—O que você escutou? – Eu pergunto calma , não adianta entrar em pânico nessas horas.

—Tudo! Como você pode se juntar à esse verme? – Cas fazia cara de nojo.

—Eu não tive escolha.

—Sempre se tem escolha – Ele se vira bruscamente e eu o puxo pelo braço.

—Por favor , não conte para os irmãos. – Eu implorava , quase sussurrando.

—Porque???? Eles precisam saber , o Crowley é imprevisível ! Você não o conhece... – Ele falava bem alto , quase como se fosse um grito.

—Dê só mais uma chance , se der errado eu mesma conto , se não confia nele então confie em mim – Ele me encara e puxa o braço se soltando da minha mão e sai do local e eu torço para aquilo ter sido um “sim”.

Quando volto para cima , os três estavam sentados na mesa da sala e eu implorava mentalmente para que Cas não tenha falado nada. Eles me encaram e eu começo a suar de nervosismo, então Cas se levanta rapidamente e fala:

—Vamos comprar algo para comer , estou com fome – Ele estava com uma cara estranha , uma mistura de sorriso e ódio .

Eu assenti com a cabeça e saímos de lá.

Vamos andando até o lugar mais próximo que poderia vender algo , mas o silêncio do caminho me matava por dentro.

—O que foi? – Eu pergunto quebrando o gelo e ele para repentinamente , tanto que me faz bater de cara em seu ombro.

Eu pisco rapidamente várias vezes tentando entender em o que eu tinha batido e me recuperar dela.

—Eu não sei o que está acontecendo, esse é o problema , eu fico perto de você e sinto um aperto na garganta , minha cabeça fica quente , sinto vontade de chorar e gritar , fico até com vontade de bater em você , e pior , olha isso! – Ele coloca as mãos na minha frente e vejo elas tremendo – Eu vou morrer? – Ele falava em completo desespero.

—Não Cas , você não vai morrer , só está com raiva. – Eu pouco minha mão no ombro , o encaro e tento passar calma.

—Eu não aguento mais essas coisas , eu achava que a vida de anjo difícil mas a dos seres humanos , nossa!

—Olha , me desculpe mesmo por te fazer passar por isso mas eu realmente acredito que pode dar certo – Eu me sentia aquelas personagens otimistas da Disney mas ignorei esse pensamento e continuei falando – Você precisa acreditar em mim – Eu o encaro quase que implorando.

—Tudo bem , mas mantenha aquilo que falou , se der errado você conta para eles.

—Pode deixar! – Eu dou palmas e pulinhos , além de ficar o abraçando e agradecendo sem parar.

Voltamos com as sacolas de comida para “casa” , Cas estava puto então só entra e deixa as coisas na cozinha e eu vou atrás dele.

—Vou chamar eles para comer – Eu falo e saio gritando – Seus putos , comida na mesa! –Eu falo as palavras mágicas mas não obtenho nenhuma resposta de volta.

Eu saio andando pelo Bunker procurando e gritando o nome deles , mas nada ,então eu penso o pior e saio correndo desesperada até a cozinha.

—Cas , eles não estão por aqui – Continuo correndo , mas desta vez à procura do meu celular e Cas fica correndo atrás só ajudando sabe...

—PARA ONDE ELES FORAM??Será que foram procurar ela sozinhos?? – Não conseguia saber quem estava mais desesperado.

—ACHEI! – Eu grito pegando meu celular e abrindo o GPS – AI QUE DROGA.

—O que foi agora? – Cas pergunta desesperado.

Eu ando até uma das cadeiras na sala e acho os casacos e adivinha? Com os celulares deles dentro dos bolsos.

—Ótimo , agora sim podemos entrar em pânico.

—Porque? – Escuto a voz de Sam atrás de mim o que me faz dar um pulo e um gritinho fino.

Dean estava do seu lado com um saco cheio de cervejas e me encarava confuso.

—Ah...Er...Nada! – Eu tento colocar os telefones na mesa disfarçadamente mas como sempre não consigo.

— O que vocês estão aprontando? – Dean vem em minha direção e pega o meu celular da minha mão. – VOCÊS ESTÃO NOS VIGIANDO??

—Eu chamaria de precaução – Eu digo levantando meu dedo indicador a sua frente.

—Alex , você prometeu não se envolver – Diz Sam com a voz baixa.

—Mas eu não me envolvi , só me precavi – Eles me olhavam furiosos – Vocês fizeram isso comigo ! – Eu bato o pé e cruzo os braços.

—Claro ! Sabíamos que algo podia dar errado ! – Diz Dean

—E qual a diferença para o que eu fiz? – Nessa hora eu sentia faíscas saindo dos meus olhos enquanto encara Dean , e o ar ficando pesado.

—A diferença é que NÓS sabemos o que fazer , o que VOCÊS fariam caso algo acontecesse ?? Com Cas sem poderes e você não sabendo dirigir ou lutar. – Ele falava e cutucava forte o meu ombro a cada palavra que ele intonava.

Eu não tinha argumentos , minha boca abria e fechava , entrando e saindo ar mas nenhuma palavra saia , e era melhor assim .

—Seria suicídio você não vê?! – Dean já estava gritando, fazia tanto esforço que eu conseguia ver sua veia do pescoço saltitando.

Para não criar mais confusão eu só abaixo a cabeça , me desvio de Dean e vou andando para o meu quarto , mas sinto alguém puxando meu braço.

—A vida não se resume a ficar magoada e ir para um quarto. – Ele segurava forte meu braço , chegava a machucar mas eu ignorei a dor.

—Eu sei Dean , mas ninguém me preparou para isso , vocês sempre viveram isso , eu não – Eu o encaro séria e puxo meu braço com força , o fazendo me largar e eu vou me acalmar sozinha no meu quarto.

                               ...

Algum tempo depois eu vejo de canto de olho alguém entrando em meu quarto e eu tiro um dos meus fones.

—Eu bati algumas vezes na porta mas você não respondeu então eu só entrei.

—Tudo bem Cas – Eu digo fechando o caderno e pausando a música – Ainda está com raiva de mim?

—Estou , mas bem menos , se eu for ficar igual ao Dean eu não quero mais ficar com raiva – Eu dou um sorriso de canto de boca.

—Você está bem? – Ele pergunta e se senta do meu lado na cama – Estava... como se fala? Chorando?

—Não , eu não choro por qualquer coisa , só fiquei muito irritada. – Eu me ajeito na cama abrindo espaço para ele se sentar melhor.

Eu escuto passos e quando olho para a porta vejo Sam lá.

—Ahn , Cas , pode nos dar licença? – Sam diz com delicadeza.

—Claro – Cas sorri mas continua sentado na cama olhando para nós dois.

—Cas  - Eu digo tentando parecer o mais delicada o possível - Já pode sair do quarto.

—Ah – Ele se levanta e sai do quarto .

Sam entra e senta do meu lado na cama onde antes estava Castiel.

—Vocês dois brigando parecem duas crianças, precisam parar com isso. – Sam fecha os olhos e balança a cabeça negativamente.

—Eu , desta vez , não fiz nada de errado. – Eu digo protestando.

—Eu sei , mas dê um desconto para ele , está passando por um grande estresse.

—As vezes me esqueço disso. – A frase ecoava na minha cabeça.

“ Não vou decepcionar vocês”

E eu tinha acabado de fazer isso.

—Eu sei que com as brigas parece que ele é só um chato querendo implicar mas isso é só preocupação , perdemos também todos que amávamos e nos importava , acho que ele só não quer que aconteça de novo – Eu assenti com a cabeça e ele à afaga – Quem vai falar com quem ? – Ele dá um largo sorriso .

Sempre sobrava pra mim.

Eu saio do quarto , deixando Sam lá e saio procurando Dean que descubro que estava na garagem cuidando do carro.

—Droga ! – Ele murmurava enquanto acariciava um amassado no para – choque .

—Tem um jeito simples de consertar isso – Eu digo de repente e acabo o assustando.

—Como ? – Ele fala sério mas ainda estava de costas.

—Eu já volto. – Saio correndo do local.

Vou até a cozinha e esquento um balde de água , depois de esperar ela ferver eu volto para a garagem com o balde.

—Eu vi isso na internet , hora de testar – Despejo a água no amassado , e empurro ele com a mão e ele volta para o normal.

—Uau , funcionou! – Ele diz animado , alisando onde antes havia o amassado.

—Foi mal – Eu digo fitando o chão e arrastando a ponta de um dos pés de um lado para o outro fazendo um semi circulo.

—Tudo bem , eu meio que me irritei à toa – Ele coçava a parte de trás da cabeça e continuava de costas enquanto falava isso.

—Vamos só esquecer isso que tal ? – Eu digo sorrindo e levando uma das mãos à frente para um aperto de mãos.

Mas acontece algo e ele se levanta , se vira e vem em minha direção e me dá um abraço apertado , e eu fico imóvel na mesma posição , com a mão esticada.

Depois de um tempo ele me larga , se vira e volta para o carro. E eu saio em silêncio e volto para a sala principal tentando entender o que tinha acabado de acontecer..

—Conseguiu ? – Sam me perguntava com uma cara de filhotinho de cachorro.

—Acho que sim – Eu falo meio de cabeça baixa fitando o chão.

—Ah , vamos se anima , já sei , vou pegar algo que você gosta – Ele levanta e vai até a cozinha .

E ele volta com duas cervejas.

—Sei que ficar bêbada não pode , mas sei que adora uma cerveja – Ele dá um sorriso enquanto abria as garrafas.

—Leu meu pensamento –Eu pego uma das garrafas, brindamos e damos um longo gole na bebida.

—Aliás – Ele para de beber e comenta – A comida ainda está na mesa da cozinha mofando.

—Por isso que estou com fome – Eu começo a rir lembrando que ainda não comemos nada – Vamos chamar eles e ver se estão com fome também.

Sam levanta e vai até a cozinha e volta de lá com mais duas cervejas.

—Vamos! – Ele diz levantando as garrafas e sorrindo.

Chegamos na garagem e Dean estava todo sujo de graxa.

—Lindo cosplay de exército esse – Eu digo rindo.

—Vamos comer? – Sam dá a cerveja para Dean.

—Agora não , tenho muito trabalho ainda – Ele diz entre um gole e outro.

—Então vamos comer na rua – Eu digo batendo o pé , cruzando os braços e fazendo bico igual a uma criança.

—Eu concordo com ela – Sam me olha e me imita.

—Tudo bem crianças , mas vão ter que esperar eu acabar aqui.- Ele diz enquanto ria um pouco.

—Ok! – Eu digo e faço continência.

A próxima vítima era Cas que estava no meu quarto assistindo televisão.

—Cas ! Nós vamos comer na rua – Eu digo animada e me jogo na cama.

— E a comida que compramos? – Ele pergunta .

—Deixa ela de reserva.

—Beba isso – Sam lhe dá a cerveja.

—O que é isso? – Ele diz enquanto cheirava a garrafa.

—Não pergunta , só bebe. – Sam fala.

Ele dá um gole e faz cara de nojo.

—Isso é horrível ! – Ele diz colocando a língua para fora.

—Depois você se acostuma – Eu digo e ele continua bebendo e fazendo cara feia – O que está assistindo ?

—Na verdade eu estou a um tempo parado tentando entender como laranja pode ser o novo preto.

Eu e Sam começamos a gargalhar e ele fica nos encarando sem entender nada.

Depois de Cas terminar uma garrafa ele pede outra e Sam levanta e vai buscar. Só que depois de duas garrafas Cas já estava bêbado e para melhorar logo em seguida que ele termina sua segunda garrafa Dean sobe e diz.

—Vamos ! Estou faminto. – Ele olha para as garrafas vazias e olha para Cas.

—Hahahaha eu também... – Diz Cas

—Cas está bêbado? – Dean pergunta levantando uma das sobrancelhas

—Um pouco – Eu digo dando uma risadinha pegando meu caderno e colocando em uma bolsa e logo em seguida eu levanto Cas do chão e o apoiando em meu ombro o levando para o carro.

— Se ele vomitar, vocês que vão limpar! Eu acabei de limpar! – Dean resmungava e eu só o ignorava.

Estávamos pela estrada e Cas começa a falar.

—Gente , estou com aquela sensação de novo. – Ele dizia isso com uma cara de sofrimento.

—NÃO VOMITA – Dean começa a entrar em desespero .

—Não idiota – Eu falo – Ele quer mijar.

Logo em seguida passamos por um posto e paramos nele.

—Babá do Cas que vai com ele – Dean fala apontando para mim.

—Ou põe uma fralda nele – Fala Sam rindo.

Eu bufo e o arrasto para o banheiro .

Quando volto com Cas do banheiro só vejo o carro vazio e nenhum sinal dos meninos.

—Ué , cadê eles? – Eu digo olhando para todos os lados.