Até As Últimas Consequências - Rota Reversa escrita por Juliana Rizzutinho


Capítulo 11
Fairy Doctor versus Fairy Doctor


Notas iniciais do capítulo

Chegamos ao clímax da história! Enjoy!



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Sugestão de trilha sonora: Shingeki no Kyojin OST – Army Attack

― Para ser sincero? Nem um pouco… - respondeu o fairy doctor entre os dentes.

― Às vezes, acho que você é apaixonado por mim, Ulysses. – disse Edgar com um sorriso maroto.

― Hum... E você está confiante que virou o grande herói do dia. – provocou-o.

― Absolutamente! – debochou o jovem conde. ― Até porque você está cercado, meu caro.

Jimmy! Venha para cá agora! Estou em perigo!!”. – Ulysses chamou o seu servo mentalmente.

Mas, mestre... Eles atacaram nosso exército.”

Maldição! Reúna os mais fortes e venham para cá! Preciso contra-atacar imediatamente!”, ordenou o fairy doctor.

Quando Ulysses voltou à realidade, Edgar lhe fazia uma pergunta:

― Não é mesmo?

― Diga por você, meu caro! – sua resposta foi invasiva e provocativa.

O fairy doctor não soube percebeu qual era a frase de efeito do seu inimigo disse. Mas, sabia perfeitamente esperar uma brecha para reagir.

Enquanto isso...

― Lugh! Veja! – a general das Valkyrias chamou a atenção o Senhor dos Leprechauns para o evento que ocorria do outro lado onde estavam.

Ele se voltou para o local onde a Valkyria apontou e percebeu que uma nova nuvem se formava, mais densa, apesar de uma altura menor, e rumava para localização onde Ulysses se encontrava.

― Aquele petulante a chamou! Vamos reunir uma equipe e iremos para lá! Rápido!

Ele acenou para os seus soldados, enquanto que a general das Valkyrias conclamou determinadas guerreiras e seguiram em direção onde se encontravam Ulysses, Edgar, Raven e Sereia.

É evidente que Edgar o interceptou e agora ele não quer se render. Preocupante!”, pensou consigo mesmo o Senhor dos Leprechauns.

******

― PARA LÁ! – gritou Freya indicando o ponto onde estava armada a armadilha para Ulysses.

As Valkyrias seguiam com corpos inclinados em seus cavalos para tomar mais velocidade, enquanto que Lota seguia na frente com Lydia.

― Você faz o favor de não fazer nenhuma besteira! – alertou a amiga para jovem condessa.

Lydia ficou estranhamente quieta. E Lota sabia que ela estava maquinando algo.  “Espero que ela nem se atreva aprontar uma!”.

Assim que identificaram Raven com a adaga em punho, como Sereia com a sua espada e a carruagem de Ulysses, a equipe diminuiu o ritmo e chegou devagar. Entraram em uma viela quase deserta e os poucos transeuntes eram bêbados, que provavelmente acreditavam que aquela visão era resultado do alto teor alcóolico de suas bebidas.

Freya pediu que parassem.

― Provavelmente, Edgar já rendeu Ulysses. Precisávamos chegar alguns minutos antes... – disse como reclamasse consigo mesma.

Desceu da carruagem e acenou para as Valkyrias fazerem o mesmo.

― Calma! – ordenou às garotas enquanto passava entre elas. Caminhou em sentido a Lota e Lydia.

― Quer que vá para lá? – perguntou Lydia visivelmente nervosa.

― Nem pensar! Só com meu sinal! – reclamou o Falcão Branco.

― E a senhora vai continuar desarmada! – retrucou Lota.

― Por quê?

Não teve tempo de Lydia de receber a sua resposta, pois a atenção se voltou para a carruagem.

A primeira pessoa que saiu foi Ulysses, depois a visão de uma arma apontada para ele e aí, Edgar.

Quando Lydia viu a cena sentiu que seu coração pararia na boca. Lota notou a sua reação e a segurou pelo braço. Edgar disse alguma coisa e Ulysses lhe deu um sorriso cínico.

Neste ínterim, a equipe formada por Lugh, seus vassalos e as Valkyrias foi cercada por uma matilha de cães espectrais, mais os integrantes da Corte Unseelie. Os cavalos entraram em pânico e muitos deles empinaram levando seus ocupantes ao chão. O Senhor dos Leprechauns apanhou a espada e ordenou:

― ATAQUEM!

Mesmo com Ulysses rendido, uma matilha de cães espectrais liderada por Jimmy, cercaram Raven e Sereia. Os seres da Corte de Unseelie a mando do fairy doctor criaram gaiolas e os paralisaram de tal maneira que não conseguiam nem andar e falar. Apenas os olhos pediam socorro.

Edgar revidou, engatilhando a arma. “Infelizmente, vou ter que quebrar a promessa! Se não matá-lo, a Corte de Unseelie ficará incontrolável!”. No entanto, o grande problema, era “e se ele já previu isso e tem um novo corpo para transmutar?”. Ulysses parecia que leu os pensamentos de jovem conde, rapidamente lhe devolveu uma cotovelada, que desconcentrou Edgar. Logo depois a arma estava na mão de Ulysses. O fairy doctor deu uma gravata no jovem conde e apontou a arma para sua cabeça.

― Agora... Quem é o herói do dia? – questionou-o se divertindo.

Edgar tremia dos pés à cabeça enlouquecido de raiva e frustação.

Sugestão de trilha sonora: Rozen Maiden (2013) OST – Shirobara no Kyouki

Lydia arrancou a arma das mãos de Lota e correu ao encontro dos dois. “Não vou permitir que isso acaba assim!”, prometeu a si mesma.

― LYDIA! VOLTE AQUI! – gritou Lota.

A fairy doctor engatilhou a arma e mirou para Ulysses. Foi então que...

― Procurando-me, Ulysses? – a voz afinada de uma moça do alto de um prédio abandonado clamou pela atenção do fairy doctor.

Era inegável, uma cópia perfeita de Lydia. Encontrava-se na beirada de uma sacada, com o mesmo penteado com coque no alto da cabeça envolto com uma trança. Seu vestido azul-marinho, assim como sua capa preta, tremulava de tal forma que a deixava fantasmagórica. Ostentava um meio-sorriso enigmático e encarava o fairy doctor como fosse uma presa.

Ulysses e Edgar olharam para cima e a reação dos dois foi bem diferente. Edgar ficou apreensivo e se perguntou como Lydia foi parar ali. Estudava uma forma para se desvencilhar, sem que o evento se tornasse um caos.

Enquanto que Ulysses...

― Vejo que quis assistir a execução do seu marido pessoalmente, Lady Lydia. – sua fala beirava ao escárnio.

Lota olhou em choque para a mulher no alto do prédio e depois fitou Lydia. A neta do Duque de Cremona indagou:

― Se você está aqui... Quem é ela?

― Bom, o show vai começar. A estrela principal chegou! – avisou Freya que se encontrava ao lado das garotas sem que elas percebessem.

A fairy doctor a olhou interrogativa e apreensiva.

― Se fosse você, Lydia, ficaria apenas assistindo. – informou a Senhora das Valkyrias.

― Execução? Bom, você acha que apenas o executando vai ter isso? – a garota subiu o parapeito da sacada, se equilibrando a meio fio e com naturalidade.  Estendeu a mão direita ostentando a Espada Merrow. A estrela saphire brilhava com tal propriedade que era impossível que fosse uma réplica.

Edgar arregalou os olhos e Ulysses apenas respondeu com um sorriso.

― Oras, oras! Então, my lady gosta de negociar.

― Vamos fazer uma troca? – indagou.

― Então, por que não desce para nós conversarmos? – intimidou Ulysses.

Ela inclinou a cabeça, estreitando os olhos como se duvidasse da boa conduta do fairy doctor.

― NÃO DESÇA, LYDIA! ISSO É UMA ARMADILHA! – gritou Edgar.

A garota apenas sorriu para o jovem conde de modo irônico e voltou os olhos para Ulysses.

― Vai ficar me olhando com deboche daí? – provocou o fairy doctor.

― Já que está ansioso por minha presença, já estou aqui! – respondeu a garota.

A voz da cópia da Lydia vinha muito próxima deles. E quando os dois perceberam estava na entrada do prédio. Edgar olhou de relance para cima e voltou-se para ela.

Não é a Lydia! Mas, quem é, então?”, indagou-se.

Ulysses ficou desconfiado e começou a encará-la apertando ainda mais o pescoço do jovem conde.

― Desceu rápido demais!

― O surpreendi, meu amor?

Quando ela se referiu a Ulysses como “meu amor”, Edgar chegou à conclusão: “Definitivamente não é a Lydia!”.

― Não entendi quem você chamou de meu amor...

― Você!

Sugestão de trilha sonora: Shingeki no Kyojin OST – Levi Ackerman versus Female Titan theme

Agora ela estava diante deles. A semelhança era impressionante, apesar de que seu andar era ativo, extremamente confiante e olhos inquisitivos que os deixavam ambos hipnotizados. Ela estendeu novamente a espada e indagou:

― Repito, é isso que você quer?

― Você sabe que...

― A Espada é um dos meios, meu querido. Então, tenho uma proposta para você.

― E qual seria? Quer salvar a vida deste verme inútil? – perguntou inclinando a cabeça para indicar Edgar.

Ele por sua vez a encarava cheio de confusão. Foi aí que percebeu, quase como num lapso, a piscada que ela deu para ele.

“Quem é ela?”.

― A minha intenção não é exatamente essa... – sua resposta era cheia de significativos.

― Não? – indagou ainda com desconfiança o fairy doctor.

― E qual é a surpresa? Acho que estamos tomando muito tempo um do outro e por isso vou direto ao assunto.

― Sou todos ouvidos. – debochou Ulysses.

― Que tal você se tornar o novo Conde Cavaleiro Azul, e eu serei a sua fairy doctor?

Ulysses caiu na gargalhada e indagou:

― A troco do quê?

― Oras, Ulysses! Em primeiro lugar, você não conseguiu submeter a Corte de Seelie a seu bel-prazer. Sabe muito bem, que sou a verdadeira comandante...

― No mínimo, pretensiosa. – a desafiou.

― Estou mentindo? – ela lhe devolveu uma pergunta.

O fairy doctor apenas deu um sorriso no canto da boca. A cópia da Lydia continuou:

 ― Segundo, mesmo sendo o filho ilegítimo de Julius Ashenbert, precisa se rebaixar para tomar como refém um impostor?

― Impostor? – indagou Ulysses.

― Sim! – respondeu. ― Afinal, esse daí – e apontou para Edgar. - teve que me raptar para obter a preciosa espada.

― Viu, só? Até sua esposa o acha um canalha! – Ulysses disse de modo jocoso para Edgar, o mantendo ainda sob a mira do revólver.

― Ulysses, mas não é apenas isso...

― Não?

― Acredito que esteja mais que na hora de recuperarmos o legado do Príncipe. Você aguentaria o fardo suficiente para lidar com dois cargos de peso, meu querido?

― E o que você ganha com isso?

A garota respondeu confiante:

― A minha liberdade! Quero o controle absoluto, como fairy doctor, de todos os seres elementais! Não quero que ninguém, absolutamente, ninguém fale o que devo fazer! Entende onde quero chegar? – devolveu a pergunta.

― Compreendo, minha cara...

Mas, neste instante, Ulysses não conseguiu completar a frase, porque a cópia de Lydia se aproximou o suficiente dele e o beijou. A cena foi acompanhada com assombro, principalmente por Lydia, Lota e os Senhores Elementais. Quem mais se divertia com toda a situação era Freya.

Edgar não conseguia acreditar nos seus próprios olhos, um mix de sentimentos o tomou. Pensou em reagir, mas como?

A moça se afastou do fairy doctor e olhou de modo penetrante.

― Deixe-me matá-lo...

― Como?

― Por favor...

Com uma mão, ela entregou lentamente a Espada Merrow para Ulysses, com a outra acariciava a mão de Ulysses que segurava a arma. Ela conseguiu desvencilhar o revólver do fairy doctor dedo a dedo. Pegou a arma e ao mesmo tempo, Ulysses fitava deslumbrado a Espada Merrow em suas mãos. A garota  apontou-a para Edgar e disse olhando para o fairy doctor.

― Seja testemunha deste momento, meu querido! A Espada só valerá se este estiver morto. E serei a fairy doctor mais poderosa, tomando conta da Corte Unseelie junto com você, e a Seelie estará aos meus pés!

― É uma promessa? – Ulysses indagou inebriado com o momento.

Ela sorriu para ele e respondeu:

― É um fato!

― Sujaria as suas mãos de sangue por mim?

Presenteou-lhe com um sorriso orgulhoso e informou:

― Por nós!

A cópia de Lydia inclinou a cabeça, com ar enigmático para Edgar e alertou:

― Desculpe, Edgar. Mas aqui termina sua farsa!

Nesse ínterim, ele fechou os olhos e escutou um tiro. Abriu-os apreensivo, e verificou Ulysses caído morto. Voltou para encarar a mulher e encontrou Morrighan.

― Tudo bem, Edgar?

Ela se aproximou do jovem conde, que por sua vez, olhou de soslaio o corpo inerte do fairy doctor. A Espada Merrow era uma mera ilusão. A Corte Unseelie tinha desaparecido. Raven e Sereia foram soltos, sem fôlego.

― E vocês estão bem, não? – a Rainha das Asas Negras perguntou ao mordomo e a Senhora dos Sereianos.

― Sim! – responderam ambos.

Mas, soterreiramente, Jimmy apareceu, e praticamente voou em direção à Rainha das Asas Negras com as garras e dentes à mostra.

― MORRIGHAN! – gritou Freya.

Assim que Morrighan se virou, Freya veio direto em seu auxílio, sacou a sua espada e degolou o cão espectral fiel de Ulysses.

― Você está bem? – indagou o Falcão Branco para a Deusa das Asas Negras.

Porém, Morrighan deu atenção para o corpo de Ulysses e soltou uma reclamação.

― Ah, não!!! Você não vai me escapar!!!

O espírito de Ulysses começou a flutuar desesperadamente em fuga. Morrighan abriu as suas asas de modo majestoso e energético. A ponta de uma delas agarrou o espírito do fairy doctor como fossem garras.

― Pensa que vá escapar? Já chega, Ulysses! Seu tempo terminou!!

O solo abriu em rachaduras e mãos suplicantes surgiram como pedissem alimento. Morrighan lançou o espírito do fairy doctor para elas, que o apanharam e o levaram para o solo subterrâneo.

O som foi tão assustador, a ponto que muitos dos presentes tiveram que tampar os ouvidos e um vento devastador tomou conta do ambiente. Assim que Ulysses foi sugado pelas mãos, aos poucos, elas retornaram para o subterrâneo. As rachaduras se dissolveram e devolveram o aspecto de um chão comum.

A morte definitiva de Ulysses anunciava o fim de uma era.


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Notas finais do capítulo

Está vivo(a)? Passa bem? Esse capítulo é de tirar o fôlego. Enquanto escrevia passei tanto nervoso ou mais do que você! E aí está a grande estrela deste capítulo: Morrighan! Adoro o tour de force entre ela e Freya!
Na semana que vem... o grande final! Espero você e seu review! Beijos



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