Forget About Me escrita por Lia Mayhew


Capítulo 8
Capítulo 7 – Habits


Notas iniciais do capítulo

Por favor, finjam que é 34 de fevereiro. Esse capítulo era para serfacilzinho, mas foi mais complicado do que eu esperava. Espero que vocês gostem! Boa leitura.



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And I drank up all my money, dazed and kinda lonely

 

O barulho da campainha ressonou pela casa inteira. Layla se afundou mais na cama e tentou ignorar. Não funcionou. A pessoa continuou insistindo do lado de fora. Sem outras opções, a garota ficou de pé e foi até o portão da casa. Layla não se deu o trabalho de se trocar. Não estava de pijama, usava um shorts runner e um regata fina de malha.

Assim que saiu da casa, a luz do dia incomodou os seus olhos. Ia matar o indivíduo impertinente que interrompeu o seu cochilo da tarde. Calçou sua pantufa para ir até a entrada da casa. Abriu o portão e se surpreendeu com quem estava ali. O carro Mercedes conversível de Adeline estava estacionado de qualquer jeito no meio da rua estreita. A jovem estava sentada em cima da parte da frente do carro, com um cigarro na boca. Usava uma saia preta e uma blusa branca com um sobretudo bege.

— Adeline?

— Oi! Você demorou. Achei que não estivesse em casa.

Layla não sabia o que responder. Será que tinha marcado algo com a garota e esquecido? Não, nem fazia sentido. Elas mal se conheciam.

— Ah, não, imagina. Só estava ocupada com algumas coisas. – Ela não precisava contar que estava dormindo no meio da tarde, mesmo que a cara amassada a entregasse – A que eu devo a visita?

— Nada especial. – Adeline apagou o cigarro e deu um sorriso largo – Por acaso, estava aqui perto.

Aquilo era uma mentira deslavada. A família Mei-Li, como a maioria dos trouxas, morava do outro lado do rio Tweed. Não havia nada que poderia fazer perto da casa de Layla. A menos que ela tivesse ido acordar algum de seus amigos.

— Que legal! É bom te ver.

— Sim. Também quero confirmar que vou te ver lá em casa, no domingo. Lembra da festa que te falei outro dia, na praia?

— Lembro. Claro, pode sim. Vou adorar.

A garota bateu as mãos animada, se levantando para entrar no carro.

— Que bom. Agora, eu preciso ir, fofa. Estou mega atrasada. Te vejo domingo.

Adeline deu um tchauzinho e saiu dirigindo como se nada daquilo tivesse sido estranho.



 - Como Adeline Mei-Li tem o nosso endereço?

 Eles estavam no meio da jantar. Peter, na cabeceira da mesa, como um bom patriarca, servia os filhos com pedaços de carne. Brendon parecia morto depois de um dia cheio. Layla ainda estava ranzinza por ter sido acordada durante a tarde.

 - A filha do Byron?

 - A própria.

 - O Byron tem o endereço aqui de casa para o caso de qualquer imprevisto. Como todos os meus clientes. Não sei se ele repassou para a filha. Por quê?

  - Ela passou aqui, de tarde. Me convidou para uma festa.

  Peter devolveu o prato completo para a filha. Seu tom de voz se tornou brincalhão.

 - Entendi. Ela interrompeu a soneca da quarta-feira de tarde.

 - Ela não parou de tocar a campainha. Que tipo de pessoa faz isso?

 - Alguém sem noção e mimado. – Brendon se fez ouvir. O adolescente comia com gosto o filé que o pai tinha servido – Tipo você.

— Eu levaria você mais a sério se não estivesse parecendo estar prestes a morrer. O que aconteceu com você? Foi perseguido por animais selvagens na volta para casa?

— Pior. – Brendon fez uma pausa dramática – Eu treinei com o time de quadribol.

Layla riu tanto que não foi capaz de dar uma resposta imediata.  

— Exercício não é algo tão ruim assim.

— Você não tem noção, pai. Quadribol não é um esporte, é uma loucura. Quem decidiu que seria uma boa ideia voar em alta velocidade ao redor de bolas enfeitiçadas que tentam te derrubar da vassoura é um idiota.

— Ou talvez você seja um incompetente. – Brendon fuzilou a irmã com os olhos – Você nem gosta de quadribol. Foi treinar com eles para que?

— O conselheiro escolar falou que era muito importante ter experiência variadas no currículo acadêmico. Pelo menos, um esporte seria importante. – Ele fez uma careta antes de dizer a última parte - E Clementine voltou para o time.

— Sim, mas ela é uma pessoa esportiva. Você não. Ia ser melhor para todo mundo se você apenas aceitasse a Clementine com a sua superior acadêmica.

— Nunca.

— Está bem, tanto faz. Não me importo tanto assim. – Layla se virou para o pai - De qualquer forma, vou ter que dar uma passadinha lá na Adeline no domingo.

— Domingo? Você não tem nada importante na escola na segunda de manhã?

Antes de responder, Layla olhou fixo o irmão, garantindo que ele não falasse nada. Ela sabia que eles teriam simulado de NIEMs no primeiro horário. Porém, seu pai não precisava saber disso. Afinal, não faria diferença. Ela ainda iria para a aula de manhã.

— Não, nada.

 



       Layla conferiu o endereço três vezes antes de bater na porta. Ela estava na frente de uma antiga igreja. A garota tinha a sua cota de festas questionáveis, mesmo assim, nunca tinha dado uma festa em uma igreja. Adeline abriu a porta, usando um vestido amarelo longo casual colado. Segurava uma taça de coquetel.

— Layla! Entre.

Não era uma igreja de verdade, como ela deveria ter esperado. Era uma casa recém reformada no prédio de uma igreja antiga. O interior era lindamente decorado e o aspecto de igreja, o formato das janelas e as escadas, dava um sensação de imponência. Julgando pela quantidade de jovens no lugar, ela diria que os pais de Adeline não moravam ali.

— Já está animado.

Layla seguiu a anfitriã até a escada de madeira no meio da sala, subindo até a cozinha e o balcão que servia de bar. Não era exatamente um segundo andar, era como um mezanino. Ela imaginava que era o lugar onde o coral ficaria, se ainda fosse uma igreja. Era possível ver todo o andar de baixo. Havia outras duas escadas nos dois cantos opostos, uma de metal que deveria levar até a suíte e uma de madeira, igual a de baixo.  

— Nem começou ainda. Quero te apresentar para algumas pessoas. – Adeline a conduziu a um canto da cozinha em que algumas pessoas estavam – Gente, essa é Layla. Ela estuda em Saint August.

A última frase foi dita sussurrada e com ênfase. A garota parecia dividir uma informação importante. Então, era isso. Adeline tinha insistido tanto para que ela fosse para poder exibir Layla aos amigos, feito um animal exótico. Os trouxas não entendiam a necessidade de duas escolas particulares em uma cidade tão pequena e, já que não existia uma maneira de explicar magia para eles, a concepção deles acabou sendo que bruxos eram apenas pessoas estranhas e que Saint August era um escola alternativa, meio hippie. Por conta disso, as garotas de Saint August também eram taxadas como extravagantes e indomesticáveis. Nos últimos anos, essa fama foi apoiada pelo comportamento de sua amiga Blake Truelock, que tratava garotos trouxas como brinquedos de dar corda. 

A garota deu um sorriso falso e cumprimentou todos com aparente simpatia. Depois, aproveitou para se servir no bar. Ela preparou um drink rápido com uma generosa quantia de álcool. Tudo apontava que seria uma longa noite. E foi, ainda que não da maneira como Layla esperava.  Ela achou que ficaria irritada por muitas pessoas quererem ir falar com ela. Só que Layla esqueceu que ela adorava ser o centro das atenções. Parecia que era ela a anfitriã da festa, não Adeline. Alguns dos jovens era genuínos e interagiam com interesse. Havia outros que praticamente tiravam sarro dela e uns dois rapazes que foram sugestivos demais. De qualquer forma, era divertido ver eles apertando os olhos, tentando descobrir como perguntar o que havia de errado com ela.

E, acima de tudo, aquele cenário era a perfeita distração de Fred. Layla não conseguia ficar mais pensando em como estragou tudo com ele. Constantemente, tentava imaginar o que ele estaria fazendo ou se sentia a sua falta. Na semana passada, ela tinha perseguido dois ruivos na rua achando que poderia ser ele. Algo muito idiota, considerando que o único motivo pelo qual não estavam juntos era ela mesma. Outra linha de raciocínio insuportável de seguir era o motivo pelo qual ela tinha se afastado dele, em primeiro lugar. A sua mãe morta há 10 anos, que Layla continuava vendo por aí. Havia algo de estranho com a cabeça dela ou, o que era pior ainda, com a própria morte de Bonnie. 

Ela estava cansada de se preocupar com isso. Sua vida era mais confortável, antes do seu aniversário, quando não gostava de nenhum garoto e não via gente morta. Sentia falta da sua liberdade, de ter o luxo de não se preocupar com nada além dela mesma e aproveitar o  momento. Talvez, se Layla tentasse, ela poderia ter um gostinho dessa sensação novamente. As intenções das pessoas que a cercavam poderiam não ser as melhores, porém sabia que tinha capacidade de manipular a situação de forma que seria ela a usar eles e não o contrário.  Por isso, ela achou justificável encher a cara e ir na onda de quem estava ali. Concordou em tomar três shots de tequila junto das garotas. Achou uma ótima ideia entrar na jacuzzi congelante do quintal de Adeline de calcinha e sutiã, tarde da noite. Não reclamou ao participar de um jogo de cartas trouxas ridículo, que durou mais de duas horas. Apoiou a proposta de irem andando até as margens do Rio Tweed para ver o sol nascer. Acompanhou o pequeno grupo remanescente a uma lanchonete para tomarem um típico café da manhã inglês reforçado. Agiu sem se preocupar com as consequências que, infelizmente, apareceram logo depois.  

Havia um sério risco de Layla não se formar caso não fosse fazer o simulado dos NIEMS naquela manhã. Não sobrava tempo de voltar para casa, seja para dormir ou para se trocar. Também estava cansada demais e, ainda um pouquinho bêbada, para aparatar em qualquer lugar. Entrar em um veículo dirigido por um daqueles malucos estava fora de questão. Por sorte, seria rápido chegar em Saint August a pé, a partir daquele lugar da cidade. Com despedidas exageradas, e vários outros convites, se separou do grupo com quem estava.  A garota achou que uma caminhada de meia hora seria revigorante e a ajudaria a ficar totalmente sóbria e acordada durante a prova. Não esperava o sol forte que brilhava em cima da sua cabeça tão cedo de manhã, nem a boca seca indicando que estava altamente desidratada e a dor de cabeça que estralava. No meio do caminho, tentou desistir do salto alto e terminar o caminho descalça, entretanto o asfalto quente não permitiu.

Chegou na escola parecendo ter atravessado o deserto. Tinha sólidos quarenta e cinco minutos antes da prova. Layla foi direto ao seu armário, evitando encontrar alunos adiantados ou com compromissos escolares antes do começo das aulas.  Por conta da grande estrutura do colégio, o tamanho dos armários dos alunos eram bem generosos. Com o mesmo armário desde criança, ela mantinha nele alguns itens úteis e muitas bugigangas. Além dos seus livros e materiais escolares, tinha ali um uniforme desbotado, uma toalha, que mantinha para os dias em que não conseguia escapar da educação física obrigatória, e maquiagens que estavam acabando.  Se esforçando para ser cuidadosa, entrou no vestiário feminino e tomou um banho. Usou o sabonete líquido da pia para se livrar do suor e da maquiagem do dia anterior em um banho frio. Não teve coragem de molhar o cabelo, temendo armar seus amados cachos escuros.  Dessa maneira, se viu obrigada a espirrar um perfume vencido, fortíssimo, no couro cabeludo para disfarçar o cheiro de cigarro do cabelo. Usou o resto das suas maquiagens para disfarçar o cansaço. O corretivo que tinha era de um tom de pele errado e Layla conseguiu apenas deixar o seu rosto amarelo. Analisou a si mesma no espelho uma última vez antes de sair do vestiário. Pareceria apenas uma adolescente em um dia ruim se não fosse o maldito salto alto grosso nos pés.

Suspirando alto, voltou até o seu armário, no qual guardou a tolha seca por feitiço e a roupa da noite passada. Blake, que tinha o armário do seu lado, apareceu para mexer nos seu materiais.

— Layla. – A loira parecia surpresa por vê-la – Seu irmão está te procurando feito um louco.

— Brendon agindo como doido é redundância. – A garota respondeu com tom de superioridade – Por acaso, você tem algum sapato sobrando?

Blake imediatamente olhou para os pés da amiga e arregalou as sobrancelhas finas.  Com um sorriso de canto de boca, pegou algo de dentro do armário.

— Eu não tenho outro sapato da escola. – Ela jogou um chinelo de dedo branco no chão, o barulho da borracha ecoando ao bater no piso de madeira. – Eu tenho isso.

— Melhor do que o meu. – Trocou de sapatos, guardando o seu no armário - Obrigada, Blake. Te devolvo outro dia.

Layla saiu com passos firmes, indo atrás do irmão. Não demostrava sinal de insegurança, mesmo se sentindo horrível. Manter a pose era a única maneira que conhecia de demostrar controle da situação. Não que ela tivesse controle da situação.

— Oi, Brendon. – Ela encontrou o irmão na frente da sala de aula deles, virado de costas para sua direção.

— Você! Não venha com oi. – Ele se virou, olhando de frente para irmão. Parecia irado. As feições tão parecidas com o seu pai estavam contraídas em pura raiva – Onde você esteve?

— Na escola.

A garota mantinha uma postura desinteressada e irônica. Não queria discutir com Brendon nesse momento. Por sua vez, o jovem tinha outras pretensões. Pegou o braço da irmã e a conduziu para um canto vazio do corredor.

— Não seja cínica. Onde você esteve a noite toda?

— As pessoas costumam passar a noite dormindo, Brendon.

— Você foi para a festa da Adeline e não voltou. Eu sei que você não dormiu em casa, Layla. Eu não acredito que você fez isso antes de uma prova tão importante. Sem falar que poderia ter acontecido algo sério com você. Você nem conhece aquelas pessoas direito!

— Para com isso, você está exagerando. Perdi a hora e ficou muito tarde para eu voltar. Só isso. Na verdade, foi uma decisão muito responsável. Não é como se eu tivesse passado na noite na sarjeta.

— Está bem, mente que eu acredito. O único motivo pelo qual não te dedurei para o pai foi por ele não ter dormido em casa também. Agora, quer dizer que você realmente dormiu e não virou a madrugada enchendo a cara?

— Papai não dormiu em casa? Tudo bem, olha para mim, Brendon. – Ela apontou para o próprio rosto - Parece que eu passei a noite toda acordada?

Esse era um caminho arriscado. Ela parecia não ter dormido a noite, já que ela não tinha, porém não era como se Brendon pudesse falar que estava horrível.

— Você não parece bem. Está meio amarela. Por acaso, você está com cirrose?

— É impossível conversar com você. – A irmã deu um tapa leve no braço dele – Vai se tratar.

Layla contornou o irmão e foi em direção a sala de aula, caminhando de costas para ele e levantando o dedo do meio.

— Você está usando chinelo de dedo?



O episódio na casa de Adeline não foi pontual como Brendon gostaria. Nessa altura da vida, ele deveria saber que Layla nunca fazia o que ele queria. Nas últimas três semanas, o  ritmo das festas só acelerou e a irmã passava cada vez mais tempo fora de casa com pessoas que até um mês atrás ela não conhecia, bebendo e matando aula. Era estúpido o comportamento dela no final do sétimo ano de escola. Brendon não conseguia ficar de braços cruzados vendo Layla se destruir. Ele tinha planos de estudar fora depois da formatura e precisava deixar a irmã minimamente encaminhada.

Para entender o tamanho do problema, ele aproveitou que não tinha ninguém em casa para vasculhar o quarto dela. Em um primeiro momento, não achou nada além das suas roupas caríssimas. Olhando melhor em uma das gavetas, encontrou algo.

—  Posso saber o que você está fazendo?

Layla, aparentemente, tinha voltado para casa.

— O que é isso?

Brendon estendeu no ar um saco plástico pequeno com fecho zip. Dentro, havia uma pequena quantidade de pó branco.

— Não é da sua conta. – Ela tentou pegar o plástico, mas o aperto firme do irmão não permitiu.

— Eu não sou otário, Layla. Isso é cocaína.

Ele fazia Estudo dos Trouxas e era naturalmente curioso.

— Se você sabia o que era, por que perguntou?

— Porque não sabia que você era tão burra! Já não basta os malditos cigarros? Eu me recuso a acreditar que isso tudo é por causa de um garoto.

—  Não é por causa do Fred.

A fala baixa de Layla deixou Brendon surpreso. Dessa vez, perguntou com delicadeza:

— Então, qual é o motivo?

— Você não vai entender. 

— Eu posso tentar. É sobre a mamãe?

— Não.

Antes de processar a perguntar e pensar na resposta, ela mentiu. Não havia sentido em arrastar Brendon para o meio desse assunto. Ele não se lembrava de nada e, sinceramente, parecia estar lidando melhor com verdade do que tinha com as mentiras, quando criança. Se o seu irmão estava bem, não era ela quem ia atrapalhar.

— Fala comigo, Layla.

— Você não vai entender. Por favor, me deixe em paz. Juro que eu estou bem. Essas besteiras trouxas são ridículas, não fazem mal nenhum.

— Isso é uma mentira. Cocaína causa dependência e destrói os seus neurônios e o seu fígado. Você tem dezessete anos, não deveria nem beber.

— Certo, Brendon. Esqueci que eu estava falando com o menino de ouro. Quando eu quiser uma aula, eu te procuro. Sai do meu quarto. Pode levar essa porcaria com você, não me importo.

Ela o empurrou para fora do quarto, trancando a porta. A situação era pior do que ele imaginava. Brendon tinha que tomar uma atitude.

 

 

O carro de Adeline corria em alta velocidade na rodovia. Com um cigarro na mão, Layla estava no banco de trás ao lado de amigos da garota. Todos eram mais velhos que ela. Não que Layla fosse reclamar, porém alguns pareciam velhos demais para esse estilo de vida. Estavam indo a uma casa noturna em uma cidade vizinha. Berwick-upon-Tweed era parada nos dias de semana. Sentiu um braço circulando a sua cintura. Não se deu o trabalho de tirar.

Não teve problemas para entrar na casa noturna, os seguranças não implicavam com a idade de quem era da lista vip. A noite se desenrolou com certa previsibilidade. Ela bebeu bastante, beijou o homem do carro – não lembrava do seu nome, todos os amigos de Adeline pareciam iguais – e fumou maconha com as meninas no banheiro. Só tinha usado cocaína uma vez e, depois do surto do Brendon, não teve mais coragem. Maconha parecia inofensiva e não tinha sentido nada fora do normal nas outras vezes que tinha fumado. Layla gostava de como a fazia se sentir relaxada.

No fim da noite, o efeito já tinha passado. Ela nunca se sentiu tão sozinha. Quis ir para a área externa, e andava tentando não cair no caminho.  Não funcionou, se desequilibrou no salto e virou o pé. Teve a sensação de que todos olhavam para ela, mesmo não tendo ninguém ali.  

— Você está patética. – Uma voz maldosa soprou em seu ouvido. De novo, não.

— Você está morta. – Layla afirmou, em voz baixa, com toda confiança que tinha.

A voz riu.



De manhã cedo, Brendon segurava uma carta nas mãos. Era endereçada para Fred Weasley. Estava em dúvida se deveria enviar. A própria Layla tinha dito que ele não era a causa dessa situação. Por conta do término recente, o garoto poderia não estar disposto a ajudar.  As imagens do baile Baddeby voltaram a sua mente. Sua irmã e o ruivo se comportavam como um casal bem encaixado. Ela estava aérea e, naquele momento, não se importava com ninguém além dele. O rapaz parecia ter ganhado a chance de sua vida e ficava encantado com cada movimento de Layla.  Ouviu um barulho no corredor e se deparou com a irmã, tonta e carregando um sapato nas mãos. Tombou na parede antes de entrar no quarto. Brendon se apressou em levar a carta até a coruja da família.

 

 

— Calma, Brendon! – Exclamou Elsie ao ver o namorado andar em círculos na sua frente – Talvez ele ainda esteja tentando responder.

— Eu mandei três cartas. É um tipo de mensagem que não precisa de resposta longa, apenas: sim, claro que eu ajudo. Aquele merda não dá a mínima se Layla não está bem.

Eles estavam nas mesas externas do colégio, durante o intervalo. Elsie começou a soluçar. 

— Amor, não chore. – Brendon envolveu o corpo pequeno da loira nos braços. Não aguentava ver Elsie chorar. Ela era tão bondosa e delicada. – Nós vamos resolver isso.

— Ontem, eu tentei conversar com ela. Foi terrível. Ela me deixou falando sozinha. O modo como ela falou parecia que eu não significava nada. Faz semanas que não saímos juntas. Eu não sei quem essa garota é, Brendon.

— Não diga isso. É a Layla de sempre. Inconsequente e corajosa. Sua melhor amiga e minha irmã. Apenas está perdida.

— Você já tentou falar com seu pai?

— Não. Ele também não percebeu nada. Eu sei que se eu explicar o que aconteceu, ele vai tentar fazer alguma coisa. Contudo, não acho que vai fazer diferença. Ele não é firme e Layla continua um pouco ressentida com ele e Katie. Não sei o que fazer. Estou quase chamando Tia Candy.

— Eu sei o que fazer.

Clementine apareceu na frente do casal.

— Você estava escutando a nossa conversa?

— Esse é um lugar público. Se queriam privacidade, deveriam ter ido conversar em casa.

Brendon parecia prestes a começar uma discussão, por isso Elsie assumiu a conversa.

— Qual é sua ideia, Mimi?

— Fácil. Vamos pedir ajuda para Draco Malfoy.


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo foi só com personagens originais, então espero que não tenha sido cansativo de ler. Vocês já sabem que a história toda não é assim, mas torço que vocês gostem dos dois jeitos. A partir do próximo capítulo, o Draco ganha mais destaque e eu confesso que gosto muito. Fiquem a vontade para conversar comigo nos comentários!



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