Meu Eu Depois Dela escrita por LilyMPHyuuga


Capítulo 12
A Base de Um Casamento


Notas iniciais do capítulo

Olha quem resolveu aparecer! o/
~fugindo das pedradas~
Leitores de meu coração, desculpem pela demora! Os dias têm sido corridos... Mas vou deixar o textão para as notas finais. ^^"

Espero que gostem do capítulo. Ele está um pouco... ♥ ^^"
Boa leitura! ♥



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Naruto fez questão de seguir atentamente as instruções do livro de receitas de Hinata. Preparou um banquete para a morena enquanto a ouvia falar rapidamente da missão e dos últimos dias. O loiro tagarelava animadamente, orgulhoso por ela, e contava sem delongas sobre as duas últimas semanas. Confessou que morrera de saudades dela, mas ficou envergonhado por omitir o quão desolado ficara. “Hinata está cansada” ele pensou. “Amanhã conversaremos melhor” prometeu a si mesmo, ansioso.

Notou que ela estava mais calada que o costume, mas Naruto também atribuiu isso ao cansaço. Deu um longo beijo nas bochechas coradas e prometeu lavar a louça suja antes de se deitar ao lado dela. Fez tudo rapidamente, tomou um banho rápido e se jogou na cama quando a encontrou ainda acordada.

— Já disse o quanto senti sua falta?

— Não nos últimos vinte minutos. — Ela fechou os olhos quando o rapaz a puxou para deitar em seu peito, sorrindo boba. — Acho que esqueci.

— Na próxima missão longa, eu irei com você — esclareceu, fingindo seriedade e arrancando uma risadinha dela. Naruto sentira falta daquilo também. — Ou te levarei comigo. Duas semanas longe de você foram uma tortura, Hina!

Hinata apertou o abraço.

— Estou aqui agora.

— Sim... — Ele beijou-lhe os cabelos macios. — E ficará para sempre!

Adormeceu embriagado pelo seu perfume. Não soube o quanto chamou o nome dela em sonho, sorrindo apaixonado, mas não demorou a sentir a falta do corpo pequeno dela colado no seu. Acordou poucas horas depois de ir se deitar, como confirmou no relógio de cabeceira, e não encontrou Hinata ao seu lado. Esperou alguns minutos, esperando que a jovem voltasse do banheiro, possivelmente. Foi somente quando estava quase cochilando novamente que percebeu a demora. Um barulho na cozinha o pôs de pé.

— Hina?

A garota deu um pulo no lugar, fechando a geladeira depressa.

— Está com fome? — Sorriu sonolento. — Quer que eu prepare alguma coisa para você?

— N-Não p-precisa, Naruto-kun. — Ela segurava o copo de leite com firmeza. — Desculpe-me por acordá-lo.

A gagueira o despertou logo, e Hinata notou, lamentando.

— Está tudo bem?

— Sim, eu... — Suspirou. — Estou sem sono.

Andou até a sala, tomando devagar seu leite. Naruto sentou com ela no sofá, abraçando-a de lado.

— Pensei que estava cansada.

— Eu também. Mas acho que ainda estou agitada por conta da missão. Foi difícil dormir nos últimos dias.

— Posso fazer companhia até você cansar. O que acha?

O tom brincalhão lhe arrancou um sorriso.

— Acho que vou aceitar.

Naruto dormiu primeiro. E só acordou de manhã, ainda no sofá, bem agasalhado e, novamente, sem a companhia de Hinata. Percebeu que o liquidificador o despertara, e ele cambaleou até a cozinha. Hinata terminava de arrumar a mesa para o café.

— Naruto-kun! — Ela o notou depois de desligar o aparelho. — Estou fazendo um suco. Lave o rosto antes de vir comer, tudo bem?

— Que horas são?

— Sete e cinco. Por quê?

— Fomos dormir tarde. Por que está de pé tão cedo?

O rosto da Hyuuga ficou vermelho. Naruto levantou as sobrancelhas, surpreso.

— Você não dormiu?

— Não, eu...

— Hinata, o que há com você? — cortou, ligeiramente impaciente. — Você nunca teve dificuldade para dormir.

— E-Eu não sei! E-Eu... — Abraçou o próprio corpo, desviando do olhar inquisitivo do Uzumaki. — Não consigo. Eu tentei, mas não preguei o olho nem por um minuto! E-Estou... aflita.

— Com o quê?

Ela claramente engoliu em seco, mas não respondeu. Naruto respirou fundo antes de se aproximar, não desejando brigar com a dona de seu coração na manhã seguinte à sua chegada.

— O que houve, Hinata? — falou mansamente, colocando uma mão sobre o ombro magro. — O que a perturba tanto?

— E-Eu... — Hesitou. — A-Acho que fiz... que fiz besteira...

— Durante a missão? — Ela demorou a confirmar. — Foi grave?

— T-Talvez... — Ela o olhou profundamente por alguns segundos, mas voltou a esconder o rosto. — Eu...

— Não se preocupe, Hina — cortou-a novamente, num tom tranquilizante. — Você é muito esperta. E inteligente. Tenho certeza que, o que quer que tenha feito, foi o melhor para a missão.

Hinata afastou-se quando ele se moveu para abraçá-la.

— Preciso ir ao banheiro!

Sumindo de sua visão, Naruto soltou o ar que estava prendendo.

— A Hyuuga amedrontada está de volta. — Cismou Kurama.

Naruto odiou ter que concordar.

 


Olhou-a discretamente durante a madrugada. Ela tinha os olhos fixos no teto, distraída, as olheiras cada vez mais fundas. Segurou um suspiro, para que a moça não desconfiasse que a vigiava. Era a terceira noite que encontrava Hinata acordada. A quarta que a chunin não dormia. Preocupado, Naruto passou a dormir mal também.

Durante o dia, via a Hyuuga quase desmaiando de sono. A exaustão estava começando a consumi-la – o rapaz notou quando encontrou as chaves da morena no refrigerador no dia anterior. Porém, quando ele sugeria um cochilo durante a tarde, e Hinata aceitava, a garota ou acordava logo por causa de pesadelos ou nem conseguia dormir.

Esperou amanhecer para tomar uma atitude. Comprou um café-da-manhã pronto, numa cesta ornamentada, roubando um sorriso da moça que, mesmo com olheiras, ainda era a mulher mais linda na visão de Naruto. Comprou doces para sobremesa, deixando-a emocionada – Hinata estava muito emotiva, e o loiro acreditou que era a falta de sono. Pediu para que ela tomasse um banho e se arrumasse, pois a levaria para um passeio e uma surpresa.

— Surpresa? Que surpresa?

— Não seria surpresa se eu contasse.

Hinata estreitou os olhos em sua direção. Encarou-o por longos segundos, desistindo após perceber que seu noivo não falaria nada. Fez um bico, emburrada, e foi ao banheiro. Naruto quase gargalhou com aquilo.

A campainha tocou. Os olhos azuis miraram o relógio na parede, desconfiado com uma visita tão cedo. Abriu a porta e encontrou, surpreso, Tsunade.

— Vovó?

— Bom dia, Naruto. Hinata está em casa? — Direta como sempre.

— S-Sim. Está no banho.

— Peça para que ela passe no meu consultório ainda hoje, por favor. Ela tem fugido de mim.

— Por... — Naruto não podia arregalar mais os olhos. — Por quê?

— Hinata tem que fazer um tratamento médico — falou de uma vez. — Acredito que ela tenha lhe contado sobre o problema no útero.

— É-É... mais ou menos, ela...

— Ela ainda não começou o tratamento. Soube que ela voltou de missão há alguns dias, e ainda não me procurou. Temos que começar o...

— Mas não é nada grave, não é? — interrompeu. — Shizune-san me contou que não era nada grave. Então não há urgência, certo?

Tsunade o olhou seriamente, talvez avaliando o quanto deveria contar. Pareceu tomar uma decisão, pois respirou fundo e apenas disse:

— Só peça para que vá hoje, ok? Quanto antes começarmos, melhor.

Não esperou uma resposta do Uzumaki, dando-lhe as costas e sumindo de sua vista. Naruto fechou a porta, nervoso. Ouviu cessar o barulho do chuveiro e os passos apressados de Hinata em direção ao quarto. Nunca suspirara tanto em poucos dias... a saudade que sentira da morena o fez esquecer da doença que Shizune garantiu que era curável. E como Hinata não voltara ao hospital, a médica não tinha como lhe informar o progresso do tratamento.

— Vamos?

Tomou um pequeno susto ao vê-la com um vestido novo, preto e com alças prateadas, com um cinto branco para combinar. Trazia nos cabelos um chapéu delicado e no rosto um sorriso doce. Naruto quase se esqueceu do recado da ex-Hokage, bobo.

— Vovó Tsunade passou aqui, Hina. Pediu para que você fosse ao consultório dela o quanto antes.

O sorriso sumiu. A gagueira voltara.

— E-Eu... ah... tudo bem. — Forçou um sorriso. — Eu vou lá... mais tarde.

— Por que não vamos agora? Podemos passear depois.

— N-Não precisa, Naruto-kun. Tsunade-sama está exagerando. Não é tão urgente assim.

— Ela realmente pensa que está convencendo alguém? — Kurama bufou. Naruto engoliu em seco.

— Está tomando os remédios que ela passou?

— Estou. — Era a primeira certeza que o rapaz tinha.

O loiro respirou fundo, decidido a não estragar aquele dia. Ofereceu o braço para sua noiva e caminhou com ela até o parque. Hinata ainda parecia distraída às vezes, mas começou a se abrir quando viu as flores ainda presentes no imenso gramado. Ele pediu para passarem na floricultura de Ino na próxima semana, para escolherem os ornamentos para a festa de casamento, e contou que usou o dinheiro da última missão para pagar o buffet, ao que a moça concordou levemente.

Naruto animou-se por voltar ao assunto de seu casamento... estava cada vez mais perto!

— Eu estava pensando, Hina... — ele começou cauteloso, porém sem esconder a empolgação. — Como vamos casar no inverno, que tal se fizéssemos uma festa de aniversário aqui no parque, daqui a alguns anos?

Hinata o olhou confusa.

— Foi só uma ideia. — Sorria. — Uma festa de aniversário de casamento, ou algo assim. A bem da verdade, eu adoraria me casar de novo com você. Ali, — ele apontou — embaixo das cerejeiras.

Naruto viu os olhos perolados fixarem-se onde ele mostrava, brilhantes. Imaginou a moça visualizando o mesmo que ele:

— O cerimonialista nos esperaria ali, ao lado de Sakura-chan e Sasuke. Nossos amigos ficariam ao nosso redor, sorrindo e aplaudindo quando terminássemos nossos votos. E mais ali adiante, uma pista de dança, para nossa primeira valsa como recém-casados.

— Recém-casados... — ela repetiu, rouca.

— É verdade, me enganei! — Riu, bobo. — Nossa primeira valsa depois de casados novamente — corrigiu.

Viu-a tremer pelo canto do olho. Tomou um susto ao ver uma lágrima correr pelo rosto entristecido dela.

— Hina? O que houve?

A morena tratou de enxugar o rosto rapidamente, claramente arrependida por aquela demonstração de emoção.

— N-Nada, N-Naruto-kun. — Ela fingiu mexer na bolsa. — P-Podemos... podemos voltar? Acho que estou com um pouco de frio.

Passou o braço ao redor dos ombros pequenos, sentindo-a gelada e encolhida ao seu toque. Concordou sem reclamar, mesmo aflito, e voltaram ao pequeno apartamento onde, sem nem tirar as sandálias, Hinata correu para o quarto. Naruto pensou duas vezes, mas não via mais outra solução:

— Aqui. — Ele ajoelhou ao lado da cama, chamando-a docemente e oferecendo um copo com água. Hinata o olhou envergonhada.

— Obrigada — falou baixinho. — Não estou com sede.

— Não é só água. Coloquei um calmante — confessou. — Você anda muito...

Não soube que palavra usar para descrevê-la. A jovem concordou, corada, e aceitou o líquido. Tomou tudo de uma vez e voltou a deitar-se, o rosto novamente escondido no travesseiro. O loiro saiu sem fazer barulho, indeciso se ficava preocupado ou chateado com o inconstante humor de Hinata.

 


Passava das cinco da tarde. Naruto foi ao quarto pela milésima vez, confirmando que Hinata ainda dormia. Não podia evitar o alívio que lhe abatia: a Hyuuga finalmente entregara-se ao cansaço, depois de quatro longas noites de insônia. O loiro chegava perto às vezes, beijando o rosto pálido devagar, com medo de acordá-la, mas ela nem se mexia. Começou a preparar o jantar, decidido a chamá-la para comer alguma coisa e deixá-la voltar ao sono logo depois. Não foi preciso, porém. Quando se virou para colocar os pratos na mesa, Hinata o olhava atentamente da porta da cozinha, o semblante indecifrável.

— Com fome? — Ofereceu seu melhor sorriso. Ela olhou fundo nas íris azuis, se perdendo por alguns segundos. — Hina?

Ela acordou do devaneio e confirmou com um aceno. Sentou-se quando ele os serviu. A garota demorou a tocar na comida, distraída.

— Tive um sonho estranho — disse tão baixo que Naruto quase não a ouviu.

— Outro pesadelo? — Um balançar leve de cabeça. — Então foi sonho bom?

— Eu não sei... — Engoliu em seco. — Eu falava com a vidente... daquela missão...

— Aquela que falou que a sua felicidade sou eu? — Sorriu.

— É...

— E o que ela dizia?

Hinata voltou a fixar seus olhos nos dele.

— O mesmo... — Hesitou. — E mais uma bobagem ou outra.

— Algo sério?

Sem resposta. Começou a comer para fugir da pergunta, e o rapaz entendeu. Quase não falaram mais, e Naruto ofereceu outro copo com calmante, para que voltasse a descansar. Ela aceitou, quieta e obediente, fazendo-o lembrar, apenas por um instante, da calada e envergonhada Hyuuga que resgatara há mais de seis meses. Tratou de afastar aquele pensamento com um abraço e um beijo estalado na bochecha dela, desejando-lhe boa noite. Hinata corou, e por mais que tenha estranhado sua atitude, Naruto a deixou ir.

— Amanhã. Sem falta — ele prometeu. — Amanhã eu arranco essa tristeza de você, minha Hina.

 


Hinata acordou novamente com o cheiro da comida. Dessa vez era o almoço do dia seguinte. Naruto riu quando a viu descabelada, andando como uma sonâmbula no corredor. Abraçou a pequena ninja com força, girando-a no ar e conseguindo um sorriso animado dela.

— Bom dia, Hina! — Ele a soltou quando a deixou tonta. — Dormiu bem?

— Dormi demais.

— Nada mais que o merecido. — Ela bufou. — Tome um banho, escove os dentes e junte-se a mim para o almoço. Iremos sair logo depois.

— Para onde?

— Estou lhe devendo uma surpresa, lembra-se? — Piscou um olho para a moça, que o olhou curiosa. — Voltamos mais cedo para casa ontem.

— C-Certo. — Forçou um sorriso. — Não vou me demorar.

O garoto notou as mãos ainda entrelaçadas, e ele sorriu bobamente. Hinata tinha os olhos presos ali, distraída novamente.

— Hina?

— O banho — falou rápido, soltando-se ele. — Certo. Estou indo.

Correu na direção oposta ao loiro, não demorando assim como prometera. A diferença depois era notável: os olhos mais vivos, o sorrindo tão bonito voltando aos poucos, e até a conversa parecia mais fácil. Hinata usava outro vestido, azul-claro, sem mangas, cobrindo seus joelhos. Estava perfumada e mantinha uma promessa no olhar: aquele dia seria bem melhor.

Naruto até tentou convencê-la a usar uma venda, ao que ela bateu os pés, negando veementemente. Ao contrário do que a morena esperava, o rapaz não ligou, sorrindo ainda mais ao constatar a teimosia também voltando. Andaram pela vila sem desgrudar as mãos, divertindo-se ao imaginarem as coisas que poderiam comprar se fossem extremamente ricos.

— Champanhe todos os dias — ela comentou, o dedo mindinho levantado, fingindo riqueza. Tudo começara com um champanhe caríssimo que viram exposto numa vitrine.

— Você é menor de idade.

— Você também. — Ela mostrou-lhe a língua. — Mas não seremos para sempre!

— Eu ficaria contente com um bom estoque de lámen na despensa.

— Já sei! — A garota deu um pulinho animado. — Contrataríamos Teuchi-san para ser nosso cozinheiro.

— Agora estamos falando a mesma língua.

Pararam por um instante na frente do prédio novo. Hinata olhou para cima, impressionada.

— Viemos visitar alguém rico? — continuou brincando.

— Mais ou menos.

Puxou-a para dentro, identificando-se na portaria rapidamente, longe de Hinata. Subiram no elevador e pararam mais uma vez, dessa vez em frente à única porta do quinto andar. Naruto sacou do bolso a pequena chave e encaixou-a na fechadura, deixando a ninja levemente assustada.

— Por favor, diga que não estamos invadindo a casa de ninguém!

Naruto quase gargalhou com a expressão que ela fazia – o queixo caído, estupefata, e os olhos ainda levemente arregalados.

— Que lugar lindo! — falou pasma. — Esqueça o champanhe. Eu definitivamente compraria esse apartamento se fosse rica!

Ele abriu os braços, ainda mais sorridente, chamando a atenção dela.

— Que bom que gostou! — exaltou. — É nosso!

— O quê?

O Uzumaki nem se conteve, abraçando-a carinhosamente. Ria como um bobo.

— Vovó Tsunade comprou para nós dois, como presente de casamento! — Afastou-se para olhá-la. — Presente dela, de Shizune-san e de Kakashi-sensei. Eu não pude dizer não! Mas não se preocupe! — calou-a a tempo. — Vovó me garantiu que não saiu caro para nenhum dos três. E que Kakashi-sensei esqueceu que pagou pelo seu anel.

Beijou com carinho a mão que repousava a aliança com uma solitária pérola. Animou-se ainda mais, sem perceber o choque ainda presente na Hyuuga, assim como a leve tremedeira. Mostrou a ela as enormes salas de estar e jantar, com uma rápida olhadela na cozinha e área de serviço; o quarto do casal ainda estava vazio, mas ele garantiu que a hidromassagem da banheira funcionava; o quarto de hóspedes, claro e aconchegante, seria para receber Sasuke quando o Uchiha parasse de viajar tanto...

— Antes dele casar com Sakura-chan, é claro — salientou.

E o quarto branco, que o deixou levemente corado.

— Para nosso bebê. Foi ideia da vovó! — falou rapidamente. — Deixar um quarto vazio, eu quero dizer... para um berçário... já que fica perto do nosso quarto.

Tratou de fugir logo dali, ainda meio tímido. Por fim, mostrou a incrível vista que tinham da varanda: o Monte Hokage, parecendo estar a poucos quilômetros dali, com o belo sol da tarde pairando no pequeno terraço e aquecendo o coração do loiro. Era indescritível a sensação de estar ali ao lado de Hinata...

Até que voltou a encará-la.

Os lábios estavam arroxeados e trêmulos. As mãos estavam geladas. Os olhos brancos mostravam pavor.

— Hina?

O olhar assustado repousou num cartaz colado na parede. Era grande e amarelo, com um grande letreiro em que dizia “Sem lámem, sem vida”. Ela voltou-se novamente para o loiro, que começava a ficar preocupado.

— A-Ainda estou arrumando. — Ele forçou um sorriso. — Se não gostou, podemos arrumá-lo juntos. Eu adoraria...

— Naruto-kun...

— Você não gostou, não é? — Ficou extremamente desapontado consigo mesmo. — Mas podemos dar um jeito! É a decoração? É o lugar? Podemos escolher outro apartamento, um que lhe agrade e...

— Naruto-kun! — calou-o de uma vez, surpreendendo-o. Respirou fundo antes de soltar: — Eu não vou morar aqui.

O Uzumaki ficou sem reação enquanto ela o puxava delicadamente até o sofá, procurando a melhor forma de explicar toda aquela rejeição. Naruto sentia-se despedaçado por dentro, mas não conseguiu externar nada, esperando uma brincadeira da parte de Hinata, uma razão clara, qualquer coisa para tirá-lo daquele torpor.

— Naruto-kun, eu preciso lhe dizer uma coisa...

Parecia hesitante, as mãos ainda estavam tremendo ao segurarem as suas com força.

— E-Eu... eu tive muito tempo para pensar... durante a última missão — começou, nervosa. Aos poucos começou a respirar devagar e falar mais objetivamente. — Eu analisei novamente nossa situação e... bom, tomei uma decisão. Não é a melhor que eu já tive, mas com certeza é o melhor para nós dois. — Percebendo que ele não falaria nada, decidiu continuar. — Eu vou embora, Naruto-kun... sairei de Konoha após nosso casamento, para evitar a liderança dos Hyuuga e salvá-lo de um casamento arranjado. Os conselheiros do clã jamais admitirão uma líder que fugiu, e Hanabi assumirá tranquilamente. E na noite de nosso casamento, quando todos pensarem que estamos aproveitando o começo da lua-de-mel, eu já estarei a um país de distância. E quando a poeira baixar... — Hesitou. — E eu estiver segura e estável em alguma vila longe daqui... eu mandarei os papéis do divórcio.

O ar parecia fugir do peito a cada palavra. Cada frase esmagando seu coração devagar. Uma dor insuportável tomando conta, e uma mistura de emoções o invadiu.

— Não foi isso que combinamos — falou exasperado, levantando-se num pulo. — Nós já conversamos sobre isso, Hinata! Eu já disse que quero me casar com você!

— O casamento vai acontecer, Naruto-kun! Só... não vai durar. — O choque se estampou no semblante dele. — Naruto-kun, preste atenção: eu não tenho palavras suficientes para agradecer por ter me tirado daquele clã... eu devo minha vida a você! É por querer retribuir tudo o que fez por mim, que eu quero livrá-lo desse fardo! Ninguém merece...

— Você não é um fardo para mim, Hinata!

— Posso não ser agora! — interrompeu. — Mas não quero esperar chegar o dia em que se cansará de estar ao meu lado! Eu não posso esperar o dia em que você desistirá do nosso casamento antes de Hanabi assumir a liderança dos Hyuuga!

— Eu não vou...

— Eu estou oferecendo uma saída mais fácil e sensata, Naruto-kun, acredite em mim! — ela gritou para chamar sua atenção. Tinha as mãos fechadas com força, tão aflita quanto ele. — Como pode querer ficar casado com alguém que mal conhece? Como pode querer um casamento com uma mulher que não ama?

— Eu conheço você! Somos amigos! Nunca estivemos tão próximos como agora! Nós dois...

— Nós dois não daríamos certo. — Uma lágrima ameaçou cair no rosto bonito da jovem, mas ela a segurou. — Nós somos amigos, sim. Mas um casamento não se baseia só em amizade, você sabe disso.

Naruto deu um passo para trás, atordoado. Passou a mão pelos cabelos, nervoso, com várias coisas entaladas na garganta. Tudo queria sair ao mesmo tempo, mas apenas uma dúvida maior pairava sobre seu coração:

— Achei que você me amava! – cuspiu, sem mais nenhum controle sobre a língua. Hinata estancou no lugar, os olhos brancos arregalados, surpresos com a acusação. — Foi o que você disse naquela vez, não foi? Você disse que me amava! Não é nisso que se baseia um casamento? Em amor? Como pôde me dizer algo assim e agora falar que vai embora?!

Ela deu um passo para trás, assustada. Desviou o olhar, trêmula. Ao ver que a morena não falaria nada, Naruto sentiu o mundo virar de cabeça para baixo.

Demorara demais...

— Você não me ama mais. É simples. — Deu de ombros, sarcástico. — Mas nem mesmo o amor seria o suficiente para fazê-la ficar, não é?

Hinata notou a dor por trás daquelas palavras. Abraçou o próprio corpo, já incapaz de controlar a enxurrada de emoções.

— Eu nunca seria capaz de fazê-lo feliz, Naruto-kun... — A vozinha saiu baixa, tímida. — Eu não posso...

Naruto enfim entendera.

Fechou os olhos com força. Não queria mais olhar para os perolados que eram a sua perdição.

Não conseguia sequer ficar perto dela!

Saiu do apartamento antes que Hinata percebesse.

 


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Notas finais do capítulo

~Fugindo das pedradas novamente~
Alguns ficarão desapontados, outros já esperavam (porque eu soltei um spoiler no face que deixou alguns assustados), e por aí vai... Só não desistam de mim, por favor! Eu adoro um drama! ♥ Não resisti... A fic tava muito calma. ^^"

Agradecimento do tamanho do universo aos 26 favoritos, aos 94 que estão acompanhando e a hinata fjg, Daviid Soluza, Bia hime naruhina sasusaku, Luciana Neves, SBFernanda, Pandinha, callalily e Asuna Dragneel pelos comentários no último capítulo! Muito obrigada de coração! Tia Lily ama vocês demais! ♥ Muito obrigada pelo apoio, pelos comentários sinceros e até mesmo os revoltados! ^^" Adoro todos! ♥
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Momento propaganda:

1 - Pasta no Pinterest com fanarts e outras imagens que combinam com a fic (todo capítulo tem imagens novas): https://br.pinterest.com/isisbrito8/meu-eu-depois-dela-fnh/
2 - Blog "Resenhando: Naruhina", onde eu e mais duas autoras (SBFernanda e Nathyuga) postamos resenhas de fanfics NH: http://resenhandonaruhina.blogspot.com.br/
3 - Página do blog: https://www.facebook.com/ResenhandoNH/
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Gente, o próximo capítulo também não tem previsão para vir, tudo bem? Estou meio enrolada (com a vida). ^^" Não quero entregar o capítulo de qualquer jeito... quero revisar direitinho antes de entregar, tudo bem? =)

Acho que é só isso...
Muito obrigada por tudo, gente! Vocês são demais! ♥
Até o próximo capítulo! =* ♥