Pessoas Mudam Pessoas escrita por Ayumi


Capítulo 21
Meus pais irão viajar e eu ficarei na casa do IDIOTA?


Notas iniciais do capítulo

Desculpe-me pela demora, mas estou fazendo meu máximo para escrever os capítulos. Porém, está tendo interclasse (campeonato) na minha escola. E cansa torcer viu, a minha corda vocal e meu cansaço de tanto pular e de tanto subi escadas para encher garrafinhas de água para o time. Mas ganhamos, o futebol feminino e masculino (ainda tem a segunda fase).
E ainda mais que passaram vários trabalhos para entregar na próxima semana.



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Minha mãe, ou melhor, aquela que era para ser, me ensinou a ser uma pessoa fria e uma pessoa que a maioria odeia, principalmente por parte das garotas. Para tornar esse tipo de pessoa, eu apenas não posso fugir de uma situação de combate, não posso chora na frente das pessoas, não posso responder uma pessoa que me odeia de modo fútil. Um exemplo típico: alguém diz que te odeia, não se deve falar eu te odeio também, pois isto é fraco, é como se não tivesse sua própria resposta. Por isso, o melhor é falar coisas malvadas usando uma voz forte e confiante.

Enquanto estou andando em direção da saída do internato segurando minhas malas, vejo Becker sozinha, olhando para mim com os braços cruzados enquanto bate os pés impacientemente, sua testa está franzida. Ela realmente quer falar comigo, ou melhor, quer discustir comigo ao julgar pelo seu jeito irritado. Então eu paro onde estou e a espero totalmente calma. Se ela quer bater de frente comigo, pode vim, mas não espere que eu seja amigável. Eu vou agir de maneira fria, serei a pessoa mais fria que ela já conheceu até hoje.

— Black Rose... — ela caminha até mim rapidamente — Sua desgraçada! — Becker aponta o dedo na cara parece estar com muito ódio.

— Desgraçada? — debocho abaixando seu dedo. — É uma pessoa infeliz e eu estou extremamente feliz! — abro um sorriso maldoso nos lábios.

Eu não sei por que ela está tão brava, mas não deixarei ninguém me intimidar, principalmente Samanta minha inimiga, número um. Para lutar não posso demonstrar ser fraca.  

— Como odeio eu você! — ela berra com os olhos esbugalhados. — Quem autorizou você tocar no meu Scott?! — Becker me dá um empurrão que me fez ir para trás, eu certamente vou me vingar, assim ela vai desejar não ter feito isso.

Tento não demonstrar surpresa por suas palavras, porém minhas sobrancelhas arqueiam um pouco. Como Samanta descobriu o beijo roubado de Reymond? As notícias nessa escola correm como o papa-léguas. Agora entendo o motivo da sua revolta, mas não é minha culpa que ele tenha me beijado. E ainda mais, ela não é dono do Scott, Reymond ser dela é devaneio.  Mas se é para provocá-la, vamos fazer isso direito, inventarei mentiras, para deixá-la ainda mais irritada.

— Como é? — tento controlar minha voz surpresa. — Eu agradeço por me odiar. Era só uma questão de tempo para ele me beijar, pois já beijou praticamente todas as meninas dessa escola. Scott está aos meus pés. — ironizo enquanto gargalho. — Nos beijamos várias vezes, mas nunca dentro da escola, foi tão emocionante, intrigante, aquele beijo foi tão suave e ao mesmo tempo tão apaixonado. Acho que não entenderá. — pisco. — Uma pessoa como eu, não permiti que ele se sinta o tal, ele beija bem, porém, não admito para aquele idiota. E pensando agora... — faço uma pausa. — Por que eu não o beijei antes? — uso meu tom brincalhão.

No mesmo momento, Becker, antes vermelha, agora está parecendo uma verdadeira pimenta, de tão nervosa. Ela levanta uma de suas mãos para bater em minha bochecha, porém fui mais rápida do que ela, agarro seu punho fortemente, sem ter nenhuma delicadeza, Samanta reclama de dor, com a outra vazia dou uma mãozada em sua bochecha. Gradualmente foi ficando mais vermelho. Nesse momento eu descontei todas minhas raivas, frustrações, tristezas, arrependimentos, tudo mesmo. Essa bofetada foi como uma terapia para mim. Há muito tempo eu quero fazer isso. Sinto-me aliviada e relaxada.

 Becker está parada com a boca entreaberta, tentando processa o que acabou de acontecer. Ela segura sua bochecha me olhando furiosamente. 

— Você não deveria ter me batido! — sua voz sai trêmula. — Eu vou contar tudo ao meu pai, ele te expulsará e ainda te processará. — gargalho diante de suas tolas ameaças, ela deveria ser mais confiante no tom da sua voz ao dizer essas palavras para que eu possa começar a acreditar.

— Veremos. — debocho. — Minha família na cidade é muito influente, além disso, é muito influente aqui dentro do internato também. Eu posso pedi para meu pai fazer uma inspeção com os poderosos averiguando todo o internato e achar algum erro que feche esse lugar para sempre. — gargalho malvadamente. — Além do mais, eu tenho várias provas que você anda ameaçando estudantes. — minto. — Eu sei de muitas histórias. Eu abro a boca em um segundo e tudo vira à tona! Becker, a garota mais popular da escola, em um estrelar de dedos virará a garota mais odiada da escola. — ela fica calada enquanto segura suas mãos fortemente, percebo que Samanta deu um passo para o lado para eu poder passar.

— Isso ainda não acabou. — Becker resmunga já eu apenas dei um sorriso.

— Como minha amiga diz, eu posso ter ganhado a batalha, mas não a guerra. — mostro a língua. — Segunda eu vencerei mais batalhas. Até mais queridinha! 

Eu menti sobre a parte de ter provas contra ela, porém como é burra nem percebeu, mas também minhas técnicas de persuasão são incríveis. Eu tenho que dizer graças a Amélia. E além do mais, minhas aulas de teatro me fortaleceram ainda mais, me tornando uma pessoa mais forte e visivelmente mais confiante, para assim me defender das pessoas que se esforçam para me amedrontar. 

 — Você pode ter tudo que quiser, mas não terá Scott. — paro de andar para escutá-la. — Ele é apenas meu homem. Se prepare, pois você sofrerá muito. Você nem imagina o quanto.  Ele é só meu! Não divido com ninguém! Melhor se preparar Segunda, pois sofrerá muito! Nem imagina o quanto! — dou de ombros. 

— Tente seu melhor! estou ansiosa para isto! 

 Finalmente chego à frente da escola, respiro profundamente enquanto fecho meus olhos. Agora eu realmente entrei em uma guerra. Eu terei que me preparar. Eu usarei todas as minhas defesas e ataques para acabar com ela. Segunda-feira será um longo dia, igual o resto da semana. Veremos o que ela prepara para mim. Para comemorar enquanto desço as escadas, coloco meu headphone e começo a escutar a música da banda Metallica chamada: “Broken, Beat & Scarred” (Quebrado, espancado e com cicatrizes). A minha parte preferida da música fala: “O que não te mata, te torna mais forte”.

O Motorista me recepciona com um sorriso ao me ver, ele está escostado na limonuise parada. Eu paro bem na sua frente, dando apenas um aceno.

— Como foi à escola senhorita? — eu bufo ao receber sua falsa gentileza, ou melhor, sua falsa preocupação.

Eu tenho total certeza de que Amélia obrigou ele a conversar comigo só para saber o que eu ando fazendo na escola.

— Nossa! — tenho a sensação de que eu estou gritando por causa da música alta. — Hoje foi muito legal! Eu adorei! Sendo assim, vamos logo para casa! 

Ele abre a porta da limusine e assim sem agradecer eu entro calmamente. Eu apenas curto o som da alta música.  

 — Talvez...  Você nem fique em casa... — o motorista usa um tom de voz tão baixo que eu não consegui escutar, apenas vi sua boca se mexer.

Eu tenho dois motivos para não pedi para repeti o que disse, o primeiro é que eu não sou tão curiosa e o segundo é que eu estou curtindo minhas músicas, então ignorarei seu comentário, sendo importante ou não. Mas se a informação fosse tão importante, ele falaria alto visto que estou de headphone, certo?

Assim que vejo minha casa, me sinto aliviada por poder relaxar, finalmente vou ter um pouco de paz visto que só terá os empregados e Antonin. Sem esperar, eu mesma abro a porta da limusine e corro até a porta. Mal chego a casa e já abraço as paredes de tanta felicidade. Antonin aparece um pouco triste para o meu gosto, mesmo calado, eu o abraço e dou um beijo na sua careca com um sorriso.

— Que cara é essa? — indago me afastando dele.

Ele nem pode responder, apenas deu um passo para o lado, pois meus pais entram no mesmo momento, eles seguram a mão um do outro. Eu dou um passo para trás usando meu olhar confuso. Depois de várias semanas, eles aparecem de repente. Eu estava tão feliz porque eu fique sem estudar no meu quarto, cantei enquanto andava pela casa, dancei também, vesti as minhas roupas confortáveis e nada elegantes, dormi até tarde, dispensei os empregados muitas vezes.  Foram tantas coisas maravilhosas.

Amélia solta a mão de Ethan, depois começa se aproximar de mim com um sorriso bem falso. E eu bufo por sua atitude.

— Eu e seu pai — ela segura um de meus ombros. — Vamos viajar por isso... — a interrompo com várias palmas.

— Que engraçado! — gargalho. — Cadê o oi? Ou melhor, como foi seu dia? Tem alguma novidade? Você está gostando do internato? Você ainda se mata de estudar? São várias perguntas que uma mãe novamente faria, mas você não sabe não é mesmo? — bufo. — Apenas depois de vários dias, chega aqui e diz: “Vamos viajar adeus pirralha”.

Amélia paralisa com minhas palavras árduas. Ela fica com a boca entreaberta. Enquanto tenta fórmula uma resposta. Minha “mãe” pode ser a pessoa mais fria que eu já conheci, porém ela me ensinou tanto, que eu também sei a deixa sem palavras na língua. Ela tossiu forçadamente.

— Lisa... Como se você se importasse com as apresentações ou preocupações. — seu tom fica frio. — Vou direito ao ponto, vamos passar estes dois dias fora do país, então a senhorita vai ficar na casa do seu namorado!

Essas últimas palavras ecoaram em meus ouvidos, parecendo tudo uma ilusão de tão inacreditável. Eu começo a lembrar do beijo. E no mesmo momento meus olhos se arregalam e meu coração se acelera.

— Não... — grito. — Não! — bato os pés. — Eu quero ir com vocês ou eu quero ficar na casa da Eve! — faço bico que nem uma criança birrenta. — Nem pensar que vou para a casa de Re... Reymond.

Eu estou parecendo uma criança com fazendo pirraça, mas eu não quero ir para lá. Eu não vou consegui suporta passar esses dois dias. Eu vou ter um ataque. 

— Eu decido Lisa. — sua voz é forte. — A mãe de Parker constantemente está sofrendo de fortes dores de enxaqueca. E vocês duas juntas parecem que estão participando de um circo. Não param de falar e ainda ambas ficam escandalosa. Você vai para a casa dos Reymond. É a minha decisão final e quando eu falo não, é não. — ela esboça um sorriso maldoso nos lábios e no mesmo momento eu olho para meu pai que abaixa a cabeça assim que meu olhar se bate com o seu, ele parece um frouxo assustado.

— Mas... — faço uma pausa. — Com uma condição: Reymond não pode desconfiar que eu ficarei em sua casa. Fale apenas para a mãe dele que irei.

— Tanto faz! Ela já sabe mesmo, pois ela que permitiu. Agora vá! O Antonin viajará conosco e você ficará na companhia da família Reymond! — Amélia faz um gesto com a mão, praticamente me expulsando.

Eu abraço Antonin, após isso, olho para meu pai com um olhar furioso.

— Pai eu nunca pensei que um dia eu poderia te odiar, porém suas atitudes e os ensinamentos de Amélia, eu aprendi a te despreza. Agradeça a ela. — pisco, me aproximo de Amélia, usando um sussurro. — Cuidado para as pessoas não descobrirem que você trai o papai, pois um dia a verdade aparecerá, mais cedo ou mais tarde.  — dou um belo sorriso maldoso.

Percebo que ela ficou surpresa, porém fez o possível para esconder. Já meu pai, apenas apertou suas próprias mãos, ele deve estar sentindo muita dor. Eu não posso fazer nada, Ethan passa por tudo isso porque quer.

Vou até a limusine espantando um sorriso vitorioso nos lábios à medida que saltito. Assim que entro, tento não pensar muito no idiota, mas é impossível, minhas mãos estão suando e minha respiração um pouco rápida e nem se fale a rapidez que meu coração está. Eu sinto uma vontade de abrir a porta da limusine e saltar, porém, seria loucura (mesmo o motorista dirigindo devagar). Como vou passar esses dias sem cruzar o caminho com Scott? Eu sei que é uma casa grande, mas será possível? Talvez consiga se Mason me ajudar.

— Chegamos senhorita. Espero que tenha um ótimo dia!

— Está bem, digo o mesmo... — bufo por sua falsidade.

Fico parada na calçada, vendo o motorista ir embora. Assim, me viro para a casa, sinto um vento agradável passando pelos meus cabelos que o fazem voar, um sorriso calmo se instaura em meus lábios. Lábios? Eu não deveria ter pensado nisso. Enquanto eu balanço a cabeça fortemente de um lado para o outro, a mãe de Reymond, abre a porta e vem em minha direção, gritando meu nome. Eu quase faço ela engolir grama para não gritar mais, porém lembrei que ela é uma pessoa legal e que é traída pelo marido como meu pai.

— Lisa Black Rose!  

— Olá? — sussurro com meu rosto próximo do seu. — Senhora, eu tenho um pedido...  Reymond não pode saber que estou aqui de maneira alguma... Por que... — penso em uma desculpa convincente — Eu quero fazer uma surpresa para ele, então ele não pode saber que eu estou aqui. Se você e seu filho não contassem eu agradeceria eternamente, e obviamente os outros que trabalham em sua casa ou seu marido não poderiam contar. — abaixo a cabeça muito apreensiva, eu sinto que minhas sobrancelhas estão arqueadas instantaneamente.

— Oba! — ela grita baixinho. — Combinado. Meu marido não voltará para casa nesse final de semana. os empregados, eu, Mason e vamos colaborar para ele não descobrir. Falarei com todos. — seu sorriso me acalma. — Reymond adora surpresa. Vamos entrando... — ela segura meus ombros me levando para dentro.

A decoração da casa dos Reymond mudou. Antes era uma decoração longeva, porém agora está moderna. Trocaram muitos móveis, acrescentaram mais quadros e até um do lado da escada de toda a família, todos sorriem. O único sorriso verdadeiro que eu vejo na foto é de Mason e de sua mãe. Reymond e seu pai parecem está forçando totalmente. Essas fotos são desagradáveis. Eu odeio tirar foto com meus pais.

— Adorei o novo designe da casa. — sorrio.

— Eu quis inovar um pouco. Essa casa estava faltando cor, vida.

— A senhora é tão gentil... — uso um tom baixo. — Não é uma madrasta má como nos filmes... Ainda bem.

— O que disse? 

— Eu falei obrigada por me deixar ficarem esses dias em sua casa. É muita gentileza deixa-me ficar. Realmente... — bufo. 

— Lisa, os empregados levarão sua bagagem. Então suba, pois Mason quer conversar com você... — seu tom de voz é triste. — Eu só tinha avisado para ele que viria. Que sorte... Mas o pequeno gosta mais da senhorita do que de mim, a sua segunda mãe oficial.  — seus olhos direcionam ao chão.

—Não se preocupe! — dou um sorriso amigável. — Algum dia a senhora vai conquistar sua confiança. Ele só precisa de um pouco mais de tempo. Você é uma mãe maravilhosa...

Ela me dá um abraço confortável. Eu me sinto como se fosse um abraço de uma mãe para filha de tão confortante. Lembro-me dos velhos tempos.

— Obrigada por suas graciosas palavras. Farei o máximo para conquistar a confiança dele. — seus olhos estão um pouco marejados.

— É assim que se fala!

Espero um dos empregados subir com a minha bagagem nas mãos. E assim eu subo em seguida lentamente à medida que olho atentamente para todos os lados. Aquele idiota é capaz de brotar do chão, então devo, dobrar, triplicar, quadruplicar meus cuidados. Assim, ando no corredor com passos leves, até que reconheço a porta do quarto do Mason e respiro aliviada por ter chegado. De repente, ouço uma voz atrás de mim que me faz cai de bunda no chão por conta do susto.

— Lisa? — sua voz é preocupada.

Ao ver o rosto de Mason, aproveitando que eu estou sentada no chão, fico de joelhos, agradecendo enquanto faço reverência.

— Obrigado! — agradeço totalmente aliviada enquanto o pequeno me olha todo confuso, enquanto gargalha baixinho.

— Está tudo bem? — ele segura minhas duas mãos me ajudando a levantar. — Vamos entrar antes que meu irmão tome você de mim.

Quando entramos, eu fecho a porta bem devagar, Mason ainda está confuso, por conta do meu rosto de desespero. Aproximo-me dele e seguro suas mãos fortemente.

— Preciso da sua ajuda... — minhas sobrancelhas arqueiam. — O idiota do seu irmão não pode saber que estou aqui.... Ele me fez passar por coisas desagradáveis...  E por isso estou brava com ele.... Então, não fale para ele que eu estou aqui... Por favor. — mantenho meus olhos fortemente fechados.

— Nossa. — seus olhos se arregalam. — Esse é o pedido mais fácil que já fizeram para mim. Eu realmente não quero dividir você com meu irmão. Eu não contarei nada. — brota um sorriso de seus lábios.

De repente alguém bate na porta, fazendo meu coração acelera. Eu congelo, porém, Mason mantém a calma,  conseguindo trancar a fechadura antes da pessoa abrir a porta.

— Irmãozinho? — a voz do Scott ecoa em meus ouvidos. — Ficou doido? Está falando sozinho... Ou conversando com aquele melhor amigo legal? — ele bufa. — Mas você prometeu jogar vídeo game comigo hoje. 

A sua voz me faz segurar a minha respiração instantaneamente. Tudo que eu quero é desaparecer daqui. Meu coração não está passando bem, e meu corpo está quente. Febre não é. Talvez nervosismo, vergonha e irritação é uma opção mais sensata.

— Mais tarde irmaozão! — Mason grita. — Eu estou conversando por chamada de vídeo com uma gatinha... —  ele olha para mim. — Igual você disse para eu fazer.

O pequeno não gagueja e sua voz não falha. Ele é um bom ator mesmo espantado. Porém, uma coisa eu não posso acreditar: como o segundo filho, mais velho que Mason, pode ensinar esse tipo de coisa para uma criança?

 — Aí sim! Tão pequeno, mas já tão pegador! — imagino que ele está com um sorriso satisfeito e descarado é como se eu pudesse ver através da porta. — Aproveite então.

Que ódio desse idiota. Se eu não tivesse que me esconder dele, eu com certeza, daria mais um tapa em sua bochecha, só que de preferência mais forte do que o outro.

Ouço passos se distanciando da porta. E assim eu e Mason respiramos aliviados. Enquanto tentamos segurar o riso. Acabamos rindo de nervoso.

— Como seu irmão idiota... — uso meu tom baixo, mas irritado. — Pode ensina isto para você? Que babaca. Não escute ele.

— Ele é um idiota mesmo. Eu não o ouço nessa questão de pegar garotas. — Mason revira os olhos. — Eu estou percebendo que ele tem melhorado... No Sábado passado ele não trouxe nenhuma garota aqui e até agora pelo que eu saiba não tem nenhuma menina marcada para vim aqui. Isso é raro, pois todo Sábado, ele trazia uma menina diferente para a mansão. — ele coça seu queixo. — Me pergunto se ele foi pego pelo tal amor.

Cada dia eu descubro mais coisas desagradáveis sobre o idiota. Esse foi o cúmulo. Se eu fosse mãe de Scott, daria uns murros bem dados.

— Eu duvido que Reymond foi “pego” pelo amor. Ele só quer brincar com todas. — debocho. — E o que uma pessoa tão nova como você sabe sobre o amor?

— Eu adoro ler livros. Então como eu estava com tédio, peguei em uma prateleira de livros antigos. E achei uns livros de romances... Percebi que o amor nós pega de surpresa, é um sentimento incontrolável, decidido apenas por nosso coração, por isso não tem hora, nem lugar para se apaixonar.  E há pessoas que se apaixonam apenas com uma troca de olhar, chama-se amor à primeira vista.

— Você sabe muita coisa... — fico de boca entreaberta. — Mas Amor... á primeira... Vis.. — começo a gaguejar pensando automaticamente no primeiro dia do internato quando eu encontrei o idiota. — Vista não existe...

Nesse momento eu só tenho vontade de voltar para casa e me jogar na minha cama com o travesseiro no rosto. Pois, estou tão envergonhada, por lembrar o momento em que me apaixonei. Eu odeio me senti sensível. Eu odeio me senti vulnerável.

— Lisa se existe ou não, eu não posso provar, apenas o tal amor. — ele minuciosamente analisa cada detalhe do meu rosto. — Você está apaixonada pelo meu irmão idiota? Depois dos livros de romances que eu li, estou afiado para descobrir essas coisas, parece que está escrito na sua cara: “Eu amo Reymond”.

— Que? — tento não gritar. — Não... Não... —  abaixo a cabeça fazendo eu confessar inconscientemente que sim.

— Não se preocupe Lisa... — seus olhos e seu sorriso são muito gentis. — Ele é muito... Muito burro para percebe. — ele gargalha alto com as mãos na barriga.

— Ele é mesmo. — reviro os olhos. — Ainda bem. Eu prefiro de sua ajuda de noite. Pois, eu quero pregar uma pequena peça com ele. Topa rabiscar seu rosto com caneta hidrográfica? 

— Com certeza eu topo. — ele esfrega suas mãos com uma risada maléfica. — Já que o idiota tem um sono pesado, muito mesmo, nós podemos ligar a luz enquanto dorme, ouvi músicas pop que ele não acorda, joga água nele, rabisca toda sua cara. Reymond apenas acorda com uma música metálica ou remix bem alta.

— Metálica? Adoro.

Eu sentei na cadeira de sua escrivaninha enquanto Mason sentou na beira de sua cama. Conversamos bastante, foi muito divertido. Além de falamos da escola dele, falamos do meu internato e até comentei sobre minha inimiga. E ele só riu.

Eu lembrei que eu não falei com Parker sobre a minha estádia na casa dos Reymond. Então disse para Mason que iria ao banheiro, assim ligo para ela lá dentro. Eve atendeu no meu momento com uma voz confusa.

— Oi? Que estranho você me ligando essa hora.

— Eve Parker... — faço uma pausa que deixa ela angustiada. — Meus pais foram viajar e como sua mãe está com uma forte dor de cabeça... Eles me mandaram passar esses dias na mansão dos Reymond. — minha voz falha.

— O que? — Eve grita enquanto parece estar pulando em cima da cama ao julgar pela sua euforia, sua mãe dele está querendo matar ela agora. — O destino está fazendo de tudo para vocês ficarem juntos! Valeu destino.

— Calada... — quase berro. — Eu não posso gritar... E nem você por causa de sua mãe. Ele não sabe que estou aqui e vai continua sem saber até Segunda, ou melhor, nunca saberá.

De repente a porta do banheiro se abre e eu pensei que havia trancado com a fechadura, porém foi pura ilusão. Eu fiquei tão tensa em ligar para Parker no banheiro e ser pega que eu esqueci de fechar a porta. Assim, o pequeno entrar no banheiro, sorridente e pega sem permissão o celular da minha mão. Enquanto eu fico parada com cara de tacho.

— Amiga da Lisa? — sua voz está diferente, ele está forçando para parecer grossa. — Certo? Aqui é o irmão do Scott. O meu irmão é burro em todos os sentidos, porém Lisa não é apenas na questão do amor. Então vamos juntos ajudar esses dois para perceberem o amor que um tem pelo outro, pois do jeito que está agora não pode ficar não é mesmo gata? — como Mason colocou no viva voz, dá para perceber que Parker tenta segurar a sua emoção.

Mason está debochando de Eve usando sua voz forçada. Se eu não conhecesse a voz do pequeno e dos seus irmãos, eu diria que é um de seus dos irmãos mais velhos falando comigo.

— Oh! — seu espanto é notável. — Seria o irmão mais velho gatão? 

— Obrigado pela parte que me toca. Mas sou o mais novo. — sua voz volta ao normal e assim nós ouvimos um barulho, parece que Parker caiu da cabeça pelo alto barulho.

— Você está bem Eve? — indago preocupada.

— Oi? Uma criança conhece o amor mais do que Lisa desatenta? — seus gritos me incomodam. — Vamos ajudar eles com certeza.  

— Joga na cara mesmo! — grito sem querer.

— Jogo mesmo meu amor! O pior cego é o que não quer ver!

— Mason não entenderá seus ditados populares brasileiros.

Eu sento-me encosto na parede, batendo os pés impacientemente enquanto os dois conversam sobre vida. Assim, entendida, lembro-me dos momentos em que eu passei com o idiota. Eu não quero pensar, mas é impossível. Foram poucos momentos, porém todos memoráveis. O dia mais marcado para mim é o primeiro dia de aula quando eu fingi que eu tinha deficiência auditiva. Além disso, tem outros mais envergonhastes, como quando ele me abraça fortemente aqui em sua casa no meio do corredor no dia que fomos obrigados a virar namorados, quando ele ficou em cima de mim no jardim, quando eu Lisa cai de cara no chão na grama.    

Dou um sorriso triste e assim Mason desliga o telefone dando uma piscadela para mim. Ele fica na minha frente esperando eu desabafar. Então está nítido que eu estou apaixonada por ele?

— Seu olhar penetrante, seu sorriso marcante, seu jeito de me irritar, tudo me desmonta. Eu confesso, eu estou gostando dele, porém odeio isso, pois ele é um babaca. — meus olhos estão marejados. — Eu sou horrível. Eu não posso permitir que eu tenha esse sentimento... Dói tanto... Me torna tão sensível. Faça parar... — ele me abraça pela barriga.

— Eu não sei como... — seus olhos também estão marejados. — Eu queria poder!

— Não... Chore... Minha mãe disse que só os fracos choram.... Os fortes não. Então não... Devo chorar. — seco minhas lágrimas. 

— Sem nexo o que sua mãe disse, desculpa. Mas, cada pessoa tem um momento de fraqueza. E quando os olhos visualizam a figura de uma pessoa, essa informação vai até o cérebro e ao identifica a pessoa amada, ela faz com que instintivamente o organismo inicie uma exalação de feromônios para atrair aquela pessoa. E assim dependemos de uma maior irrigação de sangue, também por isso nosso coração dispara!  

— Senhor inteligente! — faço carinho nos seus cabelos macios.

Ao cair da noite eu e Mason resolvemos finamente pregar a peça em Reymond. Antes o pequeno foi em seu quarto e verificou que ele estava dormindo, então ambos entramos de mansinho e começamos a fazer uma festa dentro do quarto, colocamos uma música alta no quarto, Mason tinha confetes coloridos da sua última festa, então jogamos pelo quarto, pulamos em cima da cama do idiota, nos aproximamos do seu rosto e fizemos caretas para ele e também para o espelho. E para a “festa” fechar com chave de ouro, pegamos um marcador texto preto e rabiscamos seu rosto, desenhamos um bigode charmoso, uma sobrancelha grossa, um delineador nas suas pálpebras.

Ficou ele muito gata! — digo debochadamente enquanto caímos na gargalhada por ver seu rosto. 

Do nada Scott começa a mumura algo bem baixinho. Ele parece está tendo um pesadelo ao julgar seu rosto contorcido.

 — Eu... Não sabia... Desculpa-me... Rose... — ficamos em silêncio absoluto, paralisados apenas com a música rolando.

— Por que ele está dizendo isto? 

— Eu não sei... — digo um pouco irritada. — Ele é maluco. — arranho a gargalhada. — Onde tem uma toalha para eu me secar depois de ter tomado um belo banho? Depois de ter suado tanto, eu mereço. Diverti-me muito brincando com você. — damos um toque de mão.


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