Ele quase sorriu enquanto a observava dormir, os cachos ruivos estavam ao redor do travesseiro, espalhavam-se pelo lençol branco como fogo. Podia ouvir a respiração suave dela e o leve suspiro que saía a cada vez que puxava o ar. Os lábios avermelhados estavam entreabertos e com a visão perfeita, ele via cada uma das sardas na ponta do nariz arrebitado e ao redor das bochechas. 

Esperava ansioso o momento em que ela despertasse e ele pudesse ver os olhos chocolates encarando-o como sempre. Adorava a forma como ela o olhava.

Como se realmente visse algo bom nele. Era impressionante o quanto um único olhar pode mudar toda a sua percepção. Nunca se achou realmente bonito além da beleza vampírica e nem especial, além do dom que carregava. Dom este, que para ele sempre foi uma maldição.

Mas ela era diferente. Com ela era diferente.

Por algum motivo estranho que ele ainda não havia descoberto, ela havia insistido em conhece-lo, se apresentou a ele como se ele não pudesse se lembrar de seu rosto pequeno e suave. Como se não pudesse se lembrar do medo em seus olhos quando ele estava ao lado daqueles que queriam sua morte.

Para ele, ela era uma incógnita. O amava verdadeiramente e ele podia sentir esse amor em cada gesto, principalmente quando ela o tocava no meio da multidão e sua mente era invadida por lembranças de ambos juntos, todos os momentos desde que se viram pela primeira vez.

Ela o tocava e transmitia a ele muito mais do que imagens, ainda que não soubesse disso.

Alec não a entendia, era verdade. Mas a amava. 

Jamais pensou algum em sua existência que amaria alguma mulher, quando foi transformado, ainda muito jovem, não tinha ambições sobre o amor. Mais tarde, quando vampiro, não tinha interesse algum no sentimento. Tantas centenas de anos depois, no entanto, aqui estava ele.

Admirando a meia vampira que inevitavelmente o fizera lembrar do sentimento tão falado que era o amor, o fizera sentir em seu âmago. Ele às vezes, queria odiá-la por envolvê-lo em seu encanto, por envolver seu coração morto em amarras tão profundas que ele nem mesmo gostaria de soltá-las.

Justamente porque era confortável estar com Renesmee, era como... Estar vivo outra vez.

Ouviu sua respiração se acelerar suavemente e soltou o ar, aproximando-se da cama onde ela descansava, Renesmee abraçou-o pela cintura e o rosto enfiou-se entre o vão do seu pescoço. Sorriu, porque sabia que ela gostava do seu perfume e porque o ato era tão familiar que lhe parecia muito especial.

— Você está acordada. — Acusou quando as mãos pequenas se infiltraram por dentro de sua camisa.

O corpo de Nessie tremeu abaixo do seu em um riso suave, Alec sentiu-se um tolo, porque realmente gostava do som do riso dela. — Não querido, eu estou sonhando. Com um anjo. Completou tocando seu rosto suavemente.

Alec sorriu, beijando os cabelos macios de Nessie. Não importava o quanto ela insistisse em chamá-lo de anjo, ambos sabiam que ele não estava nem perto disso.

Mas com Renesmee, talvez ele estivesse muito perto de sua redenção.