— Meu Deus, eu não posso acreditar! — Kurama reclamava sem parar. — Ela era tão burra quanto você, afinal.

Naruto ria da raposa que tampava os olhos e negava com a cabeça, descrente.

— Eu achei que ela fosse mais esperta. Você nunca soube esconder seus sentimentos... e eu imaginava que ela já soubesse que você estava apaixonado! Céus, eu subestimei a burrice de vocês.

— Pare de chamar a minha namorada de burra. Ela é a garota mais inteligente que já conheci!

— Certo, desculpe. A palavra certa não é “burra”. É “lenta”. Hinata é tão lenta quanto você.

Kurama revirava os olhos, indignado. O loiro não evitou o sorriso, saindo de seus pensamentos e encontrando sua namorada preparando uma refeição.

Namorada...

Lembrou-se do quanto ficara eufórico no dia de seu noivado. A sensação parecia dez vezes melhor agora... porque era real. Hinata era sua namorada e noiva de verdade. Ele finalmente poderia chegar perto e beijá-la, como passou semanas imaginando! Provavelmente ela ainda ficaria envergonhada e esconderia o rosto corado em seu peito, num abraço apertado, mas Naruto não se importava. Tê-la por perto já era mais do que suficiente.

— Vai ficar aí só olhando? — ela provocou.

Ele riu, tratando de arrumar a mesa enquanto a moça colocava a comida nos pratos. O rapaz serviu os sucos e sentou em frente à jovem que mal conseguia esconder o sorriso.

Foi fácil adivinhar seus pensamentos, pois eram os mesmos que o dele: a felicidade de estarem juntos, como devia ser desde o começo.

“Eu amo você” ele pensou em dizer. Demorara tanto para confessar seus sentimentos e retribuir os de Hinata... mas não seria cedo demais para ele falar em amor? A moça certamente o amava, pois já provara isso vezes sem conta. Mas e ele? O que tinha feito para mostrar que o que sentia era recíproco?

— Eu adoro tanto você! — Decidira-se, enfim. Provaria para Hinata que a amava, todos os dias... assim ela não duvidaria de seu amor quando finalmente dissesse as três palavrinhas que quase saíram pela garganta.

Os olhos brancos brilharam em sua direção, apaixonados.

— Eu também, Naruto-kun — falou docemente, quase se esquecendo da comida. — Espero que a galinha esteja boa.

— Como se o contrário fosse possível... — E confirmou ao experimentar. — Você é perfeita.

Estava cochilando no sofá, com a cabeça nas pernas de Hinata – seu novo lugar favorito depois de seu abraço –, quando ela passou as mãos em seus cabelos, chamando-o.

— Desculpe. — Ele abriu os olhos e sorriu. — Quase dormi aqui.

— Não tem problema. — A moça mexeu nas madeixas loiras novamente, distraída. — Você não quer ir ao barbeiro, Naruto-kun? Seu cabelo ficou um pouco torto.

O rapaz passou a mão ali também, puxando uma mecha e percebendo que não era mais capaz de ver os fios sem um espelho.

— Ficou bem curto, não é?

— Sim, desculpe. Eu encontrei um pedaço de goma de mascar... quando notei, tirei mais cabelo do que deveria. Então tentei deixar tudo do mesmo tamanho.

— Está tudo bem — ele falou sincero, levantando-se do colo e sentando de frente para ela. — Eu gostei.

Hinata sorriu, aliviada.

— Você gosta dele assim, Hina? — Não conseguiu esconder a apreensão.

A morena se aproximou mais, voltando a passar a mão pelos fios curtos, porém macios. O sorriso misterioso que ela carregava o deixava ainda mais preocupado.

— Acho que combinou contigo, Naruto-kun — a moça enfim soltou, fazendo-o soltar um suspiro. — Te deixou com um ar mais adulto. E como você está prestes a completar dezoito anos, um ar maduro é o mais apropriado para o nosso trabalho... e para o seu sonho de se tornar Hokage.

— É? — exclamou sorridente.

Hinata confirmou com a cabeça, deixando escapar um gritinho de susto quando o jovem a abraçou de surpresa. Sorriu com o gesto, perguntando em seguida, numa fala quase rápida demais, algo que Naruto supôs estar entalado:

— O que houve com você, Naruto-kun?

O ninja sabia do que se tratava, é claro. Passou o dia anterior fora de casa e não falara nada até se acertarem... Hinata deveria ter morrido de preocupação!

— Eu... — Ele se afastou do abraço, desviando o olhar, envergonhado. — Eu me meti em confusão.

— Fora da vila?

Seu olhar interrogativo bastou para a moça.

— Eu fiz alguns clones — esclareceu timidamente. — Avisei todos os nossos amigos e o procurei por todo lugar. Ninguém soube me dizer como o herói da Folha saiu dos limites da vila sem ninguém ver.

— Usei o Modo Kurama — explicou, baixinho. — Não saí pelos portões principais. Pulei o muro perto do antigo Distrito Uchiha e corri até perder as forças. — Ele engoliu em seco, temendo contar algo tão embaraçoso. — Um homem me ajudou... me levou até um... bar, por assim dizer. — Hesitou. — Ele falou “conheço o estrago que uma mulher faz à distância!” e me deu um copo com uma bebida muito amarga! — Hinata pôs as mãos sobre a boca, chocada. — Sim, tinha álcool na bebida, mas eu não sabia, eu juro! Só depois, quando outro homem chegou no balcão ao meu lado e falou que aquilo era bebida de fracote, que eu percebi...

Os lábios dele tremeram. Não sabia se queria continuar... Hinata poderia rejeitá-lo! Poderia ficar ofendida e transtornada com o que aconteceu!

— Naruto-kun? — Ele a olhou. — O que as bebidas que tomou têm a ver com seu cabelo?

— Só foram uns dois copos, Hina — tentou se desculpar. — Não mais do que isso, tenho certeza!

— Naruto-kun...

Foi o aviso para que ele não desviasse de assunto.

— Eu acho que sou fraco para bebidas. — Ele coçou a nuca, meio sem jeito. — Eu contei sobre você para uma desconhecida, que se aproximou dizendo que poderia me ajudar... e eu fui com ela para o andar de cima, acreditando que ela me daria conselhos sobre você.

Naruto desviou o olhar novamente, saindo do sofá e andando de um lado para outro, gesticulando nervosamente.

— Eu não sabia quem era aquela mulher! Nem o que fazia. Quando ela me levou para um quarto e tentou tirar minha roupa, eu dei um grito, Hina! Apareceu gente do nada, querendo saber o porquê do meu escândalo, já que eu tinha aceitado ir para o quarto com a... — Engoliu em seco novamente, se recusando a falar a profissão da estranha cheia de segundas e terceiras intenções. Balançou a cabeça, a fim de esquecê-la. — Então eu falei que não tinha saído da vila para ficar com qualquer outra mulher! Falei que gostava demais de você para sequer pensar em trair sua confiança! Que aquela mulher não me atraía em nada, porque ela não era você...

Não conseguiu evitar os olhos perolados ao final, tremendo dos pés à cabeça só em imaginar a reação da moça que o encarava estática, surpresa.

— Aparentemente eles não gostaram de ouvir isso... — Passou a dar voltas novamente pela pequena sala. — Ela me deu um tapa e os seguranças me arrastaram para fora do bar. Alguns ficaram na rua para me bater depois que eu disse que não pagaria nada. O último jogou o chiclete que mascava em mim... eu não sabia que tinha grudado no cabelo. — Cruzou os braços, um pouco irritado com a lembrança. Se não estivesse levemente alcoolizado, talvez os seguranças que parassem no chão, e não ele. Sentiu-se injustiçado por um instante, mas logo desfez o bico emburrado, voltando-se para Hinata. Ela ainda tinha os olhos arregalados. — Eu não percebi o passar das horas. Só quando cheguei em casa que percebi o sol raiar... e para falar a verdade, nem lembro direito de como vim parar aqui. Eu estava exausto demais para me incomodar com o tempo, com as minhas roupas ou até com meu cabelo.

Hinata levantou no segundo seguinte e, ao contrário do que ele esperava, ela não saiu correndo, rejeitando-o por ter parado num prostíbulo de beira de estrada. A Hyuuga parou na sua frente, pulando em seu colo para um abraço. Naruto jurou que tinha escutado um soluço em seu ouvido.

— Eu sabia que tinha acontecido alguma coisa com você! — reclamou chorosa quando se afastou apenas um pouco para olhá-lo. — Eu fiquei com uma sensação horrível a noite toda!

E voltou a agarrá-lo pelo pescoço, trêmula.

— Eu vou cuidar melhor de você, Naruto-kun, eu prometo! — Como se fosse possível, ela o segurou ainda mais forte. — Não vou deixar nada de mal acontecer contigo!

— Não foi sua culpa, Hina.

— É claro que foi! — Ela o olhou novamente, chateada. — Se eu tivesse conversado com você mais cedo... se eu contasse meus sentimentos antes...

— Se, se, se — ele interrompeu. — Não tínhamos como saber, Hina!

— Não... — Concordou. — Mas eu estou aqui para cuidar de você! Que espécie de ninja eu sou que não cumpre sua missão direito?!

— O tipo que terminou sua missão com sucesso há semanas! — Naruto colocou as mãos sobre o rosto choroso, limpando as últimas lágrimas. Sorriu-lhe, doce. — Eu já ganhei a prótese e você cuidou muito bem de mim até que eu me recuperasse. E eu agradeço por isso. Mas sua missão agora é outra. — Ela o olhou confusa. — Agora você tem o dever de ser feliz comigo, como minha namorada, noiva e futura esposa. Nada além disso. — Hinata abriu um sorriso emocionado. — Acha que consegue realizar essa missão com sucesso, Hyuuga-sama? — brincou.

— Eu não sou de desistir! Não sou de voltar atrás com a minha palavra.

— Ótimo.

Ela não o rejeitara ou brigara consigo, concluiu, o coração batendo forte, aliviado. Hinata o amava e queria protegê-lo... “É recíproco” pensou antes de roubar outro beijo dela.

“Caros Naruto e Hinata.
Parabéns pelo casamento! Não posso dizer que estou surpreso, mas essa é definitivamente uma boa notícia. Tenho certeza de que serão muito felizes juntos. Vocês combinam.
Naruto, cuide de Hinata! Ela é uma boa garota. Faça ela feliz e você será em dobro.
Hinata, tenha paciência com Naruto. Ele é meio burro, mas tem um bom coração, como você bem sabe.
Desejo toda a felicidade para vocês dois! E aceito o convite para ser padrinho de casamento, ao lado de Sakura. Vai ser bom voltar para Konoha depois de tanto tempo, principalmente para uma ocasião especial.
U. Sasuke.
P.S.: Karin, Suigetsu e Juugo estão mandando felicitações e perguntando se podem ir ao casamento também.”

Sakura abriu um enorme sorriso ao ler a carta, entregue naquela mesma manhã por ela.

— Estamos resolvidos, não é? — perguntou o loiro, apenas por precaução. — Você e Sasuke serão nossos padrinhos.

A moça ainda ficou com os olhos no pergaminho por alguns minutos, sorrindo com as palavras do Uchiha. Naruto e Hinata se entreolharam, trocando sorrisos cúmplices ao reconhecer o olhar apaixonado da mais velha.

— Sim, seremos — a Haruno enfim respondeu, devolvendo a carta para Hinata. — Mas vamos logo, Hinata. Tsunade-sama está nos esperando!

Naruto também tratou de comer mais depressa. Ao saber que Sakura foi visitá-los a fim de levar Hinata para começar de vez o tratamento no útero, o Uzumaki não hesitou em acompanhá-las.

— Estamos juntos nisso, lembra-se? — insistiu quando a morena disse que ele não precisava ir. — Eu vou cuidar de você, como um bom noivo deve fazer.

Hinata sorriu, encantada, concordando com a cabeça e terminando seu café.

Hinata precisou ficar sozinha com Tsunade por alguns minutos, enquanto a ninja médica realizava alguns exames mais íntimos na moça. Sakura foi chamada logo depois para ajudar, mas acabou ficando na sala um bom tempo depois a que ex-Hokage saiu. Naruto estava com a mão na maçaneta, prestes a entrar, quando ouviu a conversa entre as duas:

— E então ele disse que enfrentaríamos isso juntos, que ele ficaria ao meu lado enquanto faço o tratamento! — Hinata contava encantada. Ele abriu a porta apenas um pouco, vendo as duas de costas para a porta, apreciando a paisagem através da janela. — Disse que teríamos tempo de sobra e uns seis filhos antes de Hanabi assumir a liderança do clã. — Elas riram. — Que no meio tempo estaremos mostrando nossa felicidade para todo e qualquer Hyuuga.

— Ele está certo, você sabe. — A morena concordou de leve. — Eu já tinha dito que Naruto estava apaixonado, Hinata. Você que não acreditou.

Hinata escondeu o sorriso envergonhado.

— Eu quase não consigo acreditar! — confessou. — Parece um sonho! E ele me beijou depois! Várias vezes... — Ela tampou o rosto corado, mas a risadinha ainda foi possível de ouvir da porta. — Sakura-san... eu nunca imaginei que chegaríamos a esse ponto!

— Eu sim. — Hinata a olhou surpresa. — O que foi? É verdade! Assim que te deixei na casa do Naruto, no começo do ano, eu soube que algo bom sairia desse plano maluco dele. E estava torcendo para que você se confessasse novamente. — Sakura passou um braço por cima dos ombros da morena. — Sasuke-kun tem razão, sabe? Vocês dois combinam.

“Você é a força
Que me mantém caminhando
Você é a esperança
Que me mantém confiante
Você é a vida
Para a minha alma
Você é meu propósito
Você é tudo”

As duas ficaram em um confortável silêncio por um momento. Naruto estava prestes a se manifestar quando Hinata voltou a segredar:

— Eu gosto tanto dele, Sakura-san! E sinto que é recíproco. — Ela respirou fundo antes de se virar para a amiga. — Não vejo como esse sonho pode ficar melhor!

“Eu sei” ele pensou no mesmo segundo. “Fique comigo para sempre”.

Não falou isso, no entanto. Hinata o avistou e correu em sua direção, contando brevemente sobre seus exames e deixando que Sakura confirmasse que a saúde dela melhoraria com os novos medicamentos.

Foi chamado por Kakashi dias depois, enfim dando continuidade ao preparatório para se tornar Hokage dali a alguns anos. Naruto já tinha recebido muitos livros para estudar e se graduar como chunnin, mas o tratamento para receber a prótese o atrasou um pouco. O líder da Folha então decidiu que, ao menos uma vez por semana, daria aulas particulares para seu futuro sucessor, ensinando tudo que pudesse para que o Uzumaki assumisse o título que tanto sonhava.

Chegava ao escritório do professor antes do meio-dia – aprendeu rápido que deveria almoçar bem antes de se encontrar com o mestre – e se preparava para um dia exaustivo. Naruto sabia que Kakashi não pegaria leve... e nunca se decepcionava. Quando sentia que estava prestes a desmaiar com tantas informações, aparecia alguém, normalmente Shikamaru, com um problema que somente o sexto Hokage poderia resolver. E então o loiro era dispensado.

Quase todas as semanas o garoto era confundido com o Relâmpago Amarelo, de tão rápido que corria para seu apartamento. Depois daquela quarta aula, Naruto apenas sorriu e seguiu seu caminho, ao invés de parar no meio da rua, bobo com a comparação.

— Hina! Estou em casa! — anunciou assim que abriu a porta. A sala estava com as luzes apagadas, mas o aroma que vinha da cozinha era inconfundível. — Hina?

Clicou nos interruptores, iluminando o ambiente. O jantar estava pronto em cima do fogão, mas nenhum sinal da morena pela casa.

— Hina? — chamou teimosamente ao chegar no quarto.

Tomou um susto violento quando a cabeça da Hyuuga apareceu no alto da janela, do lado de fora, os cabelos lisos caindo em seu rosto por causa do vento constante.

— Estou aqui — respondeu simples. — Bem-vindo de volta.

— O que está fazendo no telhado? — perguntou assustado. — É quase outono, Hina! Está frio!

— Estou observando a lua. — Ela abriu um sorriso contagiante, ignorando a preocupação do rapaz. — Você viu? Está linda!

Negou com a cabeça, aproximando-se da janela e olhando na direção que a moça apontava. O satélite estava na fase cheia, brilhando como nunca.

— Imagino que esteja com fome. Vá jantar, Naruto-kun. Eu vou ficar aqui mais um pouco, se não se incomodar.

A cabeça dela sumiu e ele concordou para o nada. Tomou um banho e jantou, completamente distraído.

“Eu gosto tanto dele!” novamente lembrou. Os dias que passava longe de Hinata, seja por conta das aulas ou por causa das missões, o deixavam saudoso e cada vez mais apaixonado.

E ansioso para retribuir as três palavrinhas que um dia, em meio a uma batalha, a jovem ninja lhe dera.

“E como posso ficar aqui com você
E não ser comovido por você?
Você poderia me dizer como poderia ser melhor do que isso?”
(Everything – Lifehouse)

Terminou de comer e resolveu se juntar à moça no telhado. Ela sorriu ao vê-lo, deixando-se ser abraçada sob o céu estrelado.

— Fazia tempo que eu não vinha aqui — ele confessou. — Como descobriu meu esconderijo secreto?

— Sou uma boa observadora — brincou também.

Riu junto, trazendo-a mais para perto. Não precisou do vento para sentir o perfume doce, ou o cheiro do xampu floral...

Havia algo nela que não o agradava?

— Eu soube que a lua está mais próxima da Terra — Hinata comentou. — O fenômeno é conhecido como superlua. Por isso ela parece tão grande.

Perdido em pensamentos, ele achou que a lua o fazia lembrar dos olhos da moça.

— Provavelmente é só impressão, mas eu acho que a lua me deixa mais forte... sinto como se pudesse fazer qualquer coisa, como se ela me desse forças.

“Eu me sinto mais forte quando estou com você” pensou, mas não externou seus sentimentos. Olhou para Hinata, tão aconchegada em seus braços, um sorriso brincando em seus lábios. Ele a apertou mais, inconsciente.

Estava segurando seu mundo nos braços.

“Uma vida toda tão solitária
E então você chega e alivia a dor
Eu não quero perder este sentimento”
(Eternal Flame – The Bangles)

— Hina...

Ela virou o rosto, muito próximo do dele. A atração foi instantânea. Hinata respondeu um quase inaudível “sim” antes de aceitar o beijo.

Já estavam namorando há quase um mês, mas o beijo sempre parecia o primeiro, arrancando-lhe o ar e fazendo-o aprofundar o contato, ansioso pelo gosto, pelo carinho, pela entrega de Hinata...

Naruto a trouxe para seu colo, desfazendo o beijo por um segundo e tomando os lábios dela de novo no outro. Sentia tanta saudade dela! Mesmo que tivesse passado apenas dois dias longe dessa vez, ele sentia falta de passar mais tempo com a moça, conversar sobre seu dia, beijá-la... como gostava de beijá-la!

Por que permaneceu alheio aos próprios sentimentos por tanto tempo?

Hinata era sua melhor amiga, sua companheira, a que lhe ajudava quando mais precisava! Não conseguia mais viver sem a dona dos olhos que às vezes lhe lembravam pérolas, e agora a lua.

Sequer gostava de lembrar como era a vida antes da Hyuuga aparecer! Os dias meio cinzentos, solitários e dedicados “apenas a missões e salvar o mundo”, se transformaram em uma hora mais colorida que a outra desde que ela aceitou o convite para morar com ele. Nunca teve alguém para ouvir toda e qualquer bobagem que pensava – ninguém tinha muita paciência para suas dúvidas –, mas Hinata era diferente: ela sorria para tudo, nunca a ouviu reclamar de verdade, respondia seus questionamentos sem revirar os olhos nenhuma vez e ainda ria das coisas que ele também achava engraçado.

Hinata era perfeita.

Como demorou tanto para descobrir que a amava?

Mal percebeu quando voltaram para o quarto, perdidos em beijos e mãos que exploravam o corpo do outro. Os ofegos eram mais frequentes ali, assim como os gemidos novos, principalmente após deitarem na cama e Naruto sentir a pele da morena por baixo da camisa.

Um arrepio percorreu ambos quando ele a tocou num seio. Não era a primeira vez que se rendiam à paixão e se esqueciam do mundo ao redor, mas ele sempre parava quando a tocava mais intimamente.

O loiro interrompeu o beijo e a olhou, meio sem graça. Hinata abriu os olhos devagar, assimilando, assim como ele, que talvez estivessem indo rápido demais.

De novo.

Naruto tirou a mão dali, colocando-a no rosto de Hinata. Beijou-lhe demoradamente na testa, ambos fechando os olhos.

— Desculpe — falou baixinho, escondendo o rosto no pescoço dela. A garota o abraçou forte, distribuindo beijos pelo rosto do rapaz até que a olhasse.

— E-Está tudo bem. — Ele se surpreendeu quando ela gaguejou. E sorriu, lembrando-se que ainda era sua doce e inocente Hinata, que se entregou porque também estava apaixonada. — E-Eu também queria. Você não fez nada de errado, Naruto-kun.

Para confirmar sua sinceridade, ela o puxou para mais um beijo, rindo quando o Uzumaki soltou um suspiro aliviado e passou a beijá-la por todo o rosto também.

— Você é perfeita, Hina. Não quero nunca perder você!

— Você não vai.

— Prometo me controlar mais — ele continuou. — Você é especial demais! Quero fazer tudo certo contigo! Vamos nos casar e eu a amarei como se deve, ttebayo!

Hinata alargou o sorriso, confirmando com a cabeça e dando-lhe um último beijo antes de deitar a cabeça em seu peito e dormir, abraçada a ele como tanto gostava.

“Não vejo como esse sonho pode ficar melhor!” a morena dissera para Sakura uma vez. Ele pensou logo em seguida que gostaria de passar o resto da vida com Hinata. Simples assim.

E ainda não tinha mudado de ideia.

Com o tratamento contra infertilidade em andamento, Naruto se permitiu pensar, mais uma vez, em como adoraria formar uma família com a moça que dormia a sono solto em seus braços. Uma criança era pouco, deduziu facilmente. Duas seriam incríveis: um menino e uma menina! Se Hinata aceitasse, é claro...

— Três é demais? — perguntou baixinho, hesitante. Fechou os olhos e se aconchegou, pensando se seria difícil convencer a namorada a encher a casa com crianças.

“Três está bom” concluiu pouco antes de pegar no sono. Discutiria aquilo com Hinata no dia seguinte, com cautela.

Afinal, não queria assustar a namorada quando completassem o primeiro mês de namoro.