O primeiro dia de fevereiro presenteou os moradores de Konoha com uma leve aparição do sol. Não o suficiente para derreter toda a neve pelas ruas, mas aquecendo ao menos um pouco depois de dois meses nevando quase sem parar. Naruto levantou cedo naquele dia, um sorriso enorme surgindo no rosto quando viu o astro depois de meses. Preparou um café reforçado e saiu de casa logo depois, disposto a aproveitar o calor que não duraria muito.

— Naruto-niichan!

Virou-se sorridente. Konohamaru chegava com sua equipe, animado como nunca. Udon e Moegi o cumprimentaram timidamente, enquanto o líder fazia questão de mostrar o avanço do seu Jutsu Sexy no meio da rua. Naruto dava gostosas gargalhadas, vez ou outra dando “sérios” palpites e conselhos para que o pupilo aperfeiçoasse o jutsu.

— O que diabos pensam que estão fazendo?!

O grito raivoso veio acompanhado de um forte soco de Haruno Sakura. A moça de cabelos rosados os olhava furiosa. Naruto jurava que seus olhos pegariam fogo a qualquer instante.

— Já disse para não fazerem esse jutsu no meio da rua! É desrespeitoso!

Konohamaru e seus amigos correram. Naruto os viu sumir ainda do chão, com vontade de rir e ao mesmo tempo com medo de fazê-lo.

— B-Bom dia... Sakura-chan.

Ele lhe deu seu sorriso mais inocente, o que, surpreendentemente, a acalmou. Os olhos azuis se arregalaram. “Preciso fazer isso mais vezes” pensou.

Sakura soltou um suspiro, oferecendo uma mão. Naruto a pegou, levantando-se com hesitação.

— Está tudo bem, Sakura-chan?

— Não. — Outro suspiro. — Pode me acompanhar até em casa? Tem algo que preciso lhe mostrar.

Ela falava sério, então Naruto respeitou seu silêncio. Acompanhou-a até a área central da vila e pediu licença aos pais da moça quando entrou na casa dos Haruno.

— Vai levá-lo ao seu quarto, Sakura? — perguntou a mãe da moça, desconfiada.

— Não vamos demorar.

Sakura passou direto, sem se importar com a surpresa estampada no rosto da mulher. Naruto seguiu a amiga antes que a bronca chegasse, subindo as escadas correndo e entrando no quarto afobado.

— O que pode ser tão sério a ponto de me trazer para seu quarto, Sakura-chan? — falava distraído, o olhar fixo na escada como se os pais da kunoichi fossem aparecer e expulsá-lo a qualquer instante.

A moça não precisou responder. Assim que Naruto voltou-se para dentro, o choque ficou estampado no rosto.

— Hinata?

Seus olhos correram rápido. Uma mochila no canto da cama, um colchonete recém-montado. As duas garotas ficaram impressionadas com seu raciocínio:

— Passou a noite aqui, Hinata? — perguntou surpreso. — Foi o seu pai, não é? Por que não me procurou?

Hinata brigava com a amiga apenas com o olhar. Ficou claro para Naruto que ela não queria que o loiro soubesse de sua estadia. Aquilo deixou o garoto ainda mais agoniado.

— Hinata, você prometeu que iria me procurar se acontecesse alguma coisa!

Se aproximou dela em dois passos, segurando o rosto da moça e procurando por ferimentos. Pegou os braços dela e fez a mesma vistoria. Quando estava para fazer o mesmo com as costas, o rosto de Hinata pegou fogo.

— Che-Chega, Naruto-kun. Estou bem. Foi só... — Ela hesitou, ainda olhando chateada para Sakura. — Foi só mais uma briga, nada demais.

Sakura bufou atrás deles. Naruto a olhou, percebendo a melhor amiga negar com a cabeça discretamente.

— Conte-me tudo, Hinata — exigiu.

— M-Mas...

— O pai dela mandou um dos Hyuuga vigiá-la — a garota de cabelos róseos falou sem papas na língua. — Ele viu quando vocês foram para a sua casa, Naruto, e contou tudo ao Hiashi-sama. Ele entendeu tudo errado, é claro. Ameaçou expulsar Hinata de casa.

A cada frase o queixo do Uzumaki caía mais. Olhou para Hinata, que confirmou tudo, envergonhada.

— E o que você fez?

— Falei... falei que ele também me devia respeito. Saí de casa e vim para cá, para não piorar a situação. Vou esperar ele esfriar a cabeça para... para conversarmos.

Só então ele percebeu a manga sobrando e balançando ao seu lado. Era Hinata, que a segurava firme, tentando mostrar segurança nas suas palavras, mas as mãos denunciando seu nervosismo. Naruto a olhou penalizado. Segurou a mão dela com a sua, fazendo-a sorrir de leve.

— Estou do seu lado, ok? — falou baixinho, azuis e perolados fixos um no outro. — Não se esqueça disso.

Levou as duas para um passeio. Os três riram juntos, como há muito não faziam. Hinata comprou doces, que compartilharam até a hora do almoço. Naruto não teve vergonha de comer na frente delas, e estava até se sentindo mais livre.

— O passeio foi ótimo, crianças — Sakura brincou. — Mas preciso ir trabalhar.

Ela deu um abraço em Hinata e esmurrou de leve o braço amputado do rapaz, apenas por implicância. Quando a amiga se afastou, Naruto sentiu Hinata ficar tensa ao seu lado.

— Está tudo bem? — perguntou preocupado. — Está com frio?

Uma leve negação com a cabeça.

— O guarda de papai... — ela falou baixinho, cabisbaixa. — Está nos vigiando há quase uma hora.

Naruto não conseguiu ser discreto. Olhou para direita e para a esquerda, encontrando o Hyuuga perdido na multidão, o Byakugan ativado, claramente vigiando Hinata o tempo todo.

— Hinata... — Ele engoliu em seco, respirando fundo para acumular coragem e encorajá-la. — Eu posso ir falar com o seu pai, se você quiser. Na verdade, quero muito. Não quero que ele pense coisas indevidas de você. De nós dois.

Sentiu o rosto esquentar com a última frase. Hinata corou um pouco, mas não concordou. Preferiu continuar com o passeio.

— Você não pode fugir para sempre — lembrou-a.

— Ainda está cedo, não acha? — ela devolveu, magoada. — Ele... ele me chamou... de coisas horríveis. Não quero vê-lo agora.

Naruto a olhou.

— Tudo bem, me desculpe. Eu vou esperar até que esteja pronta.

Demorou dois dias, mas ao menos Naruto ficou feliz quando ela resolveu voltar para casa em sua companhia. O loiro carregava, meio desajeitado, a mochila da amiga, ao mesmo tempo que insistia em segurar a sua mão. “Para passar segurança”, ele insistia. Hinata sorria, boba, acompanhando-o pela vila e ficando corada com as pessoas reparando nos dois.

Chegaram ao portão do Clã Hyuuga. Hinata fez menção de soltá-lo e pegar de volta suas coisas, mas ele negou, surpreendendo-a.

— Falei que queria dar uma palavrinha com o seu pai — falou sério. — Não estava brincando.

— M-Mas...

Naruto a puxou pela mão. Os cochichos dos familiares de Hinata eram mais descarados que os dos moradores da vila. A herdeira e futura líder do clã, entrando com o ex-renegado e atual herói da vila, parecia o assunto do momento. O rapaz não ligou muito para as fofocas, mas ficou preocupado ao notar Hinata andando mais depressa e tentando esconder o rosto.

A chegada de Hinata correu rápido pelo clã. Ao chegarem à mansão principal, Hiashi já os esperava na porta, o semblante quase assassino.

— Espero que tenha um bom motivo para passar tanto tempo longe de casa e aparecer com esse... — Ele olhou para Naruto com desprezo, procurando a melhor palavra para descrevê-lo em meio à raiva.

— Podemos conversar... Senhor? — O tom de desprezo de Naruto foi equivalente ao do homem.

— Não tenho nada a tratar com você.

— Mas eu tenho! E é sobre Hinata.

— Ah! — Sorriu com escárnio. — Se for o que estou pensando, nem precisa se dar ao trabalho! Já tem algum tempo que eu notei que essa daí não passa de uma...

— Realmente temos que conversar aqui, senhor? — o loiro interrompeu, nem notando que apertava a mão de Hinata, de tanta raiva que sentia pelo homem na sua frente.

Hiashi parecia prestes a lhe lançar uma maldição. Olhou ao redor, vendo outros Hyuuga se juntarem em grupinhos, já esperando algum escândalo vindo da Família Principal. Pareceu pensar melhor, pois cedeu passagem e entrou na mansão logo atrás do casal. Hinata o guiou pelo labirinto que era sua casa. Tudo muito nobre e valioso, como esperado. Pararam no que parecia ser o escritório de Hiashi. Naruto e Hinata ocuparam as poltronas em frente à mesa. Hiashi os menosprezava com o olhar, e sentou devagar, avaliando se não estaria perdendo tempo ali.

— E então? — perguntou primeiramente à filha. — Vai me explicar o motivo de tamanha rebeldia e desonra?

— Desonra? — Naruto quem tomou a palavra, espantado. A garota pareceu murchar ao seu lado. — Você estava maltratando Hinata!

— Não lhe perguntei nada.

— Mas estou respondendo! O senhor não tem o direito...

— Não tenho o direito?! — O homem se levantou num pulo, batendo as mãos na mesa para calá-lo. — Ela é minha filha e herdeira! Tudo o que faz diz respeito somente a mim!

— Maltratá-la não é um direito seu! — Naruto se levantou também, encarando-o firme. — Ao contrário: ela tem todo o direito de denunciá-lo à polícia!

— Me denunciar? — falou sarcástico. — Hinata mal tem coragem de falar duas palavras perto de mim! Acha que terá coragem de me denunciar? Eu? O líder do clã mais importante de Konoha?

— Não seja por isso, eu denuncio! O fato é que não vou mais tolerar seus abusos contra Hinata!

— Hinata não passa por mais do que um líder digno aguenta. Hanabi aguenta muito mais! Se Hinata, que é cinco anos mais velha, não aguenta os pequenos treinos e acha que sofre abuso...

— Não tente reverter a situação e exaltar sua filha favorita! — gritou o garoto, revoltado. Respirou fundo e deu o último decreto: — Hinata nunca quis ser líder do Clã. Por que diabos não se torna um bom pai e segue o desejo de ambas as filhas nomeando Hanabi como sua sucessora?

— Não posso fazer nada se a maioria do Conselho...

Naruto bateu a mão com força, surpreendendo o homem.

— O Conselho uma ova! Pare de dar desculpas! Você que é o líder dessa droga!

Hiashi estreitou os olhos em sua direção. Bufou irritado.

— É assim que quer se tornar o Hokage? — provocou. — Impondo sua vontade? Ignorando o desejo da maioria? Sabe o nome disso, Uzumaki? Chama-se Ditadura.

Aquilo atingiu Naruto bem fundo. Os olhos azuis se arregalaram, surpresos.

— Você não tem argumentos aqui, Uzumaki — encerrou o Hyuuga. Ele deu a volta na mesa e falou da porta. — Despeça-se dele, Hinata. Eu a esperarei no campo de treinamento.

E saiu. Naruto olhou para Hinata, encolhida na cadeira ao seu lado. Ajoelhou na frente dela, segurando sua mão com carinho.

— Hinata...

Ela lutava contra as lágrimas, mesmo com os olhos já marejados. A moça se aprumou na cadeira, segurando o rosto dele com carinho e, para a surpresa dele, beijando seu rosto.

— Obrigada por me defender, Naruto-kun. De verdade... — Ela o abraçou forte. — Mas agora sabe que é quase impossível conversar com meu pai.

— Hinata...

— Está tudo bem! — interrompeu, enxugando a lágrima teimosa e se levantando, oferecendo a mão para ajudá-lo. — Não há mais nada a fazer.

— É claro que há! Hinata... — Se levantou desajeitado, segurando firme a mão pequena da moça. — Venha comigo. Não fique aqui, por favor! Não se submeta à loucura de seu pai!

— E depois, Naruto-kun? Para onde eu iria? Morar com você? — Ele engoliu em seco, envergonhado por nem ter pensado direito. — Não tenho escolha, Naruto-kun. Essa já é uma batalha perdida.

Ela deu um último aperto na sua mão, dando-lhe também um sorriso carinhoso. Soltou-o devagar, como se também não quisesse fazê-lo. Naruto a alcançou antes que abrisse a porta, puxando-a para outro abraço.

— Tudo bem, eu vou embora dessa vez — falou firme em seu ouvido. — Mas essa é a última, eu prometo. Se acontecer mais alguma coisa, Hinata, eu juro que lhe tiro daqui!

Hinata concordou timidamente com a cabeça, saindo do abraço e indo embora sem olhá-lo.

“Caro Naruto.
Ainda estou reaprendendo a escrever, então não espere uma carta longa. Estou escrevendo somente porque prometi dar notícias com frequência, e já faz quase dois meses que não o faço. Estou bem, fascinado com esse mundo tão grande que não tive a maturidade de apreciar antes.
E você, como está? E Sakura? E Kakashi? Estão bem? Vou passar alguns dias nesse vilarejo, então pode responder para o endereço de onde estou mandando essa carta.
Karin, Juugo e Suigetsu mandam lembranças.
Sasuke.”

Naruto estreitou os olhos para o pequeno pergaminho. Como Sasuke ousava chamar aquilo de carta?! Não dizia coisa alguma!

Saiu do correio e foi atrás da melhor amiga. Sakura estava de plantão no hospital, mas foi fácil demais convencê-la a tirar alguns minutos de folga para ajudá-lo a responder a carta de Sasuke.

— Como ele ousa passar tanto tempo sem escrever e, quando o faz, mal diz como está? — falou a moça chateada. — Sinceramente...

Ela pegou um pergaminho e uma caneta. Naruto tentava ditar o conteúdo, mas a garota dava tantos palpites que ele já estava arrependido de tê-la procurado. Brigaram tanto que só terminaram a carta meia hora depois. Acharam-na razoável, considerando o tempo para arrumá-la.

“Caro, Sasuke-kun.
Aqui quem escreve é Sakura. Naruto pediu-me para ajudá-lo a responder a carta, pois até hoje não teve vontade de aprender a escrever com a mão esquerda. Sabe como ele é teimoso, não é? Está esperando a prótese de Tsunade-sama com ansiedade, e não vê motivos para escrever se alguém pode fazer isso por ele. Um idiota...
Naruto está aqui ao meu lado, chateado, assim como eu, com sua falta de notícias! Você não escreve por dois meses e, do nada, aparece com uma ‘carta’ de poucas linhas. Francamente, Sasuke-kun! Somos seus amigos! Queremos saber como está, onde está e, principalmente, quando volta. Seu lugar é aqui em Konoha, e estamos sentindo a sua falta! Não seja tão evasivo na sua próxima carta, sim?
E eu estou bem, obrigada por perguntar! Shizune-san me tornou sua assistente oficial no hospital, então tenho trabalhado muito. Estou adorando!
Kakashi-sensei agora é Hokage, sabia? Anda mais ocupado do que nunca, e só o vemos quando ele tem uma missão para o nosso time. Não era muito diferente de Tsunade-sama, se pararmos para comparar... exceto pelos vícios. A Quinta adorava apostas... Já Kakashi-sensei ainda é pego, de vez em quando, com aqueles livros eróticos de Jiraiya-sama. Ele diz que já temos idade para começar a ler, mas Naruto e eu concordamos que aqueles livros podem esperar até que completemos vinte e um anos.
Naruto também está ótimo. Está se virando bem sem o braço, apesar de ainda recusar ajuda para algumas coisinhas básicas. Se bem que ele agora está aceitando ajuda de Hinata, então deve progredir mais depressa. Tsunade-sama ainda está fazendo os últimos exames nele para terminar a prótese, mas ela acredita que em poucos meses estará pronta. Achamos que você devia fazer o mesmo e aceitar a prótese.
Sentindo saudades!
Naruto e Sakura.”

Naruto achou que a carta era mais de Sakura do que dele, mas aceitou enviar mesmo assim. Era quase noite quando voltava para casa, andando devagar depois de mais um dia sem fazer quase nada... era nessas horas que ele parava para pensar no quanto sua vida tinha sido agitada. E agora, sem um braço e com os dias cheios de tratamentos, ele percebia que estava enfim desacelerando. Não era ruim, afinal de contas. Era como uma folga, férias merecidas depois de tanto tempo correndo. Sorriu com o canto da boca. Será que era assim que Sasuke estava se sentindo também?

Mal tinha colocado os pés no próprio quarto quando ouviu alguém bater na porta.

— Estou indo — respondeu, cansado.

A pessoa parecia desesperada, pois continuava batendo mesmo depois dele anunciar que já abriria.

— Calma, eu já vou!

Sem mudanças. Naruto abriu a porta tão agoniado quanto...

— Sakura-chan?

Ela chorava. Tentava controlar as lágrimas, mas seus olhos vermelhos eram evidentes.

— Po-Pode vir... — Soluçou. — Comigo?

— Sakura-chan...

— Por favor, Naruto! — falou tristemente, contendo o choro. — Sei que está tarde para visitas, mas... eu não sei mais o que fazer!

Ela o puxou pelo braço até a sua casa. Naruto teve um mal pressentimento quando viu a amiga parar na sala de visitas e rapidamente recuperar a compostura. Nenhum sinal dos pais dela quando os dois se sentaram no sofá.

— Sakura-chan, está me deixando preocupado!

— Por favor, eu preciso que fique calmo... — Ela respirou fundo, tentando seguir o próprio conselho. — É sobre Hinata.

Naruto não soube se ficou surpreso pelo assunto ou por não ter adivinhado que somente isso levaria Sakura aos prantos até ele. Há dias não falava com a morena, ou sequer tinha notícias. O loiro esperava, em seu âmago, que tudo enfim tivesse se resolvido. Mas parecia que não...

— O que aconteceu com Hinata?

— As coisas pioraram. E-Ela... saiu de casa de novo.

Ele fez menção de se levantar, mas a garota o puxou de volta.

— Solte-me, Sakura! — falou sério, e ela acreditou, pois parecia surpresa com a ausência do sufixo. — Preciso quebrar a cara de um Hyuuga!

— Não vai fazer nada! — Ela usou de toda a força para mantê-lo no sofá. — Meus pais já foram até lá conversar com ele. Hinata ficará conosco até a situação se acalmar, e...

— Acalmar?! Está brincando comigo, não é? É impossível conversar com aquele...

Como na vez em que levara Hinata para casa, dessa vez era Naruto quem procurava uma palavra ideal para ofender Hiashi.

— Está se deixando levar pela raiva, Naruto! — ela brigou. — Nós precisamos pensar em Hinata!

— É verdade! — Ele se levantou de novo, disposto a procurá-la. — Onde ela está? No seu quarto? Posso subir?

— Já disse que vai ficar aqui! — Sakura o puxou para o sofá, resolvendo sentar na frente dele para impedi-lo de levantar-se de novo. — Hinata está lá em cima, sim. Mas está tomando um banho enquanto conversamos. Não vou deixá-lo subir agora.

Naruto bufou, sentando inconformado. Mexeu nos cabelos, nervoso.

— Por que ela não me procurou?

— Por bom senso. Você foi o motivo da briga.

— Eu?

— Parece que sim. Não entendi direito... Hiashi-san ficou furioso quando você apareceu lá defendendo Hinata. Ela... ela... — Conteve um soluço. — Ela está tão machucada, Naruto! Curei a maior parte de seus ferimentos, mas... — Sakura enxugou uma lágrima teimosa, ligeiramente envergonhada por estar chorando na frente do amigo. — Muitos são internos, sabe? Vão exigir algumas semanas de tratamento no hospital, e...

Naruto teve medo quando ela hesitou. Como aquilo podia ficar pior?

— Ela está tão magoada, Naruto! — Sakura enfim se rendeu às lágrimas. — Nunca a vi desse jeito! Ela é tão doce, tão meiga! E agora... está se fechando para o mundo. Seus sentimentos foram feridos, e eu... eu não sei o que fazer. Tudo o que eu consigo pensar é em nunca mais deixar Hinata voltar para os Hyuuga! — falou com raiva em meio ao choro. — Que se dane aquele clã, eu não quero Hinata como líder dele! Ele não a merece! Hinata está destinada a coisas tão melhores do que ficar presa às regras dos Hyuuga! Ela, mais do que todos, merece ser feliz, e...

Naruto não a amparou ou consolou. Não disse uma palavra até que Sakura colocasse para fora tudo o que estava prendendo. Ele apenas ficou ali, olhando para a melhor amiga, se sentindo um lixo por não ser capaz de proteger nenhuma das duas, Sakura e Hinata, de tanto sofrimento. E tudo por causa de Hiashi...

— Já tem algum tempo... — ele começou, cauteloso. — Que uma ideia me passa pela mente...

Sakura o olhou atentamente, ansiosa por boas notícias.

— Não estou dizendo que é a melhor ideia do mundo, mas irá garantir que Hinata fique longe dos Hyuuga, o que é o principal objetivo no momento, certo?

Falou rápido e envergonhado. Sakura não percebeu seu nervosismo. Ainda o olhava fixamente.

— Diga de uma vez!

— Eu... Eu pensei... — Respirou fundo, já se preparando para a bronca que a moça lhe daria. — Eu pensei em pedir Hinata em casamento.