Assim que eu abro os olhos, vejo que acordei em um local escuro, logo começo a tentar me mexer e percebo que meu corpo todo doía, eu murmuro de dor e apalpo em onde estava deitada e descubro que pelo menos estava em uma cama , tento olhar para os lados mas por causa do escuro eu não conseguia enxergar nada , então resolvo tentar me levantar da cama , uma tentativa inútil , meu corpo estava muito pesado , era como se tivessem colocado concreto em minhas costas. Eu não tinha forças o suficiente para levantá-lo .

De repente escuto passos vindo em direção ao quarto , passos lentos mas pesados, eu fico nervosa e começo a olhar para os lados, procurando qualquer coisa que poderia pegar para me defender , e a cada movimento eu sinto uma pontada de dor em alguma parte do meu corpo , se fosse algo que fosse me machucar nem precisaria fazer tanto esforço , pelo o que parecia eu estava bem debilitada já. Mas então é ai que percebo que conhecia aquele lugar , eu estava no meu quarto , no Bunker . A porta se abre e vejo Sam abrindo a porta com uma bandeja. Ele acende a luz e isso machucou a minha visão.

—Aí – Eu reclamo colocando meu braço na frente dos meus olhos.

Ele arregala os olhos e vem em minha direção muito rápido , ele parecia desesperado. Ele larga a bandeja em uma escrivaninha que tem do lado da cama , se ajoelha perto da cama e começa a me metralhar com palavras.

—Você está bem? Caramba ! Nem acredito que acordou ! Vou contar para os outros! – Eu tento abrir a boca para falar algo mas ele já tinha levantado dali e saído do quarto as pressas.

Eu fico paralisada , me encosto e começo a penso comigo mesma: Então tinha dado certo? Eles estavam vivos e eu estava em casa.

Jogo minha cabeça para trás e uma lágrima escorre no meu olho direito , eu estava feliz.

Eu me viro com dificuldade para ver o que tinha na bandeja . Em resumo de todas as coisas que tinha ali, havia uma compressa de gelo , algumas ataduras e vários equipamentos de primeiros socorros, além de alguns remédios tanto em comprimidos quanto em injeção , mas eu não conseguia entender para que aquilo tudo , mas agora que a luz estava acesa e eu conseguia ver direito ,me dou conta do meu estado ,olho para mim mesma e percebo que eu estava cheia de machucados , parecia que eu tinha levado uma surra! E não qualquer uma , aquelas do ensino médio que se vê em filmes e que logo depois da briga você é posto de cabeça para baixo em uma lixeira.

Depois de passar um tempo me examinando , escuto vários passos vindo na direção do meu quarto e eles vão ficando mais altos com o tempo , parecia uma manada de elefantes vindo em minha direção correndo. Eu arregalo os olhos e me agarro no colchão com medo do que era...

Mas poucos centímetros antes de chegar na porta , o barulho para de repente. Eu fico encarando a porta esperando para ver o que era ,mas depois de alguns segundos eu logo escuto uns sussurros familiares vindo de lá , algo do tipo “ quem vai primeiro ?” E depois de mais outros longos minutos eu canso do suspense .

—Se não for nada que vá me matar , já pode sair dai ! – Eu grito e cruzo os braços na altura do peito.

Vejo a cabeça de Cas sair de lado , ele me encarava , logo depois vem a cabeça de Dean acima da de Cas e logo em seguida a de Sam , fazendo uma escadinha de cabeças em minha porta.

Eu começo a gargalhar da cena e eles começam a entrar devagar em meu quarto ,um por um eles fazem uma linha no lado da minha cama, mas eles não estavam com uma cara muito feliz , ao contrário de mim que não tirava um sorriso bobo do meu rosto.

—Que caras horríveis a de vocês !– Eu zombo e levanto uma sobrancelha.

Eles se entreolham e Sam dá um sorriso forçado e um passo à frente dos outros.

—Desculpe – Ele coça a parte de trás da cabeça – É que é uma surpresa para todos você ainda estar viva.

Eles continuavam em pé me encarando , me sentia um fantasma que voltou dos mortos.

Mas depois de alguns minutos de silêncio , Dean estala a língua.

—Não se sinta especial por ter feito isso –Ele cruza os braços e eu o encaro e obvio que ele me encara de volta , e sério .

Sério que ele ia já me tratar assim ? Eu bufo e imito o gesto dele de cruzar os braços , mas depois de alguns segundos de “jogo do sério “ , ele começa a rir.

—Estou brincando – Ele vem em minha direção e bagunça meu cabelo e eu bufo , mas logo abro um sorriso. – Estamos agradecidos pelo o que fez , te ensinamos bem em garota! – Ele fala se gabando e eu reviro os olhos.

Em seguida eu escuto Cas no fundo fungando e escondendo as lágrimas.

—Pode chorar Cas , vem cá – Eu abro os braços e ele vem na minha direção para me dar um abraço , afundando sua cabeça em meu obro.

—Achei que nunca a acordar – Ele levanta a cabeça e limpa uma lágrima de seu rosto.

—Eu estou ótima – Eu digo sorrindo e limpando uma lágrima teimosa de meu rosto.

—Vamos cuidar desses machucados agora? – Diz Sam já com a bandeja em mãos e vindo até a cama.

—Falando nisso , o que são esses machucados? – Eu digo olhando para meu braço e vendo os vários roxos , que pareciam chupões que percorriam pelo meu corpo inteiro.

—Isso – Diz Sam se agachando do lado da minha cama e pegando um tipo de pomada – É o que acontece quando usam sua única forma de energia cósmica ,ou melhor dizendo , a sua alma, seu corpo não suporta o grande esforço que isso exige então ele vai se desfazendo , mas pelo o que percebemos é só superficial , deve curar logo , seria preocupante caso atingisse seus órgãos internos , mas amanhã vamos te levar para o hospital para ver tudo isso. - Eu assenti com a cabeça e faço uma cara de dor a cada vez que Sam encostava em um machucado .

Assim que ele termina eu bocejo , estava cansada.

—Vai descansar – Dean fala – Feche esse caderno , amanhã tem um dia longo.

Explico que estava terminando só de escrever umas coisas . Cada um me dá um beijo na testa e saem do quarto logo em seguida eu já fecho o caderno e vou dormir um pouco.

3 Pessoa

—... “ fecho o caderno e vou dormir um pouco “ – Essa foi a última coisa que ela escreveu em seu caderno – Dean falava entre os soluços do choro.

Estava chovendo ,como nos filmes de drama, os meninos se encontravam em um terreno abandonado em alguma parte dos E.U.A , os três choravam pela perda , com um buraco no chão e o corpo de sua amiga dentro daquele caixão de madeira sem graça ,era o único que eles conseguiram conseguir as pressas. Os únicos a comparecer no funeral eram eles , os únicos que levariam suas memórias , já que ela tinha levado a memória de tantos , era sua vez de ser lembrada por alguém.

—Ela estava tão bem – Falava Cas enquanto deixava as lágrimas dominarem seu rosto, ele não tentava mais reprimir elas.

—Isso é o que o corpo humano faz ,- Sam vai até Cas e coloca uma de suas mãos em seu ombro direito, ele tinha um semblante sério - Sempre que alguém está muito doente, e está prestes a desfalecer , ele tem... – Sam tentava se segurar ao máximo mas tinha chegado ao seu limite, com a fala , se seguiu com o começo do choro, e apoiou sua cara no ombro de Cas para ali mesmo chorar.

Ele soluçava , enquanto Cas só consegui olhar para aquele buraco mórbido.

Depois de vários minutos de choro ele respira e consegue continuar a explicação –Como eu estava falando , quando ele está prestes a desfalecer ,ele tem uma melhora repentina, e pelo o que estávamos com medo é que realmente os órgãos internos dela foram atingidos e se desfazendo , era só questão de tempo – Sam olha para o chão tentando não chorar mais.

Dean sentou do lado da cova , eles sabiam que logo eles teriam que acabar com isso mas adiaram o máximo o possível . Dean segurava o caderno dela em mãos pensando o quanto aquele caderno tinha vários pensamentos que eles nem imaginavam que ela tinha.

—Talvez se eu tivesse lido ele antes , teria sido melhor com ela – Dean coloca o caderno em seu colo para logo depois colocar seu rosto entre as pernas , comprimindo o choro.

O irmão sai do lado de Cas e vai até ele para tentar o acalmar.

—Porque Sammy? – Dean falava ainda com a cabeça entre as pernas - Porque que todos que nos é importante se vão? Eu estou cansado disso , ela não merecia isso. – As lágrimas continuavam a cair de seu rosto.

— Eu não sei te responder irmão , mas podemos lembrar dos momentos felizes que tivemos e guardar esse caderno para que ela nunca morra de verdade. – Dean mostra seu rosto e encara o irmão ,assentindo com a cabeça e logo Sam o ajuda a se levantar.

Mas os três continuaram encarando por longos minutos o caixão , dizendo algumas coisas boas dela, dizendo situações que poderiam ser diferentes se eles tivessem pensado em saídas melhores .Mas logo decidem acabar com aquilo, já estava ficando torturante.

Dean vai até o carro e pega a gasolina ,o fósforo e o sal, eles queriam dar paz a ela finalmente , que até seu espírito não voltasse mais a terra , ela merecia paz depois de tudo que passou .Relutante eles jogam o sal , a gasolina , e em seguida o fósforo para queimar o caixão . Podia parecer mas aquilo não era o fim , as memórias dela nunca iriam morrer para eles.

Os meninos prometeram sempre honrar aquele caderno , aquele último pingo de aproximação que eles tinham com ela iria ser carregados para sempre com eles.

—Assim que eu recuperar a minha graça , eu irei visitar a alma dela – Diz Cas sério e os irmãos só conseguiram ficar no mesmo estado : Sérios.

— E se ela não for para o céu? – Dean se perguntava – Eu não sei como é a escolha de almas.

— Eu garanto que para o céu ela foi – A voz de Crowley ecoou atrás deles.

Dean o encara mas não vai para cima dele , agora eles sabiam o que ela tinha feito e a causa dele estar ali.

—Nenhum obrigado? Que ingratos! – Crowley zombava – Bom eu não posso dizer que sinto muito por que eu não sinto nada , mas vou deixar vocês em paz , só vim dizer que para o inferno ela não foi – Crowley desaparece logo em seguida.

Um peso enorme é tirado dos ombros deles, em algum lugar bom ela estava .

Mas a estrada até aqui não acabou , eles continuaram a se lembrar dela , de vez em quanto se pegavam pensando em suas memórias ou em alguma situação para ajuda-los , eles sempre paravam e se perguntavam “ o que a Alex faria?” Eles acabaram, levando a morte dela como um motivo para seguir melhor com suas vidas.