo inevitável.

Como o idiota pode fazer esse tipo de coisas tão naturalmente? Me jogar em sua cama, fica em cima de mim e me olhar fixamente com um sorriso descarado.

Isso é muito irritante...!

— Nem pensar! Eu não dormirei na mesma cama que você, seu safado! — reviro os olhos. — E faça o favor de sair de cima de mim, eu não sou aquelas meninas fáceis que você estava acostumado a ficar. Eu sou diferente, eu exijo respeito! — tento empurra ele.

— Nossa Lisa me magoou! — Scott se levanta. — Já que é assim, eu dormirei no chão. — seu olhar é de pena, porém não me convence.

— Mais do que justo! — apago luz com uma palma e me aconchego na cama.

Eu realmente não estou com nenhum pingo de pena dele dormir no chão, porém devo admitir que hoje está frio e consequentemente não é agradável... Chega! Minha mente é uma confusão; a voz meu coração me diz uma coisa, minha mente diz outra.  

Fecho meus olhos e caio no sono tranquilo. Isso durou alguns minutos, pois eu comecei a sentir meus cabelos sendo acariciados e minhas narinas identificam o perfume do idiota. Antes de tudo, vou continuar fingindo que estou dormindo, apenas para ver o que ele está planejando, depois eu o esmurro ou até coisa pior.

Scott estava no chão, deitado ao meu lado. Porém, de repente sinto o seu perfume mais próximo de mim, foi então que eu percebi que ele está em cima de mim e definitivamente me encarado. É algo que eu sinto. Aproveito que está tudo escuro, acabo abrindo meus olhos bem pouquinho, percebo que ele está sem camiseta, apenas com uma calça de lã cinza, assim eu fecho os olhos novamente, com o coração na boca.

Só uma palavra eu sabia pensar e gritar em minha mente:

Socorro!

— Lisa... Eu queria te dizer mais coisas que estão presas em meu coração idiota, porém quando está acordada e me olhando ainda, as palavras somem, eu me sinto tímido instantaneamente perto de ti. Bom... Eu sou um idiota mesmo, porém eu te amo verdadeiramente. Eu mudei completamente por sua causa, você me tornou uma pessoa melhor. Agradeço por me fazer perceber que eu era um idiota completo, ainda sou, porém menos. — ele dá uma risadinha. — Tenho tanta vergonha de contar isso para ti, meu coração se acelera tanto e as palavras se cortam. Apenas obrigada...

Esse é o mesmo Scott que eu conheço? Ele fica envergonhado quando está ao meu lado e eu nunca percebi, ele sempre parece tão solto.

Eu estou com muita vontade de chorar de felicidade, eu não saiba que eu era capaz de mudar uma pessoa assim... Estou muito feliz. Eu saiba que ele tinha mudado, porém não saiba que era tanto.

Coloco minhas mãos em volta do seu pescoço, com os olhos fechados para Scott achar que eu ainda estou dormindo.

— Lisa é sonâmbula, mais um detalhe que descobrir sobre ela... — ele ri baixinho.

Abro os olhos, trazendo seu rosto mais para perto, começo a gargalhar.

— Isto eu já sabia desde sempre, uma vez idiota sempre idiota.

— Lisa... Lisa? Não acredito! Você... Escutou? — Reymond está muito vermelho, principalmente sua bochecha e suas orelhas.

— Escutei tudo em claro e em bom tom. Você me acordou também como não iria escutar!

— De... Desculpa atrapalha seu sono, mas eu não conseguia dormir. — ele sorri. 

— Idiota... Você não irá conseguir dormir obviamente por estar dormindo no chão com nenhuma camiseta apenas com uma calça de lã. — reviro os olhos.

— Lisa... — Scott e eu ficamos muito próximos, eu acabo engolido saliva e desviando o olhar. — Não é por esse motivo, mas sim porque eu não paro de pensar em você... — Scott dá um sorriso travesso. — Caso me desse um beijinho me ajudaria muito! — olho pelos cantos dos meus olhos, ele está dando uma piscadela.

Imediatamente balanço a cabeça negativamente rapidamente, porém Scott segura minhas bochechas, me fazendo olhar para ele, Reymond pressiona os seus lábios contra os meus, posteriormente me dá um beijo na testa.

— Lisa eu farei você ser muito feliz. Eu prometo! — seus olhos verdes me hipnotizam.

— E eu vou sempre te chamar de idiota. Porque eu amo você! — sorrimos timidamente, após isso, Reymond deita-se ao meu lado, segurando minha mão.

— Quem mandou você deita-se ao meu lado? — finjo estar irritada. — Folgado você não?

— Lisa... Eu estou tão can... — Reymond não consegue terminar a frase, pois o sono lhe pegou.

Eu não estava conseguindo dormir por pensar em meu pai, então eu coloco minha cabeça em cima do peitoral de Scott e instantaneamente consigo pegar no sono.

  ...      

A manhã apareceu, eu começo a abrir meus olhos lentamente, instintivamente fico envergonhada por perceber que além eu estar em cima de Scott, ele está segurando minha cintura.

— Scott... Acorda bela adormecida... — uso um tom irritado, mesmo assim Reymond me aproxima mais.

— Ei! — ele abre os olhos devagarzinho. — Há única adormecida aqui é o meu braço, Lisa. Você dormiu em cima dele! — eu mostro língua com seu comentário.

— Problema seu. — reviro os olhos. — Ninguém mandou você invadir minha privacidade em plena madrugada. — bufo. — É o mínimo que merecia

De repente, Scott me dá um selinho e eu fico em choque por sua atitude. Ele sempre me pega desprovida.

— Lisa... Você é sempre assim tão linda logo quando acorda? — seu tom de voz é debochado.

— Idiota... Você é sempre assim tão garanhão logo quando acorda? —retruco com o mesmo tom, arqueando uma sobrancelha. 

— Eu sou é charmoso meu amor! — há uma piscadela.  

— Não... — gargalho.

Levanto minha cabeça e vejo que a camisola que Scott colocou em cima da cadeira está seca. Então eu já posso usá-la para ir embora.

— Idiota... Agora posso dar o fora visto que minha roupa secou. — sorrio.  — Ontem eu tive um sonho que minha verdadeira mãe pedia para eu voltar para a casa com a finalidade de eu resolver tudo. Visto que eu não posso ficar nessa situação, ela disse para eu seguir minha vida e sempre estará me apoiando. Espero ser forte o suficiente já que essa sensação de traição é horrível.

É uma parecida dor que eu sentia quando eu via Reymond beijar outras garotas, porém essa é pior.

Ver Amélia em meu sonho abriu meus olhos; se minha mãe entrou no meu sonho, deve ter algum motivo; eu cumprirei o desejo dela: voltarei para casa para resolver tudo.

— Eu já falei que não vai sair daqui com está camisola curtíssima!  

— Então vou usar está blusa que estou vestindo! — bufo. 

— Não é curta também... 

— Para de ser ciumento... — uso um tom de voz impaciente. 

— Eu não sou... — eu o olho fixamente. — Tá eu sou um pouco.

— Pouco? — gargalho.

— Calada! Lisa... Eu vou te contar uma coisa que não lhe agradará, porém deixarei claro que isso aconteceu faz muito tempo. Antigamente eu trazia garotas no meu quarto, uma por vez; certo dia uma delas esqueceu o seu vestido em cima da minha cama. Eu guardei dentro do meu armário para devolver depois, porém ela não mora mais em Los Angeles.

Minha cara de indignação está expressa perfeitamente. O idiota se levanta e pega o tal vestido. Minha raiva aumenta ainda mais.

— Seu idiota! — grito. — Você passava a noite com essas vacas? — cruzo os braços. — Eu te odeio! — começo a bater em seu peitoral, porém Scott segura meus punhos me impedindo de continuar.

— Acalme-se Lisa... Isso foi ano passado... Eu me arrependo dessa vida... — Scott me abraça fortemente e eu bufo. — Agora eu só amo você, ninguém entrará no nosso caminho.

— Seu safado... —  levanto minha mão. — Eu vou vestir esse trecho estranho só por falta de opção, porém não quero você me olhando com esse vestido.

— Eu nunca olharia... É... É... — seus olhos direcionam para minha coxa, assim percebo a paciência e dou uma bofetada em seu rosto.

— Seu... 

— Doeu! — Scott massagear sua bochecha. — É impossível não olhar, entretanto se alguém te importunar dê uma bofetada dessa só que mais forte ou também há a opção de correr. 

— Eu vou esmurro a cara desse ser humano, pode ter certeza! — dou uma piscadela.

Vou ao toalete e visto a tal vestimenta, fico me analisando pelo espelho, percebo que há um decote. Eu começo a puxar para deixar menor, porém não tem jeito. Então antes de sair do banheiro, bufo e resmungo muito.

Quando saio do banheiro, Scott se levanta da cama instantaneamente, ele fica de boca entreaberta, depois esboça um sorris travesso.

— Uau! Se a senhorita fosse um sanduíche seu nome seria X-princesa... — ele beija minha testa, já eu reviro os olhos. 

— O Reymond galanteador não sai do seu corpo não? — uso um tom irritado ao mesmo tempo em que cruzo os braços.

— Não Sai... Acredita? — ele debocha. — Antes de irmos você deve me dar um beijo!

— Nada disto. — viro o rosto. — Eu ainda estou brava com você.

Ele segura minhas duas bochechas me fazendo olhá-lo, Scott me beija docemente e eu também correspondo, passando minhas mãos em volta do pescoço.

De repente Reymond me pega em seu colo com um sorriso debochado.

— Rose... —  ele sussurra em meus ouvidos. — Como você está com o pé machucado e é muito desastrada vou levá-la assim até meu carro...

— Calado... Meu pé está em perfeita condições — seguro seu pescoço com um pouco de vergonha.

Todo mundo ainda está dormindo, nem os empregados estão aqui ainda. Eu agradeço mentalmente, pois não quero ver ninguém (não nesse estado). Além do mais, ainda está cedo então por isso talvez estejam todos dormindo.

Scott insiste em me levar até minha casa com seu carro, mesmo eu dizendo que era melhor chamar um táxi para talvez não fazer tanto barulho. Ele não se importou, falou que iria me deixar de qualquer jeito.

No caminho ambos ficamos calados, eu apenas fiquei observando a paisagem pensando no que iria dizer ao encontrar meu pai; Reymond respeitou isso.

Scott me chacoalhou algumas vezes para eu notar que já estamos em frente à minha casa, ele gargalha por perceber minha mente desordenada.

— Para de rir! — cruzo os braços com um biquinho. — E você não precisava me trazer até aqui idiota. Você poderia ter pagado um táxi para mim.

— Eu não iria deixa o taxista te ver com esse vestido! — Scott resmunga.  

— Mas você não pode também! — rebato.

— Claro que posso... — ele dá uma piscadela. — Somos namorados Lisa!

Instantaneamente fico vermelha, rapidamente dou um beijo que era para ser na sua bochecha, mas pela rapidez foi no canto da boca, saio do carro e corro para a porta da residência.

— Até segunda idiota! — dou um aceno de costas para ele.

— Tchau! — pelo tom de sua voz ele também deve estar envergonhado como eu.

Antes que eu pudesse olhá-lo, Reymond dá partida no carro, assim eu começo a gargalha. Começo respirar profundamente para criar uma expressão séria para enfrentar meu pai.

Eu pensei que a porta estaria trancada, porém ela está destrancada, eu entro e vejo que está tudo escuro. Ouço um soluço vindo da sala, então vou até lá e noto que Ethan está sentado na poltrona com a cabeça baixa e com as mãos no rosto, chorando.

Arranho a garganta e na mesma hora meu pai se espanta a me ver, eu cruzo os braços com um olhar frio.

— Ethan antes de qualquer coisa permaneça quieto. — bufo. — Eu vim esclarecer as coisas contigo. Eu fui quase obrigada a isso. Antes vou te avisar: não interessa onde eu estava eu estou viva pelo menos; eu não te odeio por completo, mas você me decepcionou mais do que qualquer um visto que era a pessoa que eu mais confiava. — meu pai começa a tremer. — Agora onde está o túmulo da minha verdadeira mãe?

— Filha... —  ele se aproxima de mim com um sorriso triste. — Eu rezei tanto para que estivesse bem. Eu nem consegui ir trabalhar hoje por conta da minha preocupação. — Ethan segura minhas mãos. — Filha você sabe que eu nunca iria me perdoar por não ter contado a verdade desde o princípio. — suas lágrimas caem. — Mesmo assim, antes de ir embora de casa, ou antes, de tomar qualquer decisão, eu quero te mostrar onde está o túmulo da sua mãe, é o mínimo que eu posso fazer.

Antes de ir, secamente digo que vou me trocar, subo correndo e rapidamente coloco um macacão confortável com short.

Vamos à limusine que Oscar está dirigindo, ninguém ousa dizer uma palavra já que minha cara está emburrada e meus braços estão cruzados. O tempo está nublado, deixando meu humor ainda pior.

Oscar estaciona em um lugar silêncio, então eu imediatamente, abro a porta do carro e entro rapidamente no tal cemitério, meu pai vem logo atrás de mim.

Ao entramos eu sinto uma tristeza, uma vontade de chorar, só de pensar que minha mãe morreu há anos e eu não saiba, sempre a culpei por tudo.

— O túmulo da sua mãe é esse! — meu pai para do lado da lápide com a cabeça baixa.

Na mesma hora, leio o nome “Amélia Black Rose” e me coloco de joelho, além de lágrimas começarem a cair do meu rosto, eu abraço o túmulo fortemente como se minha mãe estivesse ali, fecho os olhos.

— Amélia? — indago retoricamente, só há a resposta do vento forte. — Mãe? — não consigo reprimi a voz do meu choro — Me perdoa.... Eu sou uma filha tão imprestável, sem coração, egoísta, pois eu te odiei durante seis anos. Era um ódio profundo.... E  no fim, não era a mulher que eu amei. —  começo a tremer. — Eu não saiba... Perdão... Eu te amo muito, porém eu sempre vivi amargurada. Eu queria que estivesse aqui para eu poder te abraçar! Mãe meu pai é o culpado de tudo! — me viro para olhá-lo e aponto para seu rosto, vejo que suas lagrimas caem insistentemente como as minhas.

— Filha... — ele se põe de joelho. — Eu me arrependo profundamente por ter guardado segredo. Sua mãe iria fazer a mesma coisa que eu fiz, se fosse ao contrário; eu apenas pensei em falar sobre sua morte quando estivesse mais madura porque achei que sofreria menos.

Aproximo-me dele, olho profundamente em seus olhos, eu não consigo parar de tremer, realmente não sei o motivo.

— Ethan! — grito. — Por que eu não consigo te odiar? Mesmo sabendo que fez tudo isso... Eu não consigo.

— Filha você tem um coração bom por isso. — ele segura minhas mãos muito emocionado. — Eu vou mudar, prometo! Vou começar me separando de Amélie e vamos ser verdadeiramente felizes juntos a partir de agora. — Ethan da um sorriso triste.

— Pai... Minha mãe Amélia, a bondosa... Dizia-me que não guardar rancor no coração, pois não levará a lugar algum, só a dor. — faço uma pausa. — Entretanto, eu não sei se vou conseguir te perdoar agora. Eu ainda vou tentar entender o lado positivo dessa história.

— Não precisa ser agora! Filha eu espero o tempo que for preciso! — ele enxuga minhas lágrimas e nós nos abraçamos fortemente enquanto choramos feito uma cachoeira.

A minha razão e a minha emoção estão disputando para ver quem ganha, porém eu seguirei o conselho de Amélia visto que ela sempre foi uma mulher maravilhosa e sempre acertou em seus conselhos.

— Pai... — separo dele. — Eu havia percebi que Amélia tinha mudado, logo após os estilos de suas roupas mudarem drasticamente, antes eram elegantes e comportados, depois viraram ousados. Além disso, na última viagem, seu modo de me tratar alterou completamente, antes era carinhoso, depois passou a ser frio.

— Lisa eu tenho que te dizer que quando conheci a irmã gêmea de sua mãe, ela me tratou muito bem, era gentil e alegre, porém logo após mudar para a nossa mansão ela mudou sua personalidade. Depois eu percebi que ela fingia ser bondosa, pois o seu único objetivo sempre foi ser rica e famosa.

 

Quando voltamos para casa, o sol já estava se pondo, ficamos conversando ao lado do túmulo e sentados no chão por muitas horas. Ao chegar à mansão, os empregados e Antonin estão na sala, com a cabeça baixa.

Percebo que todos estão envergonhados, eu dou um olá para todos com um sorriso e eles imediatamente perdem perdão em uníssono, com uma reverencia.

— Levantem suas cabeças. — digo com uma voz calma e eles obedecem. — Não precisam pedir perdão; vocês não têm culpa de nada. Apenas guardaram o segredo para não colocarem o seu emprego em risco, eu sei que vocês têm famílias para sustentar. Eu agradeço a todos por cuidarem de mim, independe da mentira. Mas daqui para frente, podem ser mais verdadeiros comigo. A partir de hoje está casa não tolera mais mentiras. — dou um sorriso doce. — Pois construímos uma família aqui.

Eles hesitam em me abraçam, porém todos sorrirem. Eu sei que estou mais carinhosa pela influencia brasileira. Visto que convivo com Parker todos os dias.

— Abraço coletivo?  — indago enquanto gargalho.

Assim até o motorista Oscar e meu pai entram no tal abraço, todos estão rindo com a situação. Quem poderia imaginar que um dia haveria um abraço desse tipo dentro dessa casa amargurada e fria?  


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