Contrato de Amor escrita por Lelly Everllark


Capítulo 41
Bem-vindos! Mas tinha que ser agora?


Notas iniciais do capítulo

Geeeente linda, voltei!!
E quase que não volto se querem saber, meu computador deu pau hoje de manhã e ontem eu fiquei sem energia, tá foda! Mas o que importa é que eu to aqui, yeees!! :D
Enfim, é isso, esse capítulo tá muito engraçado e fofo e é um capítulo muito importante então eu espero que tenha conseguido transmitir todas as emoções boas e ruins kkkkk do momento!!!
Amo vocês e BOA LEITURA!!
PS: EU SIMPLESMENTE NÃO PODERIA DEIXADE DE DIZER QUE... A HISTÓRIA TEM OUTRA RECOMENDAÇÃO, SÃO TRÊS AGORA CARAMBA!!!! Eu to tipo surtando (vocês nem perceberam, né? Kkkkk), vocês têm noção do quão incrível é isso? Obrigada mesmo LethFersil pela recomendação linda, pelo carinho e por todos os comentários incríveis, esse capítulo é pra você, amore!! ♥



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— Ai, ai, ai! - gemi. - Isso dói caramba! 

  - Ai meu Deus, Lisa! Não me diga que os bebês estão nascendo!? — Lena exclamou do outro lado da linha e eu me sentei no sofá suspirando.

  - Calma, o que eu te falei sobre estresse e o bebê? Eu bem, Ok? Só bati o mindinho na mesinha de centro - choraminguei e ela riu.

  - Você quase me matou do coração por causa do seu mindinho? Depois dessa eu vou desligar — ela fez drama e foi a minha vez de rir.

  - Mereço mesmo - revirei os olhos me sentando mais confortavelmente no sofá e esticando os pés no espaço vago a minha frente. - Helena?

  - Hum?

  - O que você acha que vai acontecer quando os gêmeos nascerem? - perguntei afagando minha barriga que guardava os mais belos presentes que eu podia receber.

  - Sinceramente? Em se tratando desse casal maluco que são você e Anthony, eu não tenho nem ideia.

  - É isso que me preocupa - sussurrei com uma súbita vontade de chorar. - No fim você tinha razão, quando isso acabar eu vou ser a única a sair machucada.

  - Nem brinca com isso, Lisa. Você e o bonitão não estão in love um pelo outro? Por que isso teria que acabar? Vocês são uma família, mesmo que seja uma bem estranha. E família nunca desiste uma da outra — quando Lena terminou de falar eu já estava chorando pra valer.

  - Mas esse é o problema. Nós não somos nada, Lena. Não de verdade, mesmo que eu ame Anthony e os gêmeos com todas as minhas forças, nenhum deles é realmente meu. E não vão ser nunca enquanto esse maldito contrato existir! - disse com raiva enquanto soluçava de tanto chorar. - Eu nunca devia ter aceitado esse trabalho maluco! Eu achei o que? Que passaria nove meses com Anthony e os bebês sem me apaixonar por nenhum deles? Que piada.

  - Elisa... — Lena suspirou. - Você não quis dizer isso, tenho certeza.

  - Não quis é? - ri ironicamente limpando minhas lágrimas.

  - Não, não quis. Você só está assustada com a ideia de perder qualquer um deles. Você os ama tanto que só a ideia de perdê-los é dolorosa.

  - Argh! Eu odeio quando você sabe exatamente como eu me sinto! - reclamei com um meio sorriso e ouvi Lena rir.

  - Essa foi fácil deduzir, por que eu me sinto exatamente da mesma forma quando penso no Miguel e no bebê. E é com esse pensamento que eu te digo que vai dar tudo certo, talvez aconteça alguma confusão antes, afinal é de vocês que estamos falando, mas de uma mãe para outra, eu te garanto que vai ficar tudo bem.

  - Eu já disse que te amo? - perguntei sorrindo, só essa morena pra me fazer sorrir em meio a uma conversa como essa.

  - Hoje ainda não.

  - Eu te amo Helena White, pra caramba! Obrigada por sempre me aguentar.

  - Também te amo, Lisa. E obrigada você por aguentar meus dramas.

  Depois de mais algumas fofocas Lena finalmente desligou e eu fiquei lá no sofá encarando a mesinha de centro que tinha tentado assinar meu mindinho sem saber o que pensar sobre nossa conversa. A confusão de sentimentos era tão grande que eu não sabia nem mais o que fazer, eu devia mesmo era perguntar ao Anthony o que seria de nós, uma vez que a minha covardia não deixou que eu o fizesse nessas últimas semanas.

  Eu queria muito saber, mas ao mesmo tempo sabia que Lena tinha razão, por que só a ideia de perder qualquer um deles me apavorava. E eu não sabia se queria mesmo saber o que Anthony pensava disso tudo, e se ele só estivesse comigo por ser mais conveniente? Se depois de que os gêmeos nascerem ele voltar a ser o Senhor Todo Frio Whitmore? Aquele que me fez aquela proposta maluca na lanchonete há muito tempo e disse com todas as letras que não queria uma mulher? O que eu faria se o caso fosse esse? A verdade é que eu não sabia se conseguiria dizer alguma coisa se algo assim acontecesse. Eu devia brigar? Chorar? Fugir? Lutar pelos bebês? Esse último eu não podia fazer, não que eu não quisesse, eu mataria e morreria por eles, mas o contrato me impedia de ao menos tentar, eu já tinha concordado há muito tempo que não os queria e que Anthony podia ficar com eles, só que como eu com toda a minha falta de noção, imaginei que no fim disso tudo não iria querer lutar por eles com unhas e dentes? Eu não sabia mais o que pensar, só sabia que gastar os poucos neurônios que ainda me restavam com isso, era perda de tempo, ficar louca não ajudaria a resolver essa confusão.

  - Srta. Banks? – Jane chamou e eu pisquei sentindo uma lágrima escorrer pelo meu rosto, a limpei antes que ela percebesse, mas aparentemente não fui rápida o suficiente por que ela sorriu triste. – Tudo bem?

  - Eu ótima, Jane – essa frase soou tão irônica que nem mesmo eu acreditei. – Você precisa de alguma coisa?

  - Tem certeza que está bem, Srta. Banks? – ela quis saber parecendo preocupada e eu tentei sorrir.

  - Tenho sim, mas e então? Posso te ajudar com alguma coisa? – voltei a perguntar mudando de assunto e ela suspirou.

  - A minha irmã teve que levar o marido ao hospital por causa de uma gripe e deixou os filhos com a vizinha, ela me ligou agora a pouco dizendo que provavelmente não vai voltar pra casa hoje e me pediu para ficar com as crianças e eu vim perguntar se poso sair, mas vejo que hoje a senhorita precisa de mim. Vou falar com a minha irmã para que as crianças continuem com a vizinha – ela concluiu e eu fiquei de pé negando com a cabeça.

  - Nada disso, vá ficar com os seus sobrinhos, eu realmente estou bem. Só estava pensando em algumas coisas desnecessárias e tristes. Nada que um brigadeiro e um bom filme não resolvam.

  - A senhorita tem certeza? Minha irmã pode dar um jeito.

  - Jane, por favor. Você pode ir, eu estou bem, sério. E Anthony logo, logo chega, pode ir lá. Eu já jantei e vou ficar muito bem confortável aqui no sofá esperando o Sr. Whitmore.

  - Srta. Banks... – ela me olhou desconfiada e isso me fez sorrir de verdade.

  - Jane... – a imitei e ela sorriu também. – Vai lá, sério. Eu muito bem.

  Depois de mais um momento de hesitação ela finalmente cedeu, me deu mil e uma recomendações e saiu. Eu fui atrás de fazer meu brigadeiro e conseguir uma coberta, por que eu não tinha a mínima intenção de ir para o andar de cima estando sozinha nessa casa enorme. Em algum momento do filme que eu assistia, acabei dormindo. Acordei com um barulho enorme, as luzes piscaram e eu gritei no momento em que um clarão de luz iluminou toda a sala, meu coração estava a mil.

  Eu respirei fundo tentando acalmar a respiração enquanto via a chuva bater furiosamente na enorme janela da sala. Tinha começado a chover e com isso os malditos raios vieram também. Eu olhei em volta para a sala vazia e meus olhos se arregalaram quando bati os olhos no relógio chique na parede, marcava 23h40m, quando tinha ficado tão tarde? E onde Anthony tinha se metido? Mesmo que eu não tivesse certeza se queria vê-lo, ainda estava preocupada, será que tinha acontecido alguma coisa com aquele idiota?

  Uma pontada forte no pé da minha barriga me fez perder a linha de raciocínio, quando senti mais uma, fiquei de pé tentando fazer com que a dor diminuísse. Na terceira, eu agarrei o encosto do sofá para me manter de pé.

  - Mas que merda! – xinguei entre dentes. – O que exatamente vocês estão fazendo aí dentro? – quis saber olhando para a minha barriga e outra pontada forte me fez querer amaldiçoar o bonitão por me fazer essa proposta maluca e eu mesma por ser louca o suficiente para aceitar, mas no instante em que senti o líquido quente e pegajoso escorrendo por minhas pernas eu entrei em pânico.

  Isso só podia ser brincadeira.

  Quando outro raio cruzou o céu eu gritei mais uma vez, mas agora eu não sabia mais se era de dor ou medo. Quando o clarão diminuiu eu segurei minha barriga respirando com dificuldade. Onde estava Anthony numa hora dessas? Eu era tão azarada que tinha vindo para a casa do bonitão para não ficar sozinha em meu apartamento caso algo como isso acontecesse, e como estava agora? Isso mesmo, em trabalho de parto e sozinha. Valeu mesmo universo!

  Me sentei no sofá com certa dificuldade, tentando respirar normalmente e peguei meu celular rezando para que outro raio não aparecesse, por que casso isso acontecesse, era bem capaz de eu começar a chorar. Busquei na lista telefônica o nome “Bonitão” e coloquei para chamar, por favor, Anthony, atente. Por favor. Mas é claro que ele não atendeu, não na primeira, na segunda, nem na terceira tentativa, depois que chamou até a ligação cair pela quarta vez eu quis muito atirar meu celular na cara do moreno se eu soubesse onde ele estava. Pensa Elisa, pra quem mais eu podia ligar? Certo, haviam Miguel e Lena. Eles iam me atender, precisavam. Mas não atenderem, o celular do meu irmão assim como o do pai dos bebês, chamou até cair e o da minha amiga “Encontrava-se desligado ou fora da área de cobertura”.

  Depois de mais uma contração eu voltei a ficar de pé e comecei a andar pra lá e pra cá enquanto tentava respirar fundo, era impossível. Eu não sabia mais o que fazer, a dor não estava melhorando – obviamente – e ninguém, ninguém me atendia, eu já estava pronta para chamar um táxi quando a porta da frente se abriu e um Anthony todo molhado passou por ela.

  - Graças a Deus! – disse aliviada sentindo outra pontada. – Isso dói caramba!

  - Elisa? Você está bem? – ele perguntou se aproximando e eu me agarrei ao seu paletó encharcado quando senti outra contração.

  - Bem!? Eu ótima, não está vendo? – rosnei entre dentes. - Onde raios você estava Anthony!?

  - Eu me enrolei um pouco no trabalho hoje, desculpe.

  - Desculpe o caralho! Eu te ligando já tem quase meia hora, por que não me atendeu!?

  - Na pressa de sair eu deixei o celular no escritório, quando ouvi os raios vim o mais rápido que consegui, achei que fosse querer companhia – ele sorriu e eu quis beijá-lo e depois dar na cara dele.

  - Seu idiota. Ai! – gemi respirando fundo.

  - Elisa?

  - Eu não bem, Ok? Então...

  - O que é isso? – ele perguntou me interrompendo e olhando para o seu tapete caro e apontando para a mancha de água que eu havia feito ali. – Elisa?

  - Basicamente minha bolsa estourou e seus filhos estão nascendo – disse respirando com dificuldade e Anthony congelou onde estava.

  - Eu... Você... Você tem certeza disso? – ele disse com os olhos arregalados e eu sorri.

  - O que você acha, Anthony? – perguntei irônica e outra contração me fez afundar as unhas em seu paletó encharcado.

  - Certo, então... – ele olhou em volta e encarou o sofá. – Melhor você se sentar.

  - Eu não quero sentar – respirei fundo e recomecei a andar pra lá e pra cá. – Quero ir para a clínica.

  - Ok, a clínica, então... – Anthony olhou em volta parecendo perdido, aquilo me fez rir, quem diria, o bonitão sem saber o que fazer, isso é novidade.

  - Anthony – chamei e ele me encarou. – Você tem que subir, trocar de camisa e paletó, pegar as bolsas dos bebês que estão cada uma em um quarto e a minha dentro do guarda roupa – disse e respirei fundo quando outra pontada me fez encolher. Ele fez menção em me ajudar e eu neguei com a cabeça. – Eu bem, eu acho. Vá pegar as bolsas e troque logo de roupa.

  - Tem certeza? – ele perguntou parecendo aflito e eu sorri.

  - Não, mas vai lá logo antes que seus filhos nasçam aqui na sala, eles estão com pressa.

  - Sim senhora – ele assentiu e subiu as escadas quase correndo.

  Felizmente pra mim os raios deram uma trégua e dez minutos depois Anthony reapareceu usando uma camisa azul escura, sem paletó, e com as três bolsas penduradas nos ombros. Eu tinha me apoiado no encosto do sofá e estava tentando controlar a respiração como a Dra. Stuart havia ensinado nas minhas muitas consultas. Ele veio até mim e acariciou minhas costas.

  - Vamos? – ele chamou e eu assenti. – Você consegue andar? – eu assenti outra vez e respirei fundo uma última antes de começar a seguir para a porta.

  Anthony abriu o guarda-chuva e me ajudou a sentar no banco do passageiro, ele jogou as bolsas no banco de trás e se sentou atrás do volante numa velocidade impressionante. Eu olhei em volta ainda tentando respirar de forma ritmada e depois encarei o moreno.

  - Cadê o Marco? – perguntei entre dentes e Anthony sorriu.

  - Pegou uma gripe, ele não estava em condições de trabalhar hoje então o liberei – ele explicou e eu me agarrei ao estofado do banco quando uma contração particularmente forte me atingiu. – Você está... – ele começou e eu o olhei feio. – Tudo bem, não vou perguntar isso, mas e a Jane? Onde ela estava? Por que não estava com você?

  - Ela foi cuidar dos – respiração. – Seus... – outra respiração – Sobrinhos, seu cunhado pegou uma gripe também.

  - Elisa...

  - Não me pergunte se eu estou bem! Isso é tudo culpa sua! Só cala a boca e dirige! – gritei meio histérica e me assustei quando o meu celular começou a tocar no bolso do meu casaco, nem me lembrava de tê-lo pego. – Alô?

  - Lisa, você tá bem? — era a voz da Lena.

  - Não, eu não bem! Por que raios todo mundo tem que ficar me perguntando isso!? - gritei voltando a surtar.

  - Hei, o que tá acontecendo? Tinha milhares de ligações suas no meu celular. — ela disse e eu me concentrei em respirar regularmente. - Elisa?

  - Os... Bebês estão... Nascendo - disse fechando os olhos e tentando respirar fundo. - Desculpe estar... Gritando com... Ai caralho! - gemi depois de uma contração.

  - Ai meu Deus! — Lena exclamou do outro lado da linha. - Você está em trabalho de parto!?

  - Uhum - meio concordei meio gemi.

  - Você tá bem? Ok, você provavelmente não tá bem. Tá aonde? Com quem? O Anthony tá com você? — ela foi vomitando as palavras e eu acabei sorrindo.

  - no carro, indo para a... - fiz uma pausa respirando fundo. - Clínica, Anthony está comigo.

  - Vou chegar lá em meia hora, então calma e respira. Te amo e boa sorte! — ela disse parecendo meio histérica e desligou.

  - Quem era? - Anthony perguntou depois que eu guardei o celular sem tirar os olhos da estrada. Ele até que estava dirigindo tranquilamente dado o seu estado de espírito.

  - A Lena perguntando se eu bem! - disse indignada e ele sorriu.

  - Você falou pra ela dos bebês, certo?

  - Falei, daí ela surtou e disse que estava indo pra clínica também - disse aproveitando os cinco minutos de paz que as contrações haviam me dado. - Vai demorar muito mais? Eu preciso de uma peridural.

  - Já estamos quase lá, você está indo bem - ele sorriu tirando a mão direita do volante e segurando a minha esquerda. Seu calor me acalmou, pelo menos até a próxima contração vir e eu apertar sua mão até seus dedos ficarem brancos.

  Essa com certeza seria uma longa noite.

  Quando chegamos à clínica da Dra. Stuart, que eu felizmente me lembrei de ligar para saber se ela estava, a chuva já tinha parado e Anthony não sabia se me ajudava ou pegava as bolsas, enquanto ele decidia eu saí calmamente do carro comecei a andar em direção à entrada.

  - Elisa, você consegue andar? - ele perguntou me alcançando com as bolsas nos ombros e eu o olhei irritada.

  - Não Anthony, é por isso que estou voando - disse ironicamente e ele me encarou surpreso.

  - Como é?

  - Você ouviu, mas e a minha peridural? Cadê?

  Nós entramos na clínica e o bonitão foi direto para o balcão de atendimento enquanto eu me arrastava até ele, o problema não era nem andar, era a dor nas costas e as contrações que não me deixavam respirar direito.

  - Com licença - ele chamou a atendente que estava no telefone e ela fez sinal para que ele esperasse e continuou a conversa que estava tendo.

  - É, foi isso mesmo, você acredita? - ela questionou animada para quem quer que fosse e eu agarrei o braço de Anthony quando outra contração quase me derrubou.

  - Hei! Por favor, minha mulher está em trabalho de parto, você está me ouvindo? - o moreno chamou a atendente outra vez e eu sorri quando percebi o que ele tinha dito, era isso mesmo que eu era? Sua mulher? Mesmo que o momento fosse inoportuno, eu quis muito perguntar a ele.

  Quando a morena que estava atrás do balcão não fez nenhuma menção em nos atender eu perdi a paciência. Fui até ela e puxei o telefone de suas mãos.

  - Olha aqui sua vaca, se você não percebeu, eu estou parindo aqui e você não pode deixar de falar da vida alheia um minuto sequer pra fazer a porcaria de um favor e verificar se a doutora Stuart já pode me atender? Por que eu estou com muita, muita dor e você não vai querer me ver de mau humor - disse tudo num fôlego só e apertei o telefone dela quando senti outra pontada. - Você pode agilizar isso ou não!?

  - Só um minuto, senhorita é...? - ela perguntou parecendo apavorada.

  - Banks, Elisa Banks - foi Anthony quem respondeu me afastando um pouco do balcão, provavelmente para evitar que eu voasse no pescoço da atendente.

  - Ai meu Deus, Srta. Banks a doutora já está a sua espera, me desculpe eu...

  - Vamos Anthony - chamei a interrompendo e colocando o telefone da vaca fofoqueira de volta no lugar. - Eu preciso da minha peridural urgente!

  Mas eu não precisei subir, por que duas enfermeiras aparecerem com uma cadeira de rodas e me levaram para a sala de parto. A doutora apareceu, depois Anthony também, ela me examinou e eu tinha certeza de que ela diria que já estava tudo pronto para a minha cesária com toda a anestesia que eu pudesse conseguir, mas não, ela simplesmente sorriu e disse que eu já estava com quatro centímetros de dilatação e que mais seis eu já poderia começar a empurrar.

  - Mas e a cesárea? - perguntei em pânico.

  - Ela só indicada em último caso, se acontecer alguma complicação ou caso não haja dilatação suficiente, mas como você completou as 37 semanas e seu corpo parece saber o que está fazendo, o parto normal é o mais indicado, Elisa.

  Eu levei alguns segundos para assimilar o que ela tinha dito, mas assim que o fiz minha preocupação foi outra completamente diferente.

  - E a anestesia?

  - Você ainda irá recebê-la na hora certa, mas agora que tal uma caminhada pelo quarto para ajudar na dilatação? - ela sorriu indo em direção à porta. - Já, já venho ver como você está.

  - Isso é tudo culpa sua! - rosnei para Anthony que tinha começado a me ajudar a andar pra lá e pra cá assim que a doutora saiu. - Argh! Eu te odeio! Nunca mais, nunca mais eu quero passar por isso - eu continuei reclamando ele apenas tentava segurar o riso. - Você acha isso engraçado? Eu vou te matar seu idiota!

  Eu na minha incrível inocência achei que assim que chegasse à clínica a coisa seria rápida e indolor, agora eu sabia que não era nem rápida, muito menos indolor, já era madrugada e até Lena e Miguel já tinham ido me ver e nada, eu apenas continuava andando pelo quarto e sentindo dor. Lá pelas cinco da manhã meu celular começou a tocar e surpreendente era Dan, mas como eu não estava no humor para falar com ninguém dei o celular a Anthony para que falasse com o primo enquanto eu continuava andando. Depois que o bonitão desligou e respirei fundo o encarando.

  - O que o Dan queria?

  - Perguntar a você se sabia onde eu estava já que eu não atendia o celular - ele explicou e eu sorri.

  - Problemas na empresa? - perguntei entre dentes e ele veio até mim acariciando minhas costas. Eu adorava essa sensação, me acalmava, mesmo que fosse só um pouco.

  - De acordo com Daniel não era nada de mais. Ele disse que depois resolvíamos e que está vindo pra cá.

  - Claro que está e provavelmente vai chegar antes dos gêmeos - reclamei sentindo uma pontada ainda mais forte que as anteriores e Anthony sorriu.

  Depois de mais duas contrações seguidas uma da outra a doutora apareceu e disse que finalmente eu já tinha dilatação o suficiente para empurrar, só não sei como alguém ouviu alguma coisa em meio aos meus berros por uma anestesia e eu finalmente a consegui.

  - Vamos Elisa, você consegue - dizia a doutora e eu quis bater nela tanto quanto em Anthony. - Quando você sentir a próxima contração, empurre.

  - Eu estou empurrando - rosnei ofegante e agarrei as barras ao lado da cama quando senti a próxima onda de dor e fiz o que a doutora pediu.

  - Isso, muito bem, só mais um pouco agora - ela incentivou e eu deixei minha cabeça cair no travesseiro outra vez.

  - Eu não consigo - choraminguei sentindo as lágrimas escorrerem.

  - Consegue sim - Anthony garantiu ao meu lado segurando minha mão. - Eu não acredito que Elisa Banks, a loira que começa uma discussão depois de ser quase atropelada, que destrói as cozinhas alheias, invade empresas e enfrenta atendentes mal encaradas, vai desistir agora. Achei que você estivesse ansiosa para conhecê-los - ele sorriu. - Só mais um pouco e vai poder vê-los.

  - Eu te odeio - disse, mas estava sorrindo. - Vamos terminar logo com isso!

  - Certo! Empurre mais uma vez então, Elisa - a doutora pediu e eu o fiz junto com um grito que aposto que Lena na sala de espera ouviu.

  Me deixei cair na cama outra vez exausta, mas recuperei parte das forças no instante em que ouvi o chorinho agudo que preencheu o ambiente.

  - Mas que surpresa, não? - Marina sorriu me estendendo um embrulho enrolado na manta azul da clínica. - É uma menina linda.

  Eu peguei a bebezinha que ainda chorava com as mãos trêmulas e sorri ao mesmo tempo em que chorava, quando olhei para sua pele avermelhada e o monte de cabelo escuro que tinha não consegui não sentir um amor incondicional por aquele serzinho que mal tinha chegado ao mundo, eu mataria e morreria por ela sem nem pensar duas vezes, agora eu estava começando a entender o significado do “amor de mãe”.

  - Ela é linda - sussurrei.

  - Igual a você - Anthony comentou com o maior sorriso que eu já o tinha visto dar até então. - Obrigado.

  Eu até o teria respondido se uma pontada horrível na barriga não tivesse me lembrado de que ainda havia outro bebê impaciente querendo sair dali. Uma enfermeira pegou Analu e a doutora sorriu pra mim.

  - Preparada para o segundo round?

  Dessa vez eu quis mesmo dar na cara dela. Mas decidi que terminar logo com isso era melhor, então ignorei a dor e empurrei, mesmo que já não tivesse mais forças e nem conseguisse mais tirar a cabeça do travesseiro. Mas quando pela segunda vez na madrugada eu ouvi o chorinho agudo não pude deixar de sorrir. Drew era um pouco menor que a irmã, mas tinha, assim como ela, os cabelos escuros como os do pai e as bochechas mais fofas que eu já tinha visto.

  Quando levaram os bebês para que fossem examinados eu pedi que Anthony fosse com eles já que eu mesma não podia ir. A doutora terminou de me examinar também e duas enfermeiras - as mesmas que haviam me trazido aqui para cima -, me ajudaram a me trocar para que pudesse esperar os bebês no quarto, mas eu devia estar mesmo cansada, por que as enfermeiras mal saíram e eu apaguei.

  Acordei ouvindo a voz de Anthony, pisquei para entender o que estava acontecendo e sorri assim que entendi. Ele conversava com os bebês que estavam acordados e pareciam até meio impacientes, principalmente Analu.

  - Vocês deviam ter visto a confusão que foi, mas se for para comparar com a gravidez, o parto de vocês não poderia ser de outro jeito, né? - ele perguntou sorrindo para eles, Analu e Drew estavam cada um em um bercinho daqueles transparentes com rodinhas.

  - Concordo plenamente - comentei com a voz rouca e o bonitão se virou parecendo surpreso. Vingança finalmente! - Como eles estão?

  - Bem de acordo com a Marina e você?

  - Um pouco dolorida, mas também bem.

  - Eles estão ótimos - a doutora em questão apareceu na porta sorrindo. - Com licença - pediu já entrando. - Claro que havia a possibilidade de haver alguma complicação ou de algum deles precisar ficar na incubadora, mas felizmente deu tudo certo, com eles e você Elisa, eles são lindos, saudáveis e perfeitos. Só devem estar com fome.

  - Fome? - perguntei sorrindo. Isso explica o mau humor.

  - Claro, a mãe deles estava cansada então ainda não comeram.

  - Certo, então me dê... - eu me interrompi, eu devia pegar os dois de uma vez? - Tudo bem, só vou precisar de ajuda - comentei e Anthony sorriu, mas ao invés de se mexer só ficou lá encarando os dois.

  - Anthony, eu estou esperando você pegá-los e me dar.

  - Eu? - ele perguntou surpreso e eu ri.

  - Claro, quem mais?

  - Marina? - ele quis saber e ela negou com a cabeça.

  - Sinto muito, mas tenho outras pacientes para ver. Boa sorte. 

  Anthony a olhou feio o que só me fez sorrir ainda mais.

  - Doutora - a chamei quando ela alcançou a porta, ela se virou para me encarar.

  - Sim?

  - Será que meu irmão, a esposa dele e o primo do Anthony podem entrar para vê-los?

  - Tem certeza? - o moreno perguntou enquanto tentava encontrar um jeito de tirar Analu do berço. Assenti.

  - Eles se deram ao trabalho de passar a noite toda aqui, não me importo que entrem, por quê? Você se importa?

  - Não mesmo - o moreno sorriu estendendo as mãos para finalmente pegar a filha.

  - Se é assim, não terá problemas, mas lembre-se, Elisa, você está de repouso. Nem pense em levantar dessa cama - avisou. - Vou pedir a uma enfermeira para buscá-los e meus parabéns pelos bebês - ela sorriu uma última vez e saiu.

  Anthony pigarreou e eu finalmente o encarei, ele parecia apavorado segurando a garotinha que usava um macacão branco com asinhas de anjo bordadas nas costas. Ela parecia ainda menor em suas mãos grandes.

  - Você pode, por favor, pegá-la? - ele perguntou se aproximando da cama.

  - Mas vocês estão tão lindos juntos.

  - Elisa... - sua voz estava suplicante então eu cedi estendendo os braços e pegando Analu.

  - Oi meu amor - sorri para ela que piscou pra mim, seus olhos verdes como os meus me surpreenderam, eu achei, que assim como o cabelo, eles seriam escuros iguais aos do pai.

  - Elisa? - Anthony chamou e eu desviei os olhos da garotinha para encará-lo, ele tinha Drew nos braços agora.

  - Espere um minuto, Ok? Tenho que ver como vou fazer isso - comentei e ele riu se sentando na beirada da cama.

  No fim consegui segurar os dois de forma que ambos pudessem mamar, mas Anthony teve que - literalmente -, tirar a minha roupa. Certo, não foi a roupa toda, mas teve que abrir os botões da minha camisola uma vez que eu mesma não podia fazer isso.

  A sensação era estranha e maravilhosa, saber que eu era a única capaz de alimentá-los era assustador e gratificante. Eu os amava com todo meu coração e nada mais seria capaz de negar isso. Drew piscou pra mim com seus olhos tão verdes quanto os da irmã e eu quis muito apertar suas bochechas enormes.

  Nossa paz só durou até Lena, Miguel e Dan aparecerem.

  - Ai meu Deus, eles são lindos! - Lena exclamou se aproximando e eu revirei os olhos.

  - Será que dá pra você falar mais baixo? Eles estão tentando comer aqui - comentei e minha amiga me ignorou se aproximando e acariciando a testa de Analu.

  - Com essas roupas iguais como você sabe quem é quem? - ela riu e eu dei ombros.

  - Não sei, mas quando terminarem pode pegar ela.

  - Essa é a Analu? - perguntou mexendo no cabelo da garotinha e eu assenti.

  - E eu aqui? - Dan perguntou se aproximando e Anthony o olhou feio.

  - Pode ao menos deixá-los comer? - ele perguntou irritado e todo mundo riu, por que a probabilidade da sua irritação ser pelo fato de eu estar quase seminua era grande. Anthony era muito ciumento.

  Dez minutos depois já haviam tirado os bebês do meu colo, coisa que eu achei um absurdo afinal eu era a mãe. Mas claro que não era exatamente assim. Só que felizmente antes de eu começar com as minhas paranóias Lena começou com suas ideias malucas e eu não tive tempo de pensar nessas coisas. Minha amiga pegou os gêmeos, os deitou aos pés da minha cama e disse que precisava de uma foto deles para poder ostentar, afinal eles estavam lindos com os macacõeszinhos iguais. Eu e os meninos achamos isso uma péssima ideia, mas como a ideia de ter uma foto deles era tentadora de mais, eu acabei cedendo e fiz Anthony ceder também. Minha amiga louca tirou umas centenas de fotos deles em menos de cinco minutos e depois colocamos os dois nos berços para poderem dormir outra vez.

  Ficamos os cinco velando o sono deles até uma enfermeira aparecer e praticamente expulsar os visitantes do quarto, e eles foram embora muito relutantes pelo simples fato de que hoje ainda era sexta-feira e eles precisavam trabalhar.

  - Que horas são? - perguntei a Anthony que estava sentado no sofá que havia no quarto namorado os bebês adormecidos.

  - Dez e meia da manhã - ele respondeu e eu bocejei.

  - Você não está cansado, não?

  - Nada que um café não resolva - ele sorriu. - Pode dormir que eu vou ficar de olho neles.

  - Eu já dormi, você devia tentar também - comentei e ele veio até mim e beijou meus cabelos.

  - Obrigado, mas agora durma. Eles provavelmente vão precisar de você  logo, logo outra vez.

  Eu quis discutir com Anthony, mas como dessa vez ele tinha razão, resolvi o deixar achando que tinha ganhado a discussão. E mesmo que eu tivesse evitado pensar nisso desde a hora em que acordei hoje de manhã, dormi me perguntando o que aconteceria de agora em diante.


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Notas finais do capítulo

Eaí? Quero opiniões? Gostaram? ♥
Comentem, por favor!! *-*
Beijocas e até!! :3



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