Intrinsically escrita por Jay L


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Hey, povo! Antes tarde do que nunca kk. Fim de semestre foi uma loucura, mas estamos aqui com mais um capítulo pronto ♥
Bora lá então! Espero que gostem :D
xoxo



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De: Drew

Vem me ajudar. Tô enrolado.

            Peeta bloqueou a tela do celular e, com sorte, a raiva que sentiu do irmão. Enfiou o aparelho no bolso enquanto a garota o beijava no pescoço e adentrava sua camisa com mãos ágeis, tentando alcançar a boca dele com os lábios tingidos de vermelho. Não recordava o nome dela, era algo como Ana ou Amy. Não sabia nem ligava, o clima acabara totalmente depois da mensagem de Drew.

            Frustrado, Peeta grunhiu, o que a garota levou como incentivo, visto que esfregou o corpo contra o do loiro, a saia subiu e ela pressionou a pélvis nele. Peeta apertou a bunda de Ana ou Amy quando o jeans da calça pareceu apertado demais, o roçar do tecido grosso o enlouquecendo. O maldito celular vibrou no bolso.

            Peeta correu as mãos pelas pernas da garota, disposto a ignorar a nova mensagem que sabia ser do irmão caçula. Não durou nem um minuto, ele se desvencilhou da menina e apanhou o aparelho. A garota insistiu nos beijos provocantes e Peeta lutou para se concentrar na mensagem.

            Kesington Avenue, 324.

            Xingando, o rapaz pulou da cama, arrancando um muxoxo insatisfeito de Ana ou Amy. Varreu o quartinho com os olhos a procura dos sapatos. O cômodo exalava aconchego, o cenário ideal para completarem o serviço começado.

            Ana ou Amy sentou –se na cama e alisou a saia azul, a peça torta e amarrotada, a blusa para fora do cós.

— Aonde você vai? – perguntou - Nós não fizemos nada ainda.

            Peeta não deu atenção e rodou pelo quarto em busca dos tênis, a cabeça zunindo numa mistura louca de raiva e preocupação. No que se metera Andrew? Ele se abaixou e inspecionou debaixo da cama, onde o All Star emborcado e preto jazia.

— Peter! Estou falando com você.

Ótimo, pensou, estavam quites. A garota sabia o nome de Peeta tanto quanto ele sabia o dela. Impaciente, virou-se para ela, a visão de um enorme e colorido apanhador de sonhos desenhado na parede, acima da cama, o distraindo brevemente.

— Desculpe, vamos ter que terminar isto outra hora – disse-lhe e enfiou os pés nos sapatos.

Calçou-os o mais rápido que conseguiu e correu para fora do apartamento sem dar explicações. Se na sua vida aconteciam merdas, boa parcela da bagunça atribuía-se ao irmão. Não se importaria se ele próprio fosse o responsável. Carregava consigo um lema há anos: arrume a bagunça antes de sair, seja onde for. Odiava o fato de Drew não arrumar a dele e deixar rastros de porcaria, metendo-se em lugares errados. Um ano mais novo que Peeta, Andrew Mellark vivia arranjando confusão quando e onde queria, sempre arrastando o mais velho para tirá-lo dos problemas que causava. E, naquele momento, Peeta sabia, coisa boa não acontecera.

Peeta procurou por foco ao descer todos os lances de escada do prédio, pois o elevador não funcionava. Na calçada, avistou a CB300 ao lado de um Audi cinza. Apalpou o bolso de trás da desbotada calça jeans, sacou a chave e, com o endereço mentalizado, pilotou com rapidez pelas ruas da agitada Filadélfia.

Durante o curto percurso, refletiu a respeito da índole do irmão. Afirmava sem dúvida alguma que, embora os pais deles tivessem ficado pouco tempo com os filhos, fora suficiente para passar aos meninos uma educação básica. Mas Andrew agia às avessas, apresentava comportamentos dissidentes e impróprios. Mostrava-se apático quanto a isso, custando paciência e dor de cabeça a Peeta e à mulher que esperava os dois em casa todos os dias, dona Marcy. Às vezes, Peeta achava que Deus o fizera pai antes do tempo.

Ele acelerou ao chegar numa ladeira e seguiu reto. 324, 324, 324. Mentalizou o número do endereço e diminuiu a velocidade, o padrão das construções da Kensington Ave dissonantes e suspeitos. Quando chegou à cidade, um mês antes, entregara pizza naquelas bandas da Filadélfia, o lado mal e bandido da metrópole. Kensington Ave apresentou suas inúmeras pichações, prostituição e consumo de drogas. Odiava andar por lá, ainda mais com a CB300, que despertava cobiça nos gatunos de plantão.

O padrão dos números o levou a um conjunto habitacional pouco amistoso. Hesitante, Peeta estacionou em frente de uma casa amarelo-pálido de pintura descascada e manchada de lodo, as janelas fechadas convidando a quem chegasse que desse meia volta e fosse embora, o número 324 pichado ao lado da porta. O mato alto e seco roçou nas pernas de Peeta a medida que ele avançava até a entrada. Sem o mínimo de reverência, entrou, vendo, no centro da saleta, uma mesa com fichas e cartas desordenadas por sobre. Nunca havia jogado pôquer, mas reconhecia uma partida quando via.

Peeta franziu o nariz em desgosto. O cenário denotava problema: cheiro forte de cigarro de maconha; bebida barata; cadeiras reviradas; garrafas de vodka quebradas no chão. E uma arma sobre a mesa. A presença do objeto lhe deu calafrios e ele esfregou a nuca.

Então, ouviu um ruído abafado, o som que se exprime ao ser socado no estômago. Ele mesmo tivera a experiência.

Seguindo na direção do som, Peeta vislumbrou a cozinha e mais dois cômodos fechados e parou diante da última porta. A pulsação do sangue latejou em seus ouvidos, deixando-o momentaneamente surdo e meio apavorado. Pôs as mãos na maçaneta redonda e abriu a porta. Imobilizado por um cara moreno muito grande, Andrew recebia socos na barriga e estômago de um homem bem encorpado e de orelhas pontudas. A bochecha inchada trazia um corte aberto e pulsante, o lábio cortado sangrava, empapando o queixo de sangue. O loiro arregalou os olhos.

— Pare! – gritou e partiu para cima do algoz do irmão.

Inútil, muito inútil, pensou. Era engraçado que, quando a lógica parece não oferecer solução nenhuma, o corpo tende a responder ao primeiro impulso, por mais irracional que seja. O homenzarrão moreno quebrar-lhe-ia a cara na velocidade de uma respiração e Peeta tinha consciência disso.

Os dois homens o encararam e, o que batia em Andrew, girou o corpo e socou o queixo do loiro. O tilintar dos dentes trincados instantaneamente reverberou no cérebro, provocando uma dor lancinante e agonizante. O impacto jogou o pescoço de Peeta para trás, ele cambaleou e fechou os olhos, tonto e desnorteado, certo de que quebrara um dente.

O homem de orelhas pontudas puxou Peeta pela camisa e cravou os olhos escuros nos dele.

— Quem é você, garoto?

Peeta demorou para registrar a pergunta, sentindo a mandíbula inchar e o sangue bombear dolorosamente.

— Sou irmão dele – as palavras saíram com dificuldade, mas ele lutou para não esfregar a pele vívida em chamas.

O homem sorriu com o nariz e o soltou.

— Você acha mesmo que eu vou a algum lugar? Pode me soltar – impaciente, Andrew disse ao moreno grandão.

Peeta o olhou com reprovação e teve vontade de ele mesmo bater em Drew, o burro que parecia querer se encrencar mais. Fosse como fosse, o grandalhão o soltou de uma vez, recuou para a parede e relaxou os braços e, sem forças, o garoto caiu no chão, acabado e cuspindo sangue.

O outro homem se abaixou e levantou a cabeça de Andrew pelo cabelo. Um fio de sangue e saliva escorreu da boca do caçula.

— Você me deve uma grana preta, moleque. Achou que correr pro irmãozinho ia livrar sua cara? – ele aumentou o puxão e Drew gemeu – Ou você me paga o que deve, ou eu te mato, malandrinho de merda.

Embora não estivesse surpreso, Peeta fez expressão de profundo desagrado. Ele esperava o dia em que o irmão fosse apostar dinheiro em jogo, mas admitia que não achava que seria em tamanha gravidade. Não conseguia pensar com clareza, um zunido chato enevoando a cabeça. Aquilo não podia estar acontecendo.

— Qual o prazo? – antes que se desse conta, perguntara.

O homem soltou Andrew e inclinou a cabeça em curiosidade.

— Quer ser o fiador desse moleque?

Peeta massageou a mandíbula e exercitou movimentá-la, abrindo e fechando a boca.

— Não mesmo. Só estou interessado em saber quanto tempo ele tem para pagá-lo.

Recusou-se a fazer a pergunta que realmente queria fazer. De quanto dinheiro estamos falando, camarada? Tinha medo de saber.

O homem ergueu-se sobre seus pés e se aprumou.

— Ele tem seis meses. Estou sendo muito generoso - olhou para Andrew - Se não conseguir meu dinheiro até lá, você vai pagar mais caro do que jamais conseguiria pelo resto da sua vidinha miserável – virou-se para Peeta – Pode levá-lo.

Sem perder tempo, Peeta ajudou Drew a se levantar, o peso do irmão triplicado pela incapacidade dele. Os dois homens permaneceram no quarto e, conseguindo o apoio necessário, Peeta saiu da casa com Andrew. O loiro fitou a motocicleta, o veículo nada adequado para levar o caçula.

Telefonando para uma empresa de táxis, recostou Andrew na CB300 e chutou algumas pedrinhas da calçada, verificando a arcada dentária na tela apagada do celular. Todos os dentes encontravam-se em perfeito estado. Crianças brincavam de pular corda duas casas depois, um cachorro sarnento e raivoso latia para o nada e dois jovens fumando passaram do outro lado da rua. Enquanto o táxi não chegava, Peeta ficou calado, qualquer troca de palavras com Andrew facilmente o faria gritar. O mais novo tocou o rosto machucado e gemeu, depois, afagou o estômago lesionado e fechou os olhos.

Peeta pensou no que diriam à Marcy. Como explicar de forma razoável algo desprovido de razoabilidade? Flexionou os dedos, esticou, flexionou, esticou. Apertou as palmas das mãos nos olhos, sentindo pontadas nas têmporas, e o táxi estacionou no meio-fio.  

— Ai! Cuidado – reclamou Andrew, quando Peeta tentou colocá-lo o mais confortável possível no banco de trás do táxi.

Peeta perdeu a paciência e empurrou a cabeça do irmão. Andrew se encolheu no canto e franziu o cenho. Raivoso, o loiro apontou o dedo na cara dele.

— Cale a boca, seu imbecil. Cale a boca. Você não está nas mínimas condições de reclamar de nada. Seja menos inútil e fique quieto.

Andrew pareceu envergonhado, o que trouxe ligeira satisfação a Peeta. O garoto bateu a porta do carro e passou as mãos no cabelo. Uma garotinha negra passou correndo por ele, assustando-o.

— Dia de merda – resmungou e arrancou com a moto.

**

Peeta entrou no quarto e se jogou na cama, cada pedaço do corpo reclamando de exaustão. Com o rosto enfiado no travesseiro, gemeu de prazer, as pernas e braços relaxando como se endorfina corresse nas veias. Virou o rosto de lado e fechou os olhos, ansiando dormir.

Por uma fração de segundo, pensou na tímida bibliotecária.

Abriu os olhos de novo. Não via motivos para se lembrar dela, todavia. Talvez fosse a maneira como parecia curiosa de um jeito engraçado, dando-lhe um aspecto pueril e inocente. Peeta sorriu. Não o tipo de sorriso sacana de quando pensava numa mulher, e sim do tipo que se mostra ao recordar de coisas que fazem suspirar. Mas Peeta não suspirou, nem antes, só sorriu, bastando para voltar à ideia original de dormir.

Prestes a alcançar seu intento, alguém bateu na porta. Peeta grunhiu irritado e se virou, disposto a ignorar o som. Sem esperar concessão, o indesejado abriu uma fresta, o suficiente para pôr a cabeça.

— Querido? – Marcy perguntou - Trouxe comida.

Peeta se sentou no colchão e sorriu. A mulher, entendendo a permissão, entrou no quarto, trazendo um prato com comida. O cheiro de carne guisada preencheu o quarto azul do garoto e ele inspirou profundamente.

Marcy Perry criava e cuidava dos sobrinhos havia onze anos. No auge dos 25 anos, Marcy estava em uma fase ótima da vida, sendo a gerente de uma firma de contabilidade, trabalho ladrão de boa parte do seu tempo. Tinha também um namorado, seu depósito de paixão imensurável. Ganhando um salário invejável e despojando de independência financeira, recebeu a notícia de que sua tão querida irmã, Lucile Mellark, e o cunhado, Henry Mellark, morreram durante um assalto em que tentaram levar o carro. Não bastando tamanha desgraça, os filhos do casal não tinham aonde ir. Como parente mais próxima dos meninos, a jovem mulher não hesitou em requerer a guarda dos sobrinhos, oferecendo-lhes o melhor de si na tentativa de preencher o profundo vão existente nas vidas deles.

No início não fora fácil. Marcy teve que deixar o emprego dos sonhos para ter tempo de cuidar das crianças. Passou a trabalhar noutro escritório como contadora, pois seu antigo patrão não viu mais nela serventia depois da rejeição ao cargo de gerente. O namorado a deixou, alegando que não recebia atenção necessária por parte da moça, o que doeu no coração da guerreira mulher, até decidir que, se ele não aceitava as novas responsabilidades que a vida trouxe a ela, que fosse embora e fechasse a porta ao sair. Não precisava nem queria de amores egocêntricos, o amor maior do mundo, o amor de mãe, habitava seu peito e aumentava diariamente.

E, apesar das dificuldades, ela era grata e feliz. Ninguém tiraria os filhos dela e eles sabiam disso. Tal como Marcy, o amor dos irmãos Mellark para com a tia era incalculável. Sabiam que ela abdicara de muitas coisas, escolhendo ser mãe e, mesmo com as intempéries que essa coisa de existir trás, Marcy conseguiu êxito.

Marcy colocou o prato no criado mudo ao lado da cama e se sentou na beirada do colchão. A dor na mandíbula de Peeta trouxe a desagradável lembrança de mais cedo. Marcy o encarou preocupada e, com as pontas dos dedos, tocou o rosto do sobrinho.

— O que aconteceu entre você e Drew? Ele contou poucas coisas.

Peeta pensou no que responder. Sempre quis poupá-la das vaciladas de Andrew, embora não conseguisse sempre. Ela os conhecia muitíssimo bem.

— Ele... ele fez as besteiras de sempre e agora vai ter que resolver – Peeta disse meia verdade.

Marcy entortou a cabeça, inspecionando-o com olhos sagazes e amendoados.

— Você sabe que pode me falar. Não há necessidade de segredos entre nós.

Um audível suspiro escorregou dos lábios de Peeta e ele contou tudo o que sabia, o que não era muito. Disse sobre a mensagem que recebeu de Andrew, omitindo a parte de estar no maior amasso com uma garota; a casa esquisita no bairro esquisito; a sala bagunçada; os homens que bateram no irmão e nele; a menção à dívida da suposta aposta.

Marcy foi murchando a cada novo fato, ficou tão pequena que Peeta quis abraça-la. Então, quando terminou, ela esticou o tronco e assumiu ar de determinação, o semblante fechado.

— Ele vai pagar essa dívida – ela espalmou a mão no colchão - Colocou a si e a nós nessa situação e vai ter que nos tirar. Tudo vai ficar bem – tomou uma respiração trêmula - Amanhã vou levá-lo ao centro e ele vai conseguir um emprego.

Peeta uniu as sobrancelhas e ia falar, mas a tia o interrompeu.

— Eu sei. Havia dito que Andrew poderia trabalhar ao fazer dezoito anos. Achei que, dando-lhe tempo, ele estudaria, pensaria em que faculdade gostaria de entrar... Mas faz pouca utilidade decente da liberdade que tem. Se quer vadiar, vai trabalhar.

A mulher agarrou a colcha sob os dedos e fechou os olhos. Peeta engoliu em seco, a dor de Marcy refletindo nele próprio.

— Caramba! – ela exclamou, se levantou e assentou os fios claros que escaparam do rabo de cavalo – Não os ensinei a serem assim.

Peeta viu toda a raiva que sentia de Drew desde mais cedo voltar à tona com força tremenda. Ele pulou da cama, agarrou os braços de Marcy e a olhou nos olhos.

— Não é culpa sua. Você foi e é a melhor mãe do mundo para nós dois.

Desaparecendo no abraço do garoto, Marcy derramou poucas lágrimas de desânimo. Não era de seu feitio chorar, apreciava reservar energia à outras coisas não tão emotivas. Ainda assim, apertou as costas do sobrinho e aspirou o perfume da camisa dele. Marcy inspirou novamente e um estalo na cabeça a despertou. Devagar, ela se afastou e olhou para Peeta.

— Você estava com alguém. – incisiva, declarou.

Peeta experimentou sorrir, o esboço saindo amarelo e cheio de culpa. Tinha medo do sexto sentido das mulheres.

Marcy deu um tapinha em seu esterno e o soltou.

— Ora, Peeta. Conheço seu perfume, você não usa uma fragrância tão adocicada.

— Digamos que estava acompanhado antes de socorrer Andrew.

Um brilho malicioso brincou nos olhos de Marcy, ela, entretanto, dissimulou e indicou o prato com comida no criado mudo.

— Trate de comer e lave o prato ao terminar.

Marcy foi para a porta e Peeta pegou o prato, a porcelana agora morna.

— Proteja-se adequadamente quando estiver com alguma moça. Não quero netos sendo tão nova, certo? – advertiu- o e saiu.

Peeta revirou os olhos e enfiou a colher na boca. A tia não era boba de achar que ele não se envolvia com uma ou outra garota por aí, sempre aconselhando-o a ser respeitoso e cuidadoso.

— Se a moça disser não, Peeta, você não faz. Guarde toda a frustração sexual da negativa e a desconte em algo produtivo. Jamais force ninguém a nada. – Marcy disse ao Peeta de treze anos.

Curiosamente, ele não se envergonhou de se abrir e conversar com a tia sobre sexo. O jeito descontraído e receptivo dela contribuiu na construção saudável da relação de confiança e comunicação entre eles. Marcy não chamou um cara qualquer para educa-los a serem homens. Ela simplesmente fez, ensinou, amou e auxiliou.

— Desde quando preciso de um pênis para saber como funciona um? Da parte que me cabe, conheço meus garotos e tenho muito bom senso, mas obrigada pelo conselho. – Respondeu a uma mulher intrometida que, certa vez, sugeriu à Marcy que arranjasse um marido, “peça essencial” na criação de dois rapazinhos.

Na cama, Peeta escutou batidas tímidas na porta e a comida desceu amarga na garganta. Andrew, porém, entrou cautelosamente e ficou parado. Peeta deu outra colherada, esperando o irmão.

— Eu não te agradeci antes... – sem graça e forçadamente, o caçula começou - E, bem, obrigado. De verdade. Fui irresponsável ao me colocar nessa situação... ao nos colocar. – Corrigiu – Vou resolver, juro.

Andrew soltou as desculpas como se testasse palavra por palavra, na busca vã pela complacência de Peeta, desde a postura cabisbaixa e cautelosa às palavras treinadas, os machucados no rosto impediam a percepção da expressão. O loiro soltou a colher e o metal tilintou na porcelana do prato.

— Sim. Você vai. E vai resolver, também, parar de ser tão idiota e irresponsável. Droga, Andrew! Quem você pensa que é? A porcaria do Roy Sullivan? Chegará um momento em que não estarei aqui para encobrir as merdas que você faz, e sua sorte vai acabar. – Peeta disse com voz dura.

— Eu sei.

— Ele sabe. – debochou o mais velho, olhando o prato e remexendo a comida com a colher – Fora do meu quarto.

Drew apertou os lábios e assentiu.

— Andrew – Peeta chamou e ele se virou – Arrume a bagunça antes de sair.

O mais novo piscou duas vezes e, calado, se retirou, deixando Peeta à mercê da própria companhia.


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Notas finais do capítulo

Até logo :)



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