Pessoas Mudam Pessoas escrita por Ayumi


Capítulo 15
Uma pessoa invadiu meu quarto no meio da noite.




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Já faz duas semanas que algumas vezes na semana eu e o idiota combinamos de nos encontrar em uma sala que é utilizada por poucas pessoas para treinar a pequena peça que vamos apresentar na frente dos nossos colegas e também ler e reler as falas durante as horas vagas do dia com o intuído de decorar, desse modo nós vamos atingir uma ótima nota. A minha única amiga verdadeira que eu possuo nesse momento chamada Miller me contou que o pessoal da sala não quer se esforçar para apresentar, pois o professor deixou ler algumas falas pelo roteiro, mas eles esqueceram que são “algumas”, não todas. Nesse tipo de apresentação eu vou fazer questão de fechar meus olhos e me deita sobre a mesa visto que vou sentir vergonha alheia.

E não pense que foi fácil escolher uma peça para atuarmos, pois, eu e o idiota não entrávamos em um bom senso. Ele queria escolher peça teatral da Bela Adormecida, eu perguntei o porquê, pois Reymond pareceu tão decidido. A sua resposta foi: “Eu quero essa peça, pois como Aurora espeta o dedo na agulha, o príncipe Felipe tem que beijá-la para despertar do seu sono profundo”. Com suas palavras na mesma hora eu fiz cara de nojo misturado com ironia e falei: “Eu não vou beijar você nem se você for o último rapaz desse mundo”. O idiota ficou bravo com minha resposta, mas depois de pesquisamos bastantes peças teatrais românticas, nós achamos uma que para mim não era tão melosa comparada as que vimos. Ambos concordamos que seria Romeu e Julieta.

Estou na frente do Reymond ensaiando as falas com o script nas mãos, pois ainda há algumas frases para decorar. E como estamos apenas começando eu vou utilizar. Só sei que vou dar tudo de mim para fazer cada cena, pois quero que saia tudo perfeito. E quando eu entro na personagem, eu realmente viro outra pessoa, porém isso demanda tempo e preparação emocional.

— Chame-me apenas de seu amor — Reymond faz uma voz dramática à medida que segura seu peitoral e gesticula com as mãos — Assim eu vou me sentir batizado outra vez. De agora em diante não sou mais Romeu... — nós dois mantemos os olhares fixos um ao outro.

— Romeu Montecchio? — indago com um tom de surpresa enquanto levanto as sobrancelhas.  

— Eu já não tenho nem um desses nomes, pois eles não são amenos para ti.  — usa um sorriso doce que faz meu coração tremer, mas me concentro para não perder o foco.

— Juras que me ama? — utilizo uma voz confiante, vejo que ele se aproxima de mim.

— Juro pela lua que eu te amo! — Scott segura minhas duas mãos fortemente mantendo seu olhar fixo em meus olhos, assim sinto minhas bochechas ficarem quentes e meu coração acelera e na mesma hora eu engulo saliva pelo nervosismo.

— Não jure por nada. — meu tom foi firme. — Jure apenas por você mesmo! — declaro confiantemente.

Respiro profundamente por ter notado que acabou a primeira cena, assim tiro suas mãos das minhas e o olho bravo com a mão na cintura para enfatiza minha raiva.

— Não precisava ter segurado minhas mãos. Isso não está no script idiota! — berro enquanto vejo-o sorrindo travessamente.

— Rose... Rose... Eu quero um A+ nessa apresentação, pois não estou ensaiando à toa, por esse motivo tem que parece muito real cada cena. Temos que adentrar no personagem profundamente para isso. — diz palavras belas que me impressiona, porém mantenho minha boca fechada para não demonstrar surpresa.

— Nem parece você falando... — antes de ele poder responder, meu celular começa a tocar minha música de rock favorita, assim eu atendo imediatamente, porém desconfiada por ser um número desconhecido.

— Alô? — falo rudemente por ver mais um número anônimo me ligando. 

— Oi... —  reconheço a voz e reviro os olhos à medida que bufo. — Lisa você finalmente me atendeu. Eu tive que mudar de número diversas vezes, pois me bloqueio em todos. Lembra-se de mim? Seu ex-namorado Marik Carter? Deixe-me.... — o interrompo com: “Shhh” bem alto.

— Cale a sua boca. Sua voz me irrita. — minhas sobrancelhas franzem e Reymond me olha confuso. — Eu odeio você, então para de me ligar e de mandar mensagens. Eu já disse, mais com não entende, vou dizer mais uma vez: “não quero saber mais nada sobre você”. Estamos entendidos ou quer que eu desenhe? Se eu te bloqueio é porque apenas não quero falar contigo. Não é difícil entender isso. — bato o pé impaciente.

— Sua voz fica tão linda quando está irritada. — ele me provoca. — Eu te liguei para dizer que achei seus vídeos formidáveis nessa tal festinha que teve no internato e também amei as poses para as fotos, todas provocantes. — Marik ri forçadamente, mas descontroladamente.

— Não acredito! Como você... — paro por um segundo e reflito. — Vai me dizer... A única que pode ter te mandado é a... Becker. Ela me odeia tanto ao ponto de encontrar seu número. E eu não me importo, isso faz alguns dias então todo mundo já esqueceu. Que ódio de você! — grito enquanto bato na mesa ao minha frente.

— Acalme-se minha bela flor.

— Vai se danar! — encerro a ligação clicando fortemente no botão, Carter queria falar algo, porém não deixei, sua voz me irrita, aquela voz enjoada de menino certinho, ou melhor, fingindo ser “certinho”. Ele não me engana.

Minha respiração está rápida, eu gasto muito fôlego para discutir com esse garoto irritante, grudento e perseguidor. Não é difícil entender que terminamos e que eu não quero nunca mais vê-lo ou falar com ele. Eu não entendo o que Carter tem contra mim, nunca seguramos as mãos, nunca nos beijamos, nem ao menos saímos para algum lugar divertido, apenas fomos a bailes formais para tiramos fotos e fingirmos ser o casalzinho feliz que conecta as duas empresas. 

Jogo meu celular na mesa enquanto Reymond fica mais perto de mim com um olhar triste, claramente querendo fazer perguntas.

— Seu ex-namorado? — indaga com um tom de preocupação.

— Hum... — penso em responder, mas não me sinto preparada para me abrir a um garanhão egocêntrico, então bato nas minhas bochechas, pego meu aparelho telefônico e saio da sala sem dizer absolutamente nada, só um aceno com as mãos à medida que ando para a saída com intuído de não o encarar. Reymond é um pouco inteligente para sacar que é meu ex. Então essa pergunta foi idiota.

Ao chegar ao meu quarto me deparo com a traidora Parker, assim olho o calendário e percebo que fazem 16 dias que nós duas não nos falamos. Isso foi um recorde, pois mesmo no ano passado mesmo não podendo ver uma a outra, todos os dias ou nos finais de semanas, sempre dávamos um jeito: conversamos ao celular durante longas horas.

Após Parker me trair, nós tivemos nossa primeira briga grave, pois sempre tinha haver com ciúmes e nunca tínhamos machucado uma a outra. Eu tenho que confessar que me machuca vê-la todo dia, principalmente por ficamos no mesmo quarto, na mesma sala, temos em comum a amizade com Parker, ela se senta na minha frente na sala. Agora não consigo prestar atenção na aula 100 % ou dormir, pois continuo pensando nela.  E na hora da comida eu sento-me em uma mesa sozinha, Miller queria que nos três sentássemos juntas, mas eu não concordei, então preferi me afastar e ficar solitária.

Eve está sentada no chão com os joelhos dobrados para cima, a cabeça entre as pernas enquanto cobre o rosto usando as mãos, ela parece não ter notado minha presença, então lentamente, eu chego perto dela e me forço para escutar um som de choro. Está tão baixo.

Meu coração está cortado e sinto um nó na garganta nesse momento. Eu sei que vou ser uma otária se eu perguntar o motivo dela está nesse estado deplorável. Depois de ter me enganado, simplesmente não consigo odiá-la. O pior disso tudo é que criamos uma regra de melhores amigas quando éramos crianças ingênuas e juramos de dedinho que iríamos cumprir: “Se sua a sua melhor amiga estiver chorando por um motivo inexplicável, mesmo que vocês discutiram antes, você deve consolá-la em nome da amizade que tiveram”.

Coloco-me de joelhos e fico na sua frente a encarando enquanto coço atrás da cabeça com uma dúvida: vou ou não. Minha mente diz: “Depois de ter te machucado, você vai ser idiota de consolá-la? Tinha que ser tola”. E meu coração fala: “Fale com Eve mesmo que ela tenha te ferido, não esqueça que Parker é humana e erra, foi egoísmo da sua parte te privar das coisas, mas quis passar mais tempo junto contigo e dá para ver nos seus olhos que ela te ama”. Decido seguir meu coração, pois ele está falando mais alto dentro de mim. Então eu seguro seus ombros e imediatamente Parker levanta seu rosto com os olhos arregalados, assim a olho com doçura e abraça-a fortemente enquanto passos minhas mãos nas costas (sinto que sou um ursinho de pelúcia que ela precisa nesse momento).

— Lisa...? O q-que...? — Parker usa um tom de surpresa misturado com uma voz falhada.

— Ei! — sorri. — Por que está chorando feito um chafariz? — ironizo. — Você não é a Eve Parker conhecida como a garota alegre e animadora da galera?

— Sua... Boba... — ela crava suas mãos nas minhas costas. — V-você se lembrou da nossa promessa boba de infância?

— Não foi boba visto que você mesma falou que era séria, pois na sua concepção promessa de dedinho é algo seriíssimo... — Parker solta um suspiro de alivio.

— Lisa eu sinto tanto sua... Falta... Eu simplesmente não posso ficar sem falar contigo... Meu coração dói tanto, todos esses dias estão desanimados porque eu toda vez lembro-me do quanto eu te machuquei. Eu me arrependo. — ela desaba em lágrimas. — Você é uma pessoa insubstituível. Não sei como mostrar o quanto eu te amo, um amor como se fosse de irmã para irmã. Miller é minha amiga, mas você Lisa é a minha melhor das melhores.

— Eu também sinto sua falta. — seguro seus ombros para me afastar dela com o intuito de olhar seu rosto. — Você sabe que eu fiquei muito decepcionada e triste por sua atitude egoísta, mas sei que não vale a pena continuar desse jeito, pois eu ainda te amo e você só queria passar mais tempo ao meu lado. E como você me ensinou: "não adianta chorar sobre o leite derramado". Então não vale a pena lamentar algo que já passou. — meus olhos estão marejados, mas abro um sorriso.

— Perdoa-me... Eu só pensava que seria divertido se passássemos mais tempo juntas. — seus olhos brilham. — Mas hoje eu percebi que não importa se eu passar só um tempinho contigo, eu já vou estar feliz e me divertir. Se você estava infeliz no clube de animadora de torcida fez bem em mudar, pois a vida é uma só. Desculpa novamente. — Eve abaixa sua cabeça, mas eu seguro seu queixo fazendo um negativo com o dedo. — De agora em diante vamos aproveitar cada momento juntas independe do tempo que for.

 — O mais importante foi que você se arrependeu então já é um começo. E eu te perdoo, pois, todo mundo erra, mas... — faço uma pausa dramática. — Quando estiver mais uma ideia maluca, por favor, fale comigo antes. — aperto suas bochechas e ela faz bico.

— Eu vou falar, porém tenho que confessar algo... — seus olhos e sorriso ficam travessos. — Eu fingi que estava chorando, pois sei que não quebraria nossa promessa de infância assim falaria comigo. Isso tudo foi um plano mirabolante planejado há dias. — Parker esfrega as mãos.

— Sua idiota! — pulo nas suas costas. — Então você anda me enganando?

— Aí... Aí... — Parker tenta se livrar de mim, mas falhou porque grudei nela feito uma cola forte. — É brincadeira! Eu nem sabia que iria vim aqui tão cedo, pois pelo que eu sabia você tem ensaio com o Reymond agora.

— Ah é! — elevo minha voz e sento na cama. — Eu fugi.

— Como é? — o grito ressoa no todo quarto.

— Carter me ligou, então estou irritada. Ele está no meu pé há meses. Eu  já expliquei mil vezes que eu não quero mais falar com o babaca, mas a cabeça de minhoca não entende. Só pode estar faltando um parafuso solto! — me debato e Eve só ri da minha cara. 

  — Ele te ama muito!

— Quanto amor! — reviro os olhos.

— Pelo menos admita que ele seja bonitão. — Parker desbloqueia o celular e depois coloca sobre meu rosto. — Analise a foto dele. Eu tenho certeza se Mona o visse, ela iria dá à louca.

 — Nada a declarar. — mostro língua. — A aparência não importa vocês duas precisam ter consciência de que um dia a beleza e a juventude vão acabar, porém o seu caráter, o conteúdo do seu ser permanecerá.  — jogo a almofada na sua cara para provocá-la, mas, sobretudo para ver se ela volta a realidade.

Parker se joga na sua cama e pega uma almofada também, ambas começamos a bater uma na outra e assim inicia-se  uma guerra de travesseiro. Eve para se livrar das pancadas que estou dando nela, corre até a porta e eu jogo o travesseiro bem forte em sua direção, mas no mesmo momento Parker se abaixa e de repente a porta se abre, dessa forma acerta bem no rosto da Miller.

 — Boa mira amorzinho!  — nós duas começamos a gargalha alto, pois a cara de Mona é a melhor, sua expressão de raiva é tão engraçada.  Parker não se aguenta e senta-se no chão, segurando sua barriga de tanto ri.

Miller entra no quarto e cruza os braços, olhando para nós ao mesmo tempo.

 — Ei! — suas sobrancelhas franzem. — Um momento... —  freneticamente ela começa a olhar para mim e para Parker. — Vocês... Duas...  Estão se falando? — Mona começa a pular de alegria. — Eu sabia que vocês iriam voltar a se falar!

— Voltamos! — falamos em uníssono e no mesmo momento houve um abraço e pulos coletivos.

—  Tá. Chega de festa. — Miller aponta para a minha cama. — Agora vocês se sentem.

— Pronto! — Eve se senta com os braços cruzados. — Mas dá próxima vez notifica antes a mamãe que terá um papo de amigas, pois só eu que dou as ordens aqui. — ela pisca e eu faço meu máximo para controlar a risada, assim até tapo minha boca, só saindo um som fraco.  

 — Está bom mãe. Agora me deixe contar uma novidade.  — houve um silencio de suspense.

— Fala! — gritamos.

— Depois de vários dias tentando, me esforçando, me dedicando ao máximo. Entre diversas candidatas que ali estavam para tomar meu lugar. Eu fui escolhi como oficialmente... Ajudante do time de basquete. E já comecei hoje... —  eu me jogo na minha cama após ouvir suas palavras e já Parker se levanta e dá gritinhos de alegria. — Entreguei garrafas de água para eles, juntei no vestiário suas camisas sujas de suor, fiz massagens em alguns jogadores e sem querer vi alguns membros sem camisa, pois quando entrei no vestiário eles estavam se trocando na hora. — houve uma gritaria coletiva.

— Sem querer? Vou fingir que acredito. — digo sem ânimo, as duas riem.

— Eu não vi Reymond lá hoje, os garotos falaram que ele estava com você. — ela sorri travessamente. — Não faz essa cara Lisa eu sei que é por causa da peça. Então eu estou adorando, pois eu vou poder acompanhar o progresso de cada jogador. Ser ajudante não é nada ruim, pois se fosse mesmo, não teria muitas garotas disputando para essa vaga.

 — Essa é uma notícia maravilhosa. Você vai ser a melhor ajudante que esse internato já viu. Aliás, temos que te produzir arrasadoramente com uma melhor roupa, acessório e maquiagem!

— Um momento... — levanto-me e encaro Eve. — Miller não vai a uma festa e provavelmente ela ganhará um uniforme de: “ajudante do clube”. Então não a arrume demais, pois querendo ou não Mona está lá para ajudar, não para arrumar namorado. E mais... — faço uma pausa. — Cadê a parte boa de entrar nesse clube? Eu não entendo. Vocês não são humanas normais, está faltando um parafuso? — indago ironizando — Ou estão precisando de um acompanhamento ao psiquiatra?

— Só percebeu agora que não somos seres humanos normais? — falam as duas em uníssono enquanto caem na risada e eu fico chocada, assim acabo rindo também.

— Já percebi há muito tempo, porém quis confirmar. — pisco.

A noite chegou e assim todas nós fomos para suas devidas camas. Eu visto minha camisola de renda branca por estar já na cabeceira da minha cama e não estou a fim de sai debaixo das cobertas quentinhas nesse friozinho para buscar outra.

Na madrugada com sinto uma sombra diante de mim, porém acho que é imaginação da minha cabeça, então continuo com os olhos fechados. Ou até pode ser uma das meninas indo ao banheiro. Uma mão macia toca em minhas bochechas, mas eu não quero abrir os olhos por preguiça, assim ela começa a pressioná-las e eu abro meus olhos lentamente.

Assim eu instantaneamente sento-me na cama preste a gritar, mas tapam a minha boca. Eu mantenho meu olhar arregalado e fixo na pessoa. Esse ser humano que invadiu meu quarto é Reymond. Ele emite um som que costumamos usar para pedir silêncio.

Scott não está olhando para meus olhos então, por um segundo, eu olho para baixo e percebo que estou pouco vestida, pois além da minha camisola ter um decote, ela é curta demais visto que bate na metade da coxa. Enrolo-me no cobertor enquanto gradualmente me sinto envergonha, mas agradeço na minha mente por estar um pouco escuro para não notar meu constrangimento.

Eu tento falar mesmo com a boca tapada: “O que está fazendo aqui seu idiota, eu vou te matar”. Porém, não deu certo, só saiu resmungos.

Scott se aproxima de meu rosto para eu poder te escutar. Assim seguro minha fronha com as mãos fortemente com a finalidade de tentar me acalmar um pouco. Mas, obviamente não funciona, pois não tem como ficar calma com seu olhar fixo ao meu e... Sua respiração perto de mim.

— É... — ele arranha a garganta. — Eu peço que não grite. Eu sei que tem muitas perguntas, porém vim aqui te mostrar uma coisa. — Reymond idiota pisca — E não me pergunte por onde eu entrei, pois se não terei que te matar. — ironiza enquanto abre um largo sorriso.  — Agora vamos antes que suas amigas descubram que eu estou aqui e façam um escândalo.

Fazendo um sinal, Reymond tira a mão da minha boca, porém senti que ele estava hesitante. Com certeza medo de eu gritar e o diretor brotar aqui. Eu não vou berrar para não acordar minhas amigas visto que vão pensar besteira. Já até imagino a cena, caso descobrirem elas vão falar desse assunto até eu me formar, zombaria não vai faltar na lista delas.

Antes de pensar em falar qualquer coisa, eu apenas respiro profundamente, aproveitando para desviar o seu olhar do meu.

— Está achando que é só chegar e falar: “Vamos”. E eu vou? — ironizo. — Caso não for nada de importante. — sorri intimidante. — Eu vou matar você. — faço um movimento com as mãos. — Agora se vire, pois vou pegar um casaco de frio no armário. 

Espero ele me obedecer com os braços cruzados e um olhar matador, assim o idiota dá um sorrisinho após isso se vira de costas, eu coloco minha pantufa nos pés frios, levanto-me e dou passos rápidos até o closet.

Começo a forçar a minha visão para achar uma peça de inverno, mas estou com dificuldade, desse modo eu verifico se Reymond está olhando para parede. Porém, seu olhar me cerca com um sorriso malicioso nos lábios e ainda assobia quase imperceptivelmente. Com o coração acelerado acabou pegando um casaco sobretudo vermelho da Parker.

Scott vai a minha direção enquanto estou abotoando a peça de roupa, de alguma maneira, ele parece decepcionado ao julgar pelo seu olhar.

— Estou triste... — o idiota faz um bico. — Eu preferia a camisola branca, na minha humilde concepção estava mais... — faz uma pausa com uma expressão de alegria no rosto. — Cativante.

— Que pena. Eu não nasci para te agradar. — sorri amargamente. — Além disso, sua opinião na minha visão é um nada.

— Como é fria gatinha. — dá uma piscadinha sarcástica. — Agora vamos.  — ele segura meu braço.

— Poderia falar: “Siga-me”, pois posso muito bem ir atrás de você. — eu reviro os olhos.

— Mas não teria graça e nem emoção.  — o idiota que estava de costas vira-se e esboça um sorrirão.

Ainda sendo arrastada, passamos despercebidos pelas câmeras que se movimentam. Não foi fácil, tivemos que respirar muito fundo e suar frio, quando a câmera virava, nós seguramos as mãos e corremos rapidamente, desse modo passamos ilesos.

Só sei que chegamos ao jardim, gargalhando, foi uma crise de riso, ambos estávamos com adrenalina percorrendo nossos corpos, pois sabemos que se o diretor nos ver esse horário em qualquer lugar que não seja nossos quartos, ele pode até nos expulsar de acordo com o regulamento.

Vamos até um lugar que a câmera não nos alcança, assim na grama, Reymond senta-se e eu o imito, mas obviamente, me afastei dele.

— Não foi emocionante senhorita Lisa? — ele pisca.

— Até que foi. — dou de ombros.

— Ei.... Não seja tímida, se aproxime mais de mim. — Scott segura um dos meus ombros e leva-me até perto de seu peitoral.

— Eu não sou tímida, apenas não quero ficar perto de um idiota, pois vai que a idiotice é contagiosa. — digo mostrando a língua e ele gargalha.

— Você sempre está por perto, mesmo na sala, nas horas vagas, em todos os momentos, então você já pegou minha “idiotice” faz tempo. — debocha.

— Engraçadinho você não? — indago retoricamente.

— Agora preste atenção na Lua. — na mesma hora direciono meu olhar para o céu. — A Lua Cheia hoje está maravilhosa. Eu te acordei porque eu queria compartilhar isso contigo.

Meus olhos arregalam e eu engulo saliva. A sua última frase me veio de surpresa.  Mesmo assim, tento não mostra indiferença e eu olho para o céu. Realmente a Lua está harmonia e brilhante. Eu até sinto um bem-estar, leveza e “calmaria”, entre aspas, pois em compensação a tudo meu coração ainda parece que vai explodir a qualquer momento.

— A Lua Cheia está realmente linda e graciosa. — meus olhos começam a brilhar, porém reflito por alguns segundos e encaro Reymond. — Um momento... Idiota... Você poderia ter trazido qualquer outra garota para presenciar a Lua contigo, mas porque me escolheu?

Scott não vai me enganar com sua lábia, ele pode enganar todas as meninas, mas não há mim, pois já estou familiarizada com garanhões. Na minha outra escola era o que mais tinha. Eles davam em cima de mim para se promoverem, mas eu logo cortava sua fama de galinha, os rejeitando.

O idiota me olha com sorriso nos lábios à medida que passa as mãos atrás da cabeça. Afasto-me para receber sua resposta.

— Eu não faço ideia... Eu apenas olhei a Lua e lembrei-me de você, dos seus olhos. — desvia o olhar por um instante. — Quando eu olho seus olhos, eles me acalmam igual essa Lua. — mal percebo e seu rosto está próximo ao meu.

Lisa... Acalme-se. Não esqueça que Reymond é um garanhão e que seu hobby é flertar com as garotas para elas caírem nas suas garras e depois finaliza com um golpe. Ele não é gentil. Sua gentileza é falsa e envolve algo em troca.

Seguro com umas das minhas mãos a grama que estou sentada e reviro os olhos, tentando mostrar que estou entediada. Depois levanto meus braços para espreguiçar.

— Oh! — bocejo. — Q-que sono! —seu olhar ainda me cerca. — Eu n-nunca pensei que um idiota iria me convidar para apreciar a noite, mas... Agora tenho que ir já se passaram uns 30 minutos que estou fora do meu quarto... E daqui a pouco podem aparecer seguranças do internato. Não vai demorar a começar outra vigília. — estava preste a levantar, mas Reymond me segura pelo braço. 

— Calma! — Deixe-me dizer outras coisas. — faz uma pausa. — Você quase me matou do coração com sua camisola e... — Reymond segura meus ombros me mais para perto e beija minha testa.

Arregalo meus olhos, instantaneamente eu o empurro forte, assim levanto-me e o vejo com um sorriso travesso espantado em meus lábios.

— Idiota! Eu sabia que você iria tentar algo, mas você não vai me enganar... Nunca! — viro de costas a ele e começo a andar rapidamente, seu olhar me persegue. Sinto que meu coração de tão rápido pode parar a qualquer momento.


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