Onde eu estou? Estou na escola o que está acontecendo.

—Yayoi se dormir assim pegará um resfriado. – Voz desconhecida

De quem é essa voz? E como eu vim parar na escola? Olho para o lado e vejo Yoshiro sentado ao meu lado sorrindo amavelmente e afagando a minha cabeça. Simplesmente coro e fico fixada em seus olhos que estavam olhando para os meus.

— O que foi? Parece assustada.

—Por que está me acariciando? – Continuo corada

— (risadas baixas). É porque você é fofa, não posso evitar

—Eu sou fofa? – Desvio o olhar

—Mas é claro que é!

Seu rosto vai chegando perto do meu. Tento me afastar, mas não consigo.

—AHHHH (grito)

—Nossa o que foi?!

Acordo e vejo que tudo foi um sonho, não estava na escola e muito menos Yoshiro estava comigo. O que há de errado com a minha cabeça? Olho para o lado e vejo o Aniki com cara de assustado olhando para mim fixamente.

—O que foi? Porque está me olhando desse jeito?

—Você simplesmente deu um enorme pulo e começou a gritar. Eu vim te chamar para jantar.

—Há, sim, me desculpa. O Senpai já foi embora?

—Sim, ele foi em quanto você estava dormindo

—Entendi.

—Então vamos descer, o jantar está pronto.

Aniki saí do meu quarto e ouço seus paços descendo a escada. Me levanto e troco o meu uniforme por uma roupa casual. Desço as escadas e o Aniki estava na cozinha misturando o cozido. Mesmo que sejamos umas das famílias mais bem-sucedidas do Japão ainda gostamos de ter uma casa humilde e fazer as coisas por noz mesmos.

Me sentei na mesa, Aniki me serviu um prato de cozido com arroz.

—Muito obrigada.

Ele se sentou à minha frente e começamos a conversar e comer

—Eai, como foi o seu primeiro dia de aula?

—Foi normal, encontrei Anju e Sakura e comemos no terraço, fui para o club e encontrei o senpai. E o seu como foi?

—Também não teve nada de anormal. Encontrei Taro e por sorte ficamos na mesma sala. Comi com ele no pátio e também fui para o club de futebol.

Continuamos conversando e comendo. Acabamos de comer e Aniki foi lavar a louça e eu fui para o banheiro tomar banho. Me lavei e saí. Coloquei meu pijama e fui para o quarto, me joguei na cama e abracei o travesseiro cansada.

—Aaaa... não quero ter aquele mesmo sonho de novo. Fiquei tão envergonhada só de pensar em Yoshiro comigo. – Amasso o travesseiro em meu rosto – fiquei corada em apenas pensar nisso.

Me viro de lado e puxo meu cobertor. Não quero ter mais o mesmo sonho. Dormi.

Para demonstrar como o tempo passou eu irei contar o porquê nossos pais não estarem com a gente no jantar ou no dia a dia. Como minha família é dona de uma grande empresa meus pais viajam muito, por isso eles compraram uma casa para que eu e Aniki podermos viver em paz sem ter que viajar muito.

Passou-se a noite e amanheceu. Acordei com um pouco de torcicolo por ter dormido abraçada com o travesseiro em vez de coloca-lo na cabeça. Me espreguicei e levantei. Estava muito cansada, é por volta das seis da manhã, minha aula começa as sete e meia. Me levanto e vou em direção ao meu armário pegar meu uniforme. Me visto arrumo meu cabelo. Desço as escadas e Aniki estava fazendo o café da manhã, meu favorito ovos com bacon. Me sentei e Aniki me serviu colocando meu prato em minha frente.

—Muito obrigada – junto minhas mãos – Itadakimasu (uma reverencia japonesa que se faz antes de comer)

—Não se esqueça de fazer compras antes de voltar para casa e também hoje é seu dia de fazer o jantar.

—Sim, sim. Aniki você já terminou os obentos?

—Sim já está terminado. Se lembrou de fazer a lição de casa?

—Não me lembrei, eu sempre faço em sala, porque o que aprendi está fresco na memória. E você Aniki se lembrou de fazer.

—Nossa, nem parece que você conhece seu irmão, mas é claro que eu fi...  — Aniki se levanta em um movimento só e bate na mesa com força – Eu não fiz a lição!

—Toma, isso é que dá falar dos outros em quanto nem mesmo você fez!

—Isso é muita maldade, mas eu pego do Taro quando chegar na escola.

—Você se aproveita muito do Senpai

—E quem disse que ele não se aproveita de mim também.

—Bom, eu já vou indo, se não irei me atrasar. Até logo Baka-Aniki (Baka é idiota em japonês)

Eu me levanto e vou até a cozinha levar meus pratos, pego meu obento e vou em direção à porta, onde deixo minha mochila pendurada.

—Itekimasu (jeito japonês de falar estou indo) – Falo em quanto coloco meus sapatos de andar na rua (os japoneses quando saem de casa ou entram tiram os sapatos e colocam os sapatos de ficar em casa como pantufas e visse versa)

—Iterashai (jeito japonês de falar vai com deus ou vai com cuidado)

Vou caminhando em direção à escola, pego meu livro na mochila e vou lendo, mas presto atenção na rua, vou em direção à estação de trem/metro e fico esperando o trem chegar para que eu possa embarcar. O trem chega e as portas se abrem guardo meu livro e entro no vagão, assim que entro me deparo com um rosto familiar, Yoshiro estava dentro do mesmo vagão que eu, seu rosto estava concentrado em um livro que estava lendo, deve ter pego na biblioteca. Fico um pouco distante, mas fico perto dele, seus olhos lendo concentradamente são lindos. Um calafrio passa pela minha espinha, me lembrei do sonho quando Yoshiro chega perto de mim. Coro instantaneamente, não sei para onde olhar, seu rosto, chão, portas, para onde.

—Você está bem Kazuhiko? – Sua voz me dá mais um calafrio

—Há, Yoshiro, Si, sim, estou bem. Porque a pergunta? –Não quero olhar para seu rosto, mas se não olhar seria falta de educação.

—Suas bochechas estão totalmente vermelhas, e está agindo estranho.

—Não é nada, apenas estou com calor.

—Em plena primavera?

—É melhor pararmos de conversar, pode estar incomodando os outros do trem.

—Sim. Sinto muito o incomodo.

Consegui me despistar das perguntas, mas a gente estava conversando e ele mesmo começou a conversa, estou decepcionada por eu ter terminado. Nossa estação chegou e nos dois descemos do trem e começamos a andar em direção à escola.

—Podemos conversar agora se você ainda quiser – Estou sendo ousada falando isso agora.

—Claro, se você ainda quiser – Mas é claro que eu quero.

—Então eu só estava com calor por isso estava com as bochechas vermelhas.

—Mesmo estando com calor, não tire seu cachecol ou pode ficar resfriada. – Ele está se preocupando comigo?!

—Sim, isso eu sei

Começou a ter um silencio estranho entre nós, estava me incomodando, queria começar a conversar com ele, mas não havia assunto. Passou-se um tempo e chegamos na escola

—Eu vou por aqui, te vejo na sala.

—Sim, até

Nos despedimos e cada um foi para seu lado, estava me sentindo uma fracassada por não ter conseguido falar com ele. Enfim, fiquei parada em frente à entrada esperando Anju e Sakura para ficar um tempo com elas, vou verificar meu celular e escuto duas sequencias de passos apressados vindo em minha direção.

—Eu vi o que eu vi?! – Anju agarrou meus ombros e olhou em meus olhos e ficou repetindo essa frase, sakura estava do meu lado e também estava olhando em meus olhos.

—O que exatamente vocês viram? – Estava ficando um pouco tonta com Anju me sacudindo,

—Você e Yoshiro andando juntos até a escola! Não vai me dizer que era isso que você não queria nos contar por meio de WhatsApp – Sakura me arranca dos braços de Anju e me segura contra a parede e fica me olhando

—Não é que eu não queria falar para vocês, mas que diabo vocês estão pensando – Retiro as mãos de Sakura de cima de mim

—Você e Yoshiro andando juntinhos, não vai me dizer que começaram a namorar?! – Anju fica pulando

—Você enlouqueceu Anju, a gente só encontrou na estação e viemos caminhando juntos apenas isso.

—Acabou com as minhas fantasias e minhas expectativas. – Sakura põem a cabeça para baixo para demonstrar sua tristeza

—Vamos indo porque o sinal já vai tocar. – Começo a andar em direção à entrada

—Mas e o que você disse que iria nos contar o que aconteceu? –Anju me para

—Eu conto tudo para vocês no intervalo –Saio andando de novo

—Mas você disse que nos contaria hoje e ainda por cima está adiando, acho que você nunca irá nos contar o que aconteceu exatamente ontem. – Anju começa a falar de um jeito tristinho

—Eu vou contar, apenas espere.

Chegou na minha sala, entrei e me sentei atrás de Yoshiro como de costume, e como de costume Yoshiro estava deitado em sua carteira, sua respiração estava lenta, parecia que estava dormindo. O sinal toca e depois de uns minutos o professor entra, Yoshiro levanta sua cabeça e fica prestando atenção, mas eu simplesmente só consigo prestar atenção na pessoa a minha frente.