Forget About Me escrita por Lia Mayhew


Capítulo 14
Capítulo 13 – Hold Me Down


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Selfish, taking what I want and call it mine

 

Layla estava acabada. Andava pelos corredores da escola praticamente se arrastando, segurando a bolsa escolar com suas últimas forças. Estava morrendo de fome. Os NIEMS a tinham deixado em um estado de exaustão física e esgotamento mental. Pelo menos, estava feliz que tinha acabado. Graças a sua dedicação recente e do auxílio de Brendon e Fred, sem mencionar a excelência de ensino do seu colégio particular caríssimo, estava confiante de que conseguiria notas decentes. Torcia para que fosse o suficiente para conseguir fazer alguma coisa, ainda que não soubesse bem o que. Talvez um curso em um Instituto conceituado ou um emprego oferecido graças a influência da sua família.

Assim que saiu pelos portões da escola, viu seu pai. Ele esperava junto de alguns poucos adultos e sorriu quando notou a filha. Layla tinha achado o gesto - esperar no portão ela e Brendon saírem da prova - carinhoso. Tanta coisa tinha acontecido desde o início do ano que ela nem sabia como se sentia em relação ao pai. Ele escondeu um segredo terrível, por boas razões. Ele mentiu, mas ela tinha mentido muito mais. Peter intercalava suas ausências e omissões com ações que deixavam bem claro o quanto ele amava os filhos. Afinal, não era qualquer pai que forjaria a morte da esposa só para poupar os sentimentos da filha. No momento, esses sentimentos contraditórios se somavam a pena que sentia por descobrir o segredo de Katie. A mulher que Layla acreditava que era a namorada dele, por quem ele poderia ser apaixonado, tinha um caso secreto com outra pessoa.

— Layla, como estava a prova? – Ela deu de ombros e o pai abriu um sorriso gentil. -  Sei que você fez o seu melhor.

— Espero que seja uma nota decente. Aposto que ainda vamos ter que esperar o Brendon por horas.

Antes que tivesse mais tempo para reclamar, seu irmão apareceu atrás dela.

— Eu não quero azarar, mas a prova estava fácil. Eu consigo pelo menos 5 Ótimos. Isso deve ser suficiente para a Escola de Negócios de Genebra.  

— Aquela vaga já é sua, filho. Tenho total certeza disso.

O orgulho de Peter era transparente para qualquer um. Brendon pretendia fazer um programa de negócios muito similar o que ele tinha feito na Escócia. A escolha do filho era um pouco mais esnobe, contudo o foco em instituições bancárias e relações entre bruxos e não bruxos era o mesmo. 

A família andou de volta para casa, onde uma refeição completa esperava por eles.

— Como se diz “não aceitamos devoluções” em francês? Não quero que os suíços tenham a impressão errada com você, Brendon. – Brincou Layla, ainda que a ideia de se separar do irmão por 3 anos apertasse o seu coração um pouco.

Nous n'acceptons pas les retours. – Respondeu Brendon, sem hesitação.

— Exibido. – Ela revirou os olhos. - Assim nem os suíços vão aceitar ficar com você. Boa sorte para eles.

Bonne chance. – Disse Peter, em voz baixa, fazendo o filho rir.

— Estou me sentindo discriminada. O que é isso, a França?

O pai estendeu os braços, envolvendo cada filho de um lado, e Layla se permitiu rir com os dois.

 

 

— Essa toalha de mesa que está na grama é a que veio de herança da prima Emmeline? A famosa toalha centenária de algodão paquistanês de Emmeline Harrison?

Era quinta-feira a tarde e o sol batia perfeitamente no jardim da casa dos Harrison. Layla estava arrumando um piquenique. Ela tinha escolhido seu conjunto de louças preferido e posicionava os objetos na toalha como se fosse o chá da rainha. A variedade de doces, sanduíches e chás tornava a atividade mais atraente.

— Sim, papai. Você não esperava que eu fosse usar os pratos florais com a toalha xadrez, não é mesmo?

— Eu vou fingir que não vi isso. Jamais conte para a sua tia. Se precisar de mim, estarei no escritório. Se divirta, querida.

Layla mandou um beijo para Peter, que saiu com o seu carro. Ela correu para dentro de casa para dar uma última olhada no espelho antes de Fred aparecer. Tinha escolhido uma saia florida plissada com um laço na cintura e uma regata branca delicada. Parecia o visual perfeito para a ocasião. Embora comemorar os NIEMS com seu namorado fosse significativo para ela, Layla sabia que não era apenas por isso que tinha feito aquela produção. Sentia que ainda tinha assuntos pairando sobre eles, o que a deixava nervosa. Não conversavam sobre nenhum tópico delicado a algum tempo. Assim que ouviu o ruído típico da aparatação, voltou para o jardim.

Fred usava uma roupa leve de verão e estava com o cabelo levemente arrepiado. Layla correu para abraçá-lo. Se fosse possível mergulhar em pessoas, ela se afogaria em Fred Weasley.

— Senti a sua falta. – Declarou Fred, afundando o nariz no pescoço dela.

Eles mantiveram uma conversa tranquila enquanto aproveitavam o lanche. O vento batia nas suas costas. Fred não parava de sorrir para ela. O gosto do açúcar nunca deixava a sua boca. As mãos compridas dele corriam pela sua cintura e pelo seu rosto.  Essa sensação de amor era algo que Layla acreditava existir apenas em livros antigos. Era tangível como o chão em que se sentava. Parecia bobagem estragar aquele momento falando de Sirius Black e maus pressentimentos. Nada que eles pudessem fazer seria capaz de alterar essas coisas, de qualquer forma.

— Que flores são aquelas?

Fred apontou para uma área de vegetação mais densa nos fundos da casa. O casal largou o piquenique da maneira como estava para olhar o local.

— Nós plantamos todos os tipos de coisa aqui, ao longo dos anos. Não tem uma organização bem planejada. – Explicou Layla ao mostrar os girassóis, as roseiras e as tulipas.

— Foi essa aqui que eu vi.

Ele indicou para uma porção de flores com pétalas escuras. Mesmo tendo alguma experiência com jardins, aquilo não parecia com nada que Fred já tinha visto.

— Ah, são dálias. A cor dela é vermelha bem escura, por isso parece que é preta. Se não me engano, são mexicanas. Vi em uma floricultura quando tinha 12 anos e fiquei obcecada. Fiz o meu pai comprar centenas e só essas vingaram. Elas são difíceis de manter.

— São lindas. – Fred pegou no caule com cuidado. – Combinam com você.

— Isso é fofo. Meio brega. Definitivamente batido. Ainda assim, fofo.

— Não é uma cantada barata. É o mesmo tipo de preto que a cor do seu cabelo – Ele ficou de pé e enrolou uma mecha no dedo para ilustrar – e as pétalas pontudas parecem enigmáticas. Como você.

— Eu não tenho nada de enigmático.

— Com certeza, tem. Eu te conheci como a garota misteriosa do bar. Enigmática como a névoa de Edimburgo.

— Estou começando a gostar dessa descrição. – Ela jogou o peso do corpo nos braços de Fred. – De fato, o nosso primeiro beijo, na esquina escura, só com a luz do poste e no meio da neblina escocesa, foi extraordinário. Quase soturno.

— Fique sabendo que estou disponível para ser beijado em qualquer esquina da sua escolha, do Reino Unido ou não.

Os dois voltaram para o piquenique. Layla estava feliz por poder passar o resto da vida com ele, mesmo que essa declaração estragasse a sua imagem de garota descolada. Fred, que agradecia todas as horas do dia pela sua namorada, estava radiante pela companhia apenas naquele dia. 

 

 

— O que é isso? – Perguntou Brendon ao ver a irmã agarrada a uma pilhas de jornais. Para completar o estado caótico do quarto, o espelho de corpo inteiro de Layla estava virado, revelando algo parecido com um quadro de investigação. Vários artigos acompanhavam uma foto de Sirius Black.

— Brendon. – A morena despertou assustada. Pulou do chão e virou o espelho grande com esforço, escondendo o mural.

— Layla, o que é isso? Sirius Black?

— Não é nada. Só curiosidade. O bruxo que escapou de Azkaban. Depois da fuga dele, vários comensais da morte escaparam de lá. Minha nova personalidade vai ser interessada por crimes reais.

— Você não dá a mínima para isso, independente de personalidade. Nenhum de nós dá. Todos daqui enchem a boca para dizer que são apolíticos. E não sei de nenhuma fofoca interessante sobre ele para despertar a sua curiosidade.

— Então eu só posso me interessar por fofoca? Você se acha tão superior, Brendon.

— Tem alguma coisa que você não está me contando? – Ele olhou rapidamente ao redor do quarto e examinou bem a irmã, antes de dizer - Você está metida com drogas de volta?

Ela revirou os olhos.

— Sim, eu sou Layla Harrison. Promíscua, fútil e drogada. Não está sabendo?

Brendon se aproximou. Com gentiliza, envolveu os braços dela. Layla odiava precisar ser consolada pelo seu irmão caçula. Não era justo depositar toda essa responsabilidade nele o tempo todo. Esse era o motivo pelo qual era neurótico e autoritário.  

— Me conte o que está acontecendo. – Insistiu o garoto.

— Eu te conto se você prometer não brigar comigo e não falar para ninguém.

— Céus! – A preocupação ficou ainda mais visível em seu rosto – Que seja. Me conte.

— Eu encontrei Sirius Black. Imediatamente, ele me atacou. Foi intenso, ele agarrou meu pescoço e me perguntou por que eu parecia ser jovem. Terminou me chamou de maldita.

— Em que buraco você encontrou Sirius Black?

— Você concordou que não faria perguntas.

— Essa foi a porta que você bateu, não foi? É claro que Fred e suas grandes conexões em Hogwarts são a única maneira que você poderia conhecer Sirius Black.

— Brendon – Layla deixou o seu desespero ficar evidente para chamar a atenção do irmão. Ela não ia conseguir solucionar aquilo sozinha. – Eu preciso da sua ajuda. Aquele homem me conhecia.

— Layla, ele é um assassino em série. Motivação não é o ponto forte dele. Provavelmente, foi só um ataque aleatório.

— Não foi aleatório. – Ela rodou o espelhou, trazendo o quadro de volta - Você precisava ter visto o ódio nos olhos dele quando ele me atacou. Sirius Black me conhece ou acha que me conhece. E Fred disse que ele não é um assassino em série. Armaram para ele ou coisa parecida.

— Claro, agora que Fred Weasley disse, ele deve ser inocente mesmo – Brendon nem tentava esconder a sua ironia – Olha, para mim, você parece paranoica. E meio egocêntrica. Quem sabe, ele reconheceu você da coluna social da gazeta de Berwick-upon-Tweed.

— Eu sei o que estou falando. Acredite em mim. Por favor.

Brendon baixou a guarda. Sua irmã não pedia ajuda e muito menos pedia por favor.

— Mesmo que isso seja verdade, ele estava preso durante quase toda a nossa vida. Não tem como ele te conhecer.

— Eu sei. Pelo jeito que ele falou, eu deveria ser uma mulher mais velha. E se ele conheceu alguém da nossa família? Alguém parecido comigo?

— Faria sentido, mas ninguém da nossa família parece com você. – Ele percebeu que nunca tinha se dado conta disso – Você é como um gene recessivo.

— Tem que existir alguém parecido comigo. Talvez, alguém do lado da mamãe. Não conhecemos muito bem eles. Já sabemos que eu não tenho os olhos azuis e cabelos claros dos  Harrison.

— Vamos perguntar para o pai depois. E preciso que me prometa que não vai investigar isso sem mim.

Layla assentiu. Até que a imagem de Katie transando com Acheflour na sala de reuniões veio a sua mente.

—  Eu estou com dó do papai. – E completou antes que ele perguntasse. –  Katie está tendo um caso com Acheflour.

— A mãe de Clementine? – Ele fez uma pequena pausa – Ela sabe disso?

— Por acaso, você conhece alguma outra Acheflour? E não se preocupe com Clementine. Ela sabe e está bem o suficiente para bancar a superior.

— A nossa madrinha Katie? Dureza. Eu achei que ela gostasse do pai.  

— Todos nós achamos.

— Cada dia que passa, essa cidade parece mais decadente. – Brendon balançou a cabeça, como se isso fosse afastar o pensamento de pessoas velhas transando – Precisamos de informações, então supere. 

 

 

Mesmo que só morassem três pessoas na casa, a mesa de jantar dos Harrison tinha espaço para oito pessoas. Ligado a costumes trouxas, Peter tinha escolhido contratar uma empregada ao invés de ter um elfo doméstico. Susan era uma senhora de meia-idade que sabia ser discreta sobre as extravagâncias da família. Além de cuidar da limpeza e organização da casa, Susan costumava deixar refeições prontas durante a semana. Aquele dia, o jantar era carne de porco e legumes grelhados. Peter ocupava a cabeceira, enquanto Brendon e Layla estavam sentados a sua direito. Havia outro lugar arrumado na mesa.

— Você convidou Elsie para jantar?

— Engraçado. Ia perguntar a mesma coisa sobre Fred.

Os irmãos olharam para o pai.

— Agora, só vocês podem ter convidados? Esta ainda é a minha casa, crianças.

O barulho da porta indicava o fim do mistério. Katie ainda estava usando as roupas de trabalho. Layla quase não acreditou ao ver a madrinha cumprimentar Peter com um beijo no rosto, antes de sentar-se do lado esquerdo. Brendon deu um risinho cínico e tomou um gole de vinho para esconder. Aquilo gritava drama.

— O que ela está fazendo aqui?

— Querida. – Peter alertou, cortando um pedaço de carne – Falando desse jeito, Katie vai achar que você não a quer aqui.

— Não tem problema. – Katie se manifestou pela primeira vez, não olhando a garota nos olhos. Era engraçado como ela podia ficar tão intimidada por uma adolescente.

— Sim, papai. Katie sempre sabe quando ela é bem-vinda.

O pai fez menção de entregar o prato para a convidada, mas foi impedido pelo levitar da porcelana.  Com uma habilidade inesperada, Layla trouxe o prato para a sua frente. Brendon duvidava que ela tivesse usado esse feitiço mais de duas vezes desde o primeiro ano.  Era raro qualquer um dos dois praticar magia em casa. Além do fato que eles ainda estavam na escola, a situação do pai os deixava desconfortável. Peter não parecia se importar mais com o fato que não tinha habilidades mágicas, contudo, os irmãos sentiam que era algo difícil de superar.

Sem paciência para os joguinhos da irmã, ele a chutou de baixo da mesa. Com um olhar, a lembrou da conversa que tiveram mais cedo. Assassinos em série era mais importantes do que casos extraconjugais.

— Pai, alguém da família da mamãe parece comigo? – Disparou Layla, sem uma gota de sutileza.

Peter teve uma reação inesperada. Ele ficou mal-humorado e parecia desconfiado. Ninguém notou a tensão que tomou conta dos músculos de Katie.

— Que tipo de pergunta é essa? É a sua família. – Ele respirou fundo e abaixou o tom de voz. -  Óbvio que você é parecida com os seus parentes.

— Calma, pai. Ela só está curiosa.

— É, pai. – Layla recuou, sempre ficava surpresa com reações negativas de Peter –  Eu não tenho nenhum grande traço dos Harrison. Apenas queria saber a quem devo agradecer pelos meus olhos e pelo meu cabelo fenomenal.

— Claro que você quer. – Peter afundou a cabeça nas mãos. Não deveria ficar procurando outros significados nas palavras da filha. – Desculpe.

Pela primeira vez, Layla se perguntou se o pai sabia sobre Katie e Acheflour. A possibilidade de ele continuar próximo da mulher que amava, mesmo que ela estivesse com outra pessoa, era trágica. Não deixava ser romântico, apesar de não ser o que ela desejava para ele. Peter merecia um amor de verdade, depois de tudo que aconteceu com a mãe deles. Brendon a chutou novamente e ela afastou as suas preocupações.  

— Então... eu sou parecida com quem?

— O seu cabelo veio de Davina, mãe da sua mãe. Ela tinha lindos cachos escuros que caiam pelas costas iguais aos seus. Os seus olhos são do seu avô Norris. Bonnie foi a única filha que herdou os olhos da mãe. Seu avô morreu quando Bonnie era adolescente e Davina morreu quando vocês eram pequenos. Sua mãe não era próxima dos seus tios e não vi nenhuma razão para reaproximação, considerando que eles são trouxas.

Ela estava esperando um resposta mais simples. Uma cópia viva dela que seu pai tinha esquecido de mencionar. Sirius Black tinha a estrangulado de perto o suficiente para notar os seus olhos castanhos marcantes. Ainda assim, vó Davina era a melhor pista que tinha.

— O que eles faziam? – Continuou Brendon, envolvido no mistério.

— Eles não faziam grande coisa. – Respondeu Peter, com pouco caso – Norris tinha um bar. Era um negócio de família, Bonnie reclamava dos boêmios e falsos intelectuais que a circulavam quando era nova. Se não me engano, Davina era professora primária.

Layla suspirou. Não sabia o uma professora primária trouxa poderia ter feito para causar o ódio de Sirius Black. Ela odiava quebra-cabeças. Talvez estivesse ficando maluca de novo.  Eles terminaram a refeição em silêncio. Quando todos se levantaram, Katie se aproximou e disse:

— Eu quero falar com você, Layla.

— Eu não quero. Com licença. 

 

 

— Harry! – disse Hermione, olhando-o assustadoramente. – O que aconteceu? Você está bem? Você estará?

— Onde você esteve? – disse Rony.

— Venham comigo. – disse Harry rapidamente. – Vamos, tenho algo para contar.

Foram até o primeiro andar, foi numa sala de aula vazia da qual rapidamente fechou a porta atrás de Rony e Hermione no momento que entraram.

— Voldemort pegou Sirius.

 


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