Até As Últimas Consequências - Rota Reversa escrita por Juliana Rizzutinho


Capítulo 2
O suplício de Edgar


Notas iniciais do capítulo

No novo capítulo, chegam os Senhores dos Elementais, Tytânia, Sereia e Lugh. Estes personagens apareceram pela primeira vez em O Rapto do Filho do Conde, a minha primeira fanfic para Hakushaku to Yousei. Eles também participam de Até As Últimas Consequências. Estes personagens são de minha autoria. Como eles já foram apresentados nas histórias anteriores, continuarem os eventos. Mas, caso queira conhecê-los mais, quanto à personalidade e constituição física, eles aparecem no 2º capítulo de O Rapto do Filho do Conde.
Vamos à história?



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Sugestão de trilha sonora: Clannad OST – Town, Flow of Time, People

A porta do quarto se abriu e, assim, Sereia, Tytânia e Lugh encontraram o corpo de Lydia na cama e Edgar estirado no chão contorcido pela angústia e num choro incontrolável.

Sereia, a Rainha dos Sereianos, foi a responsável pela entrega da Espada Merrow a Edgar, quando este reclamava o direito a ser Conde Cavaleiro Azul. Mesmo sabendo que ele não tinha nada dos Ashenbert, concedeu o título e o compromisso de que este honrasse e protegesse o povo sereiano. Ela sabia o quanto de altivez cabia na alma do rapaz. Mas, ali, jogado como que golpeado pela sorte e dor, a deixou tão desarmada que se viu chegando perto dele.

Enquanto isso, Tytânia, a Senhora das Fadas, que por tantas vezes apostou em Lydia como o esteio do Condado de Ibrazel, mal podia acreditar em seus olhos. Sua discípula havia morrido, e, por isso mesmo, não segurou as lágrimas. Lugh, o Rei dos Leprechauns, em todos os anos que viveu, e não foram poucos, nunca tinha presenciado uma cena de tamanha tristeza.

― Edgar? – chamou Sereia, encostando a mão delicadamente no ombro do jovem conde.

O rapaz levantou o rosto que estava lavado pelas suas lágrimas, e sentou-se. Sereia ofereceu os braços para um abraço, que automaticamente ele os aceitou. E chorou mais uma vez de uma forma bem sentida.

― Não pude salvá-la! Não pude... Não consegui! – a voz abafada pela roupa de Sereia saia embargada.

O quarto estava abafado, em uma forte penumbra, e tinha odor de sangue. As três entidades dos elementais continuaram em silêncio, enquanto Edgar chorava. Do lado de fora, Lota amparava Kelly que ainda continuava em estado de choque. Já Raven se encontrava sentado e encolhido com a cabeça baixa em profundo desconsolo.

Passou-se um bom tempo assim. Sereia mantinha Edgar em seus braços, enquanto alisava os seus cabelos louros, e ele, em silêncio, apresentava o olhar perdido. Tytânia se encontrava sentada na cama olhando para Lydia e Lugh encostado na parede absorto em seus pensamentos.

A Rainha das Fadas suspirou, tomou coragem e perguntou:

― Edgar... Há alguma coisa que podemos te ajudar?

Ele não esboçou nenhuma reação, até que ouviu a voz do filho lá fora perguntando pela mãe e o porquê a casa “estava bagunçada”. O garoto havia saído com Paul a fim de comprar aparatos para a festa de aniversário do pai. O aniversário de Edgar era naquela semana, e a intenção era fazer algo especial. Tudo ideia de Lydia.

― Mas, por que não posso? – ele perguntou para Lota.

― Ela está dormindo!

Deixa eu acordar a mamãe!

― Não, querido! Ela não está bem...

Foi aí que Edgar começou a reagir. A sua resposta à pergunta da Tytânia foi:

― Acho que já sei como vocês podem me ajudar...

Sereia o soltou para contemplá-lo e o encorajou:

― Diga o que você quer, Edgar...

― Eu posso trazê-la de volta?  - questionou olhando-a, seguiu o mesmo olhar interrogativo para Tytânia e Lugh.

A Rainha das Fadas e a Senhora dos Sereianos se entreolharam e depois fitaram para Lugh, que tentou desviar a atenção.

Edgar, atento à situação, focou dessa vez em Lugh.

― Posso, Lugh?

O Senhor dos Leprechauns percebeu que dessa vez o jovem conde esperava pela resposta.

Tytânia disse baixinho, como comentasse só com ela:

― E a história se repete...

― Posso, Lugh? – insistiu Edgar.

Ao fundo, ouvia-se a voz do filho do casal:

― Mamãe? Mamãe?

Suspense no ar, ao mesmo tempo em que Lota tentava controlar o garoto com Paul para tirá-lo dali.

Edgar continuava a encarar o senhor que viu tudo que podia nesta vida.

O Senhor dos Leprechauns devolveu o olhar ao conde.

― Você está ouvindo meu filho, não está? Se não quer responder por mim, tudo bem! Mas, faça-o por ele... – disse em tom que beirava o rancor.

O jovem conde se soltou de Sereia, levantou-se e foi em direção a Lugh. Os dois se mantinham mudos. Mas, parecia que Edgar não estava a fim de afastar-se até que obtivesse a resposta.

Lugh suspirou nervoso e respondeu:

― Se te disser que você pode perder a sua vida?

― Tudo bem!

― E perder o título...

― De Conde Cavaleiro Azul? Francamente? O que mais importa nesse mundo? Você sabe a resposta, não, Senhor dos Leprechauns?

Ainda a tensão imperava no ar, quando Edgar disse em uma voz tremida e quase que sumia a cada palavra.

― Você sabe quem recuperou a Espada Lendária, não sabe? Não fui eu, Edgar Ashenbert... Ou melhor, Sylvanford. Não é?

O conde inclinou a cabeça se aproximando ainda mais de Lugh, forçando-o a encará-lo.

― Sabe também que se estamos, hoje, reunidos, eu, você, Tytânia e Sereia, foi graças a ela. Então, Lydia não merece uma segunda chance?

Lugh o fitou e despejou a resposta:

― É um método extremamente perigoso, Edgar.

― E daí? – levantou os ombros. - Para quem já passou pelas mãos do Príncipe nada mais me espanta...

Lugh percebeu que Tytânia e Sereia o incentivam para que ele avançasse nas informações.

O Senhor dos Leprauchauns voltou-se para Edgar e informou:

― Bem, em primeiro lugar, já vou lhe falar que não será fácil. E que seus limites serão testados...

― E então? – disse Edgar, o incentivando a continuar.

Ele respirou como criasse coragem e afirmou:

― Você deverá descer ao inferno. Que em outras palavras, é o submundo.

― Submundo?

Sugestão de trilha sonora: Puella Magi Madoka Magica OST- Terror Adhaerens

― Isso! – afirmou o senhor. – É para lá que todos iremos depois da morte. Ali esperamos a nossa sentença para qual setor que nós vamos.

― Você está me dizendo que a Bíblia está certa? – questionou o rapaz.

― Não é isso, Edgar. Até porque cada religião tem uma visão diferente da pós-morte. O que digo, o submundo é como fosse um universo paralelo. Cada setor é destinado aos humanos, animais, insetos e por aí vai. Contudo, cada ser humano tem atitudes, pensamentos e emoções durante a vida, certo? Concorda comigo que isso interfere no nosso destino pós-morte?

― Sim!

― A partir das nossas ações, as entidades responsáveis decidem qual caminho que cada ser humano irá tomar. – explicou.

― E isso leva quanto tempo? – indagou Edgar.

― Geralmente, 72 horas.

― Mas, o que acontece lá enquanto isso? – perguntou o conde.

― Bem, algumas pessoas entram em sono profundo. Outras esperam em jardins. As pessoas que morrem por doença ficam em hospitais e...

― E as que morrem assassinadas?

A pergunta de Edgar foi desconcertante que até incomodou Sereia e Tytânia.

Mas, Lugh não tirou os olhos dele e afirmou:

― Tudo depende, Edgar. Nenhum de nós, digo eu, Tytânia e Sereia, determinamos tanto a morte ou a vida de alguém. Nosso foco são os elementais. Mas, posso te garantir que Lydia está num lugar seguro...

― Ela está... – E Edgar furtivamente olhou para esposa falecida muito rapidamente e completou a frase: - dormindo?

― Sinceramente? Não sei. Porém, pode ocorrer algo que irá te incomodar ou não.

― Fale, Lugh, por tudo quanto é sagrado! – ele rogou.

― Decididamente, ela não irá arredar o pé para seguir o seu caminho, se entender que há uma saída.

― E aí que eu entro?

O rapaz foi tão convicto, que Lugh se surpreendeu. A sua resposta foi apenas um:

― Sim.

― Então, Lugh... Como posso ir para lá?

― Eu posso encaminhá-lo, senhor.

A voz determinada era de Raven. Voluntariamente, como soubesse que esse fato iria acontecer, Lugh deu um meio-sorriso. Raven ainda continuou:

Lord, pelo fato de possuir o sangue das fadas, tenho a facilidade da entrada entre mundos.

O semblante de Edgar foi de alívio quando ouviu isso.

― Obrigado, Raven!

Ele se virou para Lugh e indagou:

― Então, nós temos 72 horas para resgatá-la?

― Exatamente! – respondeu o Senhor dos Leprechauns. Ele ainda aproveitou para adverti-lo: ― E mais uma coisa, Edgar. O tempo no submundo transcorre completamente diferente daqui. Por isso, você deve estar atento para não extrapolar.

― Tudo bem! Isso, eu posso garantir. – afirmou confiante.

― Mas... O que vou encontrar lá? – indagou.

― Sinceramente? Isso vai depender de você. – informou o Senhor dos Leprechauns.

― E Lydia?

― Bom... – começou Lugh. – Nós iremos conservá-la até você voltar com a alma dela. Faremos que ela entre em um estado de hipotermia.

― E daremos uma poção para que Aurthur dormir, assim ele sofrerá o menos possível. – dessa vez quem falou foi Sereia.

― Posso partir agora? – questionou Edgar.

― Edgar, por favor! Ao menos, alimente-se, tome um banho. – sugeriu Tytânia.

― Não tenho tempo! – reclamou irritado.

― Edgar... – Lugh colocou a mão no ombro do rapaz. ― Leve a Espada Merrow com você. Não se esqueça, você é o Conde Cavaleiro Azul. E por isso mesmo, deve ir como manda a sua posição, não? Portanto, siga o conselho de Tytânia.

Todo mundo ficou atentou a Edgar que só concordou com um:

― Tudo bem!


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Notas finais do capítulo

Confesso, foi um capítulo mais dolorido do que o anterior para escrevê-lo. O bacana aqui é que começa a abrir a possibilidade de trazer Lydia de volta. Mas, o trabalho de Edgar será árduo. No próximo capítulo, iremos recepcionar a primeira entidade que irá ajudá-lo a recuperar a sua amada. Portanto te vejo no próximo sábado.
Beijos e faça uma autora feliz, deixe seu review.



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