O sangue que escorria pelo chão me trazia um sentimento ruim, eu me sentia tonto em ficar vendo aquela cena, nada se podia ouvir, e a única coisa que se podia ver era a maldita poça vermelha na estrada de pedras.

 -Temos que ir Baek, se ficarmos aqui, seremos os próximos. – Chanyeol estava começando a se preocupar com o horário e a quantidade de monstros no local.

 -Não podemos deixar o Sehun aqui, você deveria ter deixado eu salva-lo. – Eu tentava retrucar a qualquer custo.

 -SE EU DEIXASSE VOCÊ ESTARIA MORTO IGUAL A ELE.

 Fiquei parado por poucos segundos, em choque, não podia aceitar o destino imposto para meu querido, depois de tanto sofrimento, morrer para quem ele jurou destruir, isso certamente seria a pior coisa que poderia acontecer no momento.

 -Vamos, rápido. – Finalmente cedi ao pedido de meu companheiro.

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 -Faltam quinze minutos para se esgotar o tempo estipulado. – A mensagem de Onew ressoava em meus ouvidos, fazendo-me lembrar de Sehun.

 Com exceção de Kai, Krystal e Sehun, todos estavam lá presentes. Lay estava com uma grande ferida em sua perna, não era certo o que faríamos a partir daquele momento, só tínhamos noção que estávamos passando por uma situação de extremo risco.

 -Precisamos procurar uma casa, Lay não pode ficar nessa situação aqui fora, está frio e não tem um bom lugar para repouso. – Suho parecia mal, muito mais que o normal.

 -Temos de procurar uma casa, Taemin, Key e Jonghyun, vocês vem comigo em direção ao sul, Minho, Suho e D.O vão para leste, Xiumin, Chen, Baekhyun e Chanyeol, vão levar Lay junto a vocês para oeste. Como viemos do norte e sabemos as condições do local então não iremos voltar para lá, caso uma boa casa for encontrada, deem um tiro com sinalizador.

 -Mas não deveríamos deixar alguém aqui para esperar pelo Sehun? – Eu questionei.

 Todos se entreolharam e ficaram em silêncio por um tempo, até Suho tomar partido e começar a falar:

 -Olha Baek, todos nós nos preocupamos com ele, mas depois do que você e Chanyeol nos contaram, é impossível ele estar vivo, sinto muito, mas creio que ele deve estar em um lugar melhor, sofrendo menos. Ah, estava me angustiando vê-lo tão infeliz, a perca do grande amigo conturbou a mente dele por completo, mesmo que eu também não gosto dessa realidade, talvez tenha sido o desejo dele.

 -Não é verdade! Ele estendeu a mão para mim, ele queria ajuda, não queria morrer ainda mesmo com toda a infelicidade ele ia continuar, pelo Lu, vocês não entendem isso? Mesmo depois da morte do companheiro amado, mesmo com tanta dor, ele queria continuar, cumprir as promessas e ser feliz, ele queria viver tanto quanto todos nós aqui presentes! – Não pude deixar de retrucar.

 Suho tinha uma feição de que estava prestes a chorar, ele me abraçou e continuou a falar:

 -Eu sei o quão mal você se sente, mas agora temos que fazer isso pelo Lay, se não isso pode se agravar, eu só te peço isso Baek...

 Com essa fala de meu líder, tive que mais uma vez abrir mão de tentar reencontrar meu amigo.

 -Não temos tempo a perder, vamos! – Essa foi à última fala de Onew.

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 -Vocês encontraram algo ai? – Xiumin perguntou.

 -Negativo, nada que possamos usar, nem como provisório.

 -Mas que... o que vamos fazer então, esperar algum tiro de sinalizador? Isso não traz risco de atrair os titãs? – Chanyeol respondeu mais ou menos, com maior interesse em seus questionamentos.

 -Não faço ideia, só gostaria de não dormir na rua, está muito frio. – Chen dizia isso enquanto cruzava os braços com intenção de se esquentar.

 -Ei, aquilo é um sinal vindo do sul? – Lay disse apontando para um ponto vermelho no céu.

 -É sim! Vamos logo, eu estou congelando. – Chanyeol, já bem apressado pegava Lay no colo para poder leva-lo.

 Já era aproximadamente três da manhã, estávamos cansados, com fome, e bem abalados, precisávamos de um cochilo urgentemente caso quiséssemos prosseguir com nossas atividades.

 Andar por entre aquelas calçadas me trazia lembranças, muitas lembranças. Lembrava-me perfeitamente como se a invasão tivesse sido ontem, naquela esquina era a casa de uma costureira, três quadras a baixo era uma pequena padaria, descendo e virando a esquerda era a casa de minha tia. Tudo isso, as memórias, as construções e as pessoas que ali moraram, tudo isso estava destruído e acabado, era como uma verdadeira cidade fantasma, mas eu ainda conseguia ver aquilo tudo como se fosse uma alegre tarde de verão.

 -Façam silêncio! – Xiumin fez com que eu “voltasse para a terra”.

 Com seus “olhos felinos” ele olhou para os lados. Pode-se ouvir um barulho de algo caindo, com isso, rapidamente ele pois a mão em uma de suas lâminas e decidiu checar o lugar de onde vinha o barulho.

 -EI! VOCÊ AI, REVELE-SE! – Xiumin gritou ao ver a silhueta de alguém a alguns metros de distância, mas aparentemente o indivíduo nem ligou e continuou sua caminhada.

 -Como estamos com Lay não tenho tempo de persegui-lo, mas hei de avisar Suho sobre isso, vamos continuar, estamos bem perto. – Xiumin como mais velho estava tomando o lugar de guia.

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 Quando chegamos a equipe de Suho já estava lá presente. Observando a casa por fora, ela parecia bem conservada, algo estranho, porém bom.

 Conseguimos por sorte recuperar algumas de nossas malas, era o suficiente para nos abrigarmos por dias ali no local.

 -Que bom que chegaram, vamos, entrem sem demora, pois temos de cuidar de Lay! – Suho já parecia melhor.

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 -Você está bravo comigo? – Chanyeol perguntou, nós já estávamos deitados juntos.

 -Tenho algum motivo para isso?

 -Achei que estaria, eu te impedi de salvar o Sehun.

 Permaneci em silêncio por um tempo até saber melhor o que dizer:

 -Não quero falar sobre isso, mas... isso realmente me traz um pouco de raiva, contudo, prefiro fazer outra coisa ao invés de discutir. – Disse isso enquanto me colocava em cima dele.

 -Eu sei bem o que você quer, haha, eu vou aliviar esse estresse que seu pequeno corpo está sentindo.

 E como de costume, ele foi subindo do pescoço até a boca, dando leves chupões.

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 -Bom, agora que não temos mais um mensageiro, teremos de resolver isso agora, já escrevi uma carta com todas as nossas necessidades. Alguém se oferece? – Onew estava tentando reorganizar tudo.

 -Eu irei! – Disse Key.

 -Vamos tentar eliminar o máximo de titãs possível, enquanto Key leva a carta, levará cerca de três dias até que possam nos buscar, sendo assim, temos pouco tempo para melhorar a situação no caminho. – Onew terminou suas advertências.

 -Iremos trabalhar agora mesmo, peguem seus equipamentos e se preparem, não temos tempo a perder. Vamos dar apoio para o Key por um curto percurso. – Suho completou.

 Sem nenhum questionamento, fomos pegar nossos aparelhos de manobras 3D para sair, como não tínhamos mais cavalos, a situação estava ruim em quesito de locomoção, mas nada que não pudéssemos fazer.

 -Chen irá ficar para cuidar de Lay, voltamos aqui em cinco horas, você pode preparar o almoço, ou jantar, chegaremos tarde de qualquer forma.

 -Entendido Sr. Onew! – Chen respondeu  se curvando levemente.

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 A caminhada a pé parecia bem menos cansativa quando estávamos na casa, estávamos bem próximos ao trecho que Sehun foi visto pela última vez, isso estava me deixando com remorso, saber que por milímetros, perdi meu amigo, mas estava decidido a vinga-lo.

 -Cuidado, estão vindo! – Xiumin anunciou a chegada de dois titãs de sete metros.

 -Eu cuid... – Antes que pudesse terminar minha fala, os dois monstros caíram mortos no chão.

 A queda deles causou uma nuvem de poeira, conforme ela ia desaparecendo, era possível ver uma silhueta familiar.

 Quando a nuvem foi embora por completo, arregalei meus olhos ao ver quem estava em nossa frente.

 -Mas como isso é... – Chanyeol estava sem palavras.

 -Desculpa a demora, acho que me atrasei um pouquinho.

 Era ninguém mais ninguém menos de que Sehun, vivo, sem machucados, completamente intacto e completamente limpo.

 -Acharam que eu ia desistir tão fácil assim?