Intrinsically escrita por Jay L


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Olha quem resolveu aparecer kk. Perdão pela demora, minha vida tava meio doida. Mas vamos lá com mais um capítulo ! :D



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Capítulo 6

— Vocês têm até a próxima semana para entregar o formulário de autorização da excursão assinado pelos pais ou responsável. Sem isso, sem chance de ir. – sentencia o professor Beete aos alunos quando o sinal do intervalo soou.

  - Não acredito que vou ter que ficar confinada num ônibus com um bando de gente que eu não gosto pra visitar um museu! – reclamou Annie à Katniss enquanto caminhavam para o campo externo da escola.

  A morena soltou uma risada. A ela pouco fazia diferença ir ou não à excursão. Todos os dias andava de ônibus, diferente de Annie que pegava o carro da mãe emprestado, e o passeio seria em horário comum de aula. Ao menos seria diferente. Haymitch não faria objeções em permitir sua ida ao “The Art Museum”, não era como se ele ligasse muito às atividades acadêmicas da filha de todo modo.

  - Se você não quer ir, fique. – respondeu à ruiva com um dar de ombros.

 Esta revirou os olhos como se a fala da amiga fosse uma bobagem aos seus ouvidos.

  - Como se não conhecesse minha mãe. “Toda cultura é válida, Annie”, - disse numa boa imitação da voz da Sra. Cresta – ela nunca me deixaria faltar nesta maravilhosa oportunidade de aprendizado histórico-artístico – completou fazendo aspas com as mãos - Também não estou a fim de ficar aqui cumprindo hora com o afetado do Heavensbear.

  Heavensbear era um senhor de baixa estatura nada agradável cuja função era a de orientar os alunos sem perspectiva. Ao que parecia, entretanto, o homem via em todos os jovens da escola um grande problema sem solução, despejando descontentamento em quem atravessasse seu caminho. Katniss estivera duas vezes apenas na sala do orientador, a primeira fora no inicio do ensino médio para receber instruções escolares e a segunda no começo daquele ano letivo, quando fora interrogada sobre suas pretensões ao término do colegial. Tinha pena do senhor atarracado, sempre viu nele alguém frustrado com a própria vida que, convivendo diariamente com pessoas à flor da idade com futuros ainda por fazer, deveria sentir inveja por não ter mais como voltar atrás e fazer tudo diferente. Katniss imaginava que talvez ele tivesse o sonho de ser um músico, ou mesmo um astronauta; as possibilidades eram muitas e gostava de criar teorias para o azedume de Heavensbear.

  - Deixa de reclamar, Annie, faz um esforço, a última vez que fomos a uma excursão foi no primeiro ano, além de que não é como se as aulas do Beete fossem de todo más. – disse Katniss tentando convencer a outra.

  - Ele é legalzinho. – replicou Annie com desinteresse.

  As duas seguiram caminho até uma mesa debaixo de um carvalho e, tirando seus lanches de dentro das mochilas, começaram a comer observando a movimentação dos alunos pelo campus. E foi com as bochechas afogueadas que a morena avistou Peeta saindo do prédio em direção à cantina. Ele, ao dar uma olhadela para a direita, sem querer encontrou os olhos de Katniss num rápido instante, virando-se de novo em seguida. Logo as lembranças da noite anterior voltaram à mente e a menina percebeu com ansiedade que ainda não havia contado para Annie do quase beijo.

   - Annie, aconteceu uma coisa ontem à noite. Bem, para ser franca, quase aconteceu. Sabe...

   - Alô, mulheres da minha vida. – Gale chegou com Madge ao lado, interrompendo o relato de Katniss.

  Sem saber se ficava aliviada ou irritada pela interrupção, suspirou e voltou atenção para o casal recém - chegado.

   - Oi! – cumprimentou a ambos com um sorriso, recebendo de Madge uma piscadela travessa.

  - Droga, cara. Podia chegar outra hora não? Katniss ia me contar o que aconteceu com ela ontem. – ralhou a ruiva com indignação. – Olha que para ela ter algo pra contar deve ser no mínimo interessante.

   Havia verdade na sentença. A vida de Katniss era deveras pacata, fatos interessantes aconteciam dificilmente e, quando aconteciam, para Annie representava grande coisa a ser ouvida.

    - Você é uma grande abelhuda, Annieta. E até parece que o que ela tem a dizer não pode ser ouvido por nós também. – Gale disse sinalizando para si e a namorada. Esta estava mais interessada em comer o iogurte de morango que trouxera, sem dar atenção aos outros.

 - Calem a boca vocês dois e me deixem contar. – calmamente mandou Katniss e, sendo obedecida, relatou o acontecido para os três pares de olhos curiosos que a fitavam. Em algum ponto da narração, Madge abandonara o iogurte e viu na história da amiga algo mais interessante.

  Terminando de ouvir, Annie gargalhou, jogando a cabeça para trás, ao passo que Gale falou algo como “Grande Katniss” em tom zombeteiro e sorriso malicioso, já a terceira menina acompanhava a outra nas risadas, embora de forma mais contida. A narradora, por outro lado, bufou e cruzou os braços, esperando os amigos pararem de se divertir as suas custas.

  - Cara, não acredito que você ia sendo beijada pelo loiro bonitinho! – A ruiva verbalizou ainda com resquícios de riso na voz. Percebendo a expressão de Katniss murchar ante o comentário, tratou de consertar-se. – Não que você não seja beijável, não é isso. Diga-se de passagem, é muito lindinha até, – completou convencida – mas sejamos sinceros, você não dá liberdade aos caras para tanto. – falou categótica sendo apoiada pelo casal. – Esse cara, como se chama mesmo? – perguntou.

   - Peeta – respondeu a morena com a boca cheia de bolo.

  - Peeta? Que nome mais exótico! – Annie disse sorrindo abertamente – Onde estávamos? Ah, sim. Esse cara foi ousado... – o reconhecimento era nítido em sua voz - E você parece ter gostado disso. – concluiu incisiva ao perceber Katniss observar um loiro de costas sentado ao longe na grama.

**

 Haymitch estava sentado à mesa do escritório assinando alguns documentos para a venda de um imóvel. Suas mãos doíam por conta dos movimentos repetitivos de escrever e digitar no computador, estalava, esticava vez ou outra os dedos na tentativa de relaxá-los. O pescoço rijo pendia voltado para o papel sobre a mesa e os olhos cansados percorriam as linhas do documento enquanto lia as palavras. Haymitch trabalhava como corretor de imóveis havia mais de dez anos e o serviço claramente desagradava-o, como tantas outras coisas que tinha que fazer.

  O dono da empresa era seu amigo, coisa que facilitou os trâmites de contratação. Antes de Effie partir, Dátolo Odair ofereceu-lhe o cargo na “Odair Cousins”. Os tempos eram difíceis e por isso aceitou de bom grado a oportunidade, até agora. Sentia-se bastante inútil atrás daquela mesa de carvalho quando não estava acompanhando clientes nas visitas a imóveis. Apesar do estresse, Haymitch mostrava-se extremamente grato a Dátolo, afinal, o amigo oferecera ao seu desemprego e sentimento de impotência a solução necessária e ele não tinha culpa do azedume do outro.               

Ao terminar de ler a penúltima página do contrato, ouviu batidas na porta da sua sala. No meio de um bocejo, disse para quem quer que fosse, entrar.               

— Sr. Albernath, chegaram correspondências hoje. – avisou Portia, a secretária, estendendo um bolinho de papéis para o campo de visão do homem.               

Este levantou os olhos à mulher e assentiu.               

— Deixe na mesa, Portia. Obrigado.   

   Obedecendo, deixou os papéis e se retirou em silêncio. Haymitch já cheio daquela leitura cansativa colocou os documentos de lado e resolveu olhar as correspondências. Preferia que estas fossem enviadas para o local de trabalho dele, aproveitava o pique de leitura de papéis e lia tudo o que o correio mandava de uma vez.               

Havia quatro cartas. Uma de cartão de crédito, duas da conta de energia e outra selada de alguém que ele não conhecia. Abriu as três primeiras primeiro, onde se detinham valores e vencimentos, e por último a do desconhecido.  

REMETENTE: PRIMROSE A. EVERET 

Nunca conhecera alguém chamado Primrose A. Everet. Intrigado, pegou o envelope e analisou o nome, foi aí que um cheiro malditamente familiar desprendeu-se do papel e se fez conhecido a Haymitch.               

“ – Queridinha, jamais use meu Chanel por conta própria. – avisa Effie à Katniss enquanto borrifava um pouco de perfume em si mesma. Haymitch estava deitado na cama com a filha, esperando a mulher terminar de aprontar-se. Amava aquele cheiro adocicado que Effie exalava sempre que usava seu Chanel – Ele foi muito caro. Se duvidarmos, mais caro que você – conclui com uma piscadinha direcionada à menina.               

— Não fale isso para ela. - repreende o homem -  Katniss, você vale mais que o mundo inteiro – fala com admiração para a criança e esta sorri largamente em resposta.               

— Ora, Haymitch, você sabe que não falei sério – retruca um pouco irritada com o marido.               

Não, ele não sabia.”               

Despertando da lembrança, balança a cabeça e abre o envelope com cautela, como se representasse ameaça eminente, como uma bomba prestes a explodir todo o perímetro. Dentro dele havia um papel que, ao desdobra-lo, o homem encontrou dizeres breves e que jamais gostaria de ter lido. Uma bomba teria sido menos devastador: 

         "Mal posso esperar para revê-lo, meu bem.                                                

                                        Effie T."

             


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Notas finais do capítulo

Putz! hehe
Nos vemos nos comentários xoxo